Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 62
Trabalho e Lazer


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos últimos comentários. Eles me animaram bastante.
E com o fim do feriado, eu consegui um tempo pra escrever hoje. Espero que gostem do capítulo e que comentem muito pra me animar a escrever o próximo.



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"– Quase me arrependi de ter trazido aqueles 3. Achei que não ia ficar sozinho com você nunca- Edgar

– Que bobagem, Edgar. Você é o meu marido, a gente pode ficar sozinho quando a gente quiser- Laura

– Isso não é incrível? – Edgar

– Inacreditável – Laura"

Cena da praia em Lado a Lado


Por Laura


Após Edgar me revelar que era o jornalista Antônio Ferreira, eu pedi que me mostrasse mais alguns textos seus. Queria entrar em contato com esse outro lado do meu marido, e apreciar seus escritos.

Ele trouxe algumas matérias que tinha publicado no correio da república, até mesmo umas que se tratavam da revolta da chibata. E eu fiquei impressionada, seus textos eram bem escritos e bem argumentados, suas ideias progressistas, e os assuntos tratados eram sempre importantes. Eu estava admirada com essa face jornalística de Edgar. Era esse o homem por quem eu tinha me apaixonado anos atrás... e por quem continuava apaixonada.


E fiquei ainda mais admirada quando após uns dias, li a recém-publicada reportagem de Antônio Ferreira. Ela se tratava do jornalismo sensacionalista e de fofocas. Debatia a maneira como esse tipo de coisa propagava a mentira, que eram tomadas como verdade, e acabava com a vida de pessoas inocentes.

Ele não citava diretamente o meu caso ou o Pasquim. Mas falava do uso vil do anonimato que aproveitava do fato de não precisar dar satisfações ou até mesmo provar suas alegações para difundir inverdades sem se preocupar com as consequências.

Mesmo que não fossem citados nomes, as pessoas se lembrariam do Pasquim e talvez até do que tinha acontecido comigo. Era uma bela forma de tentar limpar a minha imagem e tirar a credibilidade do Pasquim. E mesmo que ainda restassem dúvidas em relação a mim. Era uma atitude linda de Edgar. E eu me senti exultante.

Claro que tentei recompensar Edgar com muitos beijos e carícias... Ele merecia depois de fazer uma reportagem pra mim.

E numa iniciativa de aproximá-lo mais dos filhos, principalmente de Pedrinho. Nós planejamos uma ida a praia, que contaria até mesmo com Isabel, Lauro e Neto.

As crianças estavam bem ansiosas no caminho, faziam perguntas e planos. Era a primeira vez que iam numa praia. E eu percebia que Edgar também partilhava parte dessa ansiedade. Já que seria um primeiro momento dos filhos que ele iria participar. Era emocionante ver tudo.

Ao chegar, as crianças tiveram que ser contidas pra trocarem de roupas, já que estavam muito impacientes pra correrem e brincarem.

Felizmente o lugar estava bem vazio, e nós as deixamos livres na areia, já que no mar, mesmo sabendo nadar, por causa das ondas era mais perigoso.

Todos entramos juntos no mar. Além das crianças, aquela também era a primeira vez de Isabel. E fizemos questão que os novatos experimentassem a água e dissessem qual era gosto dela, vindo com um “É salgada”, e às vezes, um olhar de admiração.

Depois Edgar e Lauro foram ensinar as crianças a jogar peteca. E eu e Isabel o observávamos com um misto de encantamento e graça. Já que por vezes, em tentativas de pegar a peteca, alguém caia com cenas dignas de palhaço de circo.

Depois de comermos um pouco, nos empenhamos em construir um castelo de areia. Basicamente as crianças nos traziam areia e agua, faziam a base e o fosso, e nós colocamos a mão na massa para montar as torres do castelo com mais delicadeza. No fim não ficou muito bonito, mas pras crianças era uma construção digna dos maiores reis do mundo.

