Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 40
Problemas com Pais


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos comentários, eles me animaram muito. Só gostaria que tivessem sido mais. Antes tinham bem mais. Só espero não ter perdido tantas leitoras. A história tá numa fase tensa, né?
Mais uma vez, eu planejei um capítulo contando mais coisas. Gente estou péssima para planejar capítulos, kkk, espero a menos que o próximo tenha o que planejei kkk. E claro que vocês gostem desse e comentem bastante. Mas já vou avisando que está tenso, mas eu achei necessário.



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“Meu pai também me decepcionou muito, ele já não faz mais parte da minha vida há muito tempo.”

Guerra em Lado a Lado

Por Laura

Eu tinha chegado em casa com Pedrinho e Cecília. Tentei conversar com meu filho sobre o que acontecera, mas ele estava incomodado e decidi fazê-lo somente quando chegássemos. Ele foi direto para o quarto e falei que me esperasse lá, dessa vez ele não escaparia da conversa, eu e ele precisávamos entender algumas coisas.

Cecília estava assustada, e eu resolvi falar com ela antes. Com ela eu sabia que seria mais fácil e menos doloroso, a levei até o seu quarto e me sentei com ela na cama:

– Meu amor, o que aconteceu hoje... - eu não sabia o que falar, por onde começar, só queria acabar com as dúvidas em sua cabeça- Não era pra você ter visto aquilo. Você se assustou, né?

– Não... É que o Pedrinho, e o Edgar...- ela me olhou triste e eu intercedi

– Eu sei o que aconteceu. Só queria saber o que te deixa triste. A mamãe pode te explicar algumas coisas.- falei carinhosa – O que te incomoda, meu amor?

– O Pedrinho disse que o Edgar não ama a gente. Nem ele, nem eu nem você, mamãe. È verdade?

– Não, não é verdade, Cecília. O seu pai … - ela me interrompeu

– Então o Pedrinho está mentindo?- eu percebi que devia ter mais cuidado, não podia minar a relação dela com o irmão

– Querida, não é que seu irmão esteja mentindo. Ele só não sabe direito o que fala. Ele era muito pequeno e não entendia. - ela me olhou intrigada- Você confia e acredita na mamãe, não é? - falei enquanto a colocava no colo e olhava bem em seus olhos tentando parecer confiante

– Sim, eu acredito- ela falou, dei um beijinho em seu rosto e tentei sorrir

– Que bom, filha. Pois o que eu vou dizer é verdade. A minha vida e a do seu pai era cheia de confusão. Coisa de adulto. Não tinha nada a ver com vocês. Seu irmão era muito pequeno. E você ainda era uma sementinha dentro de mim. Mas a verdade é que o seu pai ama muito você e o seu irmão- falei emocionada, mas tentando mostrar confiança

– E você, mãe. O Edgar ama você?- Cecília parecia um pouco mais aliviada, mas ainda tinha dúvidas e e aquela pergunta me pegou de surpresa

Eu tive que pensar naquela resposta, havia tantas coisas envolvidas.. Não podia dizer que era complicado, tinha que dar uma resposta definitiva e sem mentir. Algo que fizesse bem a minha filha.

E perguntei a mim mesma. Depois de tudo o que acontecera, Edgar ainda me amava? Mentalmente voltei àquela noite em lhe contei sobre nossa filha. Aquela noite em que ele me beijou e estávamos prestes a nos amar. Ele ia me dizer, ele ia, estava quase dizendo que me amava. Então falei com certa segurança:

– Sim, o Edgar me ama.

– E você ama ele?- a resposta para essa pergunta era mais fácil

– Amo... eu amo o seu pai – falei emocionada quase tirando o sentimento do fundo do meu peito

– Por que vocês não moram juntos?- ela interrogava

– Isso é complicado, meu amor. Problemas de adultos. Mas eu quero que você saiba que seu pai e eu nos amávamos muito, ainda nos amamos, e acima de tudo, estando juntos ou não, nós amamos muito você e o seu irmão. Essa é a verdade. Você acredita em mim, não é?

– Sim. - ela falou sorrindo e me beijou carinhosa- Eu também gosto do Edgar, ele é supimpa!

– Verdade, seu pai é um homem muito bom, e seja boazinha com ele, viu? Nada de se esconder novamente.

– Tá bom, mamãe.

Eu a deixei alegre e mais segura, sentia que havia conseguido acabar com aquela névoa que a entristecia. E mesmo sabendo que a conversa com Pedrinho seria mais difícil já o procurei mais firme.

