The Bright Side escrita por Anna C


Capítulo 7
Fiasco


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa, milhares de desculpas, gente! Esse capítulo já está pronto há muito tempo, mas tive alguns probleminhas técnicos por aqui que causaram a demora. Tentarei ser mais rápida na próxima vez, prometo.
Quanto ao capítulo, gostaria de dedica-lo a Anonimamente Weasley e Carter Grimm graças as lindas recomendações da fanfic! Muito obrigada, meninas, não sabem a minha felicidade quando vi *----*
Sem mais delongas (acho que a demora para postar já foi o bastante!)... Bom chá com biscoitos!



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Após aquele dia de Agosto, os almoços de Scorpius nunca mais foram solitários. Não que ele tivesse pedido por aquilo, porém.

“Bem, ele não pode reclamar.” pensava Rose, enquanto os dois caminhavam até um restaurante das redondezas. “Eu estou o poupando de ficar só e... Ok, exceto pelo fato de ele gostar da solidão, mas... Uma mudança ali e aqui faz bem às vezes, não é?”

Rose tentou atribuir a razão de convidá-lo todos os dias para o almoço à ausência de Austin no trabalho, pois este estava doente. Em parte, até poderia ser aquilo, mas a ruiva desconfiava que estivesse começando a realmente apreciar a companhia daquele garoto mal-humorado e sarcástico.

“Tudo bem, é um pouco estranho. Eu aposto que ele nem me quer por perto... Ao menos, é o que essa expressão de insatisfação diz. Aliás, deveria ser recíproco! Ninguém em sã consciência gostaria de almoçar com um cara tão desagradável e... Merlin, o que eu estou fazendo?”

— Você está viajando nas suas neuras de novo – Scorpius disse olhando para frente.

— Hã? Como você poderia saber?

— É essa cara que você faz quando pensa de mais. Parece que vai sofrer um colapso a qualquer instante. Bem bizarro, se você quer saber.

“Ele é tão cruel!”

— Cheguei a uma conclusão – ela disse de repente. – Eu devo ser masoquista para te aguentar.

— Bom, eu já pensei nessa possibilidade pela maneira como você vive caindo de escadas e tropeçando... É, suponho que a única explicação seja que você gosta de dor.

— Esses daí foram acidentes!

— Se acontece mais de quinze vezes por dia, não tem como ser acidente.

— Bem, se é assim, você deve concordar que é um sádico, já que parece se divertir com a minha falta de sorte.

Scorpius deu os ombros, ainda sem olhá-la.

— Eu nunca disse que não era.

— O quê?! Não diga nessa tranquilidade, é perturbador...

“Tudo bem, agora ele está calmo, mas como será que reagirá quando souber que não estaremos almoçando sozinhos?” ela se lembrou, ficando preocupada.

Nas últimas semanas, Albus e Rose haviam feito muitas coisas juntos. De assistir a uma partida de Quadribol a um filme num cinema trouxa, a ruiva finalmente sentia que estava aproveitando suas férias de verão. E em boa companhia, precisava acrescentar.

Era bom se divertir para variar.

A decepção de Albus ao saber que ela não poderia passar aquela quinta-feira com ele não foi exatamente uma surpresa.

“- Por quê? Você já tem planos?

— Bom, digamos que é uma espécie de projeto pela comunidade. Algo como “Ajude um antissocial, ganhe insultos ilimitados em troca”, uma coisa desse tipo... Basicamente, eu estou tentando tirar Scorpius Malfoy da toca da obscuridade.

‘Não que ele tenha pedido minha ajuda, mas...’ Rose guardou aquele pensamento para si.

Albus coçou a cabeça, confuso.

— Toca? Do que estamos falando?

Rose suspirou, sentando-se na cama de Albus.

