Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 24
Meses sem Laura


Notas iniciais do capítulo

Meninas, o feriado acabou e agora venho com mais um capítulo. Espero que gostem, e muito obrigada pelos comentários, esse capítulo é dedicado a todas que comentaram.



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Eu fui abandonada. Duas vezes abandonada. Sabe, às vezes, eu acho que não sou nada nessa vida”

Isabel em Lado a Lado

Por Edgar

Os dias se passaram, e constantemente eu falava com Amarísio. Já sabia que Laura fora embora com Isabel, e que enviara uma carta ao pai de São Paulo. Assim, ele viajou a cidade e começou as buscas por 2 mulheres e 2 crianças.

Mas a procura não foi bem sucedida, pois ele não encontrou ninguém que se lembrasse delas e muito menos que pudesse nos informar onde tinham ido ou estavam. A verdade é que de São Paulo, ela poderia ter partido para outro lugar, mas como era o seu último rastro, ele se concentrou e tentou achá-los lá. Mas não encontrou nada.

Além disso, pelo que Amarísio averiguou, ela não estava com nenhum parente, e não havia recebido ajuda de ninguém da sua família.

Eu também tentava encontrar pistas ou ter notícias de Laura e Pedrinho. Por vezes, ia casa dos meus sogros. Mas sempre recebia a mesma resposta, eles não sabiam de nada, Laura não mandara notícias. Numa dessas ocasiões, D. Constância me abordou. Ela estava preocupada com a repercussão do sumiço de Laura. A sociedade já começava a falar, e ela queria divulgar uma informação falsa: Que Laura ficara doente, precisando de novos ares e mudara com Pedrinho para o interior. Sendo que eu os visitaria de vez em quando.

Não queria mentir, mas pra resguardar a reputação de Laura, mantive a mentira da baronesa. Sei que se todos soubessem da fuga de Laura, seria ruim para mim, o que não me importava, pois me recuperaria, mas seria horrível para ela, pois a viriam como uma mulher vulgar, uma desqualificada que fugira do marido. E até pensariam que ela estava com outro homem.

A verdade é que eu esperava, ou melhor, eu sabia que essa situação se resolveria logo e que Laura e Pedrinho voltariam. Se não pensasse assim não conseguiria prosseguir...

Eu visitava Melissa sempre e ela era meu consolo, a minha felicidade nesses dias sombrios. E depois da consulta com o médico especialista, ela havia melhorado bastante, tendo poucas crises. Se Laura tivesse esperado, a situação provavelmente já teria se resolvido. Eu tinha mais tempo ... Mas ela não esperou.

Já quando estava em casa me via numa solidão inquietante, cercado por silêncio. As vezes fechava os olhos e imaginava que a minha família ainda estava lá. Que Pedrinho corria pela casa e dava a sua risada gostosa. Que Laura brincava com ele ou lia um livro no sofá. Que eu não jantava sozinho, que ela estava lá e conversava comigo.

As vezes entrava no quarto do meu filho, e eu fantasiava que lhe contava histórias ou lhe dava mamadeira. Também via Laura em nosso quarto ou no corredor, eu a tocava, a beijava, ria com ela, e conversava. Eram as memórias me assombrando, mas naquele momento, era o que eu tinha e me ajudava a continuar.

Nossa! Como sentia falta de Laura e Pedrinho. Comecei a descobrir coisas deles, coisas que não sabia que faziam. Como brincar na terra e na lama do jardim. Nesses momentos, eu imaginava o que mais não sabia sobre minha mulher e meu filho e uma culpa tomava conta de mim. Eles não teriam ido embora se estivesse mais com eles.

Os meses foram passando, e eu não tinha noticia alguma, a minha esperança de ver Laura e Pedrinho logo se esvaia, e só não acabava por completo, pois eu tinha que encontra-los, sabia que os encontraria novamente.