Tomamos mais um banho no mar pra tirar a areia... E até deixamos Pedrinho, Cecília e Neto brincarem sozinhos na água, com a condição que segurassem o ímpeto e ficassem apenas no raso.

Nós achamos que ficariam mais contidos já que enquanto estavam conosco no mar, os 3 acabaram levando um caldo, e apesar de posarem como corajosos, eu percebia que estavam mais receosos.

Eu, Edgar, Lauro e Isabel nos sentamos na areia, em cima lençóis que tínhamos trazido e os observámos de longe. Edgar me olhava com cobiça, eu correspondia os seus olhares, e em certo momento ele se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido:

– A gente não pode namorar nem um pouquinho?- ele sorria

– As crianças podem ver – falei tentando disfarçar a paquera, mas a verdade é que também estava cheia de vontade de namorar o meu marido.

– Eu não me importaria se vissem. Estou falando só de uns carinhos, meu amor. Você está tão linda!

– Linda? Assim cheia de areia e com o cabelo bagunçado?

– Sim. Natural e mostrando algumas partes que normalmente só vejo quando estamos sozinhos – ele riu libidinoso

– Ahh, agora entendi. Nesse caso, posso dizer o mesmo de você. Você está bem atraente – comentei entrando no jogo

– Então vamos namorar um pouco? – ele sorria sedutor

– Em casa, meu amor. Aqui tem as crianças.

– Você adora me torturar.

– Adoro mesmo- ri

Eu e Edgar ainda flertarmos mais, mas quando as crianças começaram a chutar uma bola, Lauro e Edgar foram brincar com elas:

– Se eu não posso namorar, tenho que arrumar outra forma de gastar a minha energia não? – ele disse brincando antes de ir

Já estava escurecendo quando nós decidimos partir. Voltamos aos vestiários, Isabel disse que ajudaria Cecília se vestir, e os meninos querendo ser mais independentes falaram que se vestiriam sozinhos. Lauro piscou pra mim, indicando que se fosse necessário, ele auxiliaria os garotos.

Eu mal tinha entrado no vestiário, quando bateram na porta, era Edgar que invadiu e fechou a porta rapidamente. Mal cabia nós dois em pé, mas espaço não era tão importante:

– Edgar? – disse em tom de bronca

– Enfim sós...- ele começou a me beijar com ardor

– Aqui não é o lugar... meu amor – falei em meio ao beijo, já sentindo as minhas pernas fracas

– Se lá fora não é lugar... Aqui tem que ser, meu amor... – ele dizia enquanto me beijava- Aqui não tem as crianças.

Realmente não precisava de muito pra me convencer... Eu estava ávida por Edgar. Por suas carícias... E ainda tinha um gostinho a mais do proibido, do perigo...

Edgar e eu nos beijamos e nos tocamos com desprendimento e intensidade. Em certo momento, ele me pressionou contra a parede, e eu cheguei a pensar que ela não aguentaria:

– Calma, meu amor... assim a gente derruba o vestiário!

– Seria hilário se isso acontecesse – ele disse se acalmando

– E constrangedor... – eu ri – Talvez seja melhor você sair agora. Em casa a gente continua... Preciso trocar de roupa.

– Eu te ajudo – ele disse fagueiro e começou a baixar a alça da minha roupa enquanto beijava o meu ombro e me olhava com lascívia

Mas depois em um movimento contrário, ele levantou a minha blusa, me deixando só de bermuda. Ele continuou beijando o meu corpo com calma, e eu pensava que aquilo estava ficando perigoso demais. Eu devia pará-lo. Mas meu corpo parecia não me obedecer, eu estava ficando mole e espasmos me dominavam. Minha respiração estava entrecortada.

