Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 21
Abandonado


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos comentários. Eles me animaram demais. Esse capítulo é dedicado a todas vocês.
Espero que gostem desse capítulo narrado pelo Edgar. E comentem muito para eu me animar a escrever kkk.



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“Ninguém merece ter a solidão como companhia.”

Constância em Lado a Lado

Por Edgar

Eu deixei Laura com um aperto no meu peito, após um período difícil de brigas, nós passamos aquela noite juntos e ela estava tão frágil. Ela chorou. Eu fui gentil, a toquei com calma, com os sentidos aguçados. Ela precisava daquilo. Eu precisava daquilo. Fora uma noite linda e ao mesmo tempo estranha.

Laura estava diferente. Parecia que havia algo errado, algo que eu não sabia. Ela escondia alguma coisa de mim, senti que não devia partir. Mas então ela disse que me amava. Ganhei certa confiança. E fui embora. Pois se ela ainda me amava, então haveria chances para a gente.

Fui para São Paulo. Levei Melissa e Catarina comigo. Eu tinha esperança que com aquela viagem, a saúde da minha filha melhorasse. Assim eu teria mais tempo para Laura e Pedrinho.

A consulta com o médico foi ótima. Ele me parecia muito competente. Receitou novos remédios para Melissa. Indicou novos tratamentos. Seus prospectos eram ótimos.

Após alguns dias, voltei animado. Esperava ansiosamente ver Laura e Pedrinho. Levei um presente para o meu filho. Pensei em levar alguma coisa para Laura. Mas desisti, pois podia parecer que estava tentando comprar o seu perdão. Tinha medo que ela se ofendesse com o gesto.

Entrei em casa, e tudo me parecia tão silencioso. Mas então escutei um som e o segui. Vi Matilde arrumando a casa, a cumprimentei e perguntei;

– Onde está Laura? E Pedrinho?

– Eles não estão com o senhor? – ela me parecia surpresa

– Comigo? – eu estava mais surpreso que ela

– A D. Laura partiu um dia após o senhor ... Disse que ia encontrá-lo em São Paulo ...

– Matilde, eu não estou entendendo, Laura não foi atrás de mim... O que está acontecendo? – eu ficava preocupado

– Ela deve ter se desencontrado...D. Laura deixou uma carta, vou buscá-la.

Matilde voltou com a carta, aquilo estava muito estranho. A abri imediatamente e comecei a ler:

“Edgar,

Quando essa carta chegar as suas mãos. Eu e Pedrinho já estaremos longe do Rio. Vou tentar explicar mais uma vez os meus motivos, que tanto falei, mas que você preferia não ouvir ou evitar.

A nossa situação era insustentável. Eu aguentei por 2 anos. Mas não aguento mais. Você dizia que ia resolver, mas eu percebi que era algo sem solução. Melissa sempre estaria na frente de mim e do meu filho, e a Catarina sempre usaria isso, não nos deixando viver em paz.

Isso já estava afetando Pedrinho. E eu não posso tolerar mais. Você não me deixou partir para encontrar paz. Então tive que fazer isso assim, escondido, e por mais que saiba que não é a maneira mais leal de ser feita. Eu parti com o nosso filho. Pois acredito que isso é o melhor para mim e principalmente para ele, que não poderia crescer nesse inferno.

Agora, você deve estar com muita raiva. Mas com o tempo espero que compreenda. Não foi para me vingar, ou por falta de amor que agi assim. Apenas me vi sem saída. Entenda, Edgar. Eu sei que você me ama, e ama o nosso filho. E eu te amo, Edgar. Mas apenas o amor não é suficiente e se permanecesse ao seu lado, em pouco tempo, nosso amor morreria. Eu continuaria infeliz. Nosso filho cresceria infeliz.

A nossa última noite foi maravilhosa. O que fiz e disse foram verdadeiros. Tão verdadeiros. Acredite... Foi uma despedida doce... que ambos precisávamos. Não foi manipulação. Eu a guardarei no meu coração e espero que você faça o mesmo.

Não transforme o nosso amor em ódio. Eu fui embora em busca de paz. Uma paz que você disse que eu teria, mas que não foi capaz de me dar. Pedrinho crescerá bem, se tornará um homem bom, acredite, farei o inimaginável para isso.

Sei que que não atenderá o meu último pedido, mas mesmo assim peço. Não nos procure, nos deixe viver em paz, pois no Rio nós não conseguiremos isso,

Laura”

Um desespero tomou conta de mim. Eu mal podia respirar enquanto lia a carta, não sei como consegui lê-la até o fim. Minhas pernas fraquejaram e tive que me apoiar na parede.

Com dificuldade andei até o sofá e me sentei. Cravei meus cotovelos na perna e segurei a minha cabeça que pendia caída. Era como se meu pescoço não a suportasse. Não, aquilo não estava acontecendo. Não, estava. Era um pesadelo...

Matilde estava assustada, me fazia perguntas, provavelmente queria saber sobre o meu estado. Eu não conseguia respondê-la. Mal a entendia... Não era verdade, não podia ser.

– Dr. Edgar, o que aconteceu?

