The Bright Side escrita por Anna C


Capítulo 2
Pessoas... Ugh!


Notas iniciais do capítulo

Wow, fiquei muito feliz com a resposta do capítulo anterior! Muito obrigada, gente ^^ Por isso, estou postando com rapidez este novo capítulo... Espero que gostem!Bom chá com biscoitos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/358815/chapter/2

Rose era uma negação no quesito organização. Ela se esforçava para manter seus pertences no lugar, mas por alguma razão eles sempre acabavam espalhados por todos os cantos. Talvez, provocar o caos fosse seu dom. É, ela sempre conseguia causar confusões e nem sempre relacionadas apenas a seus bens pessoais.

Porém, hoje, este era o caso. A ruiva já estava sete minutos atrasada e não encontrava de maneira nenhuma as anotações que preparara especialmente para auxiliar no trabalho de Defesa Contra as Artes das Trevas. Talvez ela tivesse esquecido em algum outro lugar do castelo... Porém, ela podia jurar que esteve com elas aquele tempo todo.

Cinco horas e oito minutos. “O Malfoy vai me dar uma baita bronca.”

Percebendo que não teria muitos resultados em sua busca, Rose decidiu ir de uma vez para o local do encontro.

Chegando lá, não se surpreendeu ao ver Scorpius sentado a uma das várias mesas de estudo, com uma grande pilha de livros ao seu lado. Ele estava de uniforme apesar de ser fim de semana. Como se sentisse a presença da grifinória, o loiro ergueu o rosto e começou a encara-la.

— Atrasada.

— Eu sei.

— Pelo jeito, nem todos os ingleses são impecavelmente pontuais.

— Na verdade – Rose foi ocupando a cadeira do lado oposto da mesa e deixou a bolsa no assento vago à sua direita. –, eu sou francesa. Minha mãe entrou inesperadamente em trabalho de parto enquanto estava numa viagem com meu pai. Eles não tinham nenhum preparativo, foi uma grande confusão pelo que me contaram...

Scorpius ergueu uma sobrancelha.

— Eu só fiz um comentário, não pedi sua história de vida.

— Nossa, você é sempre tão chato assim?

— Nossa, você é sempre tão Weasley assim?

— Não fale meu sobrenome como se fosse algo ruim.

— E que tal se você simplesmente não falar?

— Pare de retrucar tudo que eu digo!

— Então, pare de existir.

— Hã, com licença? – alguém disse e os dois se viraram para a mesa ao lado. Uma menina de não mais que doze anos os olhava, sem graça. – Não quero interromper nada, mas é que eu estou tentando estudar...

— M-me desculpe – disse Rose, dando um sorrisinho amarelo.

— Não vou me desculpar, mas também não quero continuar com essa discussão besta. Vamos logo pesquisar sobre esses dementadores – declarou o sonserino, tirando o primeiro livro da pilha.

Sem saída, Rose foi forçada a fazer o mesmo.

Os minutos se passaram e logo se transformaram em uma hora, duas horas. A dupla não voltara a se falar, cada um concentrado inteiramente no que fazia.

— Estamos fechando – disse a bibliotecária de repente.

— Já? – Rose procurou por alguma janela com o olhar e pôde constatar que já havia anoitecido. – Nossa, o tempo voou.

— Falando em voo? Devo esconder meus livros? Espero que não esteja pretendendo fazer outro experimento sobre a lei da gravidade.

— Toda essa amargura ainda vai acabar com você, Malfoy.

— A sua preocupação é mesmo tocante.

Rose respirou fundo, decidida a não brigar.

— Então, amanhã a gente se reúne de novo para separar o que cada um deve falar. Mas, em todo caso, acho que devemos estudar ambas as partes, só para garantir.

— Essa matéria é patética. Só vou estudar porque ando entediado.

— Não sei o que você quer provar dizendo isso, mas tanto faz. Eu estou indo jantar – Rose recolheu suas anotações e se dirigiu à saída.

Andando pelos corredores, a grifinória só tinha um pensamento em mente. “Aquele arrogante e nojento do Malfoy! Quem ele pensa que é, afinal? ‘Só vou estudar porque ando entediado’! Vê se pode com esse cara? Pensa que só ele presta e todos os outros são meros e insignificantes mortais... Definitivamente, é um sujeito asqueroso!”

