Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 72
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Meninas muito obrigada pelos comentários...
Bem... Eu consegui escrever mais um capítulo, e resolvi postar hoje.Tô doida para passar dessa fase ruim. Deixo vocês com esse capítulo, e com certo medo.



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“Você já foi, Edgar. Pode ser de novo, pois nessa altura eu te garanto que tô preferindo a indelicadeza.”

Laura em Lado a Lado

Por Laura

Eu pensava e repensava... Não podia estar grávida... Aliás, poder eu podia... E ainda por cima tinha vários sintomas. Mas sabia que esse não era o momento. Logo eu que queria resolver tudo com calma... Que imaginava uma gravidez num momento de paz, e com as coisas acertadas. E não nesse momento difícil e cheio de incertezas.

Eu até tentei evitar, me segurar com Edgar, mas fui fraca demais. Devia ter sido mais forte, responsável... Se eu tivesse sido mais responsável, não estaria sendo confrontada por essas dúvidas. Não pensaria em estar grávida num momento em que o futuro fosse tão incerto.

Não é que não quisesse mais um filho. Pois eu amava meus filhos e sabia que amaria quantos mais viesse, ainda mais sendo um filho do meu amor. Mas queria uma gravidez tranquila, momentos pra curtir de verdade. Eu queria proporcionar todo o sonho que eu e Edgar tivemos anos atrás pra uma nova criança, um ambiente de paz, completo, unido, feliz e não esse cheio dúvidas e sofrimento.

Tentei afastar essa ideia. Eu não estava grávida. Não estava! Era coisa da minha cabeça. Mas essa era apenas uma tentativa vã. Já que vez ou outra era confrontada com sintomas: tonturas, enjoos, sono, vontade de chorar sem muita razão, fome. E a ideia de uma gravidez voltava a minha mente... Eu evitava encarar como uma verdade absoluta, mas talvez só estivesse adiando essa constatação.

Por outro lado, matinha Edgar alheio em relação a esses anseios. Ele estava tão triste e confuso. Que eu tinha dúvidas se uma notícia assim seria bem recebida ou não. Se ele ficaria feliz ou se me faria acusações. Talvez ele pensasse que eu engravidei de propósito numa tentativa de fazê-lo esquecer Melissa e seu sofrimento. Ou quem sabe se animasse com a notícia. A verdade é que eu tinha muito medo de receber uma rejeição, não sabia como iria lidar com tudo se em vez de um sorriso, ele recebesse a notícia com cara-fechada.

Assim, eu adiava uma conversa, e certo dia, até passei mal na frente dele. Ele notou e chegou a me perguntar se estava bem... Mas não tentou se aprofundar. Não deu a importância que daria se estivéssemos em um momento bom, não foi aquele marido atencioso e preocupado que ele era antes.

Eu não devia ter me sentindo tão mal com isso, sabia que os problemas o tinham deixado de certa forma inerte. Mas me senti. Pensava que se fosse em outra época, ele se preocuparia, ficaria ao meu lado, teria suposições com um sorriso nos lábios de que nós seríamos pais novamente. Ou se mostraria apreensivo com a minha saúde.

Há pouco tempo ele tinha me falado do seu desejo de ser pai de novo e de acompanhar minha gravidez até o fim. Ver o filho nascer e acompanhar o seu crescimento. Ele não teve isso com nenhum dos filhos. E queria. Imaginava se esse desejo ainda existia... Se ele existisse será que não especularia uma gravidez ao ver o meu mal estar?

Eu tentei balancear tudo o que já tinha acontecido, e o que passava agora. Resolvi compartilhar as minhas dúvidas com ele. Resolvi contar sobre a minha desconfiança de uma gravidez.

Certa manhã, Edgar ainda se encontrava dormindo no quarto. Eu estava decidida e pensei que seria uma boa oportunidade de conversar. Quando ele acordou, eu tentei:

– Edgar, eu queria falar algo com ...

