The Bright Side escrita por Anna C


Capítulo 20
Lar Doce Lar


Notas iniciais do capítulo

Acho que me superei com a demora dessa vez... Pois é, desta vez, na maior honestidade, foi por causa de um bloqueio criativo terrível. Eis que neste feriado a inspiração resolveu dar as caras novamente e, enfim, as coisas voltaram a andar! Eu já tenho a maioria da história traçada na cabeça, mas ainda não tinha posto no "papel" e não imaginei que me custaria tanto tempo. Desculpem-me pela enorme espera, mas eu realmente não tinha nada além de umas 800 palavras escritas deste capítulo até semana passada :/ É uma pena que esse cria mais dúvidas do que traz respostas, eu adoraria poder presentear vocês com uma leitura mais esclarecedora, mas apesar de ter pouca ação de fato, é um capítulo bem necessário. Ah, e olha que lindo #TBS2Anos
O capítulo é dedicado a aline29, que fez uma recomendação muito fofa da fic faz um tempinho, mas só agora tive a oportunidade de agradecer. Obrigada, linda! *-*
Bom chá com biscoitos!



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Ao chegar à sua casa, a primeira coisa que Rose fez foi ir para a cozinha, procurar o livro de receitas da família Granger. Sua mãe raramente o folheava, pois não gostava muito de cozinhar. Rose também não tinha o hábito, mas era uma ocasião especial.

Em determinado momento, Hugo foi espiar o que sua irmã fazia, encontrando-a com farinha até os cabelos. Após fazer uma piada de praxe, perguntou:

— Quer uma mãozinha, mana?

Um pouco zangada por ele ter rido, mas reconhecendo que uma ajuda seria muito bem-vinda, ela expirou o ar em derrota.

— Por favor.

Por sorte, Hugo se provou bastante habilidoso, coisa que Rose sequer imaginava. Ao fim de tudo, o cheiro maravilhoso de massa sendo assada invadiu todo o andar inferior da casa.

— Acho que ficarão bons — comentou Rose.

— Graças a quem? — Hugo indagou inocentemente, ainda que sua postura fosse de convencido.

— Graças à nossa bisavó Beatha Granger que era uma incrível doceira e também muito gentil por ter escrito as receitas num livro para as futuras gerações... Mas você também ajudou.

— Desde quando você é sarcástica? Aquele Malfoy é uma péssima influência, eu sabia...

— Quem é uma péssima influência? — A mãe dos dois apareceu na porta da cozinha, analisando a sujeira feita. — Espero que arrumem essa bagunça antes de dormirem.

— Ah sim, pode deixar que a Rose cuidará disso — disse Hugo.

Rose ficou indignada por um breve momento, depois sorriu, como se já esperasse por aquilo.

— Só porque você me salvou de fazer biscoitos chamuscados.

— E então? — Hermione voltou a questionar.

Os dois se voltaram para ela.

— Sim, mãe?

— Aquilo que estavam falando, quem é essa tal má influência? — O tom dela estava leve e descontraído, não fazendo ideia do peso da pergunta que fazia à filha.

Rose sentiu a boca secar, um tanto surpresa com a rapidez com que fora questionada sobre aquilo. Tinha sim a intenção de contar à família sobre a amizade com Scorpius, mas não pensou que isso ocorreria logo nas primeiras horas de seu feriado prolongado.

Bom, manteria sua palavra; contaria a verdade.

— Hugo só está brincando, mãe. Ele não é má influência. Acontece que nesses últimos meses acabei me tornando amiga de Scorpius Malfoy e ele é, na verdade, uma ótima pessoa.

Hermione franziu o cenho.

— Malfoy...? Ah claro, Scorpius. — Ergueu as sobrancelhas. — Nossa, que inesperado... E isso foi de repente?

— Mais ou menos, quer dizer, trabalhamos juntos na Floreios e Borrões por um tempo.

— Acho que nunca tinha mencionado isso...

— Pois é, creio que não. Nem sei bem por quê... Malfoy estava meio preocupado com sua reação — Rose admitiu, apesar de agora perceber que, talvez, no fundo, também tivesse reservas quanto à reação deles.

Após ligeiros instantes de silêncio, Hermione deu um sorriso suave, assentindo.

