The Bright Side escrita por Anna C


Capítulo 14
O Dia Oficial de Lucy Weasley


Notas iniciais do capítulo

Quanto tempo, pessoal! Enfim, trago a vocês mais um capítulo de TBS, com destaque pra pequena Lucy desta vez. Obrigada a todas que comentaram no capítulo anterior e a quem favoritou a fic nesse intervalo de tempo, fiquei muito contente *-* Dou as boas-vindas para quem acabou de chegar e espero que gostem da história tanto quanto eu gosto de escrevê-la. Oh sim, há uma pequena coisitcha nas notas finais que eu gostaria de encarecidamente pedir hehe

Ufa... Sem mais delongas, bom chá com biscoitos!



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A manhã de Halloween. Uma manhã cinzenta, mas nem tão fria em relação aos últimos dias. Uma data animada que costumava deixar os estudantes de Hogwarts contentes e bem-dispostos. Se o banquete especial de jantar tinha a ver com isso? Possivelmente.

Para a hora do café, Rose já tinha compromisso: falar com Lucy. Foi andando em passos firmes até a mesa da Sonserina. Alguns alunos ficaram observando, curiosos com a cena que poderia vir em seguida.

— Lucy Weasley — começou Rose, ao parar em frente à primeiranista. Lucy se virou, surpresa e confusa por ver a prima ali. — Eu exijo uma audiência com a senhorita. Se importaria de me acompanhar?

Lucy olhou para os lados, completamente envergonhada.

— O-O que você está fazendo? Pare com isso, está parecendo uma maluca...

Rose riu, deixando a pose de lado.

— Era brincadeira. Mas, de verdade, posso falar com você? — pediu, esperançosa.

Lucy ficou um pouco zangada por ser interrompida, porém já estava nas últimas colheradas de cereal de qualquer forma.

— Ok... Mas vê se não me causa mais vexame!

Rose foi acompanhada da mais nova até a saída do salão. Afastadas dos olhares intrigados, elas postaram-se próximas a uma janela. Lucy ficou observando o lado de fora, considerando que nada que a grifinória pudesse lhe dizer seria de algum uso. Ou era disso que tentava se convencer.

— Bom, Lucy... Vejo que realmente está levando a sério sua promessa de não conversar mais comigo.

A menina continuou a ignorá-la.

— Lucy, olhe para mim, está bem? — solicitou Rose, um pouco mais séria.

Notou que ainda possuía alguma influência sobre a prima, uma vez que ela parou de olhar pela janela, seu foco agora nos sapatos de Rose.

— O que você quer?

— Quero pedir desculpas apropriadamente, pois não tive oportunidade ainda. Não foi nada legal o que fiz, eu reconheço.

— Não mesmo! — Lucy cruzava os braços – Eu teria ido ao seu aniversário se tivesse me chamado. Digo, se eu fosse mais velha e pudesse sair do castelo. Mesmo assim! Não custava nada ter me convidado.

— Sim, sim, você tem toda razão. Por isso, estou disposta a fazer algo para compensar. Isto é, se houver alguma coisa que eu possa fazer por você. Só quero que fiquemos de bem. Me desculpe, Lucy, sinceramente.

Lucy parecia que iria retrucar com outra resposta, mas suas feições abrandavam. Já estava bem menos zangada.

— Você... Você promete que não fará isso de novo? Que não vai se esquecer de mim? — perguntou Lucy com um pouco de denguice.

"Ah meu Deus, ela é tão lindinha!" Rose pensava. A prima estava sempre fazendo cara de brava, parecendo de mau humor vinte e quatro horas por dia. Entretanto, havia momentos em que seu espírito infantil a dominava e ela falava de uma maneira meiga e delicada. Seu temperamento instável e sua pequena estatura, por algum motivo, faziam Rose querer abraçá-la até não poder mais.

— Eu prometo. Palavra de escoteiro!

— O que é um escoteiro?

Rose deu um riso, constrangida.

— Na verdade, eu não sei. Vi isso num filme trouxa uma vez e pensei que soaria legal.

Lucy riu da prima, seu rosto livre de sinais de raiva. "Ela fica ainda mais fofa quando ri!" Rose não se conteve e abraçou a garota.

— A culpa é sua por sua por ser uma graça, Lucy. Me dê só alguns segundos e eu já te solto.