– Laura ... Meu amor – ele parecia impaciente- Eu dormi demais. Agora não posso. – aquelas palavras caíram com banho de água fria pra minha convicção

– Tá bom... Não é algo muito urgente mesmo – falei desapontada

Assim, eu mudei de opinião. Talvez aquele não fosse o melhor momento certo de falar. Ele não parecia que iria receber a notícia de bom grado. Talvez eu devesse esperar mais um tempo, quem sabe só dizer quando tivesse certeza.

Mas ao mesmo tempo, eu adiava ter essa certeza, não procurava meios pra confirmar ou desmentir. Só tinha mesmo os sintomas que continuavam e me faziam pensar que uma gravidez não era fantasia, ao contrário, era algo bem real.

Enquanto essa parte da minha vida parecia não prosseguir. Em outras esferas acabei tendo alguns avanços e fazendo descobertas.

Com o conhecimento de que Catarina engara e manipulara Filipe e Edgar durante todos esses anos e de uma das maneiras mais cruéis que podia imaginar. Eu resolvi me empenhar nas minhas investigações.

Aquela mulher era muito perigosa, merecia ser punida por todas as tramoias que fizera, e tinha que ser parada antes que aprontasse mais. Se ninguém a parasse, a colocasse na cadeia, ela ia continuar prejudicando pessoas pelo resto da vida. E eu sabia que dentre essas pessoas era bem provável que estivessem eu, Edgar e os nossos filhos. Assim, a investigação me parecia ainda mais necessária. Parte da máscara dela já havia caído. Mas precisava de mais...

Quequé chegou a comentar que antes do incêndio na minha escola, Catarina recebeu visitas e chegou a ser vista com um rapaz jovem e negro. Sendo alguém que ele nunca tinha visto com ela antes. A descrição que ele fazia do homem era muito vaga. E podia ser apenas um novo amante. Mas era um caminho a se seguir. E se esse homem aparecesse novamente poderíamos pressioná-lo e tirar isso a limpo.

Na verdade, a maior pista sobre isso veio através de uma dessas coincidências do destino. Num dia em que eu passeava com Isabel e as crianças, Cecília me abraçou assustada. E acabou me contando com medo que tinha visto a mulher que a havia levado no dia do seu sumiço. Nós estávamos perto do teatro e pedimos às crianças que fossem pra lá.

Eu e Isabel seguimos a mulher e a vimos num encontro com Berenice. As duas conversaram, na realidade, discutiam com certa familiaridade. Era evidente que se conheciam e nós fomos falar com elas.

A princípio elas ficaram assustadas, tentaram negar tudo. Mas o fato de Cecília reconhecer a mulher que descobrimos se chamar Zenaide e ser irmã de Berenice, tirara qualquer dúvida nossa em relação ao seu envolvimento.

Depois de algumas ameaças, elas acabaram confessando. E até contaram mais coisas pra que as deixássemos ir embora logo. Segundo elas, uma mulher tinha encomendado o sequestro e o incêndio da minha escola a Caniço, o noivo de Berenice.

Elas não sabiam quem ela era, afirmaram que o único que a conhecia era Caniço, já que esse tinha acertado tudo, inclusive o pagamento com a tal mulher... Aliás, diziam que ela não tinha pago nada ainda e nenhuma das duas tinha visto a cor do dinheiro que Caniço prometera.

Diante dessas informações, eu fiquei mais certa do envolvimento de Catarina, o tal homem negro que Quequé tinha visto com ela devia ser Caniço. Eu só precisava falar com ele pra ter a prova definitiva. Só que encontrá-lo se mostrou um pouco difícil. Pois após nossa conversa com Berenice e Zenaide, ele sumiu do morro.

Mas eu e Isabel acabamos conseguindo encontrá-lo com uma ajuda inusitada. Zé Maria passou por cima dos problemas com Isabel e nos auxiliou. Ele conseguiu descobrir onde Caniço estava e nos levou ao local. Inclusive ficou com a gente, e nos ajudou a interrogá-lo.