— Convide-o para jantar conosco um dia desses e diga a ele que não precisa se preocupar, os Weasley podem ser mais tranquilos do que ele imagina. Hugo prometeu cozinhar na terça-feira, então, se quiser trazer seu amigo nesse dia, seria perfeito.

— Ei, eu não me lembro de... — Hugo estava pronto para protestar, porém, bastou o olhar certo de Hermione para que ele se calasse. Ainda assim, não poupou Rose de uma carranca contrariada.

No entanto, Rose não poderia ligar menos para o mau humor do irmão. Estava tão feliz com o convite para jantar de sua mãe, que seria difícil tirar aquele sorriso bobo do rosto. Ela foi até Hermione e deu-lhe um abraço apertado, deixando a morena a princípio surpresa.

— Obrigada, obrigada, obrigada! — Rose se afastou. — Ele é muito gentil, vocês vão gostar dele.

Ao fundo, Hugo sacudia a cabeça em negativa, dando um suspiro.

— Por que tenho a impressão de que essa não foi uma boa ideia?

x-x-x-x

Coline ajeitou o cachecol no pescoço e olhou mais uma vez para o endereço no papel que segurava. Ainda bem que tinha pedido o tal endereço antes, pois, como previa, seu pai não apareceu na plataforma 9 ¾ para pegá-la. Sua mãe bem que lhe avisou que o pai era um tanto atrapalhado com compromissos. Agora, encarava a porta de número 13, uma guirlanda natalina barata pendurada nela.

A verdade é que até que estava um pouco aliviada por ele não ter estado lá, esperando pelo Expresso de Hogwarts quando este chegou. Fazia tempo demais que não se viam e mais algum tempo não a incomodaria. Ela viu Louis à distância, sendo recepcionado por seus pais e a irmã, Dominique. Ela poderia jurar que Dominique a reconheceu, mas não ficou para ver, metendo-se na confusão de alunos e, por ali, sumindo. Passaram-se vários minutos, minutos que tornaram-se uma hora, duas... Logo, ficou claro que Richard Ernest, seu pai, não apareceria. Ela tinha libras suficientes para usar o transporte trouxa e, ainda que tenha levado um bom tempo para se localizar e parado para pedir informação, eventualmente, chegou ao seu destino.

Tudo que faltava agora era tocar a campainha. E por que essa parte parecia ser a mais difícil de todas? Honestamente, já tinha adiado demais. Estendeu a mão e pressionou o botão com seu dedo trêmulo. Não havia mais volta, acabara de anunciar sua chegada.

Quando a porta foi aberta, esperava ver o rosto do pai. Porém, foi surpreendida pela face de um menino, que, apesar de possuir algo de familiar, ela não conseguia reconhecer.

Olhou mais uma vez para o endereço para ter certeza de que não tinha se confundido.

— Desculpe, será que um tal de Richard mora aqui? — ela questionou. — A casa deveria ser essa, mas pode ser que tenha tido um engano.

— Ele mora aqui, sim. Qual o seu nome?

— Ah, é Coline.

— O meu é Tony. — Ele virou o rosto para o lado de dentro da casa e gritou: — Pai! Tem uma menina chamada Coline aqui querendo ver o senhor!

“Pai?” Coline congelou por um segundo. Então, aquele garoto à sua frente era seu irmão? Como é que ninguém havia lhe dito nada sobre aquilo?

Dentro de menos de um minuto, um homem de estatura média e com falhas de cabelo na cabeça apareceu. Ele era basicamente o mesmo homem das fotos que Coline possuía, mas já apresentava os sinais da idade. Ele tinha a fisionomia cansada, de quem não dormia bem havia dias. Ao ver a filha, ergueu as sobrancelhas, formando rugas na testa.

— Será mesmo possível? Esta não pode ser a Coline, ela era uma menina de nove anos quando a vi pela última vez.

— Na verdade, dez — ela corrigiu, sem jeito.

Richard deu dois tapinhas em seu ombro e a convidou para dentro, pegando sua mala.

— Tony, essa é sua meia-irmã, Coline. Ela vai passar o feriado conosco. Ora essa, achei que ainda fosse dia 20, senão teria ido buscá-la na estação. Teve muito problema em nos encontrar?

Coline estava tão perplexa com a situação que sequer achava palavras para se expressar, apenas foi seguindo o fluxo dos acontecimentos.

— Er, não tive grandes problemas. Eu peguei mais um trem e pedi ajuda, os trouxas foram bem gentis me dando as direções.

