Titanium escrita por Cigarette Daydream, milacavalcante


Capítulo 4
Uma Coisa Tóxica Chamada Luke.


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii desculpem a demora, estava sem pc!
Mas não abandonei, hein? haha
Sem mais delongas,
enjoy.



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Sabe quando você olha no espelho e não se reconhece? Quando seus olhos estão brilhantes demais e tem um sorriso muito grande te encarando? Eu não sabia até agora. Eu já estava pronta, não me esqueci de colocar algum acessório vermelho, como Percy me instruíra, pois, segundo ele, vermelho é uma coisa que fica lindo em qualquer garota.

É a primeira festa que eu vou - sem contar os jantares sociais que minha mãe me arrasta junto com ela -, mas eu sei muito bem que meu sorriso e animação não tem nada a ver com isso. Eu sei que eu não devia estar tão animada para ver o Percy, eu o conheço há tão pouco tempo... É até meio vergonhoso eu estar assim tão feliz pela simples expectativa de vê-lo.

Minha mãe bateu na porta e entrou. Ela elogiou minha roupa, (vindo da Atena, isso é mais do que um “eu te amo”), e então comentou que o rapaz que veio me buscar, cujo ela tinha esquecido o nome, era muito bonito. Sorri involuntariamente ao ver que Atena estava gostando de Percy.

Desci a escada ansiosa por ver Percy, mas não eram cabelos escuros que me esperavam na sala e sim loiros. Ele se virou e o reconheci de cara: Luke Castellan. O motivo dos suspiros de noventa por cento das garotas da escola apenas por ser modelo e meio nerd, já que sabia mexer com tudo que diz respeito a computadores e programas. Como eu sei de tudo isso? As vantagens de ser invisível, meu bem, ninguém nota que você está por perto, ouvindo as conversas deles.

– Oi Annie – que intimidade era aquela? – O Percy, a Katie e a Rachel estão no carro, vamos?

– Anh, tá – murmurei e acenei para minha mãe antes de ir.

– Deve estar se perguntando por que o Percy não veio em meu lugar, né? – ele adivinhou meus pensamentos.

– Na verdade sim, quer dizer, faria mais sentido...

– Eu pedi para vir, queria falar com você uma coisa antes de você entrar no carro... – ele falou parando de andar.

Parei também e me voltei para ele.

– O Percy diz que você é legal e tudo, Thalia também, mas... Você é um risco colossal para eles, não vê isso?

– Não entendi – eu disse franzindo as sobrancelhas.

– Hoje você vai entender... – ele disse e simplesmente continuou a andar, como se nada tivesse acontecido.

Sacudi a cabeça, confusa, e o segui. Quando entrei no carro, Percy estava sorrindo de algo que Katie havia dito e Luke entrou emburrado no banco do motorista.

– Espera... Você que vai dirigir? – perguntei. – Já tem carteira de motorista?

– Não, virou policial agora, garota? – respondeu Luke.

– Ei – se meteu Percy. – Isso é jeito de tratar a garota?

Luke bufou e deu a partida no carro. Deuses, como Percy podia ser amigo de alguém tão imbecil? Fiquei confusa por um minuto, mas depois lembrei que era melhor eu ser sociável com Katie, ou ela ficaria me achando metida.

– Eu sou Annie – cumprimentei-a.

– Sou Katie – ela sorriu. –, ouvi falar muito sobre você!

– Espero que tenha ouvido coisas boas – sorri também.

– Ah, sim, coisas ótimas – ela disse. –, o Percy não deixa a gente respirar sem ele falar ou comparar alguém com você, ou comparar alguma coisa com algo que você disse!

– Você está exagerando – riu Percy.

Sorri feliz e argumentei: – É que de vez em quando eu devo falar demais.

– Só que não, né? – implicou Percy.

– há-há – ironizei.

– Acho que não me vesti bem o suficiente – disse Katie, me avaliando.

Fiquei vermelha instantaneamente. Será que eu havia me arrumado muito? Quando Rachel virou para comentar algo (ela estava no banco da frente), ficou claro que eu não precisava me preocupar com isso. Rachel estava simplesmente incrível, era impossível não sentir um golpe na autoestima só de olhar.

– Uau – eu disse. – Você está incrível Rachel.

