Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 44
O Escândalo


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos comentários. Eles me animaram bastante. Tá vendo como tô conseguindo escrever com mais frequência? kkk. Esse capítulo é dedicado especialmente a Snow Charming, que recomendou a minha estória. Valeu você me deixou tão feliz.Quanto ao capítulo, gente, ele ficou enorme... Esse é o maior capítulo que escrevi, espero que não cansem ao lê-lo. Na verdade tem um tom especial já que é o capítulo 44, o número de capítulos que teve a minha história anterior, mas já vou avisando que ainda não está perto do fim, kkkk. Espero que gostem e comentem muito, isso me anima vcs sabem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359454/chapter/44

"Olha que isso daria um bom romance – Laura

É? -Edgar

O renascer do amor... Surpresas do Coração – Laura

O Amor e o Tempo – Edgar

Viu, não disse que daria um bom romance?- Laura

Já deu - Edgar"

Lado a Lado

Por Laura

Eu não podia acreditar nas coisas que lia naquele folheto que não conhecia. Havia algumas verdades. Mas a maioria e as coisas mais graves não passavam de acusações vulgares e mentirosas. Era um absurdo.

Duvidava da paternidade de Cecília, insinuava que eu havia me envolvido com outros homens, com prostituição e até mesmo que Isabel e eu éramos amantes. Não podia acreditar que alguém era capaz de escrever isso, nem como ficção, ainda mais mentiras que envolviam pessoas reais. Não se importavam com a verdade e com ninguém. O choque me deixou calada por alguns instantes, mas tive que voltar a realidade:

– D. Laura, explique- insistia seu Octávio, e foi assim que percebi que ele pensava que era verdade, quantos mais pensariam isso?

– O senhor não pode está acreditando... Que jornal publica esse tipo de coisa?- perguntei ainda confusa

– A senhora é nova na cidade, D. Laura. O Pasquim não é bem um jornal, é um folheto anônimo que eventualmente faz algumas denúncias...

– Denúncias? O senhor acha que é verdade... Qual é a credibilidade de um folheto anônimo? Não sabemos quem é responsável ...- eu estava ficando nervosa com a acusação

– Várias denúncias do Pasquim se mostraram verdadeiras. Você me parecia uma mulher distinta, uma ótima professora, mas às vezes, as aparências enganam. O que me diz ...Você é mesmo filha de um senador? Esposa de um advogado de sucesso? Tem dinheiro? Sendo assim, por que precisa dar aulas?

– Sim, eu sou filha de um senador, e casada com um advogado. Eu tenho dinheiro, herdei de uma senhora de quem gostava muito. E dou aulas por que eu gosto de ser professora- falei na defensiva

– E quanto ao resto das coisas?

– Há alguns anos eu peguei meu filho e parti. E contei com o apoio da minha amiga Isabel. Mas …

– D. Laura, eu não preciso escutar mais. Não me importa. Isso que me confirmou já é motivo suficiente para não poder continuar com a senhora. Acertaremos o que lhe é devido, espero que não haja nenhuma resistência, mas não quero te ver novamente nessa escola.

– Não precisa acertar nada, fique com o dinheiro. Pense nele como um bônus pelo inconveniente!- usei o meu autocontrole, e mantive minha cabeça erguida, ele nem queria saber a história completa ... não podia esperar outra coisa- E os meus alunos? - perguntei

– Eles serão informados que a senhora não dará mais aulas – ele fez uma pausa, e eu pensei que nem me despedir dos meninos eu podia- Não seria conveniente a senhora entrar na sala de aula novamente... E quanto ao seu filho e afilhado... também não será conveniente continuarem frequentando a escola. Falo isso pelo bem deles e dos outros alunos - era como se um nó, uma raiva tomasse conta do meu corpo, ele estava envolvendo Neto e Pedrinho nisso, minha vontade era protestar, era partir pro ataque, mas isso só pioraria as coisas e me segurei.

– Não se preocupe... Eu não pensava em mantê-los aqui- saí de cabeça erguida

Ainda percebi os vários olhares em minha direção, e apesar de ser bem difícil, fingia que não me atingiam.

Eu estava sendo tomada por uma sensação de pavor. Já tinha notado como seria tratada, eu havia me tornado uma pária. Mas o meu maior medo, não era por mim. Era por meus filhos, aquele texto falava deles, tinha uma foto nossa, e mais ainda, colocava Cecília como fruto de uma traição. O que aconteceria com eles? Como seriam tratados? Era um horror imaginá-los sofrendo por aquela matéria imunda.