No meio disso, escutei outra batida na porta:

– Mamãe... Você tá demorando muito. Quero voltar pra casa, a Sherazade deve tá com saudades!- era Cecília

No susto, eu e Edgar paramos. Ainda tive que respirar fundo pra tentar recuperar um pouco do ar e falar:

– Estou indo, meu amor... Fica com a tia Isabel, que já vou.

– Eu vou... Mas não demora. – ela disse

Abri um feixe na porta, quando vi que ela já estava distante, expulsei Edgar do vestiário. Ele ria achando graça da situação, e tenho que admitir que após fechar a porta na cara dele, eu ri também.

Depois que chegamos em casa, as crianças estavam tão cansadas que não demoram a dormir após banho. Eu e Edgar tomamos um banho juntos e após continuarmos o que tínhamos começado na praia e ter saciado o nosso desejo, eu fiquei deitada em seu corpo, enquanto acariciava o seu peitoral e ele o meu cabelo e rosto:

– Foi por pouco lá na praia...- comentei

– Você se refere ao flagrante de Cecília? – ele riu

– Sim... Mas a gente também ultrapassou um pouco...

– É isso de nos esconder. Sabe ... espero que não fique chateada. Mas eu não me importaria das crianças nos pegarem aos beijos. Assim, nós finalmente contaríamos que estamos juntos.

– Edgar... Não fala assim. – olhei firme pra ele

– Até quando isso será um segredo pra eles, Laura?- ele também me olhava firme

– Logo... Edgar... Logo... Cecília e Pedrinho saberão. Eu só gostaria de acertar mais algumas coisas, uns problemas nossos, você e Pedrinho, onde e como vamos morar.

– Essa é outra pergunta, quando voltaremos a morar juntos?

– Logo, meu amor. Logo... Só mais um pouco de paciência... É bom namorar, não é? Você gosta disso, não gosta? – falei o beijando

– Gosto. Se não tivesse isso... eu ...– ele me beijou com voracidade, iniciando mais momentos tórridos.

A verdade é que ainda tinha algumas coisas não resolvidas e nós teríamos resolvê-las antes de voltarmos a morar juntos. Eu e Edgar tínhamos medo dos nossos assuntos pendentes, e muitas vezes os evitávamos. Mas realmente estávamos perto de um momento onde não poderíamos evitar mais.

Além das coisas pendentes com Edgar. Tinha algo mais que me amedrontava nessa questão de voltar a morar com ele... Catarina, o que essa mulher tinha feito e ainda era capaz de fazer comigo e meus filhos.

Eu não deixaria de voltar a morar com Edgar por causa dela. Não daria essa satisfação àquela mulher. Não deixaria de viver a minha vida e a felicidade. Mas antes eu queria ter alguma prova contra ela. Queria que Edgar estivesse ciente das coisas que ela era capaz de fazer.

O pessoal do teatro estava de olho nela. Falavam que ela andava mais irritada que o normal, e que parecia planejar algo, só que não tinham nada muito concreto. Mas somente essas afirmações, já me davam medo... Só de imaginar o que eu tinha passado com o sumiço de Cecília, não podia passar por nada parecido novamente.

Eu cheguei a ter a impressão de ser seguida na rua como se o plano dela já estivesse em ação. Tentava prestar atenção a minha volta, mas não conseguia ver ninguém me seguindo. Começava a achar que estava ficando paranoica.

Um dia, fui até a minha escola. Queria verificar as obras, falar com os trabalhadores, pedir alguns ajustes. Eu me sentia realizada ao ver o andamento das coisas. A cada dia meu colégio parecia mais real.

O expediente já tinha acabado e os funcionários tinham ido embora. Eu havia ficado lá. Gostava de respirar aquele ar e imaginar as salas e outras dependências cheias de crianças. Andar por lá fazia bem ao meu ego... Era o meu sonho se realizando. E eu começava a bolar diversos planos pra quando tudo estivesse funcionando.

