Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 47
Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Meninas muito obrigada pelos comentários...
Acho que esse capítulo será mais interessante. Então espero que vocês comentem muito. Mais até que o anterior, viu? Preciso de empolgação para escrever o próximo.



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“Guerra, a Laura quer conhecer outro homem ...”

Edgar em Lado a Lado

Por Edgar

Desde que aquele sujeito, aquele Lauro apareceu eu andava irritado. E até deixava transparecer a minha irritação a Laura. A situação que nos cercava ainda era delicada, mas muitas vezes não conseguia me conter.

O que aquele sujeito pensava ao aparecer assim? Laura dizia que ele era apenas um ótimo amigo, mas imaginava... que ao aparecer … que ao fazer uma viagem grande, ele não pretendia ficar apenas como um amigo.

Não é que eu duvidasse da palavra e moral de Laura... Me doía pensar que nos últimos anos, ele estivera perto da minha mulher e dos meus filhos, enquanto eu estava longe, ele conhecia as crianças mais do eu ... Sim, ele demonstrara ser amigo... Era até o padrinho da minha filha. Mas fora como amigos que Laura e eu começamos o nosso casamento.

Pedrinho e Cecília o adoravam. Aliás, talvez gostassem mais dele do que de mim... com Pedrinho isso me parecia mais evidente, já que meu garoto se portava de maneira tão feliz e a vontade com ele. Enquanto comigo, apesar de ter nos aproximado nos últimos tempos, ainda parecia existir um desconforto.

As vezes, eu sentia muita raiva daquele sujeito...Pensava que devia matá-lo. Colocava em minha cabeça que ele não prestava, que tinha interesses escusos, que queria roubar Laura de mim... Eu sei, estava indo muito longe, mas era muita perturbação imaginar outro com minha mulher, com meus filhos, com a minha família. Eu me sentia tão ameaçado por ele.

Aliás até conseguia admitir que ele parecia uma boa pessoa... Pois se não parecesse, era capaz de já ter saído no braço com ele.

Eu estava no escritório divagando sobre isso, devia estar trabalhando em meus processos, mas essa tarefa era constantemente interrompida pelos pensamentos, quando recebi uma visita inesperada, apesar de muito agradável:

– Desculpe te interromper, filho – falou D. Margarida carinhosa

– De forma alguma ... A senhora não interrompeu, eu estou meio distraído, é um alívio vê-la... Vai ser ótimo conversar. - toquei em sua mão carinhoso

– São tantos problemas, não? - ela disse compassiva

– Sim... são... Com isso, eu ando sem tempo de fazer uma visita, me desculpe. Tenho que dividir meu tempo entre o trabalho, a casa da Melissa, e a de Laura...

– Eu imaginava, filho. Não se preocupe... Eu queria ter vindo antes... Me desculpe. Mas seu pai ficou receoso por causa daquele folheto, achou que seria melhor esperar... Eu acabei acatando... pensei que talvez por linhas tortas ele tivesse razão, e que fosse melhor esperar as coisas se ajeitarem, não tomar o seu o tempo... - ela disse calma mas com uma pontinha de culpa

– Mãe, não se aflija. Eu entendo - toquei sua mão novamente

– Eu estou louca para rever Pedrinho, como ele está, como é? - ela já parecia mais animada

– Ele ainda se parece muito com aquele menino, os mesmos cabelos, o mesmo rosto. Se parece comigo, mãe. E é tão inteligente... as vezes até penso que já é um rapaz. Nós jogamos xadrez e ele está cada dia melhor, até ganha de mim – comentei orgulhoso

– Quero tanto vê-lo- ela falou pensativa - E a minha neta como é?

– Então você não acreditou naquelas lorotas? - perguntei satisfeito

– De jeito nenhum... Eu conheço Laura, filho.

– Parece um Sol. Cecília é iluminada, mãe. Tem longos cachos loiros, os olhos iguais aos meus...Parece comigo. È inteligente, criativa, e um pouco levada, faz parte do encanto dela. Ela é encantadora.

