The Bright Side escrita por Anna C


Capítulo 19
Aguardados Feriados


Notas iniciais do capítulo

Enfim, um novo capítulo! Bom, ainda é janeiro, então acho que não demorei tanto assim dessa vez hehe Obrigada pela força no último capítulo, pessoal! Isso dá o maior ânimo para continuar, saibam disso :D
Bom chá com biscoitos!



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— O que você tem? — perguntou Luke à setimanista ao seu lado.

— Nada — Lauren respondeu, na defensiva.

Sua postura mais introspectiva que o normal indicava o contrário. Ela ao menos costumava conversar com ele quando estavam juntos, mas hoje não havia erguido o olhar do chão uma só vez. Ainda havia muitas coisas que Luke não sabia sobre a garota, porém se tinha algo que podia dizer era que tinha a capacidade de interpretar seu comportamento razoavelmente.

— Mentira.

— Pode só me deixar em paz?

E mesmo obedecendo ao pedido, a tranquilidade pouco durou. Louis e Hugo apareceram.

— Vocês dois não se desgrudam, não é? — Louis brincou.

Luke deu um sorriso gentil, mas Lauren não se incomodou em fazer o mesmo, sua boca torcendo-se em claro sinal de sua impaciência. Hugo acotovelou o primo no braço como que o orientando a ir direto ao ponto.

— Obrigado pela ajuda do outro dia. Fui muito bem na prova que tivemos — Louis falou.

Luke ficou surpreso. Não achou que o quintanista estivesse prestando atenção no que dizia naquele dia na biblioteca. Quem sabe, Louis tivesse um modo nada convencional de se concentrar.

— Bom, isso é ótimo. Parabéns. — Luke sorriu de novo com sinceridade.

Hugo bufou.

— Não sei de onde tirou a ideia de que eu iria te zoar se tivesse me pedido ajuda.

— Você sabe que iria, Hugo, não negue. De qualquer forma — o loiro voltou-se mais uma vez para o casal. —, não vamos ficar empatando o caminho de vocês. Mas, para não perder o hábito...

Adiantou-se para Lauren, segurando-lhe pelos ombros. A garota emitiu um leve gemido de susto por causa do movimento abrupto e, apesar de parecer uma reação natural, Luke ficou perplexo, pois era a primeira vez que via Lauren se permitindo mostrar uma emoção nítida. Entretanto, só ele parecia ter se dado conta daquele fato, visto que os outros dois continuaram a agir normalmente.

De olhos semicerrados, Louis ficou fitando Lauren até que um sorriso triunfante começasse a se abrir em seu rosto. Finalmente, recuou apossado por uma animação.

— Isso! Eu consegui! Sou o primeiro a concluir o desafio! Ajoelhe-se perante o mestre — exigiu ao primo, que recebeu a ordem com desdém.

— Dá um tempo, Louis. — Hugo começou a caminhar, pouco paciente.

— Ah, qual é! Entre no papel uma vez na vida, Hugo. Hugo! Nossa, ele se irrita com tanta facilidade... Bom, acho que os vejo por aí, provavelmente depois dos feriados, certo? Enfim, até mais, casal. — Louis acenou um adeus antes de seguir o outro garoto.

Deixados a sós novamente, o clima entre Luke e Lauren tinha ficado tenso. Preocupado, ele se aproximou um pouco mais.

— Lauren, me diga, por favor. O que você tem?

Ela deu uma risada seca e sem vida.

— Agora quem que está agindo como namorado?

Dito aquilo, ela se separou dele, seguindo o próprio rumo e o deixando ali frustrado.

x-x-x-x

O natal estava muito próximo, seria dentro de três dias e os alunos que quisessem passar o fim de ano com suas famílias iriam pegar o expresso de volta a Londres.

Coline mal havia deixado o dormitório para ir jantar, quando topou com os irmãos Knight em frente à saída. Os dois a notaram e sorriram.

