Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 25
Isabel


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos comentários, eles me animaram tanto que eis outro capítulo aqui. Ele é dedicada a todas que comentaram.
Atualmente a história possui 388 comentários, ou seja faltam apenas 12 para 400, assim é possível que após esse capítulo, nós tenhamos o direito de pergunta, e quem comentar o comentário 400, pode fazer qualquer pergunta da história para mim... Quem será o agraciado?
E sobre esse capítulo, é um narrador novo em estreia kkkk. Espero que gostem e comentem muito.



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“Dane-se o bota abaixo, casa a gente arruma outra. Agora Isabel só tem uma.”

Zé Maria em Lado a Lado

Por Lauro

Eu já havia ficado naquela cidade mais tempo do que pensei que ficaria. Mas é que haviam pessoas especiais que me prendiam nela. Dona Amália, Laura, Pedrinho, Neto, e agora até a pequena Cecília. E principalmente tinha Isabel.

Isabel era diferente de todas as mulheres que eu havia conhecido, ela tinha algo que eu não conseguia explicar direito. Era belíssima e com uma força interior, uma bondade, senso de humor, inteligência e certa doçura, mesmo que essa estivesse enterrada lá no fundo devido a sedimentos de tristezas e sofrimento passados.

Isabel me fascinava. Perto dela eu me sentia um pobre coitado vendo uma rainha. E me intrigava. Pois ao mesmo tempo parecia que eu entendia e que não a entendia. As vezes percebia uma tristeza profunda em seu olhar. De certa forma, isso lembrava a minha mãe. Apesar de não saber exatamente o que era até aquele dia.

Eu estava com Dona Amália tomando café. Comentávamos felizes do nascimento da nova criança da casa, uma menininha, Cecília. Quando Marta se juntou à nós:

– Vocês ficam falando bem dessas duazinhas aí... É porque não sabem nada sobre elas.- ela começou com as intrigas, eu nunca gostei dela por causa desse jeito maledicente

– E você veio nos alertar?- provocou dona Amália

– Alguém tem que fazer isso.

– Pare com isso... Diga o que você veio dizer de uma vez- eu detestava aquele jogo, e queria que ela o apressasse.

– Pois bem, saiba que a sinhazinha fugiu do marido.

– Como se fosse novidade...- falou Dona Amália tranquilamente, eu não tinha certeza, mas já desconfiava de algo nesse sentido.

Marta ficou surpresa com o nosso comportamento, ela esperava que ficássemos chocados, mas como não recebera a reação esperada, continuou :

– E a outra é mãe solteira do filho do irmão da sinhazinha.- ela soltou a bomba

Então percebi o que Isabel escondia naqueles olhos, por isso eu reconhecia algo da minha mãe, que também era mãe solteira. Assim, como ela, algum homem a devia ter enganado e a magoado. E disso nascera um filho.

Eu não ficara chocado e sim enternecido. Mas percebi que a reação de D. Amália não havia sido a mesma. Ela devia achar que Isabel era viúva e estava horrorizada, como se aquela mesma Isabel que conhecíamos a meses, tivesse cometido um crime, ou se tornasse uma criminosa apenas por ter tido um filho sem ter se casado.

Marta havia conseguido o que queria, tinha implantado a intriga ao menos em D. Amália. E nos dias seguintes, ela passou a evitar e até mesmo ser grosseira com Isabel, e como essa era inteligente, não demorou muito a perceber.

D. Amália tinha um bom coração. Mas algumas ideias conservadoras ainda guiavam o seu modo de agir. Ela achava que Isabel não era decente por ter sido mãe solteira. Muitos achariam isso, mas eu não. Não podia cuspir no prato que comi. Eu era um bastardo de um fazendeiro rico que nem me reconheceu. Mas minha mãe fizera de tudo para me criar e me educar. Eu via o quanto ela era lutadora, o quanto era decente, o quanto me amava. Assim como via isso com Isabel e Neto.

Certo dia, eu ouvi uma conversa delas. Isabel procurara D. Amália e a confrontara sobre o que acontecia e ela foi direta dizendo que se sentia incomodada por ter uma mãe solteira, uma mulher de comportamento duvidável numa casa de respeito.