— Rosie! — Lucy brigou com a mais velha. — Eu não sou nenhum bebê, pode me largar!

Tendo acabado de receber o perdão de Lucy, seria melhor não contrariá-la. Além disso, se lembrara de outro detalhe.

— Mais uma coisa, Lucy. Eu tenho uma surpresinha de Halloween para você — Rose fuçava em sua mala feita de lona. — Espera aí... Não, não é isso, não... O que isso está fazendo aqui? Nossa, que bagunça...

Lucy começou a bater o pé.

— Você está só me enrolando, não é? Fala a verdade.

— Lucy, você precisa aprender a manter a calma, perde a paciência com muita facilidade... Ah! Achei! Feliz Halloween, priminha. — Rose lhe entregou um embrulho, sorrindo.

Um pouco desconfiada, a sonserina resolveu espiar o conteúdo daquele presente. Levou um leve susto quando identificou o que era.

— Como você sabia? — Os olhos de Lucy adquiriram um brilho. — Eu... Eu amo biscoitos amanteigados.

— Um passarinho chamado Molly Weasley me contou. — Rose piscou um olho.

Derrota completa. Lucy não conseguia mais arranjar argumentos para se zangar. Porém, ainda assim, ela disse:

— Eu já sei como vou te punir!

"Eu não tinha sido perdoada?" Rose ficou um pouco confusa.

— Como?

— Você vai ter que passar o resto do dia comigo. E a pior parte: vai me ajudar a comer os biscoitos!

Lucy era definitivamente a criança mais adorável do mundo. Rose a agarrou em um segundo abraço, ainda mais apertado.

Aquele Halloween seria o dia oficial de Lucy Weasley.

x-x-x-x

Mesmo antes, quando Rose estava sofrendo por causa de suas amigas e se queixava para Scorpius, ela sempre teve aquele jeito "dela" de ser. Seria coisa antiga? Atrapalhada, mas fazendo de tudo para ser prestativa. Carregando seus fardos, mas ainda se esforçando para deixar os outros contentes. E como ela conseguia distorcer tanto os motivos de suas ações?

Por exemplo, quando contara a Scorpius sobre sua relação com o Sr. Miller. Dissera que sua razão inicial para trabalhar na Floreios & Borrões tinha origens completamente mesquinhas, ainda que tivesse mudado com o tempo.

"— Eu fiz aquilo por mim, o que torna uma atitude à primeira vista generosa em algo egoísta. Quase me deixa enojada de tão ridículo."

Não era verdade, pensava Scorpius. Rose devia estar tentando até demais colocar defeitos em si. Ainda que sua primeira razão fosse querer se sentir útil, não havia nada de errado em desejar encontrar seu próprio valor. Como algo assim poderia ser classificado como egoísmo? Scorpius sabia que a definição de "egoísta" ia muito além daquilo, mesmo que ainda estivesse estabelecendo noções básicas sobre aquele tipo de coisa.

Após ter confessado seu tão "terrível" pecado, ela ainda encontrava oportunidade para elogiar Scorpius.

"– Você tem sido de grande ajuda lá na loja. Eu estou certa de que todo mundo concorda comigo."

Um comportamento anormal. Como alguém que se punha tão para baixo, podia querer elevar o ânimo de outra pessoa? Rose Weasley não fazia o menor sentido.

Mas talvez aquela fosse uma das razões pelas quais haviam se aproximado tanto. Porque ela enxergava além de si.

Era um simples chocolate de aniversário...

"— Bom, eu sei que me odeia, mas mesmo assim, eu pensei em... Ah, feliz aniversário, ok? – a ruiva retirou do bolso um pequeno embrulho redondo.

Scorpius ergueu uma sobrancelha.

— E o que é isso?

— É só um bombom. Quer dizer, eu teria arranjado algo melhor se não tivesse descoberto tão em cima da hora."

Um pequeno incentivo...

"– Eu já disse. Não vou me associar a um time fraco desses.

— Você não pode esperar que um olheiro descubra suas habilidades se não jogar em um time menor primeiro.

— Quem disse que eu tenho a intenção de jogar em um time de verdade quando me formar?

— Mas pode ser divertido! – ela insistia. – Você poderia aprender novas jogadas, quem sabe até fazer amizades..."

Uma delicadeza...

"– Malfoy... Você tem um belo sorriso."