— Eu não sei também. Acho que ele não é um cara tão mau, afinal. Ou quem sabe seja. A questão é que por algum milagre eu estou conseguindo interagir com o Malfoy e até que ele está respondendo bem, ao menos, melhor do que o esperado. Duvido que ele veja algum problema se eu disser que não almoçaremos juntos na quinta, é possível até que ele fique aliviado, mas isso poderia significar a perda de todo o meu progresso até agora. E, se tratando daquele cara, não teria mais chance de recuperação.

— Nossa, ele deve ser muito especial se você faz tanta questão de ser amiga dele – comentou Albus, pensativo.

Rose corou furiosamente.

— É-É claro que não! Qu-Quer dizer, ele não tem nada de extraordinário, a não ser quem sabe um talento para menosprezar os outros...

— Isso não parece bom.

— E não é! Entendeu agora?

— Na verdade, é agora que não entendo mesmo. Por que você iria querer ser amiga de um sujeito desses?

— É que é diferente, eu, er... Olha, o Malfoy pode ser meio maldoso, só pensar em si, mas... Ele também é sincero, dizendo logo o que pensa sem criar desculpas. Mesmo sem intenção, às vezes dá conselhos muito úteis... Ele provavelmente tem outras qualidades que tenta ocultar para afastar as pessoas.

Albus assentiu, reflexivo. Então, sorriu para a prima.

— Nesse caso, acho que vou me juntar a vocês.”

E estava decidido. Albus iria ao almoço também. Ela poderia imaginar mil razões para impedi-lo, mas ele estava determinado e seria uma tarefa árdua fazê-lo mudar de ideia.

Rose pensou em fazer aquilo parecer um encontro ao acaso, contudo sabia que suas habilidades de atuação a trairiam. Além disso, Albus jamais mentiria e tentar convencê-lo àquilo ia contra seus princípios, de qualquer maneira.

Tudo que Rose podia fazer era torcer para que desse certo.

— Por que estamos neste lugar de novo? – Scorpius perguntou enfadado ao entrarem num estabelecimento modesto e discreto do Beco. – Pensei ter te dito que achei a comida daqui sem graça.

— Er, eu sei, mas...

— Aqui!

Os dois se viraram e viram Albus agitando seu braço animadamente no ar enquanto sorria.

— Aquele é o Potter? O que ele está fazendo? – questionou o loiro, desconfiado.

— Almoçando, quem sabe? – Rose tentou se fazer de desentendida, andando de maneira sutil na direção do primo.

— É, eu provavelmente teria chegado a essa conclusão sozinho, obrigado. Mas por que parece que ele está acenando para nós?

— Isso é porque... Eu o convidei.

— O quê?!

Rose agarrou a manga de Scorpius e começou a puxá-lo para a mesa. Já estando na metade do caminho, o rapaz precisou pesar suas opções. Ele não poderia simplesmente sair dali, pois se sentiria um covarde. Além disso, causar um alarde também seria indesejado.

Ao se dar por si, havia chegado à beira da mesa. Rose ocupou o lugar de frente para Albus.

— Não vai se sentar, Malfoy? – perguntou Albus, aparentando inconsciente da atmosfera tensa que ali pairava.

Scorpius lançou um olhar assassino a Rose, que se remexeu em sua cadeira um pouco nervosa.

— Certamente.

O loiro se sentou ao lado da ruiva, tão rígido quanto uma estátua. Ela sabia que ele faria o possível para tornar seu dia um pesadelo.

— Eu sei que isso foi meio repentino, mas Rose falou tanto sobre você que achei que devíamos nos conhecer.

— Ela falou, foi?

“O que diabos a Weasley pensa que está fazendo? E por que ela anda falando de mim?”

— Isso. E é por essa razão que acho que devemos ser honestos de uma vez.

Rose assentiu.

— Exato, o Albus-... Hã? Calma, como assim?

— Scorpius Malfoy – chamou Albus, enquanto os outros dois ocupantes da mesa o encaravam, confusos. –, quais são suas reais intenções com a minha prima?

Rose e Scorpius estreitaram seus olhos, debruçando-se na mesa.

— O QUÊ?!