Peguei um coche e em pouco tempo estava em casa. Percebi que havia um fotografo a frente, já devia ser algum urubu chafurdando por causa daquele texto horroroso.

Mas não dei atenção corri direto pra dentro. Queria ver meus filhos. Abraçá-los. Ver se aquela situação já tinha … Precisava impedir os meninos de ir pra escola.

Foi com alívio que os vi brincando na sala. Eles estavam alegres e nada parecia tê-los atingido. Abracei os 3 com muita vontade. E informei aos garotos que nós não iríamos pra escola naquele dia. Ainda arrumava forças pra dizer que não iríamos mais, e explicar sobre aquele texto no Pasquim.

Depois pedi que eles brincassem apenas em casa, e reforcei com Efigênia e Cássia que elas não os levassem a nenhum passeio, as crianças só poderiam ir no máximo até o quintal. Talvez não fosse a melhor atitude, e precisaria pensar no que fazer a seguir, mas não os queria jogados no olho do furacão.

Eu fiquei na sala pensando. Fazia força para não chorar e vislumbrar o que faria a seguir Sabia que o fato de ter fugido com Pedrinho seria visto como um escândalo. E isso, eu realmente havia feito. Sempre soube que se viesse à tona teria a obrigação de enfrentar. Me preparei pra enfrentar.

Mas nunca imaginei que esse fato seria divulgado a todos dessa maneira e junto com calúnias vis. Eu não tinha feito aquilo e não imaginei que seria vítima de tais insinuações. Pior ainda, nunca imaginei meus filhos envolvidos em tanta sujeira.

Eu tinha fugido para conseguir paz, será que com isso eu trouxera um verdadeiro inferno para minha vida e dos meus filhos? E não só pra gente, para Edgar, Isabel, Neto, meus parentes. Por um momento pensei em fugir novamente, mas eu não podia continuar fugindo. Nunca pensei que isso tomaria tais proporções. Mas sentia uma culpa monumental em meus ombros, pois mesmo não querendo e não sendo culpada da maioria das alegações, uma ação minha acabara ocasionando aquilo.

Estava atordoada pensando e quando dei por mim, notei Isabel na sala. Ainda era cedo pra ela voltar do teatro, e ela me olhava com preocupação:

– Isabel, aconteceu alguma coisa no teatro? Eu... - gaguejava imaginando algum problema por causa do Pasquim- me desculpe!

– Não, não precisa se desculpar. Eu voltei para ver como você estava...- ela disse me confortando

– Diga a verdade, Isabel. Sei que aconteceu alguma coisa - insisti

– Amiga, isso não é o mais importante... Houve uma confusão sim, pessoas querendo me ver, ou ignorantes gritando na porta do teatro. Mas não tenho medo de gente ignorante que acha que pode nos julgar por mentiras- ela disse corajosa

Isabel me abraçou e não resisti. Comecei a chorar. Ela me consolava e em meio a lágrimas, acabei desabafando. Eu ainda digeria o que teria de enfrentar e tinha muito medo em como aquilo afetaria as pessoas a minha volta. Era um pesadelo.

Ela era firme, uma amiga de verdade. Eu acabei conseguindo me segurar, e acreditar que todos sairíamos inteiros daquilo.

Mas então recebi uma visita. Tinha vários anos que não a via, mas sabia que ela não me daria apoio:

– Eu gostaria de falar a sós com a minha filha. - falou a baronesa autoritária

Isabel fez menção de ficar, mas eu disse:

– Vai, Isabel. Eu estou bem... ficarei bem- a verdade é que não tinha certeza disso, mas achava que era melhor conversar com minha mãe a sós

– Depois de anos sem notícias, descubro por um panfleto de quinta que minha filha voltou, que tenho uma neta, e tudo através de um escândalo escabroso que por decência não posso aprofundar. Você tem ideia do fez, Laura? Acabou com sua reputação pra sempre. Com a vida dos seus filhos e com a nossa família - ela falou acusadora

– Mãe, a senhora não pode está acreditando nas coisas … - ela me interrompeu

– Tudo o que eu sei, é que você realmente fugiu de Edgar sem se importar com a família e mora com uma escurinha. Apenas isso eu já não posso tolerar. O resto penso que não fez, mas isso não importa, pois já fez o suficiente. Você deu motivos para fofocas, procurou essa situação. Tem ideia do que fez? Tem ideia de quem é? Do que eu e seu pai vamos passar? Ele não deve conseguir se reeleger... Sabe o quanto lutei para ele chegar a esse cargo, para recuperar o poder da nossa família, para manter as aparências e agora você pôs tudo a perder...- enquanto ela falava, eu constatava que mesmo com sua visão deturpada, ela tinha razão em alguns pontos, mas eu não podia admitir o seu modo, o momento em que me acusava tanto, como uma mãe que ficou longe de uma filha e de um neto por mais de meia década, só importava com as aparências, com o cargo político do marido, com o poder da família!