Enquanto eu me aproximava do quarto do meu filho, comecei a escutar vozes um pouco mais exaltadas:

– Eu não quero ele aqui. - disse Pedrinho

– Eu gosto do Edgar. Ele é legal, Pedrinho – falou Neto

– Bobo...Você fala isso pois não é o seu pai - comentou Pedrinho

– Bem, que eu queria... Ele vem quase todos os dias, traz presentes, enquanto o meu pai não veio nenhuma vez– ele disse sentido e aquilo me tocou de verdade

Albertinho havia se casado e mudado para São Paulo. Atualmente ele estava fazendo uma longa viagem pela Europa com a esposa. Eu não tinha notado que o fato de Edgar voltar as nossas vidas, havia atingido Neto dessa maneira, ele percebeu de forma dolorosa o desinteresse e ausência do pai, já que os primos agora conviviam com Edgar. E alguma coisa tinha que ser feita para ele não sentir tanto isso.

Eu ia entrar no quarto e interromper aquela discussão calorosa ( Neto e Pedrinho quase não brigavam, aquela tinha sido uma das poucas discussões deles que eu vira). Quando escutei:

– Desculpa, Neto. Não liga não, eu gosto muito de você, você não precisa dele.

Ao entrar no quarto, eu vi os dois abraçados, já fazendo as pazes:

– Eu também gosto de você, Pedrinho- Neto dizia emocionado

Uma lágrima escapuliu dos meus olhos ao ver aquela bela cena. Mas eu consegui disfarçar quando os meninos notaram a minha presença:

– Neto. A tia precisa falar com o Pedrinho. - falei tentando sorrir

– Tá bom.- ele ia saindo

– Mas antes me dá um beijo, querido – ele sorriu, veio correndo até a mim, me deu um beijo no rosto e saiu

Eu me virei para Pedrinho. A hora da nossa conversa havia chegado. Eu tinha muito medo do que sairia dela, mas era necessário, eu precisava compreendê-lo, e tirar aqueles sentimentos ruins que o perturbavam:

– Filho, eu gostaria de falar com você sobre o que aconteceu na casa do seu pai.- falei decidida

– Não precisa, mãe. Eu estou bem... Não quero falar- ele disse teimoso

– Não, não está bem não. A gente vai conversar, quer você queira ou não – falei um pouco autoritária e ele me olhou de forma dura, não era assim que queria essa conversa

Sentei na cama dele e o chamei para se sentar ao meu lado, o abracei tentando amolecê-lo e continuei:

– Meu amor, o que você disse sobre o seu pai foi muito grave, e não é verdade.

– Eu lembro.

– Sim, você se lembra, Pedrinho. Mas eu gostaria de saber exatamente o quê.- disse carinhosa- Você era muito pequeno, não entendia direito. Se eu soubesse... que guardava tantas coisas dentro de você, eu já teria te explicado.

– Não precisa. Quero ele longe da gente. Quero voltar para a casa da vó Amália... ver o Lauro. Não precisa mentir, falar bem dele!- ele parecia decidido, e estava abalado

– Pedrinho, olhe para mim. - o fiz olhar para o meu rosto- Seu pai não vai a lugar nenhum! Nem a gente. E acredite, eu não menti sobre ele. Você acha mesmo sua mãe é uma mentirosa?

– Não, mãe. Você não mente, é que … - ele começava a gaguejar – Você gosta do Edgar e não vê tudo, não vê como ele é. Ele não gosta da gente. Ele briga com você!

– Assim como as crianças os adultos também brigam... Não quer dizer ...Meu amor, eu gosto do seu pai. Mas não é assim. Eu consigo ver a figura completa. E acredite quando digo que ele é um homem bom e ama vocês, ele comete erros, mas é muito bom. Vou fazer um trato com você, me conta o que você lembra. E te explicarei tudo, responderei o que for preciso, sem mentir ou te deixar sem respostas. Pode ser?- resolvi encará-lo com um adulto, acreditar em seu discernimento.

– Tá bom. - ele olhou para mim, parecia convencido – Eu lembro de sentir a falta dele. Ele não ficava muito com a gente, não é? Lembro de um nome, Melissa!

– Seu pai era muito ocupado. E as vezes não conseguia ficar conosco. As vezes, ele chegava em casa e você já estava dormindo. Mas ele queria muito ficar.

– Você diz que quando a gente quer alguma coisa a gente consegue, a gente faz! - ele falou firme, e eu já percebia que meu menino fazia força para não chorar

– É que quando ficamos adultos, há um monte de coisas, e seu pai tinha muitas responsabilidades. Muitas vezes, não dá pra fazer tudo o que queremos. Podemos e temos que tentar. Mas nem sempre... - ele me interrompeu

– A gente também não era responsabilidade dele ... Ou não éramos importantes? - Pedrinho tinha esse jeito de chegar no ponto, me admirava bastante com a sua capacidade de compreensão, e debate, eu já tinha pensado e sofrido muito com essa questão, mas precisava fazê-lo entender outros pontos.

– Claro que éramos, mas nem sempre temos tempo e tomamos as melhores decisões. Todos erram, meu filho. Mesmo quando temos a melhor das intenções. Seu pai tinha as melhores intenções.- era tão difícil explicar isso ao meu filho, só esperava que ele fosse capaz de entender

– Quem é Melissa?- ele perguntou

– Melissa é a filha que seu pai teve com outra mulher … -e ele me olhou com certa surpresa e eu não queria que ele pensasse no pai como um mulherengo- Isso foi antes de se casar comigo. Assim, ela é a sua irmã também. Ela era doente e seu pai cuidava dela.

