Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 76
O Suspeito n. 1


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos 12 comentários... Por vocês escrevi e postei esse capítulo ....
Bem, espero que muitas leitoras não tenham achado o último capítulo tão ruim assim (pela diminuição de comentários, kkk), e tenham desistido da história ou enjoado.
Eu sei já é o capítulo 76, está grande a história... Mas a história está acabando, então aguentem firme. Logo acaba.
Espero que gostem desse capítulo e comentem muito. Ele volta ao eixo Edgar-Laura.



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“Eu quero que você pare de tomar decisões por mim, como se eu não fosse capaz de decidir sozinha”

Laura em Lado a Lado

Por Edgar

Eu ainda não tinha assimilado direito as palavras do delegado Praxedes. Homicídio de Catarina? Catarina tinha sido assassinada? Ela tinha feito muitas coisas contra mim, Laura, nossos filhos, Melissa e outras pessoas... Podia pensar que o mundo ficaria melhor sem ela... Talvez ficasse. Mas ela ainda era uma mulher jovem, e tinha o direito à vida.

– Foi assassinada? Como assim? – perguntou Laura antes de mim, nós dois estávamos surpresos, assustados.

– Catarina Ribeiro foi encontrada em sua casa ontem pela manhã... Ao que parece, alguém a matou durante a noite.

– O senhor quer tomar o meu depoimento? – perguntei assustado, imaginava que seria um suspeito - Por quê?

– Dr. Edgar, eu sei de certos pormenores da sua história com Catarina. E preciso começar em algum lugar... Gostaria que o senhor comparecesse ainda hoje se possível – percebi pelo seu tom que ele me considerava um forte suspeito.

– Eu não tenho nada a esconder, delegado. Vou agora mesmo- me voltei pra Laura, e a beijei carinhoso – Não há motivos para preocupações, meu amor. Eu volto logo. – tentava acalmá-la

Mas a verdade é que talvez tivesse algo a esconder. Eu pensava na noite em que o delegado afirmava que Catarina tinha sido morta, e me lembrava da minha bebedeira, de ter ido a casa dela. E ainda havia outro pormenor.

O delegado me faz várias perguntas em relação à Catarina, começou por meu relacionamento com ela, as coisas referentes à Melissa, a fuga de Laura e afastamento dos meus filhos , o envolvimento de Catarina na tentativa de sequestro de Cecília, o incêndio na escola de Laura, e por fim a perda de Melissa.

Imaginava o que ele pretendia com isso... Queria mostrar que eu teria fortes motivos pra não gostar de Catarina... Mas uma coisa é não gostar, outra é matar... Assim eu respondi de maneira sincera, demonstrando meus sentimentos e tristeza em relação a tudo que aconteceu, embora soubesse que dessa forma também poderia aumentar as suspeitas que caiam em mim.

Só que certa pergunta, que eu sabia que seria feita, acabou tirando a minha objetividade:

– Onde estava na noite em que Catarina foi assassinada? – o delegado Praxedes perguntou e eu fiquei pensativo antes de responder

– Na rua, em casa, a noite é muito longa. Dá pra estar em vários lugares.

– Deixa eu melhorar isso então. Segundo nosso perito, a Catarina foi assassinada entre as 21 e meio- noite. Onde o senhor estava nessas horas?

– Provavelmente em casa – respondi com o máximo de verdade que podia.

– O senhor não está entendendo, Dr. Edgar... Estamos falando de algo sério. Um assassinato. Provavelmente não é ...

– Me deixa explicar então... Melissa foi embora naquela tarde, fui pra casa, e comecei a beber. Foi algo muito difícil pra mim. Tinha perdido a minha filha. Num momento, saí de casa, estava bêbado. Fiquei andando pelas ruas... Mas não lembro como voltei pra casa, ou a que horas. Sei somente que acordei no dia seguinte no sofá.

– Estava sozinho durante sua bebedeira?

– Sim.

– Não há ninguém que possa confirmar onde estava?

– Que me lembre não.

– O senhor matou a Catarina?

– Não – disse firme

– Como pode afirmar isso com tanta certeza? O senhor nem se lembra de tudo que fez naquela noite!

– Se eu tivesse matado alguém me lembraria, teria ficado sujo de sangue ou coisa do tipo... E mesmo tendo meus problemas com a Catarina, acho que todos tem direito a vida... Eu não seria capaz de matar ninguém.