– Tô vendo como você é um pai babão.

– Não podia ser diferente … Eles são ótimos. Tenho muito orgulho deles.

– Fico tão contente. Quero mesmo vê-los.

– Vou ajeitar isso. O papai não quer saber deles... Então … podemos fazer um encontro aqui em casa.

– Edgar, seu pai quer sim saber deles... É só o jeito dele. Tenho certeza que ele quer ver os netos.

– De qualquer forma, farei algo aqui em casa.

– Certo. Agora me conta como a Laura, você, as crianças andam.

– Estamos indo bem, mãe. Melhor do que esperava, estamos nos apoiando.

– É ...- ela fez uma pausa, parecia receosa- E como vai a convivência de você e Laura?

– Cheia de altos e baixos – fui sincero – Mas estamos levando... estamos conseguindo não afetar as crianças... Ela me pediu o divórcio...

– Talvez isso seja o melhor pro dois... Cada um estará livre para prosseguir a sua vida- ela falando aquilo até me aborreceu um pouco

– Mas eu não quero isso. Não imagino seguir a minha vida sem Laura, mãe. Não imagino envelhecer sem ela – confessei

–Então, Edgar, vocês tem que acabar com esses altos e baixos... A instabilidade não fará bem a vocês nem as crianças.

D. Margarida tinha razão... Ela com o seu jeito sensato e sem nem saber tudo que acontecia me deu um ótimo conselho... Eu tinha que me controlar... Se continuasse deixando o ciúme me guiar... Só me afastaria cada vez mais de Laura. Ainda tinha medo do ocorreria se nós conversássemos de verdade... Mas talvez já estivesse na hora de algo assim.

Laura comentou que levaria as crianças ao teatro Alheira naquele dia. Queria que eles conhecessem o ambiente de trabalho dela e Isabel. E pensei em fazer uma visita... Lauro não estaria lá e seria mais fácil me controlar... um primeiro passo pra me reaproximar. Já tinha até pensando em um pretexto. Um pretexto agradável por sinal, proporia um passeio com as crianças.

Quando cheguei ao teatro, encontrei Isabel, perguntei pelas crianças e ela disse que haviam saído com Quequé. Me informou que Laura estava ensaiando com Diva e Frederico e me incentivou a assistir o ensaio.

Eu entrei, me sentei na plateia. E fui surpreendido com o que vi e ouvi:

–Eu nunca podia imaginar que ...- disse Frederico

– O que?- Diva rebateu

– Que em tão pouco tempo eu estaria assim … - ele falou um pouco fora do tom

– Assim como? - Diva também dizia com certo exagero e insinuação, era até engraçado

– Apaixonado, completamente apaixonado por você – Frederico continuava

Eu não podia acreditar....Era a gente.. Laura e eu já tínhamos falado aquelas palavras... Fui tomado pela lembrança e emoção. Laura lembrava dos bons tempos, ela lembrava, até havia escrito uma peça sobre a gente... Fui tirado dos meus pensamentos ao ouvi-la:

– Melhorem esse olhar, o tom de voz... Eu tenho que acreditar em vocês. Pensem, vocês estão apaixonados, e não é puramente uma paixão carnal, é algo espiritual também... Esse momento é especial, temos que passar verdade. - eles olharam para Laura confusos – Tentem novamente, lembrem dos momentos em que se declararam de verdade a alguém.

Eles estavam se preparando para passar as falas novamente, quando sugeri:

– Talvez se eles vissem outros fazendo essa cena...

– Edgar? Não sabia que tava aqui...

– A Isabel me convidou pro ensaio... Estou gostando bastante... Parece um Déjà vu – sorri insinuante e Laura sorriu de volta

– Você estava falando … - Diva continuou e me virei pra ela e Frederico

– Estava pensando … se vocês não se importariam de ver outras pessoas dizendo essas frases... Talvez ajudasse pra entender tom que Laura busca.