– Eu lembro de uma festa, ele disse que contava uma história pra mim. Uma mulher apareceu com a Melissa e ele foi embora. Não contou a história . E eu … - ele estava emocionado - senti que ele não me amava, amava a Melissa. Depois vocês dois brigaram. As vezes escutava vocês assim. Isso aconteceu? - ele lembrava, realmente lembrava daquele dia

– Aconteceu! Era o seu aniversário. Seu pai foi embora por que a Melissa estava doente e ele precisou levá-la ao médico. Ele queria ficar, mas precisou ajudá-la. Não era porque não te amava.

– Isso acontecia sempre?

– Nem sempre, mas as vezes, acontecia.

– Mãe, ele mentiu para mim. Ele disse que contaria a história. E era meu aniversário.

– Como te disse, filho, Melissa estava doente, por isso ele foi, ele não queria mentir.

– Mas mentiu. A Melissa não tinha mãe?

– Tinha ... tem.

– Quando eu ou a Cecília ficamos doente, você cuida da gente. Ela não podia cuidar da Melissa naquele dia?

– Isso é complicado. Envolve um monte de coisas. Mas seu pai achava que ele precisava cuidar dela.

– E a gente não precisava? Ele não queria, mãe! Ele não gostava da gente! - Pedrinho estava firme

– Meu amor... - o coloquei em meu colo, percebi o quanto aquilo o atormentava, e isso me abalou profundamente, precisava tentar outra coisa- Você era tão pequeno, não lembra de tudo! Quando descobri que estava grávida de você. Seu pai ficou tão feliz! Nós conversávamos sobre você, te desejamos tanto, tínhamos tantos planos. E depois, ele não estava com a gente tanto quanto queria. Mas quando estava, ele era tão carinhoso. Ele trocava a sua fralda, te dava banho, mamadeira, contava histórias e brincava com você. Poucos pais fazem isso, filho. Ele te amava, te amava muito. Eu via isso.

– Eu não lembro.

– Você era tão pequeno. Mas acredite em mim, ele era ótimo com você. Tudo o que ele quer agora é aproximar, é ser seu pai.. Por que ele viria tanto aqui se não te amasse, e não amasse a sua irmã? Você é um menino tão inteligente, filho. Por que?

– Não sei.

– Dá uma chance a ele, meu amor. Você vai gostar dele. Seu pai é sonhador, amigo, bem intencionado. Sei que é um menino bom, justo... Tente entender as coisas. Era tudo... é tudo muito complicado.- eu estava emocionada, meu filho via que eu era verdadeira

– Mãe... -ele ainda resistia

– Eu me orgulho de você, Pedrinho. Você é um ótimo garoto, muito esperto, é fiel e protetor. Mas aquela brincadeira que fez hoje me desapontou. Eu tinha proibido. Ela não tem graça. E você foi cruel, não sabe o que causou no seu pai. O meu menino não é cruel, né? Não faça mais isso. Não se esconda mais, nem estimule a sua irmã nisso!

– Eu não faço mais – ele me olhou entristecido

– E me prometa que vai dar uma chance a ele. Ele é o seu pai. E te ama. Eu não queria ter afastado você dele. Eu estava muito triste, era muito complicado e fui embora com você, mas não fiz isso para te afastar do Edgar ou por que ele era ruim... Agora que estamos de volta o que mais quero é que vocês convivam, sejam amigos!

– Mas mãe...

– Prometa, meu filho. Prometa que vai tentar.- eu pedi intensa

– Tá bom, eu vou tentar.- ele disse firme e me dei por satisfeita

Havia sido uma conversa muito dura para nós dois. Pedrinho ainda era muito pequeno e nunca imaginei falar coisas tão difíceis com ele. Nunca imaginava que ele havia saído tão magoado do Rio e que essa mágoa ainda existia dentro dele. Isso doía muito em mim, ele era só um garotinho, não devia carregar esse sofrimento. Eu prometi protegê-lo e não consegui. Só esperava que com essa conversa, o tratando quase como um adulto. Que fosse o primeiro passo para ajeitar tudo e tirar o sofrimento do meu garoto. Eu queria vê-lo como um grande amigo do pai. Eu queria que ele percebesse que o pai o amava. Ele era inocente nessa confusão criada por adultos. Não devia carregar tantas mágoas em seu peito.



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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Deu para emocionar? Sei que está tenso, mas é que a situação é complicada e não queria que se resolvesse magicamente. No próximo planejo ao menos alguns acontecimentos leves kkk. Espero conseguir seguir o meu planejamento kkk. E também que vocês comentem, recomendem, mostrem que estão lendo. Isso me anima sempre, e é necessário ânimo para escrever cada capítulo.



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