— Oi — ela cumprimentou tímida, suas mãos atrás das costas.

— Olá, Chevalier. — Noah deu um aceno educado com a cabeça. — Indo para o Salão Principal?

— Sim.

— Então, deixa que a gente te acompanha. — Holly agarrou o braço da outra garota, enlaçando-o ao seu. — Tomara que tenha bolo de chocolate!

— É o preferido dela — comentou Noah, enquanto saíam da sala comunal.

— Então, Coline — posso te chamar pelo nome, né? —, você vai passar os feriados aqui ou com sua família?

— Bom, acho que vou passar com meu pai, em Oxford.

— Que sorte a sua! Nós vamos ter que ficar aqui, já que surgiu um imprevisto no trabalho dos nossos pais. Eles terão de ir lá pra América, enquanto ficamos olhando para as paredes do castelo. Uma droga, não acha?

Noah inspirou fundo, apoiando uma mão no ombro da irmã.

— Não ligue para ela, gosta de fazer as coisas parecerem piores do que são. Serão só alguns dias, afinal.

Coline deu os ombros.

— Até que preferia não ir. Não vejo meu pai há muito tempo e as chances da coisa toda ser super constrangedora são grandes.

— Ah, Coli, você ficará bem! — Holly deu um sorriso ainda maior. — Eu e o Noah vamos torcer por você!

“Ela me chamou de Coli?” Coline ergueu uma sobrancelha.

— Claro — O rapaz assentiu. — Mas como eu falei, vai ser bem rápido. Não importa o resultado.

— Meu Deus, Noah! Você está passando energias negativas falando assim — brigou Holly fazendo um careta ao irmão.

— O quê? Eu nunca faria isso! Você e sua mania de energia para todos os cantos...

— Não é mania, é verdade! Essas coisas influenciam, ok?

Coline não conteve o riso desta vez, atraindo a atenção dos Knight que pararam com o bate-boca.

— Ah, foi mal, é que eu acho graça do jeito que vocês discutem.

Holly riu também.

— Bom, desde que você esteja mais alegre, tudo bem. É legal ver você rindo, depois daquele dia que estava meio para baixo.

Ela estava certa. A francesa não havia tornado a rir desde aquele dia até agora. Não tinha feito as pazes com Louis ainda, os dois estavam se mostrando bastante teimosos.

“Bom, o erro foi dele, então não serei eu que darei o primeiro passo” pensava Coline com determinação, apesar de quase ter quebrado aquela pose uma centena de vezes. Passar tempo longe de Louis era uma tarefa muito dura, mas que, conforme passavam os dias, ficava menos difícil.

Antes do episódio ocorrido no Três Vassouras, nunca pensara nada ruim sobre o melhor amigo, aliás, sempre o colocara num pedestal. Entretanto, a partir do momento em que a magoou, muito do encanto se foi. Era como se naquele momento houvesse dois Louis, um que ela havia idealizado e outro, mais humano, que poderia feri-la como qualquer outra pessoa.

É, talvez aquele tempo separados fizesse bem a ela. Uma dose de realidade seria bem-vinda.

x-x-x-x

E era o dia da partida.

Com pálpebras pesadas de quem não tivera uma boa noite de sono, Rose estava um pouco receosa em procurar Scorpius, pois não tinha certeza se as coisas haviam voltado ao normal. Quer dizer, desde o dia em que Albus tinha sido atacado pela farosutil que fugira, ela e o loiro pareciam estar em bons termos. Porém, parecia ainda haver algo que não fora dito e que nem poderia, pois o momento já tinha passado.

Tal sensação a assombrava até agora, enquanto subia no trem, Bichento III em seu colo. Não achava que o sonserino fosse rejeitá-la, nem ser rude como seria cerca de seis meses antes. No entanto, o que realmente temia era que aquela atmosfera desagradável ainda estivesse lá.

