Titanium escrita por Cigarette Daydream, milacavalcante


Capítulo 5
Confissões de Percy


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu sei que tem uns reviews que eu ainda não respondi, mas vou responder tudo amanhã! Estou cheia de trabalho, mas prometo que respondo, ok?
Desculpem por ainda não ter respondido!
Enjoy.



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 As vezes ficar inconsciente é melhor do que ficar acordado e ter que lidar com os próprios pensamentos, a vezes a gente acha que aguentaria ficar acordado, mas depois, admitimos – para ninguém além de nós mesmos – que foi bem mais fácil poder ignorar a realidade.

 Abri meus olhos lentamente para um quarto todo branco que devia pertencer a um hospital e me lembrei do que havia acontecido, sem entender direito alguns detalhes da noite passada. Luke e Percy endoidaram-me mais ainda, se possível. O que eu estou perdendo nesse quebra-cabeça?

 Observei minha mãe entrar no quarto com dois copos descartáveis e um isopor protetor por cima, devia ser café.

 – Oi – sorri um pouco, para que ela visse que eu queria paz.

 – Bom dia – ela disse e esboçou um leve sorriso. – Como vai a bela adormecida?

 Uau, vindo da Atena isso é o melhor humor do mundo, o que diabos estava acontecendo e, pelo amor dos deuses, que peça eu perdi?

 – Trouxe café! Tem um Rei do Mate do outro lado da rua, e tem pão de queijo também, coloquei chocolate e creme no seu e o meu puro – ela tagarelou, colocando o pão de queijo na mesinha de comida e arrastando até minha maca.

 – O-obrigada – sorri. – Desculpe ter saído sozinha da casa da Thalia, mamãe, mas eu estava realmente...

 – Ora, tudo bem Annie, você quis voltar sem incomodar os amigos, eu entendo, mas tome mais cuidado querida – ela continuou a falar.

 Deuses, essa é a crise dos tempos, O QUE HOUVE COM ATENA?, minha cabeça girava. Olhei em volta e localizei a razão daquilo tudo, Percy estava dormindo no pequeno sofá ao lado oposto do quarto. Sorri ao vê-lo e senti Atena me analisar, por isso desviei meus olhos para a comida e comecei a me servir.

 – Quem é esse rapaz, Annie – ela perguntou.

 – O Percy? – perguntei, retoricamente, para ver se ela desistia da conversa por ali.

 – É – ela respondeu, apenas para me impelir a continuar falando, droga.

 – Um amigo – eu disse e mordi mais um pedaço do pão de queijo. –, um bom amigo.

 Ela me analisou mais uns minutos e disse que precisava fazer uma ligação e já voltaria. Estranhei ainda mais ela não ter reclamado de nada e me concentrei apenas em mastigar a comida.

 – Bom dia – a voz sonolenta de Percy me surpreendeu.

 – Ah, bom dia! – olhei na direção dele, o cabelo amassado, o rosto cansado e a blusa xadrez que ele usou ontem o denunciavam. – Você passou a noite aqui?

 – É... – ele disse e se espreguiçou. – O sofá não é muito confortável, mas deu para o gasto.

 Sorri e observei-o, sem querer, soltei: – Você baba quando dorme.

 Percy passou a mão pelo rosto e, sem graça, pediu licença para ir até o banheiro. Droga, Annie, por que tinha que falar da baba? Afinal, Percy estava de boa comigo ou não? Eu ainda não entendi então, ele vai ter que me explicar.

 Ele voltou, sem jeito, mas com uma aparência muito melhor... Camisa e cabelos no lugar, rosto limpo e ereto.

 – Percy... – eu comecei, mas logo ele estava ao lado da minha cama e puxou a “mesa-carrinho” para longe, se sentando na beirada, tirando completamente minha concentração.

 – Annie... – ele brincou, rindo, com uma falsa hesitação. – Que foi?

 – Nada, bem... – pensei melhor. – Por que você estava com raiva de mim ontem?

 – Não era bem raiva – ele disse.

 Talvez ele estivesse apenas chateado, ou não quisesse falar o motivo, mas, de um modo ou de outro, eu sei que é fundamental saber disso para entender alguma parte da noite passada.

 – Não? – perguntei. – Então o que era, Percy? Me conta...

 – Ciúmes – ele deu de ombros e olhou par o chão.

 Minha cabeça girou sem entender: – Ciúmes?

 – É Annie, droga, eu acho que eu gosto mais do que eu devia de você – ele levantou o rosto e me encarou com seus olhos verdes. –, mas eu entendo que queira ser só minha amiga, só que na hora, eu fiquei com muita raiva, por que o Luke sabia disso...

 O Percy... ANH? Como? Er... Deuses!

