Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 78
Esclarecimento


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos comentários... Valeu mesmo.
Espero que as comentaristas habituais não tenham parado de ler a história... Estamos chegando pessoal.
Bem espero também que gostem do capítulo e que comentem muito pra me animar.



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"Nós dois somos imbatíveis, essa é que é a verdade. E olha que já percebi isso, ohhh... há muito tempo."

Edgar pra Laura em Lado a Lado

Por Edgar

Eu estava muito preocupado com os últimos desenvolvimentos da investigação sobre a morte de Catarina. Laura era considerada uma suspeita como eu, e isso não me agradava. Na verdade, me perturbava.

Preferia muito mais todo foco em mim. Não gostava de ver minha mulher sendo submetida a idas à delegacia e interrogatórios. Ainda mais grávida e precisando de paz. Eu me sentia um inútil por não consegui protegê-la disso.

Também tinha muito medo que informações confidenciais da investigação viessem a público. O caso do assassinato de Catarina tinha ocupado um bom espaço nos jornais. Havia várias manchetes como “Cantora Assassinada”, “Quem matou Catarina Ribeiro?”, “O triste fim da Cantora Lírica”.

Algumas publicações baratas e irresponsáveis lançavam teorias inacreditáveis sobre a morte dela, envolvendo até conspirações do governo ou ligação com o ocultismo. E os jornalistas viviam no pé do delegado Praxedes pra pegar suas declarações. Coisa que parecia agradar a ele.

Mas felizmente, até aquele momento, a lista dos principais suspeitos não tinha sido divulgada em nenhum periódico. Não sabia se era por que os jornalistas não tinham conhecimento dela, ou se por envolver pessoas conhecidas e com dinheiro podendo originar um processo, e eles agiam com cautela até terem mais informações ou resultados concretos na investigação.

O meu maior temor é que o nome de Laura fosse divulgado. Depois do Pasquim, o escândalo proveniente dele e após a última edição do panfleto, que fazia parte do meu trato com Pascoal Lima. Eu achava que o nome de Laura ficaria de fora das manchetes sensacionalistas, e que ela consolidaria sua reputação, podendo seguir o seu sonho e montar sua escola sem pressão.

Só que se seu nome aparecesse em alguma notícia sobre o assassinato, mesmo ela sendo inocente, botaria tudo a perder. O escândalo seria montado novamente. A verdade é que se meu nome aparecesse também a afetaria ao mexer com a minha reputação. Mas os danos seriam bem menores pra Laura, e eu preferia prezar pelo nome dela ao meu... Ela não merecia mais um golpe desses.

Assim fui falar com Guerra, queria saber como andava a movimentação da imprensa com essa investigação. Se as informações dos suspeitos já tinham chegado a eles. Se meu nome e principalmente o de Laura estava na lista.

E após a nossa conversa, onde descobri que os suspeitos aparentemente não deviam ser divulgados por enquanto, fiz uma proposta que poderia parecer estranha, já que eu era o principal suspeito para a polícia...

Queria que Antônio Ferreira fizesse uma reportagem sobre o caso, dessa forma, eu juntaria o útil ao agradável e investigaria o crime do qual era acusado... Apesar de ser um pouco esquisito, Guerra acabou aceitando a minha proposta.

Dessa forma, eu até voltei pra casa mais animado. Só que ao chegar, me deparei com uma imagem pouco estimulante. Laura me olhou preocupada e percebi que algo errado acontecia:

– Edgar, preciso falar com você. – ela disse apreensiva

– Claro... O que aconteceu? – estava aflito, milhares de ideias passavam em minha mente.

– Vamos pro quarto. Não quero ser interrompida.

Nós subimos enquanto minha ansiedade só crescia e quando fechamos a porta, me aproximei de Laura e disse receoso:

– Meu amor, o que aconteceu?

– Caniço veio aqui. – ela falava com pesar, mas continuou firme - Ele disse que te viu entrando na casa da Catarina no dia em que ela foi assassinada ... E que você a matou. Quer que você pague pra ele não... Não contar ... à polícia. Edgar, me diz a verdade, você foi à casa de Catarina? Você a matou? Eu preciso saber a verdade! – ela estava bem preocupada, e eu passei a entender melhor sua aflição, realmente estava escondendo coisas dela, e agora diante desses acontecimentos a deixava cheia de dúvidas. A abracei, e disse olhando bem em seus olhos.