Não demorou e Rose percebeu que havia o som de passos atrás de si. Poucos alunos estavam naquela região do castelo e, como o som parecia ficar gradualmente mais alto, ela logo ficou curiosa. Olhou discretamente por cima do ombro.

— Ah, é você – Rose deu um suspiro cansado, não se incomodando em parar de caminhar. – Por acaso, está me seguindo ou algo assim? Isso seria no mínimo esquisito e inapropriado.

— Acontece, Weasley – Scorpius dizia, se recusando a sequer dirigir o olhar à garota a sua frente. –, que eu também estou indo jantar. E, infelizmente, este é o único caminho disponível para o Salão Principal. Se houvesse qualquer alternativa, pode estar certa de que eu optaria por ela.

— Que gentil da sua parte falar uma coisa dessas. Você sabe mesmo ser agradável.

— Bom, eu não estava tentando mesmo.

— E será que ainda que tentasse conseguiria? Eu acho que não.

Scorpius bufou, um pouco irritado, e se calou. O ambiente ao redor dos dois permaneceu em silêncio até que houvesse uma mudança de cenário e o par estivesse de volta na presença de outros alunos. Rose ficou incrivelmente aliviada. “Aleluia! Aquele clima estava acabando comigo...” ela enfim pôde se unir aos seus colegas de casa.

Assim como a ruiva, Scorpius se acomodou à mesa de sua respectiva casa. Ao se sentar, ele não cumprimentou ninguém, simplesmente começou a se servir. Isso já era algo habitual, afinal.

É verdade, Scorpius não possuía amigos na escola. Por opção, é claro. Ele não queria amizades, elas davam trabalho de mais e não geravam nenhuma vantagem para ele. Tudo de que Scorpius precisava realmente era de contatos. Isso era mais que suficiente. Com os contatos certos, ele poderia chegar aonde quisesse, sem se preocupar com datas de aniversário bobas ou momentos incômodos em que precisaria escutar lamentos e bancar o conselheiro barato. Para que toda aquela bobagem servia? O que importava era se dar bem e ele sabia que, no mundo dos adultos, era cada um por si. Preparo nunca seria de mais.

Scorpius jamais cometeria o mesmo erro de muitos. Ele já testemunhara a queda causada por decepções e pôde ver como o impacto contra o solo conseguia ser doloroso. Aliás, bastante doloroso.

Em todo caso, jantar em paz, sem conversinhas insignificantes para interromper, era algo que ele apreciava por natureza. O loiro levava as garfadas à boca silenciosa e calmamente. “O assado está especialmente saboroso hoje.”

É, ele não precisava de mais ninguém.

A alguns metros, Rose observava aquele jovem sonserino, já mais calma, mas ainda não satisfeita. Afinal, como ele conseguia? Normalmente, esse era o momento em que todos aproveitavam para reencontrar os colegas e conversar sobre os acontecimentos do dia. Será que ele não sentia falta disso? De ter alguém com quem conversar? Pela maneira despreocupada com que jantava, a resposta devia ser “não”. Ela jamais conseguiria fazer o mesmo, ainda que, às vezes, se sentisse um pouco negligenciada pelas amigas.

— Ah, Rose, me desculpe por ontem. Espero que não tenha ficado chateada – falava Lena McLaggen, mal desviando o olhar das unhas que minuciosamente lixava.

Rose deixou de lado o assunto que a incomodava para dar atenção ao seu grupo. Ela se sentiria culpada, caso contrário.

— Desculpas? Mas por quê, Lena? – ela estranhou.

— Bom, você sabe, aquele trabalho de DCAT em trio. Você teve que se juntar ao Malfoy.

“Ah, é mesmo. Eu sobrei.” Rose se recordou com pesar. Deu o melhor de si para esboçar um sorriso convincente.

— Não tem problema, seria impossível convencer o Professor Butler a permitir um quarteto.

— Mesmo assim, Rose, nos perdoe – Olivia Creevey falou ao seu lado, parecendo verdadeiramente arrependida. – Eu teria insistido com ele, mas...

“Não teria, não.” A ruiva logo pensou. Conhecia bem a garota Creevey para saber que a última coisa que ela faria seria se opor a alguém, especialmente um professor.