Assim Caniço acabou falando a verdade, esclareceu alguns detalhes que só ele sabia, sendo que o mais importante desses era a identidade da mulher que contratou seus “serviços”: Catarina Ribeiro.

Eu tinha conseguido a prova concreta que queria. E estava decidida a contar tudo o que tinha apurado pra polícia. Mas antes de falar com as autoridades, resolvi conversar sobre as minhas descobertas com Edgar. Ele também era uma das vítimas de Catarina, era o meu marido, isso o envolvia e eu queria que soubesse de tudo antes da polícia.

Cheguei à casa de Edgar sem as crianças, fui direto pro escritório, o lugar em que ele passava a maior parte do seu tempo desde que Filipe aparecera em nossas vidas. Só que quando o vi, percebi que ele parecia estar pior que nos últimos dias.

Seu rosto estava apoiado em suas mãos. Parecia que chorava... Assim ele levantou a cabeça, e me viu. Tentou disfarçar, mas sua face estava completamente vermelha:

– Edgar, aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupada

– A Melissa... O juiz decidiu que eu não tenho nenhum direito sobre ela. Decidiu que apenas a Catarina ou o Filipe podem pedir sua guarda.

– Então o Filipe conseguiu? Ele vai levá-la pra Portugal?

– Não ...Ainda não. O juiz tem que decidir entre ele e Catarina ... Mas a Catarina não tem ... – ele colocou a cabeça novamente entre as mãos e percebi o som de seu pranto

– Meu amor... Eu sinto muito – falei tocando em seu ombro e depois o abracei

– Mas eu não posso desistir. Não vou desistir... –ele se endireitou, e em seus olhos percebi o desespero.

– Você pode fazer mais alguma coisa?

– Posso... Eu posso ajudar a Catarina. Posso testemunhar a favor dela. Posso ajudá-la a conseguir um bom advogado – eu fiquei chocada ao escutar aquelas palavras

– Não... Edgar .... Você não pode estar pensando nisso .... não depois de tudo que ela fez – disse abalada

– É a única forma da Melissa ficar perto de mim. E de certa maneira, o que a Catarina fez foi pra ficar com a filha... Por amor a Melissa. – ele comentou com incerteza

– Não! Não! - eu continuava espantada – Você não acredita nisso. Só esta arrumando desculpas. A Catarina é uma criminosa cruel, e você sabe disso!

– Laura, talvez não tenhamos escutado direito as suas motivações...

– Não há justificativa pra o que ela fez... Você não pode ignorar os atos dela só por que acha que isso será conveniente aos seus interesses. Você não é assim, Edgar. Pelo menos o Edgar que eu conheço e amo não é! E sabe de uma coisa, agora eu tenho provas concretas de que a Catarina é responsável pela tentativa de sequestro de Cecília e pelo incêndio na minha escola. Você vai se aliar a ela? Ela já que tentou e quer ferir a mim e seus filhos! Ela que já conseguiu nos separar antes!

– Que provas concretas são essas?– ele perguntou surpreso

– Descobri quem foi o comparsa da Catarina... O responsável direto por esses atos. E ele confirmou que ela foi a mandante de tudo. Só vim falar com você antes de comunicar a polícia.

– Laura, e pode acreditar no indivíduo? Ele é um criminoso.

– Edgar, não arruma desculpas... Você sabe que é verdade, ele não teria motivos pra mentir... Depois de tudo que aconteceu, você tem que admitir que ela seria capaz de tais crueldades, pois no raciocínio torto dela pensava que se beneficiaria. Ela é capaz de tudo.