– Laura, eu não estou mentindo pra você. Eu não matei a Catarina... Confia em mim...

– Eu confio, Edgar... Só me explica essa história direito. Sei que está escondendo coisas... E não é só por causa do Caniço. Percebo pelo seu jeito.

– Meu amor... Não foi por desconfiança... Eu não queria te preocupar... Achei que você não precisava saber...Mas há problemas no meu depoimento, eu não lembro de tudo que aconteceu naquela noite, mas sim, eu fui a casa da Catarina, a polícia não sabe disso, mas eu fui.... Só que não matei a Catarina. Posso te dizer isso.... Eu não a mataria. – disse intenso

Laura me olhou compreensiva, mas confusa, e eu acabei contando o que tinha acontecido. O meu sofrimento depois de me despedir de Melissa, coisa que ainda me doía, a bebedeira, a ida à casa da Catarina, e o branco total, o fato de acordar em casa na manhã seguinte.

– Acredita em mim? Acredita que eu não matei a Catarina? Mesmo que não me lembre de tudo, sei que não a matei. – falei no fim do meu relato

– Acredito, meu amor... Você não a mataria... É um homem tão bom- ela acariciou o meu rosto, e voltou a falar – Você não contou á polícia que foi a casa dela...

– Não, isso só pioraria a minha situação, as suspeitas ficariam mais fortes, e como não me perguntaram... Mas considerando o que está acontecendo agora... Talvez devesse ter dito... De qualquer forma, eu não menti no depoimento.

– O que você pretende fazer?

– Em relação à chantagem de Caniço? – perguntei e ela me confirmou com a cabeça – Não sei... Mas não posso ceder, a situação pode ficar pior pra mim, Laura. Só que eu não posso dar dinheiro praquele bandido.

– Essa decisão sua me dá muito orgulho, meu amor. Só pare de esconder seus problemas de mim. Eu sou forte. Não preciso ser protegida assim – ela falou segura e nos beijamos

– Você é forte, doce, linda, a melhor mulher do mundo. Sou um homem de sorte – a beijei novamente e depois do beijo ela voltou a falar.

– É mesmo um homem de sorte - ela riu- Mas você esqueceu de dizer que também sou inteligente – ela se gabava, e me abraçou

– É claro... Muito inteligente – completei

– E estou pensando numa coisa...

– Que coisa?

– Algo que a Berenice me falou quando estava investigando a Catarina... Ela comentou que Caniço não tinha recebido pelos seus serviços... E juntando o fato dele ainda estar no Rio, dessa chantagem, isso parece ser verdade... Ele aparenta estar precisando desesperadamente de dinheiro.

– E?

– E que com isso, ele teria fortes motivos pra matar a Catarina. Além de que pelo que comentam, ele bem que seria capaz disso...

– Você acha...?

– Vamos pensar, Edgar. Se ele te viu entrar na casa da Catarina... Ele também pode ter entrado lá. Pelo menos na rua esteve...

– Realmente, meu amor. Você tem toda razão! E acho que já sei o que vou fazer. – comentei animado

Fui à delegacia e conversei com o delegado Praxedes. Confessei que fora à casa da Catarina na noite da sua morte. Percebi pelas suas indagações e expressões que isso piorava bastante a minha situação.

Mas também lancei a minha teoria sobre Caniço, que ele já procurava há bastante tempo e não conseguia encontrar. Além de ser procurado pra esclarecer o seu envolvimento com a Catarina, ele era acusado de roubo, da tentativa de sequestro de Cecília e o incêndio na escola de Laura, dentre outras tramoias.

Assim consegui convencer o delegado a me ajudar num plano para capturá-lo. Eu ia fingir que aceitaria a chantagem de Caniço, o pegaríamos, e de quebra teríamos mais uma acusação contra ele, a de chantagem, além de mais um suspeito do assassinato de Catarina em mãos. Um suspeito que não era eu ou Laura.