Eu vi o quanto aquilo abalou Isabel. Ela não era de escutar desaforos. E sabia que não continuaria na pensão, não com aquele tratamento, não recebendo certos olhares de D. Amália e escutando palavras amargas.

Percebi certa agitação entre Laura e Isabel. Desconfiava que Isabel ou ambas estavam prestes a nos deixar. E aquilo não era certo, eu não queria, não podia deixar que elas partissem. Enquanto elas brincavam com Cecília no quarto, entrei para conversar:

– Bom dia, Xará. ..Isabel – as cumprimentei – E como está a princesinha mais linda do mundo?- fiz um carinho em Cecília.

– Ela está ótima – respondeu Laura, e eu fiquei um pouco constrangido pois já estava na hora de começar a conversa séria, entretanto resolvi ser direto

– Vocês vão deixar a pensão? - elas me olharam surpresa e Isabel respondeu

– Eu pretendo, mas estou tentando convencer Laura a não fazer isso. Cecília é muito pequena e D. Amália ainda gosta de Laura e a ajuda muito com as crianças. - ela parecia decidida

– Nós viemos juntas, Isabel. Se você for, eu vou com você! - minha Xará também tinha garra

– Calma, nenhuma das duas vão embora! - falei firme – Vocês não podem ir...

– Lauro, não sei se você sabe o que aconteceu, mas a situação está insustentável para mim. Não posso mais ficar aqui.- disse Isabel

– Eu sei o que aconteceu, Marta fez uma fofoca para D. Amália. Eu estava junto …

– Sabia que tinha sido ela. Então você sabe... Sabe que sou mãe solteira, e que D. Amália não está me tratando bem.

– Ela te expulsou? - perguntei

– Não, mas insinuou claramente que não sou mais bem vinda aqui. Não posso ficar em um lugar onde não me querem.

– Ela vai repensar, ela se faz de dura, mas tem um bom coração. - eu tentava conciliar

– Não, Lauro. Não sou de abaixar a cabeça, sou mãe solteira, mas isso não me torna uma má pessoa. Eu tive um filho e o amo. Crio-o com todo amor. Não vou me humilhar- ela estava com raiva

– Eu sei. Isabel, eu entendo

– Não, não entende. Quer mesmo saber? Vou te contar os detalhes...

E Isabel me contou sobre o seu passado, sobre o dia que devia ter se casado, mas o noivo não chegou, sobre a perda da sua casa, sobre o irmão de Laura tê-la enganado em um momento de carência, sobre a gravidez, sua luta e sobre a mãe de Laura a pressionando. Havia uns detalhes surpreendentes, coisas que nunca imaginaria. Mas vi o quanto ela fora magoada, percebi que estava decidida e não seria humilhada mais. Após o seu desabafo, ela saiu e eu fiquei com Laura no quarto. Dei um suspiro profundo e falei:

– È uma baita, história.

– Sim – apesar do clima ruim, minha Xará sorria

– Fico feliz dela ter me contado....

– Você parece confiável, Lauro.

– Eu sou confiável – sorri

– Eu percebi.

–E você, Xará? Qual a sua história?

– Ihhh. È complicada... Tem mais algumas horas sobrando aí? - ela ria, apesar de saber que a coisa era séria, ela mantinha o bom humor

– Hoje é o meu dia de folga. Tenho todo o tempo que for preciso.

E ela também me contou. Falou do marido, Edgar, nome que ainda dizia com orgulho. De como eles se apaixonaram e se amavam, até que apareceu uma filha ilegítima e uma ex-amante dele quando ela estava no fim da gravidez de Pedrinho. O quanto sofrera a partir desse momento. O fato de Edgar viver cuidando da menina que era doente, e neglicenciar a família, dela ser incomodada pela mãe da garota. Das brigas, de Pedrinho começar a perceber, e sua decisão de fugir.

Era uma história um pouco diferente, e ao mesmo tempo que eu fiquei admirado pela força de Laura, e chateado com Edgar por ter feito a minha amiga sofrer. Eu também fiquei comovido por algumas atitudes dele, já que ele assumira e cuidara de uma filha bastarda assim, sendo que meu pai nunca me assumiu e me expulsou junto com a minha mãe da sua fazenda quando eu era criança. Não era comum homens cuidarem dos filhos fora do casamento desse modo. Além disso, havia outro detalhe interessante, apesar do seu sofrimento, e sua mágoa do marido, eu percebera pelo modo de falar de Laura que ela ainda amava Edgar. Era fascinante.