– Estou vendo como a senhora está preocupada com a família... sua filha e netos...- retruquei

– Me diga pelo menos que a menina é filha do Edgar...

– A senhora não pode acreditar que a Cecília... que eu … a senhora sabia o que se passava...

– Ahh... Ainda bem, chega de bastardos na família!- ela parecia aliviada

– A senhora não mudou nada, só se importa com as aparências.

– Eu me importo com a família! Não posso admitir o que fez... Tenho que tentar conter o estrago. De agora em diante, direi a todos que foi renegada, que não tenho filha ... - aquela atitude da minha mãe não era totalmente surpreendente, mas ouvi-la dizer aquelas palavras era doloroso, eu me segurei, ela ficou calada por alguns instantes e depois voltou a falar de forma mais branda – Eu gostaria de ver os meus netos … rever Pedrinho e Neto e conhecer Cecília – depois de dizer aquilo tudo, ela não podia achar natural a última declaração, e eu estava preparada a responder a altura quando avistei Edgar

– Acho que se a senhora não tem mais filha, D. Constância. Também não tem mais netos... - Edgar falou bravo- Sendo assim, talvez já esteja na hora de ir.

– E você, meu genro. Também não vai agir? Você pode conter as fofocas, pegue a sua esposa e seus filhos e leve-os para morar com você!- ela ordenava

– Passar bem, D. Constância. - Edgar continuou firme

– Adeus – finalizei.

– Pois bem – ela olhou pra mim e Edgar – Está na hora de ir embora mesmo!

Logo após a saída dela. Edgar me encarou comovido, correu em minha direção e me abraçou. Estava sendo tão difícil suportar aquilo. E eu realmente precisava daquele abraço. Era tão bom sentir os braços dele a minha volta. Eu percebia o quanto era pequena e ele grande, eu me sentia acolhida.

Desde que eu lera aquele texto, eu imaginava qual seria a reação de Edgar. Cheguei a pensar que como minha mãe, ele me encheria de acusações. O que tornaria tudo impossível de suportar. Mas era tão bom vê-lo me apoiando. Eu precisava da sua compreensão. Havia muitas coisas nos separando, mas pelo menos nisso estávamos unidos. A profusão de sentimentos dentro de mim era tamanha, que não consegui me conter e voltei a chorar.

Edgar me abraçou mais apertado e me consolou até que as lágrimas cessaram. Suas palavras eram doces, cheias de ânimo e esperança. Eu tinha muito medo de perceber em seu olhar, em sua voz, qualquer sinal de “um te avisei” ou “um você merece”, mas não notava nada disso, ele pelo contrário, parecia muito preocupado e carinhoso.

Quando conseguir parar de chorar, falei ainda emocionada:

– Nós precisamos conversar sobre essa situação … sobre as crianças.

– Não... - ele segurou delicadamente a minha mão, enquanto olhava em meus olhos – Você não está bem... descansa um pouco...

– E as crianças? - perguntei

– Depois... Laura … eu cuido deles, vai descansar. Vá para seu quarto... Não será bom para eles te verem assim...- ele disse afetuoso

Decidi tomar um banho que foi conturbado com muitos pensamentos e choro. Vesti uma roupa confortável e deitei na cama. Nem tinha anoitecido. Mas eu me sentia cansada, era o peso da culpa e a acusações em mim. Depois de um tempo adormeci.

Quando acordei, vi Edgar sentado na cama me olhando com carinho:

– Edgar... Eu dormi muito? As crianças? - falei confusa me espreguiçando e sem me levantar

– Não, cerca de duas horas... Estão bem... com a Isabel. Ainda não sabem de nada.

– Ótimo. A gente precisa conversar sobre o que fazer... sobre como explicar para eles.

– Não imagino como explicar isso, Laura. Eles são tão pequenos.