– Não, não me importo - respondeu Frederico

– Mas o papel continua sendo nosso? – perguntou Diva insegura

– Sim... Não estou falando de atores profissionais ...– ela pareceu concordar e continuei- Vamos tentar então... Laura, que tal nós? - falei de forma gentil olhando pra ela que me pareceu um pouco indecisa mas depois disse

– Vamos – ela sorria

Frederico e Diva se sentaram no plateia , enquanto eu e Laura ficamos no palco

– Ahh ... Edgar... As falas são … - Frederico foi interrompido por mim

– Eu já sei as falas, não é mesmo? - falei firme olhando para Laura

– Vamos começar então? - Laura sugeriu

E nós repetimos aquelas falas, era como se viajássemos no tempo. E voltássemos ao início do nosso casamento quando me declarei pela primeira vez... Eu ainda sentia aquilo. A medida que falava sentia o quanto era apaixonado por ela.

E a via linda... Feliz, sentia que ela era verdadeira, era como se também me amasse.

Nossos corpos foram ficando cada vez mais próximos. Trocávamos olhares apaixonados, sorrisos de felicidade plena. Ficávamos cada vez mais imersos naquela cena onde a ficção era a realidade.

Eu coloquei a minha mão no rosto dela, e com carinho o aproximei do meu. Estávamos prestes a nos beijar, eu já sentia o arfar de Laura contra minha face, nossos corações acelerados, quando escutamos passos seguidos de vozes, e interrompemos o que fazíamos:

– Eu tenho medo de bichinhos, Cecília, coloca ele pra lá – falou Quequé

– Não precisa ter medo. Eles são bonzinhos – ela aproximava um inseto dele e os meninos riam do medo de Quequé

Assim nós acabamos ouvindo os aplausos de Diva, Frederico e Isabel que eu nem sabia quando tinha aparecido... A cena havia terminado:

– Obrigada – Laura disse um pouco vermelha

– Obrigado – também falei como se tivesse sido pego no flagrante.

– Edgar? - Cecília correu até a mim e me abraçou

– Eu vim levar você e os meninos para tomar um sorvete. Vocês querem? - perguntei e eles fizeram que sim com cabeça

– Laura, se você quiser vir...- sugeri, ela olhou em volta ainda constrangida

– Eu não posso, mas vá com as crianças. Tenho que continuar o ensaio. Não posso ficar até muito tarde hoje.

– Tá bom – sai um pouco decepcionado

Mas enquanto passeava com as crianças. Essa decepção foi se esvaindo. Eu lembrava da peça... De eu e Laura dizendo aquelas falas... Do passado e me sentia tão bem. Sem contar que estar com as crianças sempre aumentava o meu ânimo...

O que acontecera entre mim e Laura, era apenas o início. Eu sentia que ela estava sendo mais receptiva... Ela ainda parecia me amar. Tinha os problemas, claro. Mas eu sentia que estávamos evoluindo, que conseguiríamos nos acertar. Estava satisfeito, e com um gosto de quero mais delicioso em mim.

Depois do sorvete, deixei as crianças no teatro com Laura e Isabel, e acabei esbarrando com Guerra na rua do Ouvidor:

– É só assim para nos encontrarmos mesmo ... sumido – Guerra comentou

– Ando muito ocupado... - justifiquei

– Eu imagino, amigo. Já começou aquela reportagem do Antônio Ferreira? - ele se referia a investigação do Pasquim

– Ainda não. Tenho andado muito ocupado realmente, e quero esperar um tempo para disfarçar.

– Sem problemas... Não há urgência... Não houve nenhuma edição do Pasquim desde aquele dia.

– Verdade... É estranho esse sumiço por tal tempo. Mas por outro lado é bom, já que a reputação de mais ninguém foi destruída.

– Edgar, sei que não há pressa, mas confesso que estou muito curioso.

– Fica tranquilo, Guerra. Eu vou fazer... Isso é uma obrigação que assumi comigo mesmo.