 – Ah, entendi – foi só o que consegui dizer. – Acho que o Luke não gosta muito de você Percy, eu sei que são amigos, mas... Ontem ele me disse que me beijou para te chatear, eu não tinha entendido até então... Mas agora...

 – É eu sei, Luke disse que estava tentando me proteger de você, mas quando eu vi sua mensagem, ele liberou o carro – ele disse. – Luke não é assim tão mal, sabe? Só meio confuso.

 – Tudo bem – suspirei. –, vou dar um voto de confiança.

 – Obrigada, Annie – ele se aproximou e deu um beijo em minha testa. – Ah, eu disse que entendia que não gostava de mim do mesmo jeito que eu, mas nunca disse que não ia tentar te conquistar.

 Observei o sorriso sapeca dele e senti meu coração dar um pulo. O que eu devia fazer? Eu devia dizer algo? Eu devia contar para ele o que eu venho sentindo? Mas... E se eu só estiver confusa? Pior, e se Percy for minha imaginação? Talvez eu seja apenas uma menina louca, afinal... Ele notou a mudança na minha expressão e perguntou o que foi.

 – Percy... – eu disse. – Me promete que não vai sumir amanhã? Me promete que você é real? Que não é coisa da minha cabeça?

 – Que papo é esse, Annie? – ele perguntou.

 – Deixa – murmurei.

 Ele franziu o cenho, e então pareceu entender, afinal ele sabe do porquê de eu ter “visitado” um hospício ano passado, ou pelo menos, eu acho que sabe.

 – Eu não vou sumir – ele disse sério e logo depois abriu um sorriso e acrescentou: – Você não é assim tão criativa para me inventar e inventar todos os meus amigos.

 Eu ri e decidi de uma vez, me aproximei devagar de Percy, meu coração batendo em um ritmo acelerado, eu sei que devia ir mais devagar, sei que eu devia ter certeza antes de falar, sei que deixando ele se aproximar tanto eu posso acabar pior do que antes.

 – Eu não vou te beijar agora, por que... Bem eu passei a noite em hospital, não vai ser o melhor beijo do mundo, mas... Eu também gosto de você mais do que devia – eu disse, rezando para ele não começar a rir e dizer que foi tudo uma pegadinha.

 Percy piscou três vezes, como se achasse que estava com problema de vista ou algo assim, o que foi muito bonitinho, afinal, nunca achei que essa reação viria de alguém ao eu falar meus sentimentos... Ainda me lembro da sétima série, quando falei o que eu sentia para o Nico... Foi um desastre, ele riu e contou para todos... Tudo bem, já faz tempo, Annie, o Percy não é assim.

 – Sério? – ele perguntou.

 Assenti, mas acrescentei: – Só que eu quero ir com calma, Percy, a gente se conhece a pouco tempo, então... – deixei a frase no ar, com medo da continuação.

 – Certo, antes de a gente fazer coisas como... Namorar, talvez – ele disse. –, temos que nos conhecer melhor.

 Eu sorri, agradecida por Percy ter verbalizado o que eu tinha medo que dizer, já não parecia mais tão amedrontador estar perto de Percy. Parecia maravilhoso e com gosto de pão de queijo (mas isso é só por que ainda não escovei os dentes).

 – Eu não posso mesmo te beijar agora? – ele perguntou rindo.

 Fiz que não, mas me aproximei e dei um beijo na bochecha dele: – Ainda temos muito tempo. – ok, quando eu me afastei aquele roçar de narizes deixou muito mais difícil seguir meu próprio conselho, mas me afastei lentamente e minha mãe entrou no quarto, dizendo que eu já estava liberada, mas ia ter que usar muletas por uma semana. Suspirei, contrariada. Além de tudo, eu estava sem celular.

 Minha mãe entrou no quarto e disse que eu estava liberada, já podia ir me arrumar e pediu licença ao Percy, para que eu tivesse privacidade. Assim que Percy saiu, Atena me deu uma bolsa de uma loja de eletrônicos. Eu fiquei curiosa e fui checar o que era. Um celular. Nossa, a Atena que eu conheço me deixaria de castigo e não me daria um celular no dia seguinte!

  – Não é um Iphone, mas é que esse mês está fora do nosso orçamento, vou ter que mexer uns pauzinhos para ter seu Iphone de volta, já que já tem tantas capinhas para ele – ela disse. – É só um substituto, mas entra nas redes sociais, mesmo assim.

 – Está ótimo, mãe – sorri. – Não precisa ter pressa para comprar outro...

 – Já tem chip, o número é 9999-3399 – ela disse. – Acho que vai querer passar para Percy.