Era estranho ter alguém assim por perto, que pudesse proporcionar situações com as quais nunca esperara se deparar. Seria demais se dissesse que estava começando a ansiar pela próxima novidade? O que mais a amizade de Rose Weasley ainda poderia oferecer à vida de Scorpius?

Porém, o anseio só era superado pela dúvida. Até quando a maré ficaria a seu favor?

"Me sinto tão idiota..." Dava-lhe vontade de rir. Como pôde permitir chegar àquele ponto? E por que não conseguia retirar tudo dito até o momento, desde o princípio daquela loucura sem sentido? "Talvez eu não queira." Talvez estivesse fora de seu juízo perfeito. "Eu poderia de fato estar me importando com outra pessoa?" E isso significaria que começava a gostar dela?

— Sr. Malfoy.

Droga. Devia saber que se dispersar durante a aula de Transfiguração lhe traria problemas. Agora, se a professora lhe perguntasse algo, não saberia responder onde haviam parado. Vergonhoso.

— Sim, professora.

— Poderia ajudar o Sr. Potter a levar algumas dessas caixas a Hagrid? Há coisas delicadas nelas, por isso, gostaria que não utilizasse magia para seu transporte.

Scorpius notou algumas caixas de madeira com furos empilhadas no canto da sala. Bom, pelo menos, ninguém havia notado que estava distraído. Equilibrou duas das caixas nos braços e saiu.

— Espere, Malfoy. — Albus se apressava para acompanhá-lo. – A professora disse para levarmos juntos.

— Acho que ninguém liga se levamos as caixas ao mesmo tempo ou não, desde que a entrega seja feita no final.

— Você não precisa responder tudo o que digo, sabia?

Rose lhe disse algo semelhante uma vez. Ela e o primo até que se pareciam em alguns aspectos.

— Eu acho que tem algum bicho aqui dentro. Pensei ter ouvido uma caixa sibilando — Albus comentou.

— Faz diferença o que há dentro?

— Para nós, não, eu acho. Sei que a professora estava trabalhando em alguns experimentos. Talvez tenha terminado e esteja devolvendo os utensílios para Hagrid. Sabia que ele já foi professor de Trato de Criaturas Mágicas? Mas já está aposentado e ficou apenas como guarda-caça da escola, às vezes vou lá à cabana visitá-lo. Ele é muito amigo do meu pai, sabe?

Sim, Albus lembrava um pouco sua prima, mas em uma de suas características mais irritantes: ele não parava de falar.

— Por que vocês insistem em me contar todos os detalhes da vida de vocês? — Scorpius resmungou.

— Ah, a Rose já tinha te contado isso?

— Não. Mas ela também nunca sabe quando ficar quieta.

— Isso não o incomoda tanto assim, não é? — perguntou Albus. — Não estou querendo dar uma de esperto aqui, mas as pessoas tendem a se afastar daquilo que não gostam.

Albus tinha um ponto válido.

— Eu... Eu não sei. — Scorpius não acreditava que Potter havia o deixado sem resposta. Contudo, havia tocado naquele assunto crítico. — Ela sempre foi assim?

— A Rose? Assim como?

— Descomunalmente desajeitada — Scorpius disse com escárnio, apesar de não ser aquilo que tinha em mente.

Albus riu levemente.

— Bom, sim, Rose sempre teve uma pré-disposição para sofrer pequenos acidentes. Se não me engano, ela já quebrou o braço pelo menos quatro vezes.

— Quatro vezes? — Essa era um marca impressionante.

— Isso. Quatro. Acho que "atrapalhada" possa ser a primeira coisa que vem à mente de muita gente quando pensa nela. Mas, se me perguntassem, eu diria que Rose é uma garota dedicada. Mesmo falhando, ela sempre tenta de novo. E isso em relação a quase tudo. Tenta remediar até as coisas mais desimportantes... Rose é uma pessoa bem peculiar.

"Isso ela é..." concordou Scorpius mentalmente.

— Eu queria ter me reaproximado dela antes — Albus confessava. — Se soubesse que ela estava infeliz, teria feito algo para ajudar. Rose não é de expor seus problemas para as pessoas e eu acho que estava muito fechado com meu próprio mundo para notar a dor dela... Mas, por alguma razão, ela se sentiu confortável para confiar em você.