Falava com Amarísio, as vezes, mais de uma vez por semana, mas ele sempre me dava a mesma resposta, sem pistas novas, o rastro de Laura sumira em São Paulo. Certo dia, estava conversando com ele, quando ele foi sincero e ao mesmo tempo me chamava a realidade, tirava as minha ilusões, tentava destruir as minhas esperanças:

– Dr. Edgar, vou falar a verdade com o senhor, a quantidade de pistas que temos, o tempo que passou, o fato da sua esposa me parecer esperta e ter apagado bem os seus rastros... eu não acho que a encontraremos, dr, a menos que ela queira. E penso que ela não quer, veja bem, eu estou ganhando bem, mas não gosto dessa situação, pois para mim o senhor esta jogando o seu dinheiro fora. É pouco provável que a encontremos.

– Você esta me dizendo que eu devo desistir?- falei um pouco acima do meu tom, ele me deixara abalado

– Sim, por enquanto sim, as pistas são tão poucas. - ele tentava explicar

– Você quer desistir da investigação? Ou quer receber mais? Se o problema for o dinheiro... - fui duro

– Não, assim o senhor me ofende. Só estou te alertando que essa investigação provavelmente será inútil. Mas se o senhor quiser continuar...

– Continue, e se for necessário eu pago mais, entenda, Amarísio, tenho que encontrá-los...

– Se o senhor prefere assim. Nunca vi um homem tão obstinado em encontrar a mulher... - ele comentou com certa pena e aquilo me deixou com raiva

– Eu não estou procurando a minha mulher, estou procurando o meu filho - menti, estava procurando por Laura também, mas não queria que sentissem pena de mim, o marido abandonado.

Saí de lá com a cabeça ainda quente. Fui até o jornal falar com Guerra, e nós fomos até o bar Guimarães. Celinha havia viajado com a irmã e Alice para Petrópolis. E podíamos aproveitar aquela noite como se ainda fossemos solteiros. Na verdade, como Laura estava longe, de certa forma, eu continuava casado, mas a contragosto tinha viver com a solidão da solteirice.

Enquanto eu bebia, Guerra falou sobre o jornal, o seu casamento e uma novidade na vida deles, já que ele e Celinha haviam decidido adotar uma criança e após a volta dela, eles iriam procurar um bebê na roda dos desvalidos.

Mas depois de ter bebido um pouco a mais do meu normal, eu acabei soltando a minha língua e falando demais. Falei da fuga dela, da minha mágoa e raiva, dos nossos problemas antes da partida, da investigação de Amarísio e da nossa ultima conversa. Cheguei também a contar sobre a última noite que passara com Laura:

– E você, acredita, Guerra, que mesmo já tendo planejado a fuga, ela passou a noite comigo... Ela teve a capacidade de dormir comigo, de me beijar, de me tocar, de se entregar a mim, sem dizer nada sobre o que planejava... Chegou a dizer que me amava... Isso é atitude de uma mulher verdadeira ou manipuladora?- desabafei

– Edgar, não diga essas coisas aqui, acho melhor irmos... - ele tentou tomar o copo da minha mão, mas eu me levantei me desviando dele.

– Por que não? Por que ir? Não sabe que a minha mulher fugiu, me abandonou? Não preciso voltar para a casa cedo. - falei um pouco acima do tom, tudo a minha volta parecia girar, e me apoiei na mesa para não cair.

– Vamos, Edgar. Vou te levar para casa, você já está sendo indiscreto...- ele tinha razão, mesmo estando alterado, eu entendia.

Me apoiei nele, e nem lembro como cheguei em casa. Mas sabia que estava em meu quarto, pois pela noite em meio a pesadelos e mal estares, abri os olhos em alguns momentos e percebi que estava em minha cama.

Foi uma noite confusa, cheia de pensamentos e sonhos, alguns agradáveis e outros não. Além das sensações ocasionadas pelo excesso de bebida. Ao acordar me recordava de poucas frações dessa confusão noturna. Mas havia uma cena muito nítida que sonhara já de dia, Laura gritando e depois ela com um bebê no colo. Devia ser a culpa por não ter visto o meu filho nascer, mas o único fato estranho é que o lindo bebê nos braços de Laura, não tinha cabelos, e Pedrinho sempre fora muito cabeludo.