Lauren Finnigan olhou por cima dos óculos, mirando Rose.

— Mas você acabou dando sorte, de certa maneira. O nosso tema é um dos piores. Além disso, o Malfoy é o aluno com as melhores notas da classe. Não há como ir mal.

— Bom, ele não é exatamente do tipo que ajuda, mas você deve ter razão... – Rose disse, baixando o olhar para o seu prato.

Ela sabia que Lauren estava até que contente por não estarem no mesmo grupo. Já tinha algum tempo que ela deixara claro que não gostava de trabalhar com Rose quando o assunto era tarefas escolares. O pequeno dom para catástrofes de Rose era provavelmente a maior razão disso.

Mas, é claro, Rose jamais colocaria suas amigas em uma posição difícil. Era preferível deixar passar a questiona-las.

Lena espreguiçou-se devagar e depois arremessou os cabelos para trás. Boa parte dos rapazes ali perto interrompeu o que estava fazendo para apreciar aquele breve momento. Rose realmente não entendia porque a amiga tinha tanta necessidade de receber atenção. Talvez quisesse apenas se afirmar ou algo do gênero.

— O dia foi tão longo. Acho que vou para a cama cedo, mas antes preciso finalizar as unhas... – a garota de longos cabelos castanhos dourados se levantou. – Você vem, certo, Olivia?

— C-claro! – a outra grifinória prontamente se pôs de pé, deixando quase toda sua refeição intocada. Rose até quis chamar sua atenção para o fato, mas sabia que seria inútil.

— Então, ótimo. Se eu ainda estiver acordada, vejo vocês no dormitório.

Com isso, as duas garotas deixaram o salão. Não demorou muito para que Lauren também se fosse. No momento em que esvaziou o prato, reuniu seus pertences.

— Quero ver se consigo terminar os exercícios de Aritmancia até hoje à noite – ela disse, seus frágeis braços carregando os pesados livros. – Nos vemos mais tarde.

— Tudo bem – respondeu Rose, dando um sorriso meio forçado.

“Pois é.” E ela estava sozinha mais uma vez. Arriscou mais um olhar à mesa da Sonserina e apoiou o rosto numa das mãos, ficando reflexiva. “Quem sabe, no fim, o Malfoy seja o mais esperto. Quem sabe, ficar sozinho seja mesmo melhor em alguns casos.” Será que faria alguma diferença se comparado à situação presente? A pior parte era que ela começava a ter suas dúvidas.

“De repente, parece que ficou mais frio aqui?” e ela culpou seus pensamentos desanimadores por isso.

Hen hen— alguém próximo dela pigarreou audivelmente. Rose se virou.

Era um garoto qualquer do quarto ano. Ele e mais alguns amigos estavam rindo.

— O que foi? – a ruiva indagou, desconfiada.

Não obteve uma resposta direta, o grupo apenas começou a encarar fixamente sua camisa. Rose sentiu um calor tomar conta de seu rosto.

— Mas qual é a...

“Bom, isso explica aquele frio.” Pensou, vendo sua blusa encharcada de suco gelado de abóbora. Certamente iria manchar.

— Que droga! – Rose exclamou, se levantando de imediato.

Aquele tipo de acidente acontecia com certa frequência, então ela não estava realmente surpresa. “Devo ser o descuido em pessoa.” Mas, ao menos, ela aprendeu com seus deslizes recorrentes que era sempre bom se precaver. “Por isso, só preciso pegar a camisa extra que está dentro da minha...”

— Ué? Cadê minha bolsa? – a grifinória olhou ao redor apenas para confirmar que havia cometido outro deslize. – Não acredito, esqueci na biblioteca! – deu um tapa na própria testa.

“Nem toda Felix Felicis do mundo pode resolver o meu problema!”

E até onde Rose sabia... Isso era provavelmente verdade.

x-x-x-x-x

— Você esqueceu sua bolsa aqui ontem – disse Scorpius no dia seguinte, sentado à mesma mesa que haviam ocupado antes.

Ele fez o comentário assim que ouviu Rose se jogar no assento logo à frente. Desta vez, preferiu não repreendê-la por seu atraso, visto que ela não teria nenhuma melhora em se organizar, de qualquer forma.

— E por que não me disse nada!? – a ruiva o encarava, irada. Ela acabara de recuperar a bolsa com a bibliotecária. – Mal sabe o aperto que passei...

