Christine POV

Acordei com uma dor de cabeça horrível. E logo a dor passava a ser no corpo todo. Eu estava destruída, num estado lastimável. O simples ato de respirar exigia um esforço enorme, e provocava muita dor. Senti gosto de sangue na boca. Fora o sangue proveniente dos machucados, agora já seco na minha pele. Abri os olhos devagar. Não conseguia enxergar muita coisa sem meus óculos, mas pude identificar que estávamos em uma espécie de laboratório. Quando tentei me mexer, percebi que estava presa a uma espécie de cama, porém em pé, e não conseguiria sair de lá no meu estado.

- Christine? - uma voz perguntou ao meu lado, chamando minha atenção. - É você mesma?

- Quem é? - perguntei. Não podia ver muito bem as feições da pessoa. Tudo o que pude perceber é que era uma mulher, e era loira. - Não estou com meus óculos, não consigo te ver.

- Seu eu. Pepper. Onde nós estamos? Por que você está tão machucada?

- Ah, não. Pegaram você também?

- O que está acontecendo aqui, Christine?

- Aqui provavelmente é um laboratório da IMA. Pode ser um laboratório secreto, ou pode ser na sede da empresa... Deus queira que seja a segunda opção.

- O que nós estamos fazendo aqui? Por que nos trouxeram pra cá?

- Calma - eu ri, mas isso me causou tanta dor que eu tive que parar. - Uma pergunta de cada vez.

- Tudo bem - ela respirou fundo. - O que é que ta acontecendo aqui?

- A versão resumida ou completa?

- Creio que nenhuma das duas será necessária, Srtª. Miller - uma voz masculina falou, vinda do outro lado da sala.

- Aldrich! O que você faz aqui? Veio nos tirar desse lugar?

- Aldrich? Você quer dizer Aldrich Killian? Achei que não se envolvia pessoalmente nos negócios, Killian.

- Vocês se conhecem?

- Não pessoalmente, mas creio que ela já tenha ouvido falar de mim - ele se aproximou e eu pude ver seu rosto com mais clareza. - Você está bem machucada... Ellen não estava brincando quando disse que você deu trabalho, não é?

- Não sou de desistir fácil.

- É uma boa característica... talvez, depois que tudo acabar, você me seja útil.

- ALGUÉM PODE ME EXPLICAR O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! - Pepper gritou.

- Pepper, minha querida - ele saiu de perto de mim, indo na direção dela. - Vocês são minhas iscas.

- Ele não é idiota, não vai vir sozinho - falei, mas sabia que aquilo era mentira. Ele é um idiota. Vai vir sozinho, e sem plano algum.

- Você e eu sabemos que isso é uma mentira. Controlar os impulsos nunca foi o ponto forte do Stark.

- Como assim, ele vai vir? Tony está morto! Eu vi ele caindo!

- Ah, então ele não contou a você? Querida, ele não está morto.  - o modo como ele disse "querida" foi estranho. Com um certo afeto, que eu nunca esperaria. - Está bem vivo.

- E ele sabe que foi você. Vai pedir ajuda, e vai nos tirar daqui.

- Eu já estou esperando isso - ele riu. - Diferente do Stark, eu planejo as coisas antes de fazê-las. E planejo muito bem. Ele não tem chance, nem sozinho nem com os amiguinhos.

- Eles derrotaram um deus e um exército alienígena. Por que não derrotariam você?

- Os alienígenas não eram indestrutíveis. Nem aquele que se dizia deus. Meus soldados, eles são.

- Você não vai se livrar dessa, Killian. Nós também temos um soldado indestrutível. E ele sozinho acaba com os seus.

- Christine, minha cara... todos nós sabemos que Tony não vai chamar os Vingadores. Ele é egoísta demais para isso. Só projetei um segundo plano porque queria estar preparado caso acontecesse, mas, de qualquer jeito... ele não tem como fugir. Foi por isso que eu trouxe as duas aqui.

- Eu entendi... - falei, devagar. Eu realmente havia entendido o propósito daquilo tudo, e tenho que dizer que não é nada bom. 

- Entendeu? Além de resistente é esperta - ele se aproximou de novo e sorriu. - Você vai me ser bem útil se tudo der certo, garota - ele segurou meu rosto com força e eu cuspi em seu rosto. - Mas que atitude mais idiota, Srtª. Miller. Vai te custar caro.

Ele soltou meu rosto, limpou o dele e saiu do cômodo. Não pude deixar de ouvi-lo dizer para alguém na porta:

- Ela é sua pelas próximas duas horas, Ellen.

Tony POV

Não sabia mais o que fazer. Eu tinha o endereço, mas a armadura não estava com energia o suficiente pra me levar para lá. E não sabia o que iria enfrentar quando chegasse. Eu já vi Christine lutando, e ela não é do tipo que entrega o jogo facilmente. Eu precisava de um carro pra ir até lá, e precisava de um plano. Foi então que me lembrei de Claire. Ela tinha um carro. E eu tinha o número dela no celular da Christine. Peguei o celular em cima da mesa e liguei para a loira, que atendeu pouco tempo depois.

- Oi, Chris?

- Claire? É o Tony.

- Ah, oi Stark. Cadê a Chris?

- É complicado... eu preciso do seu carro.

- Como assim, é complicado? Perdeu minha melhor amiga, é isso?

- Não. Levaram ela. E eu sei pra onde foi. Só preciso do seu maldito carro, tem como me emprestar ou não?

- LEVARAM ELA? QUEM LEVOU? COMO VOCÊ DEIXOU ISSO ACONTECER?!

- PARA DE GRITAR, CARALHO, ISSO NÃO AJUDA EM NADA! - respirei fundo antes de continuar. - Eu preciso do seu carro. A vida dela pode estar dependendo disso. Você vai me emprestar ou não?

- Eu quero ir com você.

- Não, você não vai.

- É minha melhor amiga, OK?

- Pelo pouco que eu conheço a Christine, ela não gosta que os amigos se machuquem, principalmente por causa dela. E, se você for, é provável que não volte. Acredite em mim, ela vai se sentir culpada por isso, e vai ser pior do que se tivesse morrido.

- É, você tem razão - ela suspirou. - Mate todos eles por mim.

- Acredite, eu vou. Onde eu pego o carro?

- Eu vou levar ele pra casa do Harley, ele me disse onde é. Você está lá, não é?

- Sim. Venha o mais rápido possível.

- Eu vou - e então desligou.

Parte um, pronta. Agora falta um plano. Mas isso é o menos importante. O que importa é que eu tenho que salvar a Chris. Afinal, isso tudo é culpa minha.