— Desculpe, Rose, talvez eu esteja sendo meio intrometido, mas me sinto no dever de primo de saber mais sobre o cara com quem você está saindo. Especialmente agora que retomamos nossa amizade, apenas imaginei o que Tio Ron diria se soubesse que não estou cuidando de você...

— M-mas eu nunca falei que estávamos saindo! O que te deu essa impressão?

— Ah, vamos, Rose. É óbvio que você só estava meio constrangida para dizer, mas eu logo saquei pela maneira que falou dele. Não há por que se constranger, você não está fazendo nada ilegal ou errado, sabe? E não se preocupem, eu não vou contar a ninguém. Eu apenas precisava checar a situação, assim minha consciência pode descansar tranquila.

Scorpius deu uma risada irônica e o par de primos o olhou imediatamente.

— Me desculpem, mas eu não consigo pensar numa maneira de dizer isso sem ser rude, por isso, que se dane. Eu nunca, nunca sairia com a sua prima. – Então, ele se virou para a ruiva. – Começando pelo fato de ter me trazido aqui hoje.

O loiro se levantou da cadeira e Rose arregalou os olhos.

— C-Como assim? Você já vai? Nós nem…

— Bom, suponho que seja razoável eu deixar o local depois dessa cena patética. Com licença.

E sem dizer mais nada, Scorpius saiu do restaurante. A maior parte dos outros clientes olhava para Albus e Rose, curiosos e críticos.

x-x-x-x

— Foi um completo desastre! – Rose disse a si mesma ao chegar à sua casa e se jogar sobre o sofá da sala. O gato, Bichento III, esfregou-se em suas canelas antes de também se aconchegar no estofado.

“Eu devia saber que era uma ideia estúpida!” a ruiva pegou uma almofada rendada e mergulhou seu rosto nela.

O resto do dia no trabalho passara lenta e dolorosamente para Rose, que mal havia conseguido encarar seu colega nos olhos. Se o Sr. Miller notara algo de anormal no clima da loja, nada dissera.

— Como se houvesse algo que pudesse ser dito para melhorar as coisas... – ela pensou alto, sua voz abafada pelo tecido da almofada.

Então, alguém apareceu na entrada do cômodo. Ron Weasley espiou o local com um olhar de suspeita.

— Está tudo bem aqui? Eu achei que estava falando com alguém...

— Ah, não se preocupe, pai. Era apenas o som de uma garota contemplando as melhores maneiras de não precisar nunca mais mostrar o rosto em público!

— É esse o caso? Bom, ela já tentou uma máscara? É simples, mas infalível. – Ron recomendou, divertido.

Rose deu um meio sorriso, ainda que fosse difícil achar algo engraçado no momento. Ela sabia que o pai queria animá-la sem entrar nos pormenores.

— Dia duro, hein? Isso faz parte, ainda mais quando se tem um emprego – ele continuou, adentrando a sala com calma. – Mas não se preocupe, querida – o homem expulsou do assento Bichento III, que protestou. – Fica pior com o tempo.

— Suponho que isso deveria ser um consolo – Rose afundou o rosto numa das mãos, apoiando o cotovelo no joelho.

Ron mirou a filha, agora preocupado.

— Quer falar sobre isso?

Ela o olhou de volta, tentando agora dar um sorriso menos forçado.

— Não se preocupe, não é nada sério.

— Mesmo? Posso nem sempre dar os melhores conselhos, mas pelo menos como ouvinte...

— Sim, está tudo bem. Acho que é algo que devo resolver sozinha.

O fato de o problema envolver um integrante da família Malfoy também a desestimulava a prosseguir. Ron suspirou, afagando o topo da cabeça da filha.

— O que você andou aprontando, mocinha? – ele perguntou sem esperar por uma resposta e se levantou. – Sua mãe vai chegar tarde hoje. Acho que vou fazendo o jantar, então.

Rose prontamente se pôs de pé.

— Espere, pai! Hoje, sou eu que...

Ron negou com um aceno, desconsiderando.