Cheguei em casa disposto a aproveitar aquela noite com a minha família. No dia seguinte, me envolveria numa ação que poderia ser perigosa, mas que também poderia nos trazer bons desenvolvimentos, e uma aliviada na pressão que a morte da Catarina ainda causava na gente.

Após o jantar, chamei Pedrinho para uma partida de xadrez. Ele estava jogando tão bem. Até já achava que ele era melhor do que eu e estava pegando leve comigo. Em certo momento, percebi que ele olhava indeciso pro tabuleiro. Vi que estava prestes a me dar um xeque-mate. E comentei sorrindo:

– Faça o que tem que fazer, filho. Não tem problema ganhar de mim.

– Ganhar?... – ele gaguejou e passou a mão no cabelo, de certa forma, a sua maneira lembrou eu mesmo quando era pego em alguma ação- Pai... Mas você ... ainda não está triste? – ele justificou, também tinha aquele modo protetor.

– Pedrinho, faça o seu melhor. E isso me deixará feliz, sempre me deixará ... Adoro quando você ganha de mim...Me dá tanto orgulho. Orgulho de o meu filho ser um exímio xadrezista! – disse sincero e ele sorriu

– Tá bom! – fez o seu movimento e continuou – Xeque-mate !- ele parecia satisfeito, Pedrinho era protetor, mas também era competitivo e gostava de ganhar.

Após o nosso jogo, nós dois subimos, pois já era hora de dormir. Cecília estava na cama agarrada a Sherazade com um braço e o urso Edgar no outro, acompanhada de Laura que cantava pra ela.

Pedrinho se deitou na outra cama, ambos ainda dormiam num mesmo quarto, era um lugar improvisado, mas em breve cada um já teria o seu próprio quarto, arrumado da maneira deles e com os brinquedos que mais gostavam.

Laura ainda cantou mais um pouco e eu observei a cena dela e nossos filhos com encantamento. Logo um bebê seria acrescentado àquela cena.

Após Laura cantar, Cecília falou um tanto animada, nem parecia que já estava em seu horário de dormir:

– Agora quero uma história. – nos olhou graciosa e suplicante – Conta, mãe. Conta, pai!

Laura e eu nos olhamos, tentamos fazer um pouco de suspense. Mas um pedido feito daquele jeito era impossível de negar. Nós dois começamos a criar e contar uma história juntos... As aventuras da cadelinha super-Sherazade. Pra isso, até fizemos “acrobacias” com a cachorrinha de Cecília.

Após contarmos a história, Pedrinho e Cecília ainda não tinham dormido, mas pudemos ver em seus olhos sonolentos que isso não demoraria muito. Laura e eu beijamos os nossos filhos e fizemos questão de dizer que os amávamos. Essa era a mais pura verdade... Esse tempo que passávamos com eles era sublime... O nosso sonho tão real. E eu os amava imensamente.

Ainda com essa sensação grandiosa no peito, sentindo esse momento especial que vivia, eu beijei Laura com arroubo no corredor, até a pressionei contra a parede, e ainda de costas a ela, Laura me disse sedutora em sua camisola branca e levemente transparente:

– Assim você derruba a parede e assusta as crianças, meu amor.

– Desculpe, mas você é irresistível... – ela sorriu e eu a beijei novamente – Está tudo bem?- disse colocando a mão em sua barriga- Eu não ... – fui interrompido

– Estou grávida, mas não sou de louça- ela afirmou, me puxou pra ela e me beijou ardorosamente.

Nós já tínhamos descolados nossos lábios, mas ainda estávamos ofegantes, com os rostos próximos e olhando pro outro:

– Eu tava pensando, meu amor... Quando vamos contar pras crianças? Quando contaremos que eles ganharão um irmãozinho ou irmãzinha?

– Ahh... Eu queria fazer um passeio com eles pra contar. Mas não pode demorar muito, pois quero que Pedrinho e Cecília saibam antes de um anúncio público. O que acha?

– É uma ótima ideia, mas que passeio?- perguntei curioso

– Ainda não pensei, mas podemos pensar juntos – ela sorria.