Encontrou um compartimento vazio e ficou encarando seu interior, ponderando se seria melhor passar a viagem sozinha, adiando uma situação desconfortável.

“Não, fugir é a pior coisa que eu posso fazer”, censurava-se.

— Ah, ainda bem que você já encontrou uma cabine. Não estava nem um pouco a fim de ficar caçando uma... — O alvo de seus pensamentos pareceu ter se materializado ao seu lado, abrindo a porta de correr e entrando ali. Sua gata Sienna veio logo atrás, pulando num dos bancos. Scorpius sentou-se no banco oposto.

Ele olhou para ela em interrogação.

— Vai ficar aí?

Antes que Rose pudesse responder, Bichento III saltou de seus braços, acomodando-se ao lado de Sienna. A ruiva estranhou que estivessem tão acostumados um com o outro de repente, mas quase não via seu gato durante o ano de qualquer forma. “Talvez tenham ficado amigos nesse tempo?” supôs.

Um pouco sem graça, mas incentivada pelo tom tranquilo de Scorpius, Rose sentou-se ao seu lado.

— Ansioso para rever seus pais? — ela perguntou, puxando assunto.

— Acho que “ansioso” é uma palavra meio forte... Contente seria mais apropriado, quem sabe.

— Bom, eu estou ansiosa para rever os meus. Enviaram menos cartas esse ano, então acabei ficando um pouco preocupada.

— Se tivesse algo de errado, você provavelmente já saberia. Digo, eles são bem famosos e tudo mais, os jornais não perderiam a oportunidade.

— Ah sim, quanto a isso, você tem razão. Mas é mais uma preocupação boba de filha que qualquer outra coisa. Na verdade, estou mais preocupada é com o Sr. Miller... Me mandou só três cartas até agora. Deve estar ocupado com a loja, não posso culpa-lo por não escrever, mas...

— Apenas vá visitar a Floreios & Borrões em vez de ficar aí aflita.

— É, acho que é uma boa... Você iria comigo?

Scorpius fez uma expressão de incerteza.

— Bom, é que... Acho que não vai dar.

— Por quê?

— Eu terei... umas coisas para fazer.

Rose percebeu que ele estava evasivo. Era melhor não insistir.

— Tudo bem... Mas vamos nos ver, certo? Quero dizer, ao menos uma vez.

— É pouco mais de uma semana. Estou certo de que pode sobreviver sem mim — disse com certo sarcasmo.

— Então, se eu quiser te desejar feliz natal, terei de fazer isso só no dia 02? Não teria nem mais por quê!

— Não necessariamente... Poderia fazer isso agora, se tem tanto problema com a espera. Mas eu preferiria que não dissesse nada. Acho esses feriados uma grande baboseira, para falar a verdade... Então, não posso garantir que vou retribuir o cumprimento.

Rose piscou os olhos, descrente.

— Por Merlin, você está falando sério, não é?

Scorpius encolheu os ombros.

— Eu sempre falo sério.

— Ah, Malfoy, não seja tão chato! Você vai me dar um “feliz natal” ou ficarei chateada.

— Posso viver com isso.

Ela se inclinou na direção dele, seus braços cruzados e uma sobrancelha arqueada.

— Será que pode mesmo? Pode passar seus dias imperturbavelmente sem se lembrar da expressão de desolamento da sua amiga mais querida?

— Você é minha única amiga — falou em tédio.

— Não torna tudo ainda pior?! — A ruiva agarrou seu braço e o chacoalhou.

— Está bem, está bem! — exclamou ele, aborrecido, se virando para a janela. — Vou pensar.

Rose sorriu, vitoriosa.

— Para mim, já é o bastante. — Largou o braço de Scorpius, mas só brevemente.

Ela bocejou, agora mais calma depois da conversa normal entre os dois, deixando-se abater por um sono que veio por causa do sacolejo leve e contínuo do trem. Nem percebera que já estavam andando. Pegou novamente o braço do garoto e o envolveu como se fosse um travesseiro, apoiando sua cabeça.