— Ei, não esquente com isso. Vá ler um pouco, ouvir música... Não sei, faça algo que possa te distrair. Às vezes, você é igual a sua mãe, preocupa-se demais. Dê um tempo a esses neurônios, ok?

Ela inspirou fundo e exalou o ar com força.

— É, você deve ter razão.

O homem piscou um olho, sorrindo.

— De vez em quando, acontece – e com isso ele rumou para a cozinha.

“Pena que pareça ser humanamente impossível para mim.” Ela pensou consigo mesma, cada vez mais pessimista.

x-x-x-x

Ele sabia. Ele simplesmente sabia. Dar abertura para as pessoas só poderia resultar em problemas. Por que ele ignorara os seus princípios mais básicos em primeiro lugar?

“Eu devia estar fora de mim...” supôs, enquanto abotoava os últimos botões da camisa, encarando o espelho de frente.

Após ajeitar rapidamente a gola, virou-se para encarar o restante de seu quarto iluminado pela luz da manhã. Tudo estava perfeito e em seu lugar como sempre.

Entretanto, aquele não era um dia como outro qualquer.

Houve uma batida na porta. Nem um segundo depois, Astoria entrou no quarto sustentando um grande sorriso.

— Já está de pé e arrumado? Achei que teria que acordá-lo, afinal, hoje você podia dormir um pouco mais...

— Mãe, não entre assim de repente, eu poderia estar me trocando!

— Eu bati primeiro – ela se aproximava em curtos passos.

— Mesmo assim, nunca se sabe – ele fingiu observar as cortinas, sabendo que estava apenas sendo implicante. Astoria também sabia disso.

— E pelo jeito acordou com o pé esquerdo. Está com esse humor desde ontem... Tem certeza de que nada aconteceu?

Scorpius encarou os sapatos, enfiando as mãos nos bolsos.

— Claro que tenho certeza.

— Certo – ela agora estava próxima o suficiente para lhe dar um beijo no rosto. Após fazer isso, sorriu ternamente para ele. – Feliz aniversário, Scorpius.

— É apenas a 17ª vez, já se tornou bem monótono. Não faço nem questão de comemoração, pra ser sincero.

— Ora, não diga isso! Eu havia planejado um bolo com camadas e... Ah, já me esqueci. Você está grandinho demais para doces também. – Ela falou num tom tedioso, rolando os olhos.

— Não tem nada a ver com idade, eu apenas não ligo mais para essas coisas.

Astoria riu de leve, dando uma boa olhada no rosto do filho. Deus, como ele estava crescido. A semelhança com o pai também era impressionante.

— Eu sei, eu sei, estava só te provocando.

Scorpius se permitiu sorrir um pouco, mas pôde encará-la somente por alguns instantes, ligeiramente intimidado pelo olhar que ela lhe devolvia. Por que sua mãe o mirava daquela forma? Era desconcertante.

Astoria não demorou a perceber a situação e logo desviou sua atenção para os arredores, ainda observando o loiro com sua visão periférica.

— Aonde vai tão cedo? Não ia tirar o dia de folga? – ela perguntou.

— Vou tirar apenas a manhã, pretendo aparecer lá para o período da tarde. Caso contrário, aquele lugar vai acabar desmoronando. De qualquer forma, quero ir ao Ministério fazer o Teste de Aparatação agora. Teria feito isso na escola, só que não tinha idade suficiente na época que estavam aplicando. Como fui bem nas aulas, acho que vou passar na primeira tentativa.

— Bom, estarei cruzando os dedos.

— Valeu.

— A propósito, você estava falando sério quando dispensou o bolo? – ela perguntou num tom divertido.

x-x-x-x

Sucesso.

O relógio mal batia dez e meia, e Scorpius já havia feito seu teste. Ele ficava muito feliz em anunciar que agora oficialmente tinha permissão e idade para desaparatar. Com isso, pretendia fazer sua primeira aparatação no Beco Diagonal em alguns minutos. Ele estava bastante adiantado, mas poderia dar uma volta para matar o tempo.