– Laura me abandonou, Matilde. Ela fugiu com nosso filho – falei finalmente conseguindo colocar em palavras a realidade.

Fiquei ainda algum tempo num estado caótico. Matilde com pena, me trouxe um chá, dizia que era para me acalmar. Mas recusei. Não adiantava. Nada adiantaria.

Com muito esforço, consegui subir as escadas, e passei pelo nosso quarto, meu e de Laura. Eu ia entrar nele, mas quando o vi, não consegui. Tudo lá me lembrava Laura. Continuei andando e fui para o quarto de hóspedes.

Deitei na cama de roupa e sapato mesmo. Eu pensava no que tinha acontecido. Eu tinha sido abandonado e me sentia traído por Laura. Minha raiva só não era maior que a minha tristeza. Lembrava de Laura e de Pedrinho. Será que nunca os veria? Não, não podia admitir. Não podia sobreviver com essa ideia.

Nos dias seguintes não saí de casa. Ficava praticamente o dia todo no quarto. Não atendia os meus clientes. Não atendia ninguém. Comia pouco. Na verdade, eu basicamente sofria.

Pensava na minha situação. Culpava Laura por ter me deixado. Culpava Catarina. E principalmente me culpava. Lembrava das minhas discussões com Laura, o modo que ela se portara na última noite. Eu tinha que ter esperado aquilo. Eu tinha que ter agido de forma mais efetiva. Laura estava sofrendo e eu ...

Um dia, recebi a visita de Guerra. Na verdade, ele invadiu o quarto, e me chamou a razão. Disse que eu não podia ficar assim, eu tinha que reagir e ele tinha razão.

Após sua saída, pedi a Matilde que arrumasse o meu quarto com Laura. Eu dormiria lá naquela noite. Mal dormi inundado pelas lembranças. Durante a noite, num acesso de raiva, cheguei a jogar um móvel longe e também as roupas deixadas por Laura no chão. Decidi que no dia seguinte pediria a Matilde que as doasse.

Fui ao quarto de Pedrinho. E chorei. Meu filho não estava lá. Olhava o seu berço vazio. Pegava em brinquedos que foram deixados.

Voltei ao quarto principal e olhei as roupas no chão. Não podia deixá-las assim. Não podia doá-las. Peguei todas, fiz um esforço para me lembrar e arrumá-las do modo que estavam antes.

Me lembrei de Laura. Das noites que passamos naquele quarto. Quantas vezes a amara. A última vez que nos amamos... Sempre era sublime. Laura fora embora. Mas as lembranças ainda estavam dentro de mim, e era como se eu sentisse a presença dela em nosso quarto.

Não, nada mudaria. Aquele quarto ficaria igual, aliás aquela casa ficaria igual, me lembrando dos momentos felizes que eu passara com a minha mulher e o meu filho.

E eu não ficaria parado. Laura partira. Mas eu não me curvaria a esse ressentimento, a desesperança, não desistiria de revê-la. Não desistiria de rever Pedrinho.

No dia seguinte, me levantei cedo. Tomei um bom banho. Aparei a minha barba. Saí.

Primeiro fui a casa de Catarina. Havia um bom tempo que não via a minha filha. Faltava poucos dias para Melissa completar 3, e nós conversamos sobre seu presente de aniversário. Ela era o meu único alento. O meu único motivo de felicidade naquele momento.

Quando a babá a levou para o banho. Discuti com a Catarina. Fui duro com ela, falei que Laura havia ido embora, e perguntei se ela estava satisfeita.

Ela não admitiu qualquer culpa ou alegria. De certa forma, Catarina tinha razão. Ela não era culpada. Ou pelo menos, não era a maior culpada. Já que o meu modo de agir é que tinha impulsionado Laura nesse ato.

Depois fui atrás de Amarísio Dias, ele era um ex-policial que já tinha trabalhado para mim em alguns casos de clientes. Ele fazia investigações.

Contei para ele o que tinha acontecido, e tudo que sabia. Queria que ele trabalhasse de forma discreta, o dinheiro não era problema, pois queria encontrar Laura e Pedrinho de qualquer jeito:

– Dr. ...O senhor sabe que como sua esposa levou o menino sem sua permissão, você poderia fazer uma denúncia na polícia...- falou Amarísio prudente

– Você está falando da minha mulher, Amarísio... Eu não posso denunciá-la a polícia – disse me sentindo horrorizado, não queria que Laura fosse procurada como uma criminosa

– Eu entendo, você tem medo que se torne público, e realmente não faria bem a sua imagem se todos soubessem que sua mulher fugiu.

– Claro...- falei concordando, mas isso era mentira, a opinião pública não me importava, eu simplesmente não admitiria que a polícia colocasse as mãos em Laura, ela era a minha mulher, eu a amava, e só queria voltar no tempo para impedir a sua partida.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Ficaram com pena de Edgar? Ou ele merece... kkk.
Gente estava lemabrando que nessa semana tem feriado, o que diminui o meu tempo para dedicar a escrita, assim, já começo a semana avisando que vai ser mais complicado colocar capítulos na quinta e sexta.
E ahhh, não deixem de comentar... Pois são seus comentários que me animam a escrever.



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