Fiquei um tempo assim. E achei que era suficiente. Lauro deveria me buscar em breve. Comecei a trancar as salas e alguns armários e fui pra saída

Sentia um cheiro estranho de queimado, pensei que devia ser algum lixo sendo incinerado na região. Mas quando coloquei a mão na maçaneta da porta de entrada, me queimei, e percebi que o prédio devia estar em chamas. E o pior é que eu não conseguia abrir a porta. Eu estava presa lá.

Tentei manter a calma, mas um terror se apoderava de mim à medida que o lugar foi sendo tomado pela fumaça e fogo, eu tentei ir pra outros cômodos, mas vi que eles também estavam sendo tomados pelo fogo.

Resolvi ficar no corredor de entrada mesmo. Chutei a porta, gritei por ajuda. Mas não conseguia nada, a porta continuava fechada, e não parecia ter ninguém por perto. Todos os trabalhadores já deviam estar longe.

Sentei num canto que não tinha fogo. Era aquilo... Eu estava perdida... Eu ia mor... Pensei em Pedrinho ... Cecília ... Edgar. O que aconteceria com eles, quantos momentos eu perderia... Eu não veria os meus filhos crescerem. Me lembrei da Catarina e das coisas que ela ainda podia fazer... Não, eu não podia desistir... Eu não podia morrer.

Me levantei num impulso. A sala já tinha sido tomada pela fumaça. Eu tentei andar pra saída, não dava pra enxergar quase nada, nem pra respirar. Eu tossia, senti uma fraqueza, uma tontura, e minha visão se escureceu completamente enquanto eu tombava no chão.

Bônus

Por Cíntia

Laura não estava enganada, Catarina havia mandado segui-la. Assim, ela acabou descobrindo que Laura montava uma escola. E viu nisso uma oportunidade de atacar aquela filhinha da mamãe que achava que a tinha vencido após o fracasso do plano de sequestro.

Catarina queria que Laura se sentisse cercada por todos os lados. Já tinha atacado a sua reputação, sua família, agora era hora do lado profissional.

Aquela bonequinha da nobreza se mostrava corajosa, mas iria ficar com medo. Ela ia perceber que não adiantava ficar no Rio de Janeiro, pois enquanto permanecesse na cidade, não teria sossego. Pois Catarina sempre armaria um plano contra ela, atingindo as diversas faces da sua vida.

Usando mais uma vez o seu comparsa Caniço, que não fora bem sucedido no plano do sequestro, mas que por um pouco de dinheiro era capaz de tudo. Ela elaborou um esquema de incêndio na escola.

Junto de outros tipos do submundo, Catarina o acompanhou até o local. Queria ver tudo sendo feito. Era a sua vingança contra aquela mulher que ousava confrontá-la.

Os trabalhadores tinham saído, e os vândalos começaram a armar o incêndio. Caniço pediu a Catarina que verificasse se tinha mais alguém no prédio. Ele não queria vítimas.

Mas a verdade é que isso não seria uma barreira instransponível, se assim Catarina desejasse, apenas seria preciso propor uma quantia maior pra ele.

Com uma grata surpresa, Catarina percebeu que ainda restava uma pessoa. Laura! Pensou que o destino tinha sido generoso com ela.... Era melhor do que a encomenda... Ela tinha chances de não só amedrontar Laura e ameaçá-la profissionalmente. Mas de se livrar definitivamente dela.

Afirmou a Caniço que não tinha mais ninguém. E assim, ele botou fogo no lugar. Catarina e seus comparsas saíram enquanto as chamas tomavam conta dele. E dentro dela, ela escondia uma satisfação secreta, quase uma certeza, dessa vez seu plano daria certo... E provavelmente os resultados seriam melhor que o esperado.


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Notas finais do capítulo

Então meninas gostaram? Algum medo pela Laura? Alguma raiva pela Catarina? Espero que tenham gostado e que comentem bastante pra me empolgar a escrever o próximo. Os seus comentários sempre são importantes pra mim e tem o poder de me empolgar.