Ela sorriu e disse: – Você também está muito bo-ni-ti-nha, Annie.

Eu não sabia se aquilo era exatamente um elogio, mas agradeci e fiquei calada observando Rachel passar umas coisas de maquiagem em Katie e soltar o cabelo dela. Tenho que dizer que me impressionei com a habilidade de Rachel, não devia ser nada fácil em um carro em movimento.

Olhei para Percy e ele apontou para o telefone e escreveu algo. Ele ia me mandar uma mensagem. Peguei meu celular e esperei: logo ele me chamou no Whatsaap.

Percy: O que foi? Ficou calada de repente.

Annie: Nada, só me acostumando.

Percy: ... Não me convenceu.

Annie: Que pena, achei que eu era uma mentirosa melhor.

Percy: Shame on you, mas não desconversa.

Annie: Não é nada, sério, é que estou me perguntando se eu pertenço a este mundo de conversas pré-balada e meninas super maquiadas.

Percy: Não é só sobre isso que é o nosso “mundo”, nos divertimos entre amigos, rimos, aproveitamos nosso tempo.

Annie: Ainda tenho que aprender... Desculpa.

Percy: Annie, relax ngm vai brilhar mais que você hoje.

Annie: Mas é o quê? Haha

Percy: Esquece, mas o que você e o Luke conversaram?

– Ei! – reclamou Katie. – Dá para largarem esses celulares? Que coisa! Mas, depois eu te passo meu número Annie!

– Ok, mas por que esse som está desligado? – perguntou Percy.

– Coloca uma música, Rachel – pediu Katie.

– Tá, o que querem ouvir?

– Por mim tanto faz – falei.

– Por mim também – disse Percy. –, contanto que não seja música de corno, tudo bem.

– Ótimo, então eu escolho! – empolgou-se Katie. – Taylor!

– 22? – perguntou animada Rachel.

– Aham – sorriu Katie. – E depois Treble!

A música começou a tocar e eu sorri, eu simplesmente amava essa música, vivia dançando – internamente, é claro –, quando ela tocava.

– I don’t know about you but I’m feeling 22 – cantaram em plenos pulmões Rachel e Katie.

Eu ri, surpresa com a empolgação delas, mas logo comecei a cantar também. Katie abriu o teto solar do carro e colocou a cara para fora, gritando a música para quem quisesse ou não quisesse ouvir.

Percy ria e a cena era simplesmente incrível, mas saí do meu transe por que o sorriso de Luke apagava um pouco a beleza do sorriso de Percy. Deuses! É impressão minha, ou todas essas pessoas que estou conhecendo são incrivelmente bonitas?

Logo chegamos a casa de Thalia, que era grande e bonita, por sinal a família Zeus é a mais influente e rica do país, ou seja, Thalia é cheia da grana.

Vinha uma música animada de dentro e tinham umas pessoas conversando na varanda, Percy nos direcionou para o salão de festas (sim, a casa realmente tinha um salão de festas) e me puxou para um canto que não tinha ninguém quando conseguiu dispersar o grupo.

– Tá tudo bem? – ele perguntou.

– Sim, Percy – eu sorri. – Não precisa se preocupar tanto assim, ok?

– Eu sei, mas... – ele coçou a cabeça, como se tivesse algo para me dizer.

– Mas...? – perguntei.

– Nada... Ér... Quando quiser ir embora, a qualquer hora, é só me chamar – ele disse.

Assenti e ele me puxou em direção ao local onde a festa realmente estava acontecendo. Uma música dançante em inglês estava tocando e várias pessoas estavam dançando, as que não estavam dançando estavam bebendo numa pequena rodinha e o resto conversava em cantos separados. Todos pareciam estar gostando bastante da festa.

O ambiente tinha uma iluminação escura, mas com uns “pisca-pisca” localizados em lugares estratégicos que deixavam um clima de meia luz e a pista de dança possuía luzes coloridas, logo notei que foi tudo muito bem organizado.

– Nada mal não é? – sorriu Percy.

Sorri e me senti ser contagiada pelo espirito festivo. Num surto de coragem, perguntei: – Não que dançar?

Percy simplesmente deu um sorriso gigante e me puxou para a pista de dança. Vou dizer que Percy não dança muito bem, mas foi legal mesmo assim. Percy de repente pegou minha cintura e me puxou em sua direção, me beijando. Mentira, eu fantasiei um pouco essa parte, só dançamos essa música e depois uma garota bonita chamada Julie interrompeu.

