Christine POV

Com a ajuda de Jarvis, Tony conseguiu a localização de Pepper. Felizmente, não era muito distante de onde nos encontrávamos, mas também não era tão perto. Andamos um bom trecho até finalmente chegar ao enorme galpão em que ela estava escondida. Pela aparência, era um lugar abandonado. As paredes, assim como o teto muito alto, eram feitas de metal e havia marcas de ferrugem por todo lado. O lado de dentro era escuro e úmido, com grandes máquinas tão enferrujadas quanto as paredes por toda parte. Por mais que o sol estivesse brilhando lá fora, não era possível ver mais do que sombras no interior do galpão. A única fonte de luz era o reator de Tony, que iluminava fracamente os lugares por onde passávamos. Por mais que eu não tivesse medo de lugares abandonados, depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias aquele lugar me dava arrepios.

– Pepper?– Tony chamou, olhando por entre as máquinas à procura da ruiva, mas não teve resposta alguma.

Nós nos entreolhamos por alguns segundos, com medo do que pudesse ter acontecido a ela, e começamos a procurar com mais atenção.

– Pepper… somos nós. Christine e Tony– falei, em um tom calmo, na tentativa de fazê-la parar de se esconder. Mais uma vez, não ouvimos nenhum tipo de resposta, nenhum som que indicava que tinha mais alguém ali.

Começamos a caminhar rapidamente entre as máquinas, procurando por ela desesperadamente, mas não a encontramos. Depois de aproximadamente cinco minutos procurando sem nenhum resultado, a preocupação em meu peito era quase insuportável. Se eu me sentia assim, não queria nem imaginar como Tony estava se sentindo. Por mais que eu conhecesse Pepper, e tivesse uma enorme afeição por ela, isso nunca chegaria perto do que ele sentia. Tony amavaPepper mais do que qualquer pessoa nesse mundo, e isso era muito fácil de notar quando se convive com eles por poucos dias que sejam. E, por alguma razão… aquilo doía em mim. Doía mais do que aquela adaga em brasa rasgando e queimando minha carne. Doía de um jeito que eu sabia que não podia controlar… ou admitir.

Quando estávamos a ponto de desistir da busca e dar Pepper por desaparecida mais uma vez, vi algo se mexer subitamente atrás de nós e atingir Tony, derrubando-o no chão. Saltei para o lado com o susto e peguei as armas presas em minha cintura e as apontei para o que quer que fosse aquilo, pronta para atirar. Quando vi do que se tratava, suspirei aliviada e então caí na risada. Porque, bem na minha frente, estava a ruiva agarrando-se a Tony como se não pretendesse soltá-lo nunca mais, enquanto espalhava beijos por todo o seu rosto, não deixando-o falar.

– Pepper… calma!– ele disse, rindo. - Eu estou bem!

– Nunca mais, Tony, NUNCA MAIS ME DEIXE PREOCUPADA DESSE JEITO – ela gritou, aparentemente bem irritada, me fazendo rir mais ainda.

– Garanto que você me deixou mil vezes mais preocupado– ele disse, sorrindo, e ela o beijou.

Por mais que aquilo me causasse certo incômodo, eu não pude evitar que um sorriso se abrisse em meus lábios. Eles eram realmente feitos um para o outro, qualquer idiota perceberia isso. Me abaixei para colocar o capacete da armadura de Tony no chão e, pela primeira vez desde aquela maldita tortura, senti a dor queimando cada músculo do meu corpo. Eu estava completamente exausta. Até o simples ato de respirar doía, e aquilo era um tanto quanto insuportável. Sentei-me no chão, apoiando os cotovelos em meus joelhos e meu rosto em minhas mãos, e suspirei pesadamente. Senti algo quente sujar meu rosto e levantei-opor alguns segundos, para encarar minhas mãos completamente sujas de sangue– o meu sangue, que se espalhara por todo o meu corpo, sujando minhas roupas. Aquilo fora definitivamente a coisa mais arriscada que eu fizera na vida.

– Christine! – Pepper exclamou, agora se levantando e se aproximando de mim. – Olhe só pra você… parece exausta!

– Eu estou bem– falei, com a intenção de parecer firme, mas minha voz saiu baixa e falha, então… não deu muito certo.

