Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 15
Tempo Perdido


Notas iniciais do capítulo

Gente, hoje meu dia foi mais corrido. Então peço desculpas pelas eventuais falhas e correria do capítulo. Eu coloco esse capítulo com certo medo, já que resolvi fazer uma passagem de tempo e contar várias coisas nels. Assim, muitas das situações ficaram pouco detalhadas... A ideia é mostrar aspectos gerais nessa passagem de tempo. Tenho medo também por algumas decisões que tomei nele. De qualquer forma espero que gostem, e comentem muito. Ahh, e muito obrigada pelos últimos comentários eles me animaram bastante.



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Por Laura

Edgar ainda me olhava desconcertado. Ele não sabia o que dizer, como explicar a sua ausência:

– A Melissa ficou doente, meu amor. Eu tive que cuidar dela.

– Edgar, eu entendo que a sua filha é doente. Que você foi atendê-la … Mas custava mandar um recado... você não sabe... eu te esperei... Um recado para me acalmar... Só isso! -falei furiosa

– Laura … Quando soube que a Melissa estava mal... Eu perdi a cabeça … Eu ...– ele continuava gaguejando, mas isso não aplacou a minha ira

– Você esqueceu, Edgar! Esqueceu que tinha uma esposa... Um filho... te esperando em casa. Você não sabe o que eu senti... o que pensei.. a aflição por você não chegar!

– Eu sinto tanto!

– Não sente... Se sentisse não faria isso...

– Laura... tenta entender... Meu amor, a gente estava tão bem, não vamos brigar novamente... - ele tentou se aproximar de mim

– Não! Não se aproxime, Edgar – berrei- A gente estava, você disse certo, estava no passado. Não está mais... Agora me diga, você passou a noite toda no hospital, foi isso? Não minta.

– Melissa passou mal pela tarde... Eu a levei ao hospital. Já era noite quando a liberaram. Fui para casa da Catarina... E.. – ele voltava a gaguejar

– E Edgar? Continua...- gritei para ele

– Não sei, Meu amor... Não sei como explicar... Eu dormi... Estava cansado. Não sei como isso aconteceu... Eu queria voltar, mas dormi.. e acordei há pouco. Vim correndo para cá. Não queria te preocupar.

– Você desaparece, não me avisa... Passa a noite na casa da sua amante sem uma explicação plausível... E diz que não queria me preocupar? Você já devia saber, eu nunca aceitarei ... Outra mulher!- não consegui me conter, gritei novamente.

– Laura, não há outra mulher... Só você... Eu juro. Não aconteceu nada entre eu e a Catarina. Eu só cuidei da Melissa. Só dormi sem sentir...- ele falou desesperado.

– Não fale o nome dessa mulher! - aquilo não podia estar acontecendo, eu estava furiosa- Sai daqui, Edgar. Me deixa em paz! Não quero ver você, não consigo ver você agora!

Ele ainda tentou falar alguma coisa, mas percebeu pelo meu olhar que era melhor sair. Eu fechei a porta atrás dele. Sentei no chão e comecei a chorar. A minha vontade naquele momento era ir embora, era me separar dele.

Mas eu pensei no que aconteceria se fizesse isso, o preconceito que enfrentaria, e o meu filho? Eu não poderia ir para longe. Edgar era o seu pai. Não seria simples separá-los.

Como eu dissera a Edgar. Eu não aceitaria outra mulher. E por mais que suas explicações fossem vagas, eu acreditei nele. Podia estar mentindo para mim. Mas eu confiei que ele não tinha nada com a Catarina.

Entretanto aquele desleixo, aquela falta de consideração, como se eu não existisse, como se não fosse importante, doía muito.

Evitei Edgar nos dias seguintes. E também com a doença da Melissa, ele quase não ficava em casa. Na maioria dos dias, chegava à noite, quando Pedrinho já dormia.

Com isso, eu me amparei em meu filho. Ele não tinha a atenção do pai, mas teria a minha em dobro, em triplo se fosse preciso. Eu iria protegê-lo. E de certa forma, ele também me consolava da ausência de Edgar.

Com o tempo, eu e Edgar voltamos a conversar. Ele tentava se reconciliar, dizia, prometia que as coisas iam mudar. Que ele resolveria tudo. Que a Melissa melhoraria e ele teria tempo para a gente. Mas eu já não conseguia acreditar em suas promessas.

E Catarina ficava mais abusada... Até apareceu na minha casa aos gritos com a menina chorando. Se dizia desesperada, e nessas situações, Edgar era mole. Com o choro da filha e o falso desespero daquela mulher. Ele corria aflito com elas para o hospital.