— O que você acha que está fazendo? — indagou Scorpius acidamente.

— Ah, nem vem — Rose resmungou, as pálpebras pesando uma tonelada. Parecia até que tinha tomado uma poção para dormir. — Da última vez, foi você que... — Outro bocejo. — acabou dormindo em cima de mim...

— Foi um acidente!

— Não... importa... Me acorde quando...

O quê? Ela já estava dormindo? “Essa Weasley tem problemas muito sérios.” Scorpius balançava a cabeça em desaprovação, incrédulo. Contudo, sem demora acabou contagiado pelo calor agradável que ela emanava. Rose parecia tão confortável ali, que era difícil se zangar com ela ou não partilhar um pouco de seu aconchego. Sem notar, Scorpius estava relaxando, fechando os olhos e se deixando levar. Era como se aquela última viagem a Hogwarts estivesse se repetindo, mas de alguma maneira, era melhor.

De repente, a porta se abriu com um ruído inesperado e incômodo. Scorpius descerrou os olhos bruscamente.

“Merda.”

— Ok, eu volto mais tarde. — Albus foi dando meia volta, fazendo menção de fechar a porta.

— Espere! — disse Scorpius. Percebeu que usara um tom um tanto alto e checou para ver se Rose ainda dormia, o que de fato ela fazia. Suspirou. — Potter, me ouça, certo? Não é o que está parecendo.

— E o que está parecendo? — Albus fez uma expressão de desentendido.

— Você sabe o que eu quero dizer.

— Não, não sei.

— Sabe, sim.

— Olha, Malfoy, não tem problema nenhum que vocês durmam, assim, abraçados e tal... É perfeitamente normal.

— Juro que eu vou bater em você assim que levantar.

Caso levantar. Não sei se sabe, mas a Rose tem o sono bem pesado.

— Está morto, Potter.

— Ei, não se estresse. Eu estou só de brincadeira... Também não conseguiria dizer “não” para ela. Quer dizer, quando está dormindo, a Rose fica...

— Ela não fica cativante.

Albus estreitou os olhos para Scorpius em desconfiança.

— Eu não disse isso.

Scorpius sentiu o estômago afundar.

— Mas ia — rebateu.

— Ia dizer que ela fica serena.

O silêncio dominou a cabine por alguns segundos.

— Tá, isso é constrangedor — admitiu Albus.

— É — concordou Scorpius, olhando para o chão.

— Acho que eu vou embora agora.

— Boa ideia.

— E então, esquecemos isso.

— Com certeza.

— Bom, er, até mais tarde.

— Tchau.

Albus finalmente fechou a porta. Scorpius bateu com a cabeça contra a janela. E Rose ainda estava adormecida.

“Está decidido: primeiro, eu apago a memória do Potter e, em seguida, a minha própria.”

x-x-x-x

Era impossível não ficar à beira do riso depois do que havia acabado de acontecer. Mas Albus sabia se controlar, por isso, foi aos poucos retomando a compostura enquanto se encaminhava para a cabine dos monitores.

Quando entrou no seu compartimento de destino, viu que só três monitores estavam ocupando-o, e claro, ela tinha que estar entre eles. Aquele bom humor todo se dissipou, deixando-o sério e reflexivo. Tudo que Albus queria era entender por que, dentre todas as pessoas, Lauren que o ajudara naquele dia. Simplesmente não combinava com a imagem que tinha dela...

— Posso sentar aqui? — ele perguntou, pois havia um espaço vago ao lado da garota. Os outros dois monitores conversavam um com o outro no banco à frente.

Lauren deu os ombros, virando o rosto para o lado contrário a ele. “Acho que é um ‘sim’...” e enfim, o grifinório se acomodou no assento.

“Certo... Eu vou perguntar de uma vez.”