 Fiquei confusa, mas apenas assenti e peguei minhas roupas, indo em direção ao banheiro me trocar. Atena tinha pegado uma calça de cintura alta, uma blusa normal e óculos. Troquei-me rapidamente, e tentei dar um jeito no meu cabelo, totalmente ciente de que Percy havia de visto descabelada e com cara de sono.

 – Mãe – gritei. –, tem crédito?

 – Tem, tem – ela falou. – É de conta.

 Beleza, pensei. Eu sei que ela colocou conta para poder fuxicar para quem eu ligava e tal, mas Atena, apesar de distante, sempre foi meio abelhudinha, essa era, de longe, sua qualidade mais adorável. Enviei uma mensagem para Percy – eu sabia o número de cabeça. –, avisando que esse era meu novo número.

 Saí do banheiro e vi Atena dobrando minhas roupas da noite passada e guardando. Ela parecia tão... Cuidadosa, quase como se algo crucial tivesse mudado... Eu me pergunto o quê mudou, de repente.

 – Vamos? – perguntou ela.

 Assenti e olhei em volta para me assegurar de que eu não havia esquecido nada. Aquele quarto me dava um pouco de medo, de tão branco. Segui Atena para fora dali e Percy nos esperava no corredor do hospital, dizendo que seu pai estava lá fora e só queria se despedir, sendo assim, todos fomos embora rapidamente.

 Assim que cheguei em casa, fui para debaixo do chuveiro, com os pensamentos confusos e a sensação de que várias coisas aconteceram enquanto eu estava desacordada... Como eu queria ler os pensamentos de Luke, para saber se posso mesmo confiar nele, como Percy quer!

 Saí do chuveiro e olhei meu reflexo no espelho, eu parecia estar resolvendo um enigma interno. É eu sou um livro aberto, minha expressão entrega quase tudo. Decidi ir checar se tinha alguma mensagem de Percy, mas não tinha nada. Decidi ir me vestir com meu moletom mais confortável e passar o resto do dia vendo Pretty Little Liars comendo doce, mas meu celular tocou me fazendo ter novos planos num segundo...

 – Alô? – perguntei.

 – Oi, Annie – o Percy disse, do outro lado da linha. – Vamos ao parquinho hoje?

 – Anh, tá – eu falei. –, eu posso usar a janela.

 – Ok, te vejo em meia hora, então? – ele perguntou.

 – Claro – sorri e me despedi.

 Parei em frente ao meu armário sem a menor ideia do que vestir. Olhei pela janela e, para minha surpresa, vi sol. Eu não tinha reparado ainda no dia quente. Peguei uma roupa para o clima e comecei a secar meu cabelo com o secador. No final, o cabelo estava bem bonito, por isso, só prendi uma parte da franja.

 Peguei meu celular, coloquei no bolso e fui para a janela. Fiz o costumeiro pulo janela-arvore-chão e segui para o parquinho, eu já estava dez minutos atrasada. Cheguei ao parquinho, que estava com o mesmo aspecto sujo e quebrado de sempre, a única coisa que não combinava com o lugar era um menino bonito de blusa xadrez e bermuda, sentado no balanço do parquinho. Sorri, ao ver que os olhos de Percy encontraram os meus.

 – Você sabe o que eu faço com meninas atrasadas? – ele perguntou, fingindo raiva.

 Eu ri e disse, brincando também: – Não, mas bem que eu gostaria de descobrir.

 – E ai – ele disse. – Tudo bem?

 – Tudo, na verdade, mais que bem – eu disse, sentando no outro banco. – Atena está muito gentil, na verdade.

 Percy pareceu sem graça ao ouvir isso e desviou os olhos, mentindo: – Deve ter sido o susto.

 Analisei melhor Percy, e o vi continuar desviando o olhar e enroscando os dedos. Ok, o que isso quer dizer? Percy geralmente é totalmente sincero, pelo que pude notar. O que ele estava escondendo?

 – Ah, qual é, Percy, o que está escondendo? – perguntei, com um leve sorriso.

 – Eu não minto muito bem, não é? – ele perguntou, parecendo um pouco para baixo.

 – O que aconteceu? – perguntei mais uma vez.

 Ele pareceu ter uma luta interna antes de se decidir, mas por fim começou a contar, me deixando

 – Ontem eu dormi no hospital, sabe... E, durante a noite eu acordei e vi sua mãe e bem... seu pai conversando.

 Eu ri e disse: – Ótima piada, Percy.

 Mas, em algum lugar daqueles olhos verdes que me encaravam com seriedade, eu soube. Não, não era uma piada. Meu pai estava ali enquanto eu dormia, e isso só pode significar que, durante todo esse tempo, ele e Atena mantiveram contato, ignorando minha existência.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Não? Mereço reviews?
Respondo tudo amanhã!
xoxo