– Laura ... –não o deixei falar

– E vamos pensar em outros aspectos... Me diga como funcionaria isso... Essa sua ideia de ajudar Catarina a ficar com a guarda da Melissa e você sem direito algum. Você mentiria ao juiz pra convencê-lo de que Catarina é uma boa pessoa, mesmo sabendo o que ela já fez? Pois nenhum juiz ciente das coisas que ela fez daria a guarda de uma criança a ela. E depois? Ela usaria a menina... Aprontaria e exigiria muito mais, já que você não poderia tirar Melissa dela. Usaria a filha pra conseguir coisas de você. É isso que quer? Premiar aquela mulher pelas maldades que já fez? Dar meios pra ela tornar a nossa vida um inferno novamente? A nossa, a da Melissa, e de todos que nos cercam?

– Ao menos eu ficaria perto da minha filha. Não haveria o sofrimento da separação. Eu sei que a Catarina não sabe cuidar bem da Melissa, mas eu a auxiliaria como sempre – ele tentava se justificar.

– Eu não posso acreditar no que você está falando... Não! Esse Edgar, eu não conheço... Um homem sem noção de justiça, de certo e errado. Você só mostra egoísmo. Só está pensando em você! Nem no melhor pra Melissa está pensando! Pois eu sei que não pensa que o melhor pra ela é ser criada por uma criminosa cruel... Sendo que a opção a isso é um pai dedicado, um homem honesto, um pai que procurou a filha durante anos!

– Isso é o que dizem do Filipe. Pode ser verdade ou mentira.

– Pra mim parece verdade, eu conversei com ele. E te digo, a história dele é admirável e triste. Ele é mais uma vítima da Catarina e fará de tudo para Melissa se tornar uma boa pessoa e ser feliz.

– Você conversou com ele?

– Sim. Eu queria ... – disse receosa, Edgar não sabia que eu tinha procurado Filipe e parecia estar com raiva.

– Agora eu entendi... Você se uniu a ele pra Melissa ir embora. Você não quer e nunca quis, nunca aceitou a Melissa, então esse novo pai pra ela caiu do céu!

Aquelas palavras de Edgar me deixaram horrorizada. Eu não podia acreditar no que ouvia. Senti uma dor terrível no coração por causa dos seus disparates. Lágrimas de raiva, de decepção começaram a cair dos meus olhos.

Edgar me olhou preocupado. Parecia arrependido. Se aproximou e estava prestes a tocar em meu braço, mas eu o afastei:

– Laura... Eu não... queria ...- ele gaguejou

– Deixa, Edgar. Deixa... Não fala mais nada, já falou o suficiente. Eu sei que você está sofrendo muito, está obcecado. Talvez esteja enlouquecendo, pois eu prefiro acreditar que só num momento de loucura você diria ou pensaria algo assim de mim... – eu tentava me recompor e me virei pra partir, mas acabei voltando – Se quer saber eu fui falar com Filipe pra tentar convencê-lo a deixar Melissa com você. Não consegui, mas tentei... Quem sabe você também não devesse conversar com ele, conhecer a sua história, perceber o seu caráter. Agora quanto a isso que está pensando em fazer... Se aliar a Catarina. Mentir. Apoiar atos ruins e cruéis. Esse não é você. Então pense bem... Pense muito bem. Pense se conseguirá se olhar no espelho depois, olhar nos olhos de Pedrinho e Cecília. Pense como isso abalará o seu orgulho e amor próprio. Pois se você for seguir esse caminho, com certeza não poderá olhar nos meus olhos da mesma forma.

Após dizer essas palavras, eu fui embora, não podia, não conseguia mais ficar lá. E ainda no caminho pra casa, voltei a chorar.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Sei que esse capítulo foi bem tenso, até pensei em segurá-lo postá-lo na próxima semana para não terminar essa de forma pessimista... Mas bem, adianto que essa fase ruim está acabando... Espero que isso anime vocês a comentar. Comentem pra me estimular a escrever (meu tempo continua curto e comentários sempre me estimulam) e escrever fases ruins também é mais difícil... Logo voltaremos as boas... Espero que comentem, recomendem, participem para eu voltar com tudo na próxima semana. Isso sempre me a ajuda e faz a diferença pra mim.