— Você que não devia ser tão desatenta. Não tenho a obrigação de bancar sua babá e ficar entregando as coisas que você deixa jogadas por aí.

— Não é questão de bancar a babá, e sim de fazer uma mínima gentileza! Não teria doído muito entregar minha bolsa quando me viu no corredor a caminho do jantar.

— É, mas... Não, não é do meu feitio ser gentil – o loiro deu de ombros, continuando suas anotações sobre o trabalho.

Rose começou a arfar, ainda mais furiosa. Aquele garoto era tão... Tão...

— Ei, se importa de respirar mais baixo? Está me desconcentrando – ele disse, para o desprazer da grifinória.

Ela amassou um pedaço de pergaminho para evitar lançar uma maldição no sonserino.

“Calma, Rose... Ele só quer tira-la do sério... Você é melhor do que isso e vai terminar esse trabalho sem se descontrolar.” Rose ditava instruções a si mesma, consciente de que uma cena na biblioteca em nada lhe ajudaria.

Scorpius pigarreou.

— Então, eu acho melhor se eu começar falando sobre a origem e as características físicas dos dementadores, em seguida, você entra e descreve o efeito de sua presença nas pessoas, mesmo os trouxas. Pode falar sobre o uso já abolido em Azkaban e os motivos de os terem tirado de tal função. Finalmente, eu finalizo, comentando sobre onde eles estão atualmente e o que fazem para sobreviver. Fim. Mais do que isso deve confundir aquelas mentes já bem limitadas do pessoal da sala.

— Mas por que você tanto inicia quanto termina? Mesmo que eu esteja com tanto trabalho quanto você, me parece estranha essa divisão de falas...

Scorpius ergueu o rosto, olhando-a pela primeira vez desde que a garota chegara. Ele parecia ainda mais sério que antes.

— É verdade que eu não me importo com esse trabalho estúpido ou com a nota que receberei, mas não deixarei que você estrague a apresentação. Não posso correr esse risco deixando partes essenciais nas suas mãos.

Seco e direto.

Um nó se formou na garganta de Rose. Aquelas palavras machucavam sim, mas não fora a primeira vez que as ouvira. Ele tinha razão, ela acabaria fazendo alguma coisa para atrapalhar, como sempre.

Baixou o rosto, deixando que a franja escondesse seus olhos. A última coisa de que Rose precisava era que Scorpius a visse com uma expressão fragilizada e vulnerável.

— Você... Tem razão. – Ela disse, não muito animada. – Ainda bem que você pensou em tudo.

Ela não poderia esperar por nada diferente, certo? Até mesmo alguém como Malfoy sabia que Rose só causava problemas. “Eu sempre sou um incômodo.”

Scorpius podia não ter muita experiência com pessoas, mas não pôde deixar de estranhar aquela reação. Ele acreditava que a ruiva o responderia mais uma vez em fúria e brigaria por mais alguma fala do seminário, porém, ela simplesmente concordou. Não houve gritos ou protestos, apenas um fraco consentimento.

Havia algo de errado. Entretanto, Scorpius logo deixou de lado aquele pensamento, escrevendo mais algumas observações em seu pergaminho. “Não é da minha conta. Só quero acabar com isso de uma vez. Ela só precisa cumprir sua parte, e eu, a minha.”

Os dois estudaram por mais algumas horas, até que tudo estivesse perfeitamente memorizado. Ao acabarem, ainda não eram sequer cinco da tarde. Isso deu a Rose uma pequena esperança de que pudesse encontrar suas amigas em Hogsmeade antes que voltassem para o castelo. Elas haviam dito que haviam terminado seus trabalhos e estudos mais cedo, então iriam ao Três Vassouras para relaxar. Rose queria fazer parte daquilo também.

— Devemos ser uns dos últimos a apresentar, já que a nossa matéria é uma das mais recentes. Aproveite esses dias extras para revisar o conteúdo – Scorpius mais ordenou do que aconselhou, enquanto arrumava todos os seus livros e pergaminhos rabiscados.

Rose juntou os pertences que deixara sobre a mesa e os equilibrou desajeitadamente nos braços.

— Ok – falou ela. – Vai dar tudo certo no dia, não se preocupe.