– Mesmo alguém perigoso, que já ameaçou e feriu sua família? Mesmo alguém que te enganou durante anos? E te feriu tanto? Mesmo estando bêbado?

– Mesmo assim... Eu não mataria ninguém! – afirmei

– Dr. Edgar, a sua história está muito mal contada... Fica difícil acreditar, ainda mais com essa parte da bebedeira.

– Sinto muito, é o que consigo informar - admiti

– A sua situação não é boa.

– Entendo! Alguém me viu em alguma atitude suspeita? Me viram matando a Catarina?

– Não. –ele me respondeu

– O senhor tem mais alguma pergunta para mim?

– Não.

– Então, vou embora- falei e parti

Mas o delegado Praxedes tinha razão... Eu tinha fortes motivos, não tinha álibi e nem com as minhas lembranças podia contar. A minha situação era difícil... Mas eu sabia... dentro de mim, sabia, mesmo não me lembrando de tudo, mesmo sabendo que entrara na casa de Catarina naquela noite... Eu era inocente, não tinha matado ninguém!

Quando eu cheguei em casa tive uma bela surpresa. Laura, Pedrinho e Cecília me esperavam... Fui recebido com certa festa e mimos por eles. Tivemos alguns momentos em família, almoçamos, passeamos durante a tarde.

Eu percebia certa preocupação em Laura, e nós até conversamos por alto do que tinha acontecido na delegacia... Só que não queria preocupa-la e não demostrei que era o principal suspeito... Via certo medo nela, que tentava disfarçar e acima de tudo demostrar o seu apoio... E assim apesar do início de dia chocante, nós passamos bons momentos com as crianças, e ele terminou pacífico.

Á noite, após Pedrinho e Cecília dormirem, Laura ainda se mostrava carinhosa, e mal tínhamos entrado no quarto quando ela falou me abraçando:

– Eu já contei às crianças que vamos morar aqui.

– Já? Será que não foi um pouco precipitado?

– Precipitado, por quê? Nós já decidimos , não?

– Sim, mas é que ... com esse assassinato da Catarina... Talvez... eu não... – apreensivo, não consegui terminar.

– Meu amor, você é inocente, não? Você não a matou, né? – ela perguntou delicadamente

– É claro que não matei...

– Eu sei, Edgar. Você não mataria ninguém, nem aquela mulher...Sendo assim vai dar tudo certo... E mesmo com essa investigação da polícia, quero estar com você – ela me beijou ternamente – Nós vamos voltar pra cá, e dessa vez vai ser definitivo, quero ficar junto de você agora e sempre, e com toda a nossa família! Não vou nem esperar arrumar os quartos pras crianças... Até o fim de semana todas as nossas coisas já estarão aqui.

– Tem certeza, meu amor? – insisti

– Tenho... Nunca tive tanta certeza.

Aquelas palavras encheram o meu peito de esperança. E eu beijei Laura calorosamente. Nos amamos com calma e depois ficamos desfrutando aquele clima de carinho e amor.

Deitada na cama, Laura estava mais linda do que nunca. Completamente ao natural, e mesmo sendo iluminada apenas por velas, estava resplandecente, uma luz própria e forte parecia irradiar dela.

Me aproximei e olhei a sua barriga, que pra mim já começava dar mostras do nosso filho, em relação a isso, também tinha o leve aumento do seu quadril, suas coxas, até mesmo os seios. Ela estava deslumbrante. E como eu desejava aquele filho... Como queria vê-lo. Beijei seu ventre carinhosamente. E depois inclinei a minha cabeça para o rosto de Laura:

– Tudo bem com você? Tudo bem com o bebê?

– Não podia estar melhor.

– Folgo em saber – sorri e beijei novamente sua barriga – Você tem sorte, meu filho... tá aí tranquilo na barriga... da sua mãe maravilhosa. Não sabe a ansiedade que estou pra te conhecer.

Depois levei meu rosto até o dela, nos beijamos, e coloquei sua cabeça em meu peito:

– É tão bom ter você assim. - falei

– Pois então vai me ter até enjoar –ela sorriu

– Eu nunca vou enjoar de você... Na verdade, a cada dia te quero mais.

– Veremos ... quando eu estiver com um barrigão.

– Tenho certeza que vai ficar mais linda... Mais iluminada que agora... E vou te querer mais... – sorri maroto

– Veremos...