Scorpius se recusava a olhar para o grifinório. Como o assunto chegara ali? Ele não havia feito nada de mais, só escutado um monte de queixas e respondido com ironia. Além disso, já fazia meses, que importância tinha agora?

— Para você, pode ter sido pouca coisa. Talvez, nem quisesse ficar ali a escutando. Mas foi o que fez a diferença. Naquele mês, eu voltei a falar com ela e, dentro de algumas semanas, eu já podia ver a mudança no comportamento dela. Rose tinha um sorriso verdadeiro, estava mais confiante. Eu não sabia a razão, porém foi só ela mencionar o seu nome que eu entendi qual papel tinha na história.

— Você pensou que estávamos saindo — Scorpius recordou, amargo.

— Tudo bem, eu confundi um pouco as coisas, mas entendi que era por sua causa que ela estava mais feliz. Isso eu não errei.

— Pare de dizer besteiras, Potter. Eu não salvei ninguém da depressão profunda, ok? Não fique falando como se fosse o que aconteceu.

— Tem razão. O que importa é que ela melhorou, certo?

Scorpius deu um grunhido. "Sem chance que eu vou concordar com essa afirmação."

— Acho que... Senti um pouco de ciúmes — disse Albus.

— O quê? — Scorpius ficou um pouco surpreso com aquela declaração.

— A maneira como você tinha sido de muito mais ajuda naquelas míseras semanas, enquanto eu não tinha feito nada em todos aqueles anos... Eu a abandonei com tanta facilidade e ainda queria compensar por isso. Mas não importava, o primeiro voto de confiança foi você que deu. Fiquei com ciúmes, sim.

— Ciúmes? De mim? Você alcançou o cúmulo do patético, Potter.

— Diga o quiser, foi o que eu senti. Mas isso também despertou minha curiosidade. Alguém que pudesse fazer Rose ficar mais feliz devia ser alguém que valesse a pena ter por perto.

— Foi por isso que começou a me atormentar? Por curiosidade? Enganar os outros não é exatamente o melhor jeito de fazer amigos... — Scorpius falou em deboche. "E eu por acaso sei o melhor jeito de fazer amigos?" até ele mesmo notava a ironia do comentário.

— Achei que já tínhamos deixado isso para trás. Mas, bem, acho que avançamos hoje. Essa deve ser a conversa mais longa que tivemos.

Scorpius relutantemente tinha que admitir, Albus estava certo.

— Foi mal se disse algo meio chato — dizia Albus. — De vez em quando, eu acabo falando demais.

— Eu já disse. Ela também faz isso. Eu meio que... Me acostumei.

"Um tanto inesperado." Albus ergueu as sobrancelhas, observando o loiro. Era de forma sútil, mas Scorpius também parecia diferente. Ele tinha poucas lembranças do sonserino no decorrer daqueles anos estudando em Hogwarts, porém nunca poderia imaginar que veria um lado de Scorpius que parecesse receptivo. Estava longe de ser alguém amigável, mas estava mais aberto.

"Foi a Rose. Tenho certeza." Aparentemente, eles faziam bem um ao outro.

— Esse papo ficou meio sentimental, não é? — Albus deu uma risada. — Acho que já deu. O que acha de mudarmos de assunto?

— Não sei. O silêncio é uma opção mais agradável.

— Você torce para o Ballycastle Bats, estou certo? A Rose me falou.

"Ignorou o que eu disse completamente. Ele aprendeu isso com aquela prima." Scorpius desejava que sua varinha não estivesse intangível no momento, queria evitar que Albus ficasse à vontade demais.

— A Weasley realmente não sabe controlar a língua.

— Então, é verdade? Meu irmão também torce. Eu sou mais as garotas do Harpies.

— Você é mais um desses que torce pelo Holyhead Harpies só porque é um time feminino?

Albus fez uma expressão de fingida inocência.

— Claro que não. Isso não tem nada a ver com o fato de elas ficarem dez vezes mais atraentes enquanto jogam, de onde tirou essa ideia?

Scorpius deu uma risada irônica.

— Eles dizem que você é um garoto exemplar, Potter.

— Na real, não sei como acabei ficando com essa imagem...

— Talvez não saibam que você tem uma mente deturpada.

— É. Pensando melhor, quem sabe seja uma decepção muito grande se descobrirem a verdade. Albus Potter, o pervertido? Não soa muito bem, não é?