— Não estou preocupado... – Scorpius resmungou.

Alguns instantes depois, o loiro percebeu que já estava sozinho mais uma vez. Suspirou. “Paz e tranquilidade.” Mas não por muito tempo. Logo, notou um objeto pendurado na cadeira que Rose ocupava há pouco tempo.

— De novo!? Como uma pessoa pode ser tão desleixada assim? – ele fitava a bolsa carteiro feita em lona com desaprovação.

“- Não é questão de bancar a babá, e sim de fazer uma mínima gentileza! Não teria doído muito entregar minha bolsa quando me viu no corredor a caminho do jantar.”

As palavras de Rose lhe vieram à mente, deixando-o indeciso. Talvez ele devesse... “Não! Ser gentil realmente não é comigo... Ela que precisa prestar mais atenção em suas coisas. Isso deve servir de lição para que ela pare de vez com esses descuidos.”

Então, por alguma razão, lembrou-se da cabeça baixa e da resposta fraca da garota. “O que deu nela naquela hora, afinal?”

“- Você... Tem razão. Ainda bem que você pensou em tudo.”

A indecisão apenas cresceu. “Mas que droga! Por que é que me sinto compelido a ajudar? Eu não me importo com aquela desastrada e muito menos se ela vive largando a bolsa por aí!” Recomeçou a guardar seu material, evitando a todo custo olhar para a bolsa esquecida no espaldar da cadeira.

“Azar o dela, não tenho nada com isso...” ele apoiou uma alça de sua mochila num ombro e se pôs de pé. Pela última vez, espiou de leve a bolsa imóvel da grifinória.

— ARGH! Que merda! – exclamou em frustração.

x-x-x-x-x

Mais um lance de escadas e Rose chegaria ao sétimo andar, onde se encontrava a sala comunal da Grifinória. Ela esteve andando em modo automático, dando cada passo sem se importar com o que a cercava.

Será que as garotas ainda estariam no Três Vassouras? Ela dissera a elas que faria o possível para aparecer por lá. Elas a aguardariam, mesmo que fosse só um pouco?

Tudo até que correra bem hoje, ainda que mais uma vez tivesse sido comprovado que, apesar de seus esforços, a ruiva sempre traria mais problemas do que ajuda.

Estava tão absorta em seus pensamentos, que nem notara como aquele material em seus braços pesava e como tal peso diminuía sua velocidade. Seu corpo demonstrava sinais de cansaço, porém ela não deu importância.

“Espero que elas estejam me esperando.”

— WEASLEY!

Aquele grito a pegou de surpresa. Ela quase deu um salto, abraçando fortemente os pertences contra o peito. Quando enfim se virou, viu um Scorpius ofegante, apoiando-se nos joelhos para se recuperar do que pareceu uma longa corrida até ali.

— Vo... cê... – ele tentava readquirir o fôlego. – Você... Esqueceu...

Então, ele estendeu na direção da garota a surrada bolsa de lona.

Rose prendeu o ar, muito surpresa. Tornou-se consciente do peso em seus braços e da falta que aquele objeto esteve lhe fazendo.

— Eu...

Scorpius se recompôs, ficando com a postura mais ereta possível. Ele continuava a estender a bolsa com firmeza, porém Rose não sabia dizer se aquela expressão em seu rosto era de irritação ou se era outra coisa. De todo modo, ele parecia ficar um pouco impaciente.

Ela enfim pegou sua bolsa, prontamente colocando seu material dentro dela. Voltou-se para o sonserino com um sorriso.

— Você a trouxe dessa vez.

Scorpius sentiu-se constrangido com o comentário e virou o rosto para o lado.

— Duas vezes seguidas, Weasley? Não acredito que alguém possa ser tão distraído quanto você. – O loiro falou, sentindo um calor incomum nas bochechas.

“Mas o que é isso? Eu estou corando...? Ah, sem chance!” pensou, mas mesmo assim cobriu a face com uma mão disfarçadamente. Quando se sentiu um pouco mais confiante para olha-la novamente, percebeu que ela ainda sorria para ele. Era um sorriso tão estranho e alegre, e... Qual era o problema daquela garota?

— O que é, Weasley? – perguntou, sem mais delongas.

— Obrigada.

Scorpius sentiu aquele estranho calor aumentar e se amaldiçoou por isso.