– Nós precisamos levá-la a um hospital – ela voltara a se dirigir a Tony, que agora estava em pé ao lado dela.

– Não aqui. Não é seguro. – ele balançou a cabeça negativamente, parecendo pensativo.

– Eu já disse que estou bem – falei com a voz mais firme dessa vez, tentando me levantar. Porém tudo o que consegui foi sentir mais dor, fazendo um gemido escapar por meus lábios.

– Não, Chris, não está. Nós vamos te levar a um lugar seguro onde vão cuidar de você… não é mesmo, Tony?

– Sim… nós vamos pra casa.

– Como? – perguntei, usando todo o restinho de força que me restava para ficar de pé, me apoiando na máquina ao meu lado. – Killian deve estar revirando a cidade inteira atrás de nós.

– Nós temos a minha armadura... eu posso levar vocês em segurança até o aeroporto – ele deu de ombros, como se aquilo fosse óbvio.

– E o que acontece quando chegarmos lá? E se ele estiver nos esperando?

– Nós saímos de dentro da IMA, Chris. Nós vamos nos livrar deles bem facilmente.

– Se eu morrer por sua culpa, eu volto como fantasma pra te aterrorizar até você ter um infarte – ameacei, estreitando os olhos em sua direção.

– É mais provável que você morra se ficar aqui, Chris – Pepper falou, e Tony apontou para ela, murmurando um "tá vendo?", se gabando de que ele estava certo.

– Tudo bem... – concordei, revirando os olhos. – Leve Pepper primeiro. Eu vou esperar bem aqui.

– Nada disso... – ela discordou – E se alguém aparecer?

– Eu tenho duas armas carregadas bem aqui. Se alguém aparecer, não vai durar muito.

– Eu consigo levar as duas – Tony se pronunciou, pegando seu capacete do chão.

– Nem morta que eu vou voar com você até lá junto com outra pessoa – balancei a cabeça várias vezes, reforçando a ideia.

– Por que não, espertinha? Medo de cair?

– É óbvio! Você não vai conseguir segurar nós duas ao mesmo tempo, vamos acabar as duas caindo e nos espatifando no chão! E vamos acabar como duas pizzas sabor Christine e Pepper!

– Calma aí, pizza sabor Christine, eu consigo muito bem segurar as duas, ok?

– Leva a Pepper primeiro. Eu sei me cuidar, eu vou ficar bem.

– Você está horrível. Parece que vai desmaiar a qualquer momento.

– Antes desmaiar do que cair de não sei quantos pés de altura e morrer – cruzei meus braços, mostrando que não ia mudar de opinião.

– Para de reclamar e anda logo – ele colocou seu capacete e segurou a cintura de Pepper com um braço e a minha com o outro, levantando voo.

– Caralho, Tony, você tá me machucando! – gritei, agarrando-me à armadura o máximo que consegui, e vendo que Pepper fazia o mesmo.

– É só até o aeroporto, sossegue – sua voz eletrônica disse, me fazendo bufar. Se tem uma coisa que eu realmente detesto no Stark é essa mania de achar que está sempre certo e não aceitar que discordem dele.

*****

Assim que meus pés tocaram o chão do aeroporto, me ajoelhei e beijei o chão várias vezes, gritando "terra firme!" de forma dramática, e ele revirou os olhos. Pepper também não parecia ter gostado muito da viagem, sendo que respirava fundo várias vezes, tentando se acalmar.

– Para de ser dramática e levanta daí logo, Christine! – ele reclamou, começando a andar em direção à recepção do aeroporto.

Eu levantei do chão e o segui, sendo acompanhada por Pepper. Esperamos um pouco enquanto ele comprava as passagens, e ele logo voltou, exibindo-as nas mãos e com um sorriso bem típico no rosto.

– Nosso voo sai em quinze minutos. É claro que estava cheio, mas... eu dei meu jeitinho – ele se gabou, sentando ao nosso lado.

– Claro. Porque você sempre consegue o que quer – debochei, pegando uma das passagens da mão dele.

– Obviamente – ele concordou, aumentando seu sorriso Stark que tanto me irritava.

Os quinze minutos passaram rapidamente, e logo estávamos dentro do avião, indo finalmente para casa. Me lembro apenas de ouvir o anúncio de que estávamos decolando antes de apagar. É, eu estava realmente esgotada.