— Bom, muito bom. E onde estão meus modos? Vou aprontar um chá para nós. Tony, ajude-a a levar as coisas para o quarto de hóspedes no andar de cima. Tantas coisas a fazer e tão pouco tempo... Por Merlin... — E o homem sumiu casa adentro.

Tony sorriu para a garota e, agarrando a alça da mala, fez um sinal com a cabeça para que ela o seguisse. A casa não era muito grande aparentemente e, no andar superior, havia cinco portas fechadas. O menino abriu a primeira logo ao lado das escadas, pousando a bagagem numa cômoda antiga que tinha ali.

Coline ficou um pouco desconcertada, pois ele ainda tinha aquele sorriso no rosto.

— Quer dizer que você é minha irmã? Eu sempre quis ter uma!

Ela rapidamente chegou à conclusão de que ele devia ser um menino meio solitário.

— O Richard nunca falou sobre mim, eu imagino. Eu estou tão surpresa quanto você. Aliás... Quantos anos você tem?

— Fiz onze semana passada.

— Jura? Eu fiz dezesseis em setembro... E onde está a sua mãe?

Tony se sentou na cama de solteiro, cutucando o abajur sobre o criado-mudo.

— Somos só eu e o papai. Ela morreu quando eu era pequeno, não me lembro muito dela.

Coline assentiu em compreensão, começando a fazer as contas na cabeça. Se Tony era aproximadamente cinco anos mais novo que ela, devia ter nascido mais ou menos na época do divórcio de seus pais, que ocultaram a existência do menino até o momento. Seria por isso que tinham se separado? Por causa de algum caso extraconjugal de seu pai que resultara numa gravidez? Nunca soube bem o que tinha acontecido entre ele e a mãe. Sempre que perguntava, a Sra. Chevalier desviava de assunto ou dizia que aquilo não tinha mais importância.

Apesar de entender, não conseguia evitar o sentimento de injustiça que crescia dentro de si. Poderiam ao menos ter mencionado Tony alguma vez, não? Richard sequer fizera uma mísera menção nas poucas cartas que trocaram naqueles últimos anos.

E ainda que estivesse um pouco zangada, ficava contente. Era engraçado como poucos dias antes comentava com os irmãos Knight como era curiosa a relação deles e que nunca teve a chance de saber como era aquilo, então, de repente, ela também tinha um irmãozinho para chamar de seu.

— Você é bruxa também, não é? Quer dizer que estuda em Hogwarts? Apesar de que tem um sotaque engraçado... Você veio de onde?

Pelo jeito, Tony era bastante curioso.

— Eu moro na França, mas me transferi esse ano de Beauxbatons para Hogwarts. Pelos meus cálculos, você deve entrar ano que vem, correto?

Ele balançou a cabeça em concordância.

— Recebi minha carta no dia do meu aniversário, agora estou imaginando em que casa vou cair. Papai era da Corvinal, mas eu queria entrar na Lufa-Lufa, pois era a casa da minha mãe, foi o que ele me contou. Em qual você está?

“Nossa, esse menino fala tanto e tão rápido!” ela tinha vontade de rir.

— Na verdade, na Lufa-Lufa.

Tony arregalou os olhos, descrente.

— Então, eu com certeza preciso ser da Lufa-Lufa! Assim, você vai poder me ajudar quando eu for novato.

Coline sorriu em resposta, mas seus pensamentos foram impulsionados para longe, aquela conversa a fizera lembrar sobre outro assunto.

O motivo de ter ido para Hogwarts fora Louis, porém, como não estavam mais se falando, a francesa se perguntava se ainda haveria alguma razão para permanecer naquela escola, no caso de ela e Louis não se reconciliarem. Estivera passando bastante tempo com Noah e Holly Knight, mas não tinha dúvidas de que os dois voltariam a suas antigas rotinas facilmente se ela simplesmente não retornasse para o sexto ano — no caso de Noah, ele se formaria ainda aquele ano, para ele faria ainda menos diferença.

E mesmo que estivesse magoada com Louis, normalmente, seu instinto protetor a obrigaria a ficar para cuidar do garoto parte veela ainda que este não estivesse merecendo. No entanto, aquilo que Louis dissera no Três Vassouras sobre seus poderes não serem mais os mesmos de outrora parecia ser verdade. Ela via o assédio ao garoto diminuir mais a cada semana. Em breve, ele não precisaria mais de sua proteção.