– Mas a gente tem que falar... Alertar... Quero prepará-los, caso … - eu não consegui terminar, imaginar meus filhos vítimas de hostilidade me perturbava tremendamente

– Laura...O que sua mãe fez e falou foi horrível... Mas ela tocou num ponto que já tinha pensado... - ele era cuidadoso ao falar – Volte a morar comigo... A gente não precisa ficar junto... Mas manteríamos as aparências. E diremos que é tudo mentira, que você melhorou e voltou do interior- ele terminou intenso.

Eu sentei na cama e olhei bem pra ele:

– Edgar... Não adianta mais... Todos já sabem que eu voltei e moro aqui. Ia parecer que tudo o que foi escrito é verdade, e que estamos tentando uma manobra para abafar o escândalo.

– Mas com você e as crianças perto de mim, ao menos, eu posso protegê-los.

– E vamos deixar que mentiras guiem a nossa vida ...Você acha mesmo que devemos passar por cima dos nossos problemas. Acha mesmo que conseguiremos montar um bom ambiente para os nossos filhos? Que seremos capazes de nos perdoar? - contestei

– Podemos tentar... Laura. Podemos tentar.

– Não, Edgar. Não é tempo pra medidas paliativas, o escândalo já esta armado... Não há como não enfrentar – falei firme

– Tá bom... Eu vou me despedir das crianças e ir. Amanha a gente conversa com elas. Preciso pensar um pouco mais.

Ele estava fugindo. E eu não queria que ele fosse embora. Estava abalada, e precisava dele ao meu lado:

– Edgar... Você quer mesmo ir? Você precisa ir?- ele fez um sinal de não com a cabeça e eu voltei a falar – Então fica comigo!

Me deitei novamente e ele começou a me afagar. Parecia indeciso sobre o que fazer. Mas depois deitou ao meu lado e me abraçou por trás, apertando bem a minha cintura e meu corpo contra ele. Eu me aconcheguei nele.

Havia muitos problemas não resolvidos entre a gente. Entretanto se ele me virasse e me beijasse, eu não teria qualquer reação contrária, estava frágil, necessitava dele, de carinho, de amor. Eu me entregaria, estava pronta a me entregar. Talvez até desejasse isso.

Mas ele não tentou nada do tipo. Pensado bem, era melhor assim, do que tomar uma atitude precipitada que poderia trazer mais problemas pra gente.

E eu fiquei sendo enlevada em seus braços. Na doce sensação do movimento leve do seu peito. Sentia o seu cheiro, o seu calor. Me sentia protegida.

Ficamos calados por um bom tempo. Até que começamos a conversar, ainda abraçados. E decidimos como agir com as crianças.

Naquela noite, eu, Edgar e Isabel nos reunimos com Pedrinho, Cecília e Neto. E falamos por alto da matéria, tentando não ser muito abrangente sobre o teor das mentiras dela.

Comentamos sobre o fato dos meninos não irem mais a escola, mas que eu daria aulas a eles. E também sobre não saírem muito por enquanto, principalmente, Pedrinho e Cecília.

A ideia de “prender” meus filhos em casa me incomodava, mas seria melhor mantê-los afastados do mundo nesses primeiros dias. A casa era bem grande e tinha um quintal enorme, nós esperávamos que fosse suficiente pra eles.

Ainda pensei muito antes de dormir. Já possuía algumas informações sobre o tal Pasquim. E uma certeza começava a se apoderar de mim: Catarina era responsável por aquele texto.

Impressão reforçada por não conter nada sobre ela, e pela insinuação sobre Cecília. Aquilo fora escrito para me atingir, acabar comigo. E ela tinha o maior interesse nisso. Eu podia falar com Edgar, mas não tinha provas, e não queria que parecesse ciúmes ou intriga.

Não sabia exatamente o que fazer. E ainda não estava bem o suficiente, nem tinha meios para agir. Mas uma coisa era certa, não fugiria. Eu faria alguma coisa, não ficaria assim.

Os dias seguintes foram de bastante reflexão e conversas. Meu pai tentou melhorar um pouco as coisas entre a minha mãe e eu, dizendo que ela sofria com tudo aquilo e apesar de suas palavras duras ela ainda se importava comigo e os netos, só reagia do modo dela. Tia Celinha e Guerra também apareceram para me apoiar. Propunham medidas.