— Essa conversa está ficando ridícula.

— Concordo. Soa muito mal mesmo. Acho melhor ninguém saber desse segredo. Mas você não é o tipo de cara que sai espalhando boatos, certo, Malfoy?

"Por Merlin, ele é a versão masculina da Weasley. Será que eu sou ímã de gente irritantemente otimista e sorridente?" Scorpius estava perturbado após analisar os fatos. Se Albus realmente fosse como Rose, ele sabia que eventualmente acabaria cedendo. Aquele tipo sempre o vencia pelo cansaço.

x-x-x-x

Luke estava quase desistindo. Talvez ele não fosse bom professor, talvez seu método de ensino fosse cansativo... Nem sabia mais se o problema era consigo ou não. O fato era que Louis não conseguia se focar. Sua capacidade de concentração não ia muito além de um peixinho dourado.

— Ok, vamos tentar mais uma vez. O asfódelo é cultivado principalmente em regiões...

— Halloween aqui é tão chato, hein? Vocês não costumam se fantasiar?

— Não, aqui na escola, não. Como eu dizia, regiões com temperaturas altas são perfeitas para...

— Bom, em Beauxbatons a gente fazia isso. Mas que seja, cada um com a sua, não é?

Luke suspirou, um pouco exasperado.

— Se quiser, podemos remarcar essa revisão. Pode sair para aproveitar o dia das bruxas com os seus colegas.

— Claro que não, quase ninguém estuda em um dia como hoje. É a melhor ocasião para usar a biblioteca, pois as chances de eu encontrar alguém conhecido por aqui são mínimas...

— Oh, é por isso que está usando óculos escuros do lado de dentro do castelo?

Sim, Louis estava usando óculos escuros do lado de dentro do castelo.

— Um bom disfarce, não concorda? Além disso, eu fico bem mais da hora assim. Tipo um ator hollywoodiano dos anos 60.

"Eu não estou entendendo nada do que ele diz. Esse cara não faz sentido." Luke temia fazer um comentário errado.

— Vamos dar uma pausa? Eu tô meio cansado de estudar. — Louis se espreguiçou.

"Mas ele nem tocou no caderno!" Luke estava incrédulo. Mesmo assim, fechou o livro que usava como auxílio e o deixou de lado.

— Tudo bem, como preferir. — Devia ser impossível discutir com Louis, afinal.

— Você é amigo da Rose, correto?

— Nós nos damos bem, mas acho que "amigos" seria extrapolar um pouco. Não que eu não desejasse isso, sua prima é uma ótima pessoa.

— Então, por que estava na festa dela?

— Eu namoro a Lauren, que costumava andar com a Rose. Ela nos convidou.

— Ah, então é isso... Nossa, como você namora aquela lá? Desculpe a franqueza, mas ela é assustadora!

"Será que ficaria surpreso se eu dissesse que já me perguntaram isso?" pensou Luke.

— Lauren pode ter uma postura, er, bom, um tanto intimidadora, mas não é só a isso que ela se resume.

— Você falou, falou, e não disse nada.

— E o que você espera que eu diga?

— Ora, pode ser sincero. Às vezes, ela tem um pai "figurão" que descola uns ingressos, ou ela pode ser muito boa de...

— Eu nunca diria uma coisa dessas! — O rubor de Luke atingiu seu limite. — Seria muito desrespeitoso me referir à minha própria namorada dessa forma!

— Nossa, Longbottom, você é mesmo tímido. Há quanto tempo namoram? Aposto que ainda nem fizeram nada...

Luke estava quase tendo um infarto. Como alguém podia ser tão direto quando falava de assuntos tão íntimos? Será que Louis tinha algum pudor?

— D-Desculpe se estou sendo rude, mas não é da conta dos outros o que já fizemos ou deixamos de fazer, está bem? — Luke conseguiu declarar com muito esforço.

Louis deu os ombros, indiferente.

— Eu sei, eu só queria te deixar mais constrangido.

"Fez de propósito?! E me diz isso na maior cara lavada?" Luke estava se arrependendo amargamente de ter aceitado lhe dar aulas.

— V-Você também tem namorada, não tem? — Luke desviava o assunto para o loiro. Tinha a leve suspeita de que Louis adoraria falar mais de si mesmo. — Aquela garota morena da festa.