Basicamente, ela não possuía mais propósito em Hogwarts e estivera pensando em voltar para Beauxbatons tinha algumas semanas.

Todavia, como que numa brincadeira de mau gosto do destino, ela agora se deparara com Tony Ernest, seu meio-irmão. Era verdade que nunca tinham se visto na vida e que o tempo que tinham passado juntos praticamente não contava para nada, mas ainda tinha o feriado todo pela frente. E se acabasse apegada ao menino? O que faria? Poderia deixá-lo na mão? Se voltasse para a França, quando é que poderiam se ver de novo? Haveria tal oportunidade?

Aquelas dúvidas eram demais para sua mente. Para evitar todo aquele drama, havia somente uma solução.

“Não posso me apegar, de jeito nenhum.”

x-x-x-x

Ser um Potter muitas vezes se mostrava útil, como naquele momento. Qualquer outro garoto de dezessete anos que pedisse informações pessoais sobre alguém no Ministério da Magia seria imediatamente ignorado. Porém, bastava a menção do nome certo e a informação era garantida.

Albus era um desses sortudos de sobrenome importante. Não que se sentisse confortável em fazer disso um recurso, mas, precisava admitir, até que vinha a calhar. E, de qualquer forma, esteve mais ocupado em pensar numa desculpa para estar ali do que em se repreender. Afinal, devolver um pedaço de uma foto velha parecia um motivo um tanto bobo, ainda que devesse ser importante para Lauren estar carregando consigo.

Ele tinha ido na manhã do dia seguinte à chegada ao lar pegar a informação e saído naquela mesma tarde para procurar a residência da grifinória.

Pelo visto, ela morava num prédio num bairro tipicamente trouxa de Londres. Havia um painel cheio de botões ao lado do portão de metal, corroído pela ferrugem nas extremidades, etiquetas escritas a mão indicando a quem cada apartamento pertencia. Nenhum deles tinha o sobrenome “Finnigan”. Felizmente, ele tinha também o número do apartamento em mãos, porém, o nome no painel ao lado do número correspondente era “Thomas”. Aquilo não fazia muito sentido. Para que colocar outro nome, até mesmo um nome falso, ainda que morassem numa vizinhança cheia de trouxas? Bom, fosse qual fosse o motivo, aquele devia ser mesmo o lugar, o Ministério sempre mantinha as informações dos bruxos atualizadas.

Ele apertou o botão do painel e, pouco depois, uma voz rouca e masculina saiu daquele painel, sobressaltando-o.

— Alô? Quem é? Dean, é você? Esqueceu as chaves ou coisa assim? Podia usar um feitiço para isso, sabia? Er, caso não seja o Dean, esqueça essa última parte. Não estamos interessados em corretores e carteiros.

Albus recordou vagamente de ter ouvido as palavras “corretor” e “carteiro” nas aulas de Estudo dos Trouxas, mas não se lembrava dos significados. Bom, ele certamente não tinha nada a ver com aquilo.

— Oi, hã, aqui é Albus Potter. Eu sou um colega de escola da Lauren, ela esqueceu uma coisa no trem ontem e... — nunca finalizou sua frase, pois a porta se abriu com um estalido metálico.

Albus entrou no prédio, seus pensamentos a mil enquanto subia as escadas até o quarto andar. Pensando bem, por que estava lá? Estava assim tão curioso sobre Lauren para usar um dia inteiro de seu feriado para investigar sobre sua vida? Parte de si dizia que não teria nada para fazer e aquela era apenas mais uma forma de preencher seu tempo. Mas sabia que estaria somente se enganando se acreditasse nisso. Era mais provável que fosse por causa de sua mente em conflito, que não conseguia entender as ações da garota e que desejava decifra-las. E haveria momento melhor que aquele? Ela teria que lhe dar respostas. Ele estava ali, na sua porta, confrontando-a. Ela não o colocaria para fora com os pais como testemunhas... Ou sim? A verdade é que nada sabia sobre os pais de Lauren, por isso, tirar conclusões agora poderia se mostrar uma má ideia mais tarde.

Quando chegou ao quarto andar, viu que o apartamento 45 estava com a porta entreaberta. Ficou um tanto impressionado com a facilidade com que os Finnigan pareciam confiar em estranhos. Aproximou-se com cautela, empurrando a porta lentamente.