– Ótimo... Mas agora eu tenho que ir. A Célia acaba comigo se chegarmos muito atrasados no baile. E eu ainda tenho que me arrumar e ajudá-la. E você sabe o quanto ela é atrapalhada. Demora muito...– ele disse sorrindo - Aliás, você também já deveria ir pra casa e se arrumar.

– Pro baile? Que baile?- perguntei confuso com a última frase

– O baile beneficente do Senador Tavares de Melo.

– É hoje? Guerra, sei que a causa é justa... Mas não vou, depois que Laura saiu no Pasquim prefiro evitar a exposição.

– Humm... Como a Laura vai, pensei que você também ia.

– A Laura vai? - estava surpreso – Mas ela não pode ir.. O que os outros dirão... Como a tratarão.. Ela..- a preocupação começava a tomar conta de mim

– Bem... Edgar... A Célia me falou que vai. Mas talvez esteja enganada.

Eu precisava tirar isso a limpo e voltei ao teatro. Mas fui informado por Quequé que Laura e Isabel já tinham ido, pois iriam em uma festa mais tarde.

Não podia acreditar. Elas iam mesmo ao baile. Onde estavam com a cabeça? Sabiam o que iam enfrentar? Elas iriam se expor muito. Podiam até ser vítimas de violência. Isso era …

Estava muito nervoso. De certa forma, me sentia enganado. Minha mulher ia ao baile sem mim depois daquele escândalo e nem a cortesia de me avisar teve. Onde ela estava com cabeça?

Eu podia ir até sua casa. Mas talvez não houvesse tempo e tinha medo do que aconteceria se eu a encontrasse assim...Voltei para casa e me arrumei. Mudara de ideia, eu também iria.

Cheguei ao baile com um misto de emoções me guiando, medo do que poderia acontecer com Laura, uma vontade enorme de protegê-la, e raiva por ser o último a saber... se eu não tivesse encontrado com Guerra nem saberia. Ela não devia ter feito isso. Devia ter conversado comigo... Eu não iria concordar, minha reação talvez fosse dura, é verdade. Mas eu tinha que ao menos saber, participar dessa decisão!

Vi Guerra e Celinha e perguntei por Laura. Ela ainda não tinha chegado. Percebi alguns olhares velados pra mim, mas não me importei.

Eu estava sendo tomado pela ansiedade, fiquei perto da entrada com o olho bem aberto. Queria ver quando ela chegasse. Não sabia qual seria a minha reação. Mas queria saber da sua chegada o mais cedo possível.

Pra mim pareceu que passou uma eternidade. Mas a verdade, é que talvez nem tenha passado tanto tempo assim, já que a aflição faz o tempo passar tão devagar.

Eu já estava me corroendo, extremamente inquieto, quando avistei Laura. E até parecia um ato reflexo. Pois ao vê-la, senti o meu corpo se acalmar, ser envolto por um sensação boa. Até mesmo senti um deslumbramento.

Ela estava magnifica ... elegante... Laura vestia um vestido vermelho longo, justo em seu corpo e um pouco mais largo embaixo. Mostrando que as suas formas continuavam tão belas, e atraentes. Talvez até mais do que antes... Havia uma abertura nas pernas, me dando a ideia do paraíso. O decote do vestido era pequeno, mas ainda assim, era maior do que ela usava no cotidiano. Eu estava encantado.

Aquela visão fizera meu coração pulsar mais forte... Parecia que sentia o meu sangue fluir em cada veia e artéria... E aqueles sentimentos que me afrontavam antes até pareciam sumir ...por um momento... fui dominado por uma gama diferente de emoções e sorri apaixonado.



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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? As coisas estão ficando mais leve não? Mais românticas... E o final deixou vontade de ler o próximo? Espero que sim e que comentem muito para me animar. Já que estou com uma ideia em relação ao próximo, acho que vai ser interessante tentar algo. Então comentem para me ajudar a colocar essa ideia em prática.