– Laura – comecei a afagar o cabelo dela – Eu quero tanto isso, te ver com um barrigão... perceber o crescimento do nosso filho em seu corpo, vê-lo nascer ... crescer. Mas tem essa investigação da morte da Catarina... e se algo der errado... Eu quero tanto acompanhar tudo... – a possibilidade de não presenciar aqueles momentos me enchia de medo

– Edgar, dessa vez, vai ser diferente... Você não matou ninguém e vai dar tudo certo – ela me beijou

– Você tem razão... Não vou me dar por vencido. Dessa vez, a verdade vai prevalecer... – a beijei e voltei a falar – Eu tava pensando que quando você ficou aqui grávida de Pedrinho... teve o nosso filho sem mim... Prematuro... E nenhuma das minhas cartas chegou a você. Você sofreu tanto por isso... Me desculpa.

– Não precisa se importar mais com isso, meu amor... Ficou no passado.

– Não vai acontecer de novo... Dessa vez, eu vou ficar com você... E também não terá a Catarina pra desviar as nossas cartas, nos fazer sofrer, nos afastar...

– Ela te contou que desviou as cartas?

– Não, mas eu cheguei à essa conclusão depois dos últimos acontecimentos... Ela era a maior interessada nisso. E armou tantas coisas mais... Na verdade, tem algo que não te contei... e que descobri há anos... O falso telegrama que recebi, informando que tudo estava bem com você, a própria Catarina me confirmou que escreveu...

– E você não me contou...

– Meu amor, você estava tão brava comigo, com a minha demora, o fato de eu ter trazido Catarina e Melissa. Que eu achei que só pioraria a situação.

– Entendo... A sua velha mania de omitir coisas pra tentar não me preocupar... Achando que me protege. Bem... já é uma avanço você estar tão certo que foi a Catarina, mesmo sem provas tão concretas. Mas me indago sobre o que mais você não me contou...

– Laura ... – as palavras dela me preocupavam

– Calma, meu amor. Eu não estou brava com você... Não vou brigar por algo assim. Mas gostaria que dividisse mais essas coisas comigo.

– Eu vou tentar. Você também ...- fui interrompido

– Eu também vou tentar, Edgar- ela disse firme, e eu estava prestes a contar sobre a minha descoberta do Pasquim e a sua nova Edição, mas me segurei, talvez fosse melhor vir de uma surpresa... seria uma ótima surpresa pra ela.

– Há outra coisa... – pensei em algo mais, mas fiquei mudo, receoso da opinião dela.

– Fala! – ela insistiu ao reparar meu receio

– É uma bobagem.

– Mesmo assim gostaria de saber...

– Bem... até que não é ruim... É algo que talvez seja apenas uma imaginação minha.... Mas vamos lá ... Há cerca de 5 anos... quando você estava longe, eu tive um sonho no mês de setembro. Sonhei com você tendo um bebê. E isso nunca saiu da minha cabeça. Cecília nasceu em Setembro, não? Ela tinha muito cabelo?

– Não... Era bem carequinha... Só depois de um tempo é que os fios loiros começaram a surgir.

– Pois é. O bebê que eu sonhei era carequinha, diferente de Pedrinho que tinha um monte de cabelo ...

– E você gosta de pensar, que sentiu... Viu Cecília nascer? – ela olhou pra mim, eu sorri e ela continuou – Eu quis tanto que você estivesse lá, em certo momento, até imaginei você entrando no quarto depois que ela nasceu.

– Talvez eu estivesse, meu amor.

– É, talvez ... Adorei saber disso– nos beijamos com intensidade, apagamos as velas e acabamos dormindo aconchegados no outro.

Além disso, um novo espírito crescia em mim... Catarina já tinha me feito perder tantas coisas dos meus filhos e de Laura. Já havia me enganado por anos... Por causa dela, da sua mentira, eu passei a amar Melissa como filha e a perdera, uma perda que ainda doía tanto em meu peito. E mesmo morta, Catarina ainda ameaçava me afastar da minha família ... Mas dessa vez, ela não conseguiria, dessa vez, a verdade seria descoberta.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Edgar não lembra... Assim será que ele não está enganado em sua certeza de ser inocente? Também tivemos a volta de alguns assuntos lá do início que fiz pra não deixar nós cegos. Falta abordar algo do início? E o que acharam do apoio da Laura?
Espero que tenham gostado e que comentem muito pra compensar o último viu? Espero que ainda tenha muita gente lendo.