— Finnigan, há na verdade algo que eu queria falar com você.

Lauren mexeu minimamente a cabeça para sinalizar que ouvia.

— Eu queria ter certeza de que foi você quem me...

— Legal, quem é o próximo a cobrir a parte da frente do trem? — um monitor da Corvinal chegou logo perguntando, parado na porta.

Albus não teve tempo de sequer pensar em se voluntariar. Lauren já havia levantado e saído trem afora.

— Mas... — Albus sentiu-se um pouco bobo, tendo sido deixado falando sozinho.

— Nunca vi alguém querer tanto fazer a ronda — comentou o monitor recém-chegado, espantado com a velocidade com que Lauren tinha se retirado. — Relaxa, Potter, você pega a próxima.

O protesto de Albus não se referia àquilo, mas não tinha importância. Afundou um pouco no assento, deixando os braços caírem nas laterais do corpo. Então, sentiu algo como um pedaço de papel sob seus dedos, bem onde a colega de casa estava sentada havia alguns instantes. A princípio, pensou se tratar de um uma carta ou coisa do gênero, porém se tratava na verdade de uma tira de fotos com uma parte aparentemente rasgada.

— Isso é da Finnigan? — ele murmurou a dúvida, apertando os olhos para enxergar melhor.

Albus já havia visto as máquinas trouxas que produziam aquele tipo de foto. As pessoas entravam numa estreita cabine e, após uma contagem regressiva, faziam poses para a câmera. As fotos saíam do lado de fora da tal máquina ao fim de tudo.

Nunca tivera curiosidade de usar um daqueles equipamentos e tampouco conseguia imaginar Lauren fazendo aquilo. Entretanto, aparentemente, ela tinha.

Nas fotos, ela estava com um sorriso mínimo — o que já era mais do que qualquer um em Hogwarts devia ter visto no rosto da grifinória —, ao lado de um homem mais velho sorridente de pele negra. Ele era vagamente familiar, Albus ficou imaginando se já não o tinha visto antes. No verso, existia uma curta mensagem: “Ei, garota curandeira, não se esqueça de sorrir. Tenho muito orgulho de você — mas você já sabe disso. Dean.”

Aquilo era curioso. Albus colocou a tira de fotos discretamente no bolso, maquinando uma ideia em sua mente.

x-x-x-x

Scorpius despertou Rose quando estavam a alguns minutos da chegada, pois a garota ainda estava com o uniforme da escola. Ela teve que ouvir um pequeno sermão de como teria sido muito mais prático se tivesse embarcado já com roupas comuns de dia-a-dia, assim como ele havia feito, e só depois disso teve oportunidade de sair para se trocar.

— Os seus pais estarão esperando por você na plataforma? — perguntou Rose quando ressurgiu, seu casaco de inverno a fazendo parecer duas vezes maior.

— Não, eu disse a eles que ficassem em casa, não tem necessidade.

— Bom, eu sei que se pedisse a mesma coisa aos meus pais, provavelmente os deixaria desconfiados e aí que realmente apareceriam. Ei, falando nisso, por que você não se apresenta para eles quando chegarmos?

— Para quem? Os seus pais? Está fora de si, Weasley? — Pelo modo como a olhava, Scorpius acreditava piamente naquilo.

— E o que tem de errado? Isso vai acontecer cedo ou tarde.

— Não vejo razão para isso — ele disse com descaso.

— Malfoy, essas coisas funcionam assim. É normal os pais conhecerem as pessoas com quem os filhos fazem amizades, sabe?

— Bom, ainda que isso seja verdade, existem amigos e amigos. Você não pode introduzir todos à sua família, entende?

— Não, não entendo. Por que não posso?

Scorpius revirou os olhos, impaciente.