— Ah, a Coline? — Louis riu com gosto. — Não, claro que não. Ela é minha melhor amiga, mas é só isso. Ela é muito bonita, não é? Faríamos um casal extraordinário. As pessoas chorariam na rua, espantados com a nossa beleza.

— Você está só brincando, não é? — Luke temia a seriedade do tom do quintanista.

— Só que não daria certo. Eu me sentiria terrivelmente incestuoso. Bom, eu nunca beijei minhas irmãs, mas imagino que a sensação seria semelhante.

"E será que a tal Coline sabe disso?" Luke teve a impressão de que Coline sentia mais por Louis quando estava naquela festa. A maneira como o tocava, o olhava. Mas talvez fosse somente presunção sua.

— Além disso, namoros são muito chatos. Servem só pra que peguem no pé, reclamem de atrasos ou de esquecimento de datas. Daqui a pouco, você se acomoda e acaba casando, então não faz mais nada da vida. Eu acho muito deprimente.

— Bom, creio que sua conclusão é um tanto drástica. Nem todo relacionamento é desse jeito.

"E como que o argumento acabou em casamento?" Luke quase ria. A noção de Louis sobre a vida era realmente limitada, ele ainda precisava crescer e amadurecer. Talvez assim, tivesse uma opinião mais sensata sobre o tópico.

— Ah é, esqueci que você é comprometido. Se já ficou amarrado, é porque deve curtir essas coisas. Bom, eu sou do tipo que acha que as pessoas devem fazer o que têm vontade, por isso, vá em frente e seja escravo da instituição matrimonial. Dou apoio total.

— Você não tem muita noção, sabia?

— Mas nunca receberá um convite meu de casamento. A menos que eu mude de ideia, vai saber. Enfim, Longbottom, acho que você se distrai muito facilmente. Assim, nunca terminaremos de estudar. Devia trabalhar melhor a questão do foco.

Luke pegou o livro sobre plantas exóticas da Ásia e o abriu na página que havia parado, com toda a calma do mundo. "Tudo bem, não consigo acompanhar o ritmo dele, mas nem adianta tentar. Fique tranquilo, Luke, não perca as esperanças."

— Antes de retomarmos, só preciso pedir uma coisa — disse Luke, em tom de cansaço. — Se importa em tirar esses óculos escuros?

Aquilo já começava a ficar ridículo.

x-x-x-x

Havia um lugar bastante confortável às margens do Lago Negro, ao qual Rose sugeriu que ela e sua prima fossem após as aulas. Lucy se acomodou no gramado toda animada, ansiosa para comer os biscoitos. Porém, podia esperar mais um pouco. Estendeu o pacote de biscoitos para a mais velha, sorrindo.

— Pode ficar com o primeiro, Rosie.

"Ah! Que gracinha que ela é!" Rose precisava controlar seus impulsos de agarrar Lucy em um de seus abraços mortíferos.

— Muito obrigada, Lucy. — A grifinória aceitou um biscoito, levando-o à boca. — Hum, está gostoso. O que você acha?

Lucy saboreava o doce, concordando com a cabeça.

— Que bom que gostou — falou Rose.

Assim que terminou de mastigar, Lucy olhou para a prima.

— Eu sinto muito por ter pisado no seu pé e ter gritado com você. É que eu estou meio cansada de todos me deixando de lado por eu ser mais nova. Todos sempre dizem "Você é muito nova para isso", "Quem sabe quando você tiver idade"... Dá pra imaginar? Tenho um monte de primos e uma irmã, mas todos são tão mais velhos! Nunca tiveram paciência para brincar comigo. Eu queria pelo menos poder participar das coisas que vocês gostam de fazer. Mas, mais uma vez, o problema é o meu tamanho. Às vezes, eu queria acordar e ser adulta como você, Rose. Assim, ninguém mais implicaria comigo.

Rose deu um sorriso de compreensão, afagando os cabelos da sonserina.

— Não, você não deseja isso. Eu entendo a sua situação, Lucy, e simpatizo com ela. Mas não queira crescer tão rápido. Pode até reclamar, mas há coisas que somente você pode fazer, e nós, que já estamos crescidos, bem que gostaríamos. Você ainda tem tanta liberdade, tão poucas responsabilidades... Nossa família é muito carinhosa, por isso já aviso que não estou reclamando, mas, de