Aquilo me indignava de tal maneira, mas Edgar não resolvia. Dizia que Catarina não apareceria mais. Que havia conversado com ela. Me prometia. Mas sempre amolecia com o choro da menina.

E nessa confusão, o Edgar acabou perdendo momentos preciosos do nosso filho. Ele demorou 2 semanas para descobrir que o primeiro dente de Pedrinho havia nascido. A primeira palavra que meu filho falou foi “má, má”, o que me deixou muito feliz, e claro, Edgar não estava por perto. Depois disso, ele falou “bébé”, se referindo a Isabel, e depois “titi” para Matilde. Só assim, ele falou “pápá”. Mas como o Edgar não ficava muito com ele, nem poderia ficar chateado por ele demorar a chamá-lo.

Pensei diversas vezes em largá-lo. E ficava brava comigo mesma, pois não me reconhecia mais. Eu continuava com ele. Me sentia acomodada, nós tínhamos um filho. Uma situação que pedia cautela. Edgar era bem ausente. Mas ainda assim, era o pai de Pedrinho. Eu devia ter paciência. Quem sabe as coisas se resolvessem...

Ahhh.... nessa história eu até já começava a mentir para mim. Mas a verdade, é que apesar de às vezes sentir que o odiava, eu ainda o amava. E o amava muito.

E isso me perturbava. Me tornava fraca! E quando o Edgar cedia um tempo a nossa família, fazia uma gracinha, uma fofura, uma surpresa. Eu tentava ficar dura, mas me desmanchava. Por vezes, nos encontrávamos no corredor a noite, e até mesmo quando estava com raiva, eu não resistia e acabava me entregando a ele. Mas a verdade é que muitas vezes, eu ficava carente, o desejava, o amava, e não resistia a seus encantos.

Quando eu resistia, ficava orgulhava de mim, apesar de sofrer com a falta dele. Já que nesses momentos íntimos, eu me sentia querida, amada. Tão próxima a ele. Nessas horas, não havia Melissa ou Catarina. E eu percebia que ele me amava e me desejava muito.

Assim, nossa vida era cercada de altos e baixos. E apesar de ocasionalmente ainda dormimos juntos em nosso quarto. Edgar passou as suas coisas definitivamente para o quarto de hóspedes. Era como se lá fosse o seu quarto. Essa instabilidade não agradava a mim nem a ele. Mas nós íamos empurrando a vida.

E nem tudo eram problemas. Por sorte, ele viu os primeiros passos do nosso filho. Havia pouco tempo que ele completara um ano. E Pedrinho caminhou cambaleante pelo mundo. Foi emocionante, o que nos deixou extremamente felizes.

Tia Celinha e Guerra acabaram se entendendo após o batizado de Pedrinho. E iam se casar. O clima entre eu e Edgar não era dos melhores, mas nós seríamos padrinhos deles. E concordamos com uma trégua. Isabel ficou com nosso filho e decidimos não discutir sobre os nossos problemas naquele dia.

O casamento foi maravilhoso. E eu resolvi aproveitar a festa. Queria esquecer tudo. Nessa noite, eu e Edgar dançamos, nos divertimos, e talvez tenhamos exagerado na bebida. Pelo menos, eu exagerei. Mas isso foi bom, pois por um tempo, consegui esquecer meus problemas.

Quando chegamos em casa, estávamos pegando fogo, e com uma sensação de urgência. Edgar e eu acabamos nos amando no sofá. Depois subimos e nos amamos mais. Foi uma noite de loucura, mas mesmo me sentindo culpada e envergonhada depois. Fora muito bom e não me arrependi.

Ele acordou no outro dia e estava prestes a sair do quarto quando falei:

– Edgar … Se você quiser pode trazer as suas coisas para cá...

– Meu amor … Isso quer dizer que.. a gente tá ... – ele disse esperançoso

– Não... As nossas coisas não estão resolvidas. Mas eu tô cansada desse vai e vem pela manhã. E Pedrinho está crescendo, não quero que ele perceba os nossos problemas... Não quero que ele veja esse clima ruim entre a gente.

– Isso quer dizer, que eu também passarei a dormir aqui... Independente de ... - ele ainda tentava entender

– Sim, quero que você durma aqui, mesmo a gente não estando bem... Não quero que ele perceba.

– Você vai ver, meu amor. A gente vai se acertar. Nós vamos passar por esse momento ruim ..- ele veio até a mim sorrindo, me beijou contente e depois saiu para pegar as suas coisas.

Eu estava dando um voto de confiança, só esperava não me arrepender depois. Pois conosco dormindo no mesmo quarto, a frequência que ficávamos juntos aumentou.