— Tudo bem, imagine por um instante que eu estou me apresentando para os seus pais. Algo como... Olá, Sr. e Sra. Weasley, sou Scorpius Malfoy. Isso, Malfoy. Sei que é absurdo, mas sou amigo da sua filha e...

Sem mais nem menos, Scorpius parou de falar. Rose ficou esperando por algo, confusa, e quando o silêncio persistiu, ela indagou:

— O que houve? Você parou do nada.

— É porque eu acabo de ser estuporado. Figurativamente pelo menos, logo, não poderia continuar a falar.

Rose bufou em cansaço.

— Malfoy, eles nunca fariam nada com você. Obviamente, não sabe nada sobre meus pais... Eles são muito gentis e acolhedores. Nunca rejeitariam um amigo meu.

— Quantos dos seus amigos são da família Malfoy? Por favor, refresque minha memória.

Resignada, Rose suspirou.

— O.k., se está com tanto medo, não precisa falar com eles hoje.

— Medo? Não, é mais um senso de autopreservação.

— Chame como quiser. Você não quer e eu compreendo, mas não pense que irei mentir para eles caso me façam perguntas.

O som do apito os interrompeu, anunciando a chegada do trem à plataforma. Rose agarrou Bichento III em seus braços e se virou para o loiro.

— Vamos?

Scorpius normalmente aguardaria que a maior parte dos alunos desembarcasse para então seguir para saída. Detestava a euforia da chegada. Porém, Rose era do tipo que gostava de ser uma das primeiras a sair, por isso, ele teve de enfrentar aquele tumulto indesejado.

Já do lado de fora, após buscarem a bagagem — e de um pequeno acidente em que Rose trocou de mala com outro aluno —, os dois se viram no momento da despedida. E, por alguma razão, foi embaraçoso. Ou ao menos, foi o que Scorpius achou.

— Espero que mude de ideia sobre nos vermos no feriado — Rose disse, esperançosa.

Scorpius até pensou em algo para responder, mas não conseguiu. Deixou que ela prosseguisse.

— Bom, se você realmente não puder, então não tem por que eu falar depois. Não faria muito sentido, certo? Feliz natal, Scorpius.

Rose se precipitou para frente, dando-lhe um breve abraço.

— Ainda ficarei contente se resolver retribuir. — Ela sorriu ternamente e acenou com a mão.

Mesmo sem que o sonserino tivesse dito ou feito algo, Rose se distanciou, tomando seu caminho.

Scorpius ficou um bom tempo paralisado, incerto do que havia acabado de acontecer e, principalmente, da sensação estranha que lhe tomava. Era como uma comichão que começava na boca do estômago, mas que logo se alastrava de forma irrefreável, deixando-o desorientado.

De repente, sentiu-se um idiota. Afinal, o que havia acontecido de mais para deixá-lo sem jeito? Talvez não estivesse esperando por aquilo, por isso aquele choque. Choque, é claro. Essa era a razão daquela reação anormal.

“Ela não podia ter escolhido outro momento para me chamar pelo nome?” questionou-se, agora irritado, apesar de ter a vaga lembrança de já tê-la chamado por Rose. Entretanto, talvez não fosse real.

Enquanto Scorpius imergia numa discussão interna, Rose começava a procurar pelos pais, vasculhando a plataforma com o olhar. Mas seus pensamentos estavam longe, aquele sorriso de antes já havia se desmanchado.

“Sei o que eu farei se a situação surgir, mas... Se os pais dele perguntarem, será que ele contará sobre mim?”


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Notas finais do capítulo

Estou bastante empolgada com essa parte da história, estive ansiando por ela faz muito tempo e agora que chegou estou até meio nervosa. É, agora começam as revelações e outros momentos importantes... Espero que gostem do que vem por aí! Sei que vários comentários não foram respondidos ainda, farei isso assim que possível, mas dei prioridade aos mais recentes.
Agora, vamos torcer para a inspiração não sumir, né? O show tem que continuar!
Beijos a todos e até o próximo!