— Só tome mais cuidado, talvez eu não esteja por perto na próxima... – então, o loiro notou como o que dissera pareceu ter outro sentido quando dito daquela maneira. Até a grifinória pareceu achar suas palavras inesperadas. – Espera, não foi o que eu quis dizer! Mesmo que eu esteja por perto, não vou ficar fazendo caridade e você não deve esperar isso dos outros também. Deu pra entender?

Rose apenas riu.

— Não ria! Falo sério!

Ela se conteve, vendo que era o melhor a ser feito. Mas não conseguiu se livrar do sorriso.

— Entendi, pode deixar. A partir de agora, prestarei o dobro de atenção!

— Melhor que seja o triplo, seu nível de descuido é fora de série – Scorpius alfinetou.

Em outras circunstâncias, Rose teria retrucado, porém estava feliz demais para aquilo. Em vez disso, ela assentiu com vigor e disse:

— O triplo, então!

“Que entusiasmo é esse?” Scorpius estranhou. Mas já havia perdido tempo demais com aquela situação toda e decidiu que havia coisas mais importantes com que se ocupar.

— Vou para o meu quarto agora. Passar bem. – Falou sem cerimônia, começando a andar no sentido oposto.

— Nos vemos amanhã na aula! – Rose disse animadamente, acenando para o garoto mesmo este estando de costas para ela.

“Não dá para parar com esse tom eufórico?” Scorpius revirou os olhos e logo sumiu das vistas da grifinória.

Rose não sabia bem dizer por que ficara tão contente repentinamente. Apenas porque o sonserino trouxera sua bolsa? Não, não era isso. Pensando melhor...

Ela estava em mais um de seus ocasionais momentos infelizes, se sentindo outra vez como se fosse um problema para todos, rezando para que suas amigas se recordassem dela e a aguardassem... Quando, então, Scorpius apareceu.

Ele, dentre todas as pessoas, surgiu, mesmo tendo deixado claro que desaprovava a desatenção da grifinória, mesmo sempre parecendo tão inflexível e arrogante. Apesar disso tudo, ele a procurou.

Rose sentiu como se tivesse recebido uma nova chance. Certo, ela havia fracassado, mas podia tentar de novo. Ela não era um caso sem esperanças, afinal.

Era isso! Rose não se daria por vencida, iria perseverar! Eventualmente, ela acertaria.

x-x-x-x-x

Scorpius rolava de um lado para o outro na cama, evitando esbarrar em sua gata, Sienna, que estava aconchegada próxima aos seus pés. Bufou, quase exasperado. Por que ele não conseguia dormir? Ah sim, toda vez que ele estava prestes a cair no sono, aquela cena lhe voltava a memória e o fazia ficar desperto mais uma vez.

Então, era aquela estranha sensação que todos sentiam quando faziam algo de realmente gentil aos outros e eram agradecidos por isso? Será que aquilo era mesmo o normal? Fosse qual fosse a resposta, tudo de que Scorpius tinha certeza era de que ele detestava tal sensação. Não havia nada que o loiro mais odiasse do que não estar sobre o controle, do que não saber exatamente o que estava acontecendo. Talvez não tivesse feito nada se tivesse alguma ideia dos efeitos posteriores à sua ação... Era tão esquisito. É, ele definitivamente não gostava.

— Está decidido. Nunca mais vou ser legal com alguém – sussurrou, virado para o travesseiro, fechando os olhos com força.

Ugh. Pessoas só significavam tormentos à sua mente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois bem, quem sabe os primeiros sinais de amizade comecem a surgir... Ou não. Afinal, gosto de judiar um pouquinho dos personagens antes de coloca-los no bom caminho MWUAHAHAHA (que medo, acho que tenho um lado meio sádico...)Quaisquer erros de digitação, me perdoem. Revisarei assim que puder o texto, mas mesmo assim sempre escapam alguns... Obrigada a todo mundo que comentou no cap. 1 e também a Dreamy por me dar excelentes ideias e conselhos pra essa fic!Estive fazendo um esboço dos capítulos futuros e... Caramba, essa coisa vai ficar grande mesmo. Mas estou me divertindo demais com ela!Estou louca pra saber o que estão achando, podem comentar sem medo!Beijoooos!