E muitas vezes quando ele me procurava, mesmo quando eu estando com raiva, eventualmente acabava cedendo.

Eu até conversava com Isabel sobre isso. Sabia que ela não me julgaria. Quando estávamos zangados, nós tínhamos outras sensações, experimentávamos outras emoções e atitudes. E era muito bom, recompensador.

Só que quando minhas regras atrasaram, um temor tomou conta de mim. Não queria trazer outro filho para essa instabilidade. Já era doloroso ver meu Pedrinho vivendo aquele clima de conflito. Não queria outro inocente metido naquilo. Não queria outra criança sendo criada na maioria dos momentos apenas por mim. Aí sim, eu poderia me culpar mesmo. Pois sabendo que isso era possível, mesmo com tantos problemas a nossa volta, eu ainda me entregava a Edgar, podendo gerar um filho e trazê-lo ao mundo nessa situação tensa.

Acabei desabafando isso com Isabel. E horas após a nossa conversa, minhas regras vieram. E eu fiquei bem aliviada.

Entretanto notei que durante o jantar, Edgar se portava de maneira estranha. Tentei conversar, mas ele desviava do assunto. Quando fomos nos deitar, eu insisti mais e ele acabou revelando o que o incomodava:

– É que eu descobri que a minha esposa não quer ter filhos meus. - ele disse com raiva

– Você andou escutando as minhas conversas? - perguntei brava

– Eu não queria, mas estava no corredor quando você falou e acabei ouvindo. Mas não vire as coisas... Você não quer ter mais filhos meus, Laura?- ele estava apreensivo

– Se você quer saber a verdade, não. Não quero ter mais filhos. Não nessa situação em que vivemos.

– Pensei que você adorava crianças, que amava o nosso filho.

– E amo. Você não tem o direito de duvidar disso. Você não... Você que na maioria das vezes nem está aqui. É por amar tanto o Pedrinho, e por saber que amaria o outro filho é que não quero. Não quero outra criança vivendo nessa instabilidade, tendo um pai ausente, que nem sabe direito os seus gostos, não quero criar outro bebê sozinha, Edgar. Pois sempre que você escuta as palavras Melissa doente. Os gritos da Catarina, que invade a minha casa e me humilha como se ela fosse a dona daqui. Você some. Não quero outro filho sofrendo por sua prioridade ser a Melissa!- eu despejei tudo que estava engasgado na minha garganta

– Laura … Você não está sendo justa! A Melissa é doente! Ela precisa de mim, Entenda.

– A Melissa é doente. E precisa de você? E seu filho é saudável, mas também precisa de você. Você não estava presente na maioria dos momentos importantes dele. Não está vendo o crescer, pois na maioria das vezes quando chega em casa, ele esta dormindo. E eu, Edgar, eu também preciso de você. Da sua companhia, da nossa cumplicidade, mas na maioria das vezes, você não está aqui. Mas não se preocupe, minha regra desceu, não há outro filho para você negligenciar. Para escutar as palavras, a Melissa é doente!- me deitei na cama e virei de costas para ele

Ele não falou nada. Mas sabia que ele estava furioso. Já eu estava satisfeita, era como se tivesse tirado um peso do meu coração. Percebi que ele andava pelo quarto e achei que sairia. Mas ele se deitou ao meu lado e disse com sarcasmo:

– Laura, não se preocupe em ficar grávida hoje... Eu ficarei longe de você ...

Ele estava magoado, mas não tive pena, e naquela noite nós dormimos lado a lado, e separados como se houvesse uma parede invisível entre a gente.


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Notas finais do capítulo

Então pessoal? A situação está bem tensa né? Fico pensando se no capítulo anterior um monte de gente pediu o divórcio, a quantidade de pessoas será maior nesse kkk? Quem pede o divórcio?
Gente sei que essa situação é meio insustentável e Laura tá demorando bastante para tomar uma decisão definitiva. Mas peço que avaliem alguns aspectos, um é o filho. Como Laura consiguirá sumir, ter paz, com o filho? Edgar vai deixar ela ir assim de boa com o menino? Outra é que ela quer que ambos convivam.Além do amor, do fato de não ter acontecido o aborto Sem contar que na novela, apesar da Laura ter agido com razão, sempre achei aquele divorcio e sua ida pro interior rápido demais. A impressão que ficou, foi que não deu tempo para pensar, um divorcio ainda mais naquela época era uma decisão bem complicada. Assim, a Laura aqui, deu um tempo por assim dizer. Veremos se as coisas se ajeitarão ou se afundarão de vez. Espero que compreendam e comentem muito. Recomendem. Participem... Ahhh, tô doida para essa fase ruim passar.



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