– Então a gente pensa depois, pois agora estou louco de vontade pra brincar com a mãe mais linda do Universo– a beijei com fervor, e fomos pro quarto em meio à agarrões, onde nos amamos com serenidade, mas com muita vontade.

No dia seguinte, ainda aproveitei bastante a companhia de Laura e dos nossos filhos. De certa forma, até parecia que eu estava indo pra uma guerra. E talvez o meu encontro com Caniço fosse uma batalha... Apesar de que, eu achava que não seria tão perigosa quanto.

Antes de ir embora, me despedi de todos. A expressão de Pedrinho ainda era uma incógnita pra mim, ele mantinha o seu jeito fechado. Já Laura parecia carregar certa preocupação:

–Toma cuidado, meu amor! - ela me beijou ternamente no rosto

Em contraponto a Cecília que correu até a mim, pulou em meus braços, me dando um beijo estralado:

– Vai lá, papai... Vai prender o homem mau e salvar todo mundo!

Fiquei impressionado com suas palavras, era um baita incentivo... Me sentia um herói, um cavalheiro no cavalo branco pra minha menina. Na verdade, eu até pensava que ela estava por fora do que eu estava prestes a fazer... Mas com suas palavras, percebi que ela e Pedrinho deviam saber bem mais do que acontecia a sua volta. Sorri pra ela e respondi galante:

– Sim, minha filha. Eu vou prender o homem mau... E volto logo- saí sorridente e empolgado naquela tarefa. Não podia decepcionar a minha menina.

Já estava ligeiramente escuro depois que montamos a armadilha pra Caniço. Havia alguns policiais escondidos e outros a paisana, todos atentos a sua chegada. Eu carregava uma maleta, onde supostamente estaria o dinheiro pra pagar a chantagem, mas que na verdade se achava um monte de papéis sem valor.

Em volta das 19 horas, notei um homem vindo em minha direção... Tinha alguns anos que não o via, mas poderia ser Caniço e fiquei preparado. Quando ele estava mais próximo, o reconheci.

– Trouxe o dinheiro, Dr.? – ele perguntou

– Sim – levantei a maleta

– Que bom, assim não precisarei contar certas coisas a polícia – ele parecia satisfeito e tomou a maleta das minhas mãos.

Mas ao abri-la sua expressão mudou. Por um momento, achei que ele viria até a mim e me acertaria com um golpe de capoeira. Inclusive me lembrei do dia em que fui ao morro, ele me ameaçou, e eu consegui dissuadi-lo com minhas palavras. Mas sabia que dessa vez, não haveria palavras pra dissuadi-lo.

– Mas o que é isso? –ele perguntou irritado

– Sebastião ... Ou como é conhecido... Caniço... Você está preso! – falou o delegado Praxedes surgindo da escuridão

Ele olhou tudo em volta e viu que a polícia o cercava. Depois parou o olhar furioso em mim:

– Eu não vou ser o único prejudicado, Dr.

– Você está preso, Caniço. Não adianta resistir – confirmei firme, pretendia não demonstrar medo.

Pelos seus olhos, e outros nuances em seu corpo, eu pensei que ele me acertaria com sua perna... Mas ele pareceu pensar melhor, e jogou a maleta em um dos policias que o cercavam.

Com isso ele tentava fugir... E até começou a correr e usar golpes de capoeira nesse sentido. Mas não adiantava, o número de policiais era grande, e mesmo com sua resistência, ele acabou sendo capturado.

Dessa forma, consegui o meu intento. Só esperava com isso que as coisas relativas à investigação do assassinato de Catarina melhorassem, que os mistérios se esclarecessem. E que eu pudesse aproveitar uma vida feliz e plena com minha família.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Gostaram da conversa de Laura e Edgar? Da participação da crianças? Qual será o passeio? E a prisão de Caniço? E acham que Edgar realmente vai conseguir o quer depois dessa prisão?
Espero que tenham gostado e que comentem muito... Estamos chegando ao fim... Então peço que comentem pra me empolgar a escrever... a fechar com chave de ouro.