– Oi – ela sorriu. – te procurei por toda parte!

– Eu estava com a Annie – ele explicou, me indicando.

– Prazer – ela sorriu e estendeu a mão. Eu imitei o gesto e pedi licença.

Aquela devia ser a garota da aposta, senti um golpe no estômago me dizendo para salvar ela, mas continuei me distanciando e fui para a varanda, com um copo que um garçom me serviu na mão. Comecei a beber calmamente, tinha álcool, mas também tinha morango e leite condensado, o que deixou a bebida muito irresistível.

– Tudo bem Annie? – perguntou Luke, se aproximando.

– Tudo – tentei sorrir.

– Olha desculpa por mais cedo, eu estava de cabeça quente, não foi nada pessoal.

Assenti e dei mais um gole no meu copo.

– Posso te fazer companhia? – ele perguntou.

– Você que sabe – murmurei.

– E aí? O que aconteceu? – ele perguntou.

– É essa aposta idiota que você fez com o Percy, eu não consigo simplesmente ignorar que daqui a pouco vocês vão magoar alguém e ainda expor isso na internet – falei olhando para o chão.

Senti uma mão apertar a minha e olhei para o Luke, sem entender.

– Se você quiser eu desisto da aposta.

Hein? Por que isso agora?

– Eu quero sim – respondi, sem entender direito por que Luke estava sendo tão gentil do nada.

Luke pegou meu copo da minha mão e me puxou em direção a ele. Fiquei sem entender o que estava acontecendo e só o vi chegando mais e mais perto, não consegui reagir. Eu estava totalmente paralisada. Senti os lábios macios de Luke tocar os meus e de repente, eu estava gostando daquilo. Não quebrei o beijo e o deixei intensifica-lo. O beijo dele era tão bom e era tão bom sentir minha barreira de solidão ser quebrada.

Logo senti que estava sendo encarada e quebrei o beijo. Percy estava parado a alguns metros de nós e parecia chateado. Comecei a caminhar em direção dele e perguntei o que havia acontecido.

– Nada... Pode ir para lá, eu vou só... Ér... Licença – ele disse voltando para o salão de festas.

Fiquei confusa, incrivelmente confusa. Meu cérebro processava as informações, mas ainda sim não entendia a lógica. Por que Luke me beijou? E aquela expressão de Percy, o que queria dizer?

– O que foi? – perguntou Luke.

– Nada – respondi. – Só estou surpresa e desculpa Luke, mas eu fiquei sem ação, eu não devia ter deixado você me beijar.

– Por que não? – ele perguntou.

– Por que eu nem te conheço – respondi calmamente.

– Sabe quantas garotas queriam estar no seu lugar, menina? – ele perguntou impaciente.

– Sei e me desculpe – eu disse. – Eu estou meio confusa hoje.

Me virei e tentei me afastar, mas Luke me puxou de volta pelos meus pulsos, que arderam ao contato dele.

– Me larga – grunhi.

– Calma – ele disse. – Vou só te dar um pequeno aviso...

Encarei-o e esperei ele voltar a falar, ao ver que eu estava mais calma, ele prosseguiu: – Eu só te beijei para chatear o Percy, garota, então se você acha que vai me esnobar está muito enganada... Achou mesmo que eu ia deixar você contagiar o Percy e todo mundo com esse seu problema? Agora, se eu quiser é só eu inventar um papo de que você me beijou e pronto, ele acredita e nunca mais vai querer olhar na sua cara.

Senti meus olhos encherem de lágrimas e me soltei dele, correndo para longe dali. A rua estava escura e eu não fazia ideia do caminho até minha casa, além de ter começado a chuviscar, mas não parei nem por um segundo de me afastar dali. Por que o Luke queria tanto me afastar dos amigos dele? Eu não fiz nada para ele. Nada!

Continuei a caminhar e a ouvir as cantadas dos carros que passavam, mas a rua em si estava deserta, me fazendo estremecer de medo. Acelerei o passo e me abracei em meio ao frio e não demorei a notar que estava sendo seguida por dois caras de bicicleta. Continuei mais apavorada ainda. Peguei discretamente meu celular e liguei para Thalia. Caixa-postal. Tentei minha mãe, tocava e não atendia. Tentei Katie, mas depois lembrei que ela deixou a bolsa no carro. Eu não devia ligar para o Percy, mas... Liguei, estava quase desistindo, quando ele atendeu.