— Com licença, eu...

— Pode entrar. — Um homem de costas para ele preparava algo na cozinha integrada à sala. — Fique à vontade. A Lauren saiu, mas logo deve estar de volta.

Albus fechou a porta e se acomodou no sofá de dois lugares. O apartamento era pequeno, parecia ter pelo menos mais três cômodos, mas não deviam ser muito amplos se fossem como aquela parte da residência. Imaginava que era possível viver confortavelmente ali, porém, por algum motivo, não lhe dava a sensação de lar familiar.

— Aqui está. — Mal percebeu que o homem retornava à sala, recebendo uma bebida deste. Seria indelicado recusar após o trabalho do anfitrião em ter preparado, por isso, aceitou sem dizer nada além de um agradecimento.

Enfim, viu o rosto do homem, que se sentou na poltrona de couro à direita do sofá. Ele tinha o mesmo tom louro de cabelo de Lauren, ainda que mais ralo e com alguns fios grisalhos. Já os olhos, os dele eram azuis, enquanto que os de Lauren, por trás das lentes dos óculos, eram castanhos escuros. Suas feições lembravam vagamente as dela, o suficiente para se notar algum parentesco. Ele tinha a barba por fazer e, por mais descortês que fosse seu pensamento, Albus poderia apostar que ele usava aquela blusa havia pelo menos três dias, tanto estava encardida.

— Mas você não é a cara do Harry? Quando disse seu nome lá embaixo, eu sabia que só podia ser um dos filhos dele, mas não estava esperando que fosse tão parecido. Eu estudei com ele, o seu pai, sabia disso? — o homem disse, dando um trago em sua bebida.

— Mesmo? — Albus não sabia daquilo, ou ao menos não se lembrava de ter ouvido algo a respeito.

— Ah sim, nós dividíamos o dormitório em Hogwarts, eu, ele, Ron, Dean e Neville.

— Neville Longbottom? Ele é nosso professor de Herbologia.

— Claro, claro, eu ouvi falar disso. Ele também tem um garoto que estuda no mesmo ano que vocês, não é? Quer dizer, suponho que esteja no mesmo ano que a Lauren...

— Deve estar falando do Luke... Não, ele é um ano mais novo que nós. — Albus retificou, estranhando. Luke era o namorado de Lauren, como é que ele não sabia nem mesmo o básico sobre o sextanista?

“Ela é fechada daquele jeito até na própria casa?!”

O homem deu outro gole.

— Isso mesmo, eu que estou me confundindo, er... Albus, é isso? Em homenagem a Albus Dumbledore, eu presumo.

— Exatamente... Sr. Finnigan, certo? — Albus tinha quase certeza de que se tratava do pai de Lauren, mas até o momento o homem não tinha se apresentado.

Como se tivesse se dado conta daquele detalhe, ele deu uma curta risada e ergueu levemente o copo.

— Seamus Finnigan, a seu dispor.

Albus assentiu, levando pela primeira vez seu copo à boca. Ele quase engasgou quando o líquido desceu cortando por sua garganta. Seamus riu outra vez, fazendo menção de acudi-lo.

— Desculpe, garoto. Eu às vezes esqueço que nem todos estão habituados ao firewhisky. Espere, esqueci de perguntar se você tem idade para beber... Não conte ao seu pai que lhe dei isso, ok? Ele pode aparecer para me dar um sermão de auror ou coisa do tipo.

Albus tossiu algumas vezes, recompondo-se.

— Não se preocupe, senhor, eu já sou maior de idade. Mas é verdade, não estou muito acostumado a beber.

Ele deu os ombros, recostando-se na poltrona.

— Bom, nunca é cedo demais para começar. Um dia, você verá como é quase impossível um homem sobreviver sem um bom copo à mão. O melhor é se acostumar o quanto antes. Ah, se eu soubesse disso quando era mais jovem... — Era possível notar o aperto firme que o homem fazia em seu copo, como se o recipiente de vidro lhe fosse precioso.

Albus não entendeu muito bem o que Seamus queria dizer com aquilo, mas decidiu não se aventurar em arranjar interpretações.

— Você disse que conhece minha filha de Hogwarts. Por acaso, vocês não seriam, você sabe, er...

Assim que compreendeu o que ele queria dizer, Albus sentiu o rosto ficar mais quente.