Aquela sensação que se apossava dele, Scorpius se sentia tão independente e maduro que podia até imaginar que estava ali no Ministério para trabalhar. O lugar lhe passava a impressão de seriedade e compromisso, coisas que ele bem prezava. Talvez se fechasse os olhos por alguns segundos que fossem, poderia fingir que era outro adulto como aqueles que o cercavam.

“Eu tenho dezessete anos. Então, tecnicamente sou maior de idade.” Considerou, enquanto o elevador descia.

Sétimo Nível. Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.

Alguns bruxos saíram do elevador e Scorpius obteve mais espaço para se movimentar. Quando as grades estavam prestes a fechar, alguém conseguiu entrar.

— Nossa, quase que fico pra fora! – o rapaz comentou em bom humor.

Scorpius mal lhe lançou um olhar, meramente admitindo sua presença. Porém, foi então que o reconheceu.

“Merda.”

— O que você faz aqui? – ele perguntou antes que pudesse se refrear. Os demais ocupantes do elevador se moveram, curiosos.

Albus se virou para o loiro e arregalou os olhos em surpresa, sorrindo em seguida.

— Ah, você também veio ao Ministério hoje, Malfoy?

— O que você faz aqui?— ele repetiu, inquieto.

— O meu irmão James estagia aqui. Ele esqueceu uns documentos importantes e eu trouxe antes que a coisa ficasse feia pro lado dele, se é que me entende.

Oitavo Nível. Átrio.

Scorpius fez uma expressão de desdém e saiu assim que a passagem se abriu. É claro que o seu dia estava bom demais para alguém não estragá-lo.

— Ei, Malfoy! – Scorpius ouviu os passos apressados de Albus atrás de si. – E você? Veio aqui por quê? Também conhece alguém?

— Não é da sua conta.

De repente, o loiro sentiu uma pressão no ombro, puxando-o para trás e o forçando a parar. Albus estava resolvido a fazê-lo escutar.

— Sobre ontem, foi mal, cara. Eu entendi tudo errado. Espero que não esteja zangado com isso.

— Que seja. Agora, com licença, que eu tenho coisas importantes para fazer.

— Escuta, Malfoy – Albus insistia, parecendo intranquilo. – A Rose é uma garota incrível e eu realmente sinto muito por ter estragado as coisas pra ela. Se você quer ficar com raiva de alguém, fique de mim. Ela não merece levar a pior por causa das minhas mancadas.

— Potter, eu não dou a mínima. Ontem foi apenas um lembrete para mim: pessoas são puramente problemas. Ande, saia logo da minha frente.

O tom de Scorpius era tão frio que nem mesmo Albus pôde pensar em algo para retorquir.

Quando o loiro já estava a bons metros de distância, Albus reconsiderou.

— Ei, você sabia que os Wasps e os Bats têm um jogo em vinte minutos?

x-x-x-x

Ele não era estúpido. A única razão pela qual ele estava ali era porque era seu aniversário e ele merecia aproveitar. É, exato. Isso e, é claro, sua inegável paixão por aquele esporte quase milenar. Ceeerto. Talvez Quadribol fosse seu ponto fraco. Mas obviamente o brilho que seus olhos adquiriram quando Albus fez aquela pergunta não tinha relação alguma com aquilo. Havia sido provavelmente a iluminação do Ministério que dera tal impressão. Isso mesmo, a iluminação, devia ter sido isso...

— Mas que diabos vocês estão fazendo?! Acertem esses aros, seus imbecis!

Albus piscou lentamente, um pouco impressionado com o entusiasmo de Scorpius. O garoto parecia uma pessoa diferente por completo quando num estádio.

— Você gosta mesmo de Quadribol, não é?

— Você é idiota?! O que há para não gostar no Quadribol? – após alguns segundos, Scorpius se recompôs e pigarreou. – Er, quero dizer, é um esporte interessante.

Albus se segurou para não rir.

— É claro.

— Hã, não que eu ligue, mas... Como você conseguiu assentos tão... convenientes? – basicamente, os melhores ali. A visão para o campo era perfeita, no mesmo nível que ocorriam as jogadas.

— Bom, era um jogo durante a manhã com pouca expectativa de audiência, afinal, não tem muito peso no campeonato. Não foi difícil para James arranjar essas entradas. Ele me deu como agradecimento por ter salvado a pele dele hoje, sabe... Ele perguntou se eu tinha algo pra fazer assim que saísse de lá, e eu disse que não, então-...

— Tá, já entendi, não precisa entrar em detalhes. Eu não estava curioso de verdade – a atenção de Scorpius voltou para o jogo, seu olhar seguindo a Goles.

Albus também observou a partida por alguns minutos, mas não conseguiu manter o foco devido à sua mente cheia de pensamentos e dúvidas. Ele se virou para o loiro mais uma vez.

— Você joga, Malfoy?

Scorpius deu de ombros.

— É, um pouco. Ah, que se dane a modéstia, eu sou muito bom. Cara, você viu esse lance?! Absurdo!

— Por que não joga pela Sonserina?

Scorpius lançou um mero olhar para o outro, tentando conter uma risada de escárnio.

— Tá legal, eu jogando no time da escola... Até que você tem senso de humor, Potter.

— E por que não? Se você é bom como diz-...

E FOI DENTRO!!!— Scorpius ficou de pé e socou o ar, empolgado. – Tomem essa, vespas malditas!

Albus olhou o placar desanimado. Ele estava secretamente torcendo pelo Wimbourne Wasps.

Scorpius se sentou, mais controlado.

— Não tem a menor chance de eu entrar para o time da Sonserina – ele prosseguiu. – Eu não aguento trabalhar com um bando de incompetentes.

— Ah, o time deles não é nada mau, e olha que eu sou rival. Está certo que desde que a artilheira principal deles saiu, as coisas não têm sido fáceis, mas...

— Qual é o seu ponto com essa conversa, Potter? – Albus foi interrompido pelo tom incisivo do herdeiro dos Malfoy.

— Nenhum mesmo – respondeu, erguendo os ombros.

— Melhor assim.

Albus suspirou, um tanto frustrado. Nossa, era aquilo que Rose precisava aguentar todos os dias? O cara não era nada fácil de se lidar. Era raro conhecer alguém que não cedesse ao seu carisma e bom humor. Scorpius não parecia nem ligeiramente inclinado a ser amigável.

— Droga, olha só essa hora, quase meio dia – Scorpius falava mais consigo do que com o Albus ao seu lado. – Melhor ir para a loja antes que aquela garota provoque o apocalipse. O jogo já parece bem decidido de qualquer forma. Mesmo que os Wasps peguem o pomo, vão perder.

— Você vai embora?

— É o que parece, não é? Não pense que eu estou agradecendo, mas, bom, er, o jogo valeu alguma coisa.

— Claro, disponha.

— Eu não estava agradecendo – o loiro reiterou.

Dito aquilo, Scorpius deixou a cabine VIP e desaparatou.

Albus afundou no assento, olhando para frente sem realmente prestar atenção no jogo.

“Será possível eu virar amigo desse cara?” ele se questionou, propenso a aceitar aquele desafio.

x-x-x-x

“Nunca vou me cansar disso.” Scorpius pensou ao aparatar em frente à Floreios & Borrões. Era muito bom atingir a maioridade.

— Bem-vindo, Malfoy – o Sr. Miller o saudou quando ele entrou. – Se divertiu esta manhã?

— Boa tarde. Não fiz nada de mais – Scorpius disse, tentando soar indiferente.

Antes que pudesse entrar na sala dos funcionários, alguém irrompeu de dentro daquele cômodo, trombando com o garoto.

Para não cair, Rose se segurou em sua camisa.

— Ah, me desculpe, eu-... Malfoy!?

— Se importa em... me soltar?

Ela fez aquilo imediatamente e depois deu um suspiro.

— Estava demorando até demais para eu esbarrar em você hoje... Bom, eu sei que me odeia, mas mesmo assim, eu pensei em... Ah, feliz aniversário, ok? – a ruiva retirou do bolso um pequeno embrulho redondo.

Scorpius ergueu uma sobrancelha.

— E o que é isso?

— É só um bombom. Quer dizer, eu teria arranjado algo melhor se não tivesse descoberto tão em cima da hora.

— Como foi que descobriu?

Rose riu sem graça.

— Essa é uma história engraçada... Eu estava só pegando uns papéis no arquivo para o Sr. Miller, quando dois diabretes surgiram e começaram a me atrapalhar – não faço a menor ideia de como eles vieram parar aqui na loja—, então eu tentei impedi-los de causar maiores danos, mas eles eram difíceis, sabe? Eventualmente, eu consegui contê-los, mas já era tarde demais para os papéis que estavam todos espalhados pelo chão. Enquanto reorganizava, vi a sua ficha e sua data de nascimento nela e-... Por favor, não fique zangado!

Scorpius só ouvira metade da explicação, porém desta vez não por tédio ou impaciência. Ele estava bastante pensativo.

Havia algo de errado com aquela ruiva? Caso não, por qual outra razão ele acabara de receber um chocolate dela?

“Por que ela se esforça tanto para ser legal comigo? Eu nem de longe a trato na mesma moeda e, mesmo assim, ela persiste... Por que ela quer tanto me alcançar?”

Quando pareceu que Rose começaria a tagarelar outra vez, Scorpius tomou o pequeno embrulho para si. Ela até se sobressaltou.

— Dá pra relaxar? Eu gosto de chocolate.

A expressão de Rose suavizou, mas ainda estava muito surpresa para emitir algum som inteligível. Suas bochechas ficaram coradas.

Notando o rubor da ruiva, Scorpius constatou que seu próprio rosto também esquentava. “Agora não!” Ele se condenou por não ter controle sobre sua reação.

Não havia como negar. Algo no comportamento de Rose o tocara e ele não conseguia simplesmente ignorar.

— Você já almoçou? – ele perguntou de forma brusca.

— O-O quê?

— Você já almoçou hoje ou não? – Scorpius não parecia com tempo para brincadeiras.

— Não, eu estava para sair e-...

— Ótimo – Scorpius se virou e começou a andar rumo à saída da loja. Quando Rose não o seguiu, ele se voltou impaciente. – Você vem ou não?

— Mas você acabou de chegar!

— E já estou para sair, algum problema nisso?

— Vocês dois podem ir, Rose. Eu cuido das coisas por aqui. – O Sr. Miller disse, fazendo com que o par se recordasse de sua presença.

— Você ouviu, Weasley. Vai ficar aí petrificada ou pretende sair?

Mesmo após o fiasco do dia anterior, Scorpius estava a convidando (em sua própria maneira bastante “delicada”) para almoçar. Ela estava quase certa de que ele não a perdoaria e nem lhe dirigiria mais a palavra.

Por essa razão, Rose ficou tão feliz que sentiu seus olhos umedecerem. Mas se conteve, pois seria uma cena muito ridícula e embaraçosa.

— Estou indo!

Ela não sabia o que havia acontecido; apenas que estava grata.

“- Acho que ele não é um cara tão mau, afinal.” Lembrava-se de ter dito há alguns dias.

Ao saírem rua afora, tentou esconder um sorriso. “Realmente, ele não é.”

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Notas finais do capítulo

Estou ficando animada com a evolução desses dois! Acho que vocês notarão uma grande diferença nos capítulos que ainda vêm... Albus está também bastante presente a partir daí (diria que o capítulo 9 é focado nele), então fiquem de olho :D No 8, teremos o retorno à escola e muita coisa deve mudar. Afinal, até agora eram férias, mas o que aconteceu nesse período terá reflexo no futuro ~ Opiniões? Críticas? Sugestões? Fiquem à vontade para falar comigo! E, novamente, desculpem pela demora.Beijooos!