– Alô? – ele perguntou, não devia ter olhado o visor.

– Percy, eu... – comecei a falar, mas ele desligou na minha cara.

Comecei a chorar desesperadamente e a caminhar ainda mais rápido. Eu não tinha mais para quem ligar. Tentei Thalia de novo e nada. Decidi deixar uma mensagem na caixa-postal.

– Thalia, sou eu, Annie... Eu estou morrendo de medo eu sai da sua casa a pé e tem dois caras me seguindo, não posso voltar eles estão bem atrás de mim, me ajuda por favor – chorei ainda mais ao desligar.

Eu não sabia o quanto Thalia ia demorar a ver essa mensagem e decidi me humilhar de vez, digitando uma mensagem para Percy.

Olha, eu não sei por que está com raiva de mim e se, não quiser mais olhar na minha cara, eu entendo, mas tem dois caras me seguindo e eu não faço ideia de onde estou eu saí daí a pé e parece algum tipo de estrada principal muito deserta, por favor, não precisa olhar na minha cara depois disso, mas eu preciso da sua ajuda.

Esperei uma resposta e não recebi nenhuma por uns cinco minutos de terror e passos cada vez mais apressados, seguidos de perto pelos caras atrás de mim.

Recebi a mensagem de Percy no minuto em que eles decidiram avançar, pegaram minha bolsa, meu celular e minha jaqueta, além de me derrubarem com um empurrão que me fez cair, bater a cabeça com força e torcer o pé, causando uma dor horrível na região, que se estendeu para o resto da perna. Os vi se distanciar pedalando e analisei os arranhões que ganhei. Eu tentei levantar, mas não consegui e senti medo de alguém, com intensões piores do que aqueles caras, aparecer. Encolhi-me na escuridão e chorei desesperada, rezando para Percy ou Thalia vir me procurar.

Decidi contar os minutos, para não me concentrar em mais nada... Depois de exatos 30 minutos e 45 segundos, eu vi o carro de Luke passar, com as janelas abertas e vi Percy dentro, dirigindo. Não conseguindo me levantar e estando coberta pela escuridão, minha única opção foi gritar.

– Peeeeercy – gritei em plenos pulmões, sentindo uma vertigem tomar conta de mim.

Meu grito resultou na freada brusca do carro, que voltou de ré. Thalia e Percy saíram correndo de dentro do carro e foram até mim.

– Deuses, Annie! – ele exclamou pálido, me pegando no colo. – O que aconteceu?

– E-eu estava i-indo... – chorei, sem conseguir formular palavras, apenas o abracei. – Ah, Percy eu fiquei com tanto medo.

– Eu também – ele me abraçou de volta. – Desculpa, se eu tivesse simplesmente te atendido...

Senti minha consciência começar a se esvair, mas eu ainda tinha mais perguntas do que respostas.

– Por que você estava com raiva de mim? – perguntei. – Quer dizer, o Luke me contou uma história que eu tenho que esclarecer, eu juro que não fiz nada e...

– Shh – ele fez. – Isso a gente conversa depois, agora descansa.

– Não posso, bati a cabeça – eu disse. – Tenho que ir para um hospital, Percy, acho que torci o pé.

Ele assentiu e decidimos que era melhor todos entrarmos no carro e irmos para o hospital. Assim que chegamos, Percy me levou no colo e me deixou explicar o que houve para uma moça que eu não sabia direito quem era, eu precisava muito dormir, mas ela me disse para ficar acordada enquanto chamava o médico que iria me atender.

Percy fazia gracinhas para me manter acordada, mas eu já não conseguia nem esboçar um sorriso, minha consciência estava se esvaindo cada vez mais e então eu decidi que ia simplesmente deixar o cansaço vencer.

– Percy? – ele me olhou curioso. – Eu acho que vou dormir.

Senti o resto minha consciência ir embora e dormi profundamente nos braços de Percy.


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Notas finais do capítulo

Estamos a 5 reviews do próximo capitulo, e ai, como foi o cap?
xoxo