Ainda estava intrigado com essa imagem quando Guerra entrou no quarto. Ele carregava uma xícara:

– Café para curar a sua ressaca, Edgar. - ele me entregou a xícara

– Obrigado, amigo. - dei um primeiro gole, realmente já começava sentir uma dor de cabeça.

– Ainda bem que você acordou. Já pensava em chamar um medico ...- ele falava com tom de deboche

– Que isso, Guerra. Ainda é cedo, não?

– Cedo para o jantar, já estamos no período da tarde, meu caro.

– Eu dormi tanto assim?- perguntei surpreso

– Sim, e também fez um belo show ontem. Você disse certas coisas...

– Falei tanta coisa assim?

– Demais... Dentre intimidades a declarações de amor e ódio. Tome mais cuidado no que fala, amigo. Senão daqui a pouco todos saberão sobre Laura - ele me aconselhava

– Eu tomarei, Guerra. Ontem eu passei do limite na bebida... Tô com uma dor de cabeça, a boca seca... – falei pegando nas minha têmporas.

– Uma pena que esse café não ajude em questão de corações partidos também...

– Eu não estou com o coração partido. Estou com muita raiva da Laura - mentia tentando recolher o que restava do meu orgulho

– Me poupe, Edgar. Eu ouvi tudo o que você disse ontem. Ouvi as declarações de amor, até mesmo certos detalhes picantes de sua intimidade com Laura.

– Eu falei detalhes picantes no bar? - perguntei envergonhado

– No bar não, mas no caminho até aqui. Alias, foi difícil arrastá-lo, você não andava direito...

– Desculpe, Guerra. Eu não ...

– Tudo bem ... Você está sofrendo, eu sei - ele sorria tentava aliviar o meu constrangimento - Bebeu demais e só.

– Ontem, eu estava desiludido. Estou definhando aqui nessa casa sem Laura e Pedrinho. O último alento que me resta agora, é a esperança de encontrá-los, e ontem ela foi um pouco abalada.

– Entendo, Edgar. Mas pense numa coisa, se você encontrasse Laura hoje, o que aconteceria? Acha que tudo voltaria a ser como antes?

– Eu não sei, só quero encontrá-la...

– Então pense, pense nas coisas que ela te disse, nos seus motivos, nas mudanças que serão necessárias, na reação sua e dela ao encontrá-la...

– As vezes, eu penso que você é amigo dela e não meu ... De que lado você está?- eu não estava irritado, falei no tom de brincadeira

– Eu sou seu amigo, Edgar, mas você se esquece que agora Laura é a minha sobrinha - ele riu - Eu gosto bastante dos dois, e desejo o melhor para ambos.

– E você acha que Laura ficar comigo não é o melhor para ela?

– Sinceramente não sei, mas a minha opinião não importa, e sim a dela. Pense nisso, você terá que convencê-la.

– Eu vou resolver... - falei sem muita firmeza

– Então resolva, que eu tenho que ir. Já estou com medo de encontrar o jornal pegando fogo por tanto tempo de ausência.

Ele foi embora, e me deixou no quarto. E mesmo com a minha dor de cabeça aumentando, e a fome batendo, comecei a pensar no que ele havia falado. Mas meus pensamentos foram desviados, me lembrava do sonho que tive, Laura e um bebê, o que aquilo significava... Eu não sabia, mas renovara a minha esperança de encontrá-la, pois com esse sonho, era com se a tivesse visto novamente e eu me sentia tão conectado a ela.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Sei que não foi lá muito supreendente, mas tinha que ser mostrado né? kkk E o que acharam do Edgar bêbado? Eu tinha de colocar isso, não sei por que na época da novela, no perído em que a Laura foi embora, e não foi mostrado, eu imaginava o Edgar sofrendo bêbado, caido na rua com um cachorro lambendo a sua boca kkkk. Tudo bem que não foi tão drastico assim no capítulo, mas ao menos bêbado ele tinha que ficar né?
Espero que tenham gostado e comentem muito, pois sem comentários,eu fico desanimada.



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