Depois daquelas conversas, precisava botar meus pensamentos em ordem. E fiquei um tempo pensando.

Eu não podia deixá-las ir embora. Além delas, havia as crianças que eu adorava, e toda essa luta por paz. Claro que também tinha uns interesses poucos altruístas em relação a Isabel, e sendo assim resolvi falar com D. Amália:

– Estou decepcionado com a senhora, D. Amália. Sempre achei que era uma mulher generosa. Que entendia as coisas...

– Lauro, não sei do que está falando.

– De Isabel, do que a senhora está fazendo com ela...

– Ela é uma mãe solteira, eu não posso admitir... Aqui é uma casa de respeito.- ela parecia pressionada, eu sabia que mesmo com suas opiniões rígidas, ela gostava de Isabel

– Você a conhece a tempo suficiente para saber que ela é uma mulher boa e decente. E agora porque ela não casou com o pai de Neto, ela não merece o seu respeito? Minha mãe também não casou com o meu pai e posso de dizer o quanto ela digna e lutadora.

– Não estou falando da sua mãe, tenho certeza que ela era uma ótima mulher...

– Isabel é uma ótima mulher. E se continuar a tratá-la assim, a senhora vai perder muito. Pois ela, Neto, Laura, Pedrinho e Cecília irão embora também. É isso que a senhora quer? Ficar sem elas e as crianças?

Ela ficou muda e eu saí com raiva. Talvez tivesse sido duro demais. Mas D. Amália precisava ouvir aquilo para pensar melhor... precisava deixar se levar pelo coração.

No dia seguinte pela manhã, eu estava entrando na sala quando percebi que D. Amália e Isabel conversavam:

– Sinto, Isabel. São essas ideias que tenho. Sei que você é uma mulher honrada, eu vejo isso. Sei como os homens podem ser sórdidos, o quanto enganam uma mulher usando sua lábia e usando os nossos pontos fracos. Fique aqui, não vá. Você é muito bem vinda.- ela parecia sincera

– D. Amália, o que a senhora me disse foi muito duro.

– Desculpe, eu não direi novamente. Não te tratarei mal, filha. Fique... Você vai ficar?

– Sim – Isabel sorriu mais animada, e eu fiquei aliviado, ela ia ficar

Nesse mesmo dia, comentei feliz com ela:

– Soube que você vai ficar, Isabel.

– Sim.

– Fico contente – eu já estava saindo, quando ela me chamou

– Lauro... Eu te contei a minha história. Mas não quero que fique com pena de mim.

– Eu não tenho pena de você ...- era verdade, eu ficara admirado com ela, apesar de agora saber que deveria ser mais cuidadoso, ela fora muito magoada

– Não sei o que está acontecendo entre a gente. E não me entenda mal. Você sabe a minha história, ela é muito complicada, e eu não quero mais problemas... Minha vida é meu filho... Você é muito bom, mas não há espaço para homens na minha vida, só para o meu filho. - ela estava me dispensando

– Entendo.- falei seco e ao mesmo tempo surpreso

– Espero que não fique magoado – ela disse com carinho

– Não, eu não fiquei – saí entristecido

Não era exatamente essa conversa que eu esperava após a resolução daquela confusão. Talvez Isabel ainda precisasse de tempo. E eu podia respeitar isso. Mas outra possibilidade veio a minha mente. E se ela nunca conseguisse superar? E se ela nunca me desse uma chance? Seria tão difícil tirá-la da minha cabeça e do meu coração.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Gostaram da narrativa do Lauro? Gostaram dele? kkkk Pessoalmente, ele é um dos meus xodós. E a Isabel foi boba? O que acontecerá com os dois? kkk
Achei que esse capítulo ficaria legal sob a perpectiva dele, e até tenho planejado outros capítulos narrados por ele(mas não se preocupem, Laura e Edgar ainda são os principais). Espero que tenham gostado e que comentem muito . E que a sorte esteja lançada, quem comentará o 400? Não deixem de comentar, participar, recomendar, saber que vocês estão aí me anima muito.



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