Mas eu sabia que por enquanto não havia o que fazer. Já que se eu negasse publicamente as várias mentiras, descobririam e não teria como negar as verdades, sendo que essas também não cairiam bem para mim.

Preferi ignorar, como que se aquele texto não existisse. Como se não falasse de mim. Dar atenção pública aquilo poderia passar a impressão de estar dando satisfação, de veracidade ao texto, e propagar a fofoca mais.

Edgar continuava nos visitando sempre, e dava o seu apoio. E como as crianças não aguentavam mais ficar somente em casa, após alguns dias, ele começou a sair com elas. Talvez já fosse a hora de enfrentar mesmo.

Ele tentava não falar nada negativo do que ocorria nessas saídas. Mas eu não deixei que ele me escondesse as coisas. Era doloroso saber que meus filhos eram rejeitados, mas se tratava dos meus filhos e eu precisava saber.

Soube que as pessoas os reconheciam. E falavam coisas ruins em suas costas, não deixavam suas crianças brincar com eles. Que até mesmo garotos os haviam provocado. Mas Edgar estava orgulhoso de Pedrinho, Cecília e Neto, pois eles não se abatiam, não abaixavam a cabeça, e enfrentavam as provocações unidos.

Com isso, ele tentava dizer que as crianças estavam bem, lidavam com aquilo de forma melhor que imaginava e não havia tantos motivos para eu sofrer com isso. Mas se tratando deles, não tinha como, eu sofria.

Certo dia, eu comecei a conversar com Isabel, ela já voltara a sua rotina, enquanto eu ainda não tinha saído de casa nenhuma vez, e me sentia tão fraca por isso:

– Você não tem saído com Zé – comentei

– Nós terminamos, eu não queria te falar … - ela parecia receosa

– Eu sinto, Isabel. E me desculpe por … - imaginava que esse escândalo acabara comprometendo o namoro dela

– Não, Laura. O que aconteceu não tem nada a ver … O Zé não gostou de ver o meu nome no Pasquim ... mas o que nos fez terminar é que não tínhamos futuro. Não com o modo dele em relação a Neto!- ela foi certeira

– De qualquer forma, me desculpe. Por isso e por ter criado problemas no teatro - falei sentida

– Problemas? De modo algum...- ela riu- No início até que afastou o público e provocou alguma confusão. Mas agora a casa tá cheia. Parece que algumas pessoas vão lá, só pra me ver, até perguntam se estarei presente em alguns espetáculos. Não é motivo pra gabar, mas já recebi cantadas de homens, alguns gentis... Aliás não só de homem, até de mulheres, normalmente mais discretas, é claro - ela deu uma risada, e eu também

– Eu não queria isso.

– Mas está dando dinheiro, Laura. Se bem...

– Se bem o que?

– A peça que estamos apresentando está em cartaz há algum tempo...Já está cansando o público. Queria aproveitar esse momento e lançar uma nova.

– É uma ótima ideia- incentivei

– E você pode ajudar nisso- ela disse certeira

– Como? - perguntei confusa

– Que tal? Você adaptar aquele livro seu, “O amor e o tempo” para o teatro?

– Isabel, é um livro e não uma peça... há algumas passagens que no papel não fazem tanto efeito, mas seriam picantes se representadas... Sem contar que não é uma história pequena... Se tornaria uma peça gigantesca.

– Adaptamos algumas coisas, contamos só parte da história. Eu acho que daria uma ótima peça, amiga. Você e Edgar seriam encantadores no teatro.

– Eu e Edgar? Lara e Eduardo você quer dizer? - ela riu, pois sabia que tratava de nós dois, mas ao escrever o livro, achei mais conveniente mudar o nome dos personagens- E é um romance. Você não diz que a companhia é boa em fazer comédias?

– É um romance com pitadas de humor. Podemos aumentar um pouco a parte do humor e você pode ajudar no tom deles em relação ao romance. Laura... já está na hora de sair dessa casa, enfrentar o mundo, mostrar que não conseguiram acabar com você. Vamos! Vai ser ótimo- Isabel tinha razão, já estava na hora de sair.

– Tá bom... Eu aceito.

Naquela mesma noite, eu comecei a reescrever e a adaptar “O Amor e o Tempo” para o teatro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o acharam do capítulo gigante? kkk Um monte de coisas aconteceram, e usarei para desenvolver a seguir. Sei que foi tenso né? Mas parece que Laura já está mais animada não? Espero que tenham gostado e que comentem muito



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lado A Lado - Novos Rumos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.