— O quê? Não! — respondeu um pouco mais rápido do que gostaria. — Digo, eu tenho uma namorada, mas não é ela. — Era provavelmente melhor não mencionar o relacionamento de Luke e Lauren, aparentemente a garota queria mantê-lo em segredo e aquilo não lhe dizia respeito.

— Ah, certo, desculpe. É que a Lauren não fala muito sobre o que acontece com ela na escola e nunca traz amigos para casa. Imaginei que para alguém aparecer por aqui, ela e essa pessoa deviam ser bem próximas.

Sem saber o que dizer, Albus preferiu ficar em silêncio. Seamus continuou a falar.

— Lauren é uma boa menina, mas é muito reservada também. Às vezes, eu queria saber o que se passa naquela cabeça dela... Sei que ela quer se tornar uma curandeira quando se formar, talvez trabalhar no St. Mungus... Ela tem jeito para essas coisas desde pequena. Lembro-me da vez que cuidou da avó quando a mesma pegou varíola-de-dragão. Lauren não tinha mais que nove anos, mas não saiu do lado da minha mãe até que ela ficasse boa. Ah, essa garota... Nesse último verão, andou procurando uns livros avançados de medicina bruxa no Beco Diagonal e passou a maior parte das férias enfurnada no quarto, estudando. Ela é dedicada, tenho que admitir. Apesar de que tomar um ar fresco de vez em quando não faz mal a ninguém... Espere, quem sou eu para falar isso, não é? — Seamus deu uma risada amarga, bebendo mais de seu firewhisky até esvaziar o copo. — Veja isso, já acabou. Sabemos a solução, certo?

Seamus se levantou e se espreguiçou, sua coluna produzindo um estalo.

— E você? Vai querer mais?

Albus fez um gesto negativo com a mão, indicando o copo ainda cheio. O Sr. Finnigan foi novamente para a cozinha pegar a garrafa contendo mais da bebida.

Com um minuto junto a seus pensamentos, Albus começava a tentar encaixar as peças. Então, aquele era o pai de Lauren... Bem, ele parecia ser um cara legal, mas algo lhe dizia que seus modos desleixados e gosto pelo álcool tinham relação com o comportamento de Lauren. Tentou imaginar seu pai no mesmo estado e o pensamento o entristeceu. Não gostaria de vê-lo daquele jeito, muito menos se não soubesse de uma maneira para modificar aquela situação. Estava bem claro que Seamus estava um tanto alheio ao mundo lá fora pela breve conversa que tinham tido. Albus podia até mesmo supor que fazia um bom tempo desde que tinha deixado aquela poltrona, quem diria sair do apartamento em si.

Contudo, um homem não se encontraria naquela condição se não tivesse algum motivo. Algo havia acontecido no passado do Sr. Finnigan, Albus só desconhecia o que era. Teria relação direta com Lauren? Ou ela teria apenas assistido o declínio do pai durante os anos, completamente impotente? Quem sabe o tal acontecimento tivesse ocorrido até mesmo antes do nascimento de Lauren e essa fosse a única face que ela conhecia de Seamus.

Havia mil possibilidades e poucas respostas para as dúvidas do jovem Potter.

No momento em que Seamus retornava para sua poltrona, a maçaneta da porta da frente foi girada. Os dois se voltaram para aquela direção.

Quando os olhos escuros de Lauren encontraram os verdes de Albus, ele sentiu uma sombra de arrependimento. Repentinamente, deu-se conta de que ter ido até lá tinha sido um grande erro.


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Notas finais do capítulo

O destino dos biscoitos da Rose será revelado no próximo capítulo, caso alguém tenha achado a cena um tanto aleatória hahah Não sei se a Coline vai aparecer no 21, é mais provável que seja a vez do Louis. E claro, veremos no que vai dar essa última cena em que a Lauren acaba de chegar. Será que o Albus vai sobreviver? D: Ok, a Lauren é intimidante, mas não é assassina... Eu acho. Ok, parei.
Vou terminar de responder os comentários do capítulo anterior ainda nesse fim de semana, prometo!
Tomara que a inspiração não me abandone de novo, estou em dívida com vocês. Eu bem que queria finalizar a história ainda esse ano, mas para isso as palavras precisam continuar a fluir!
Bom, até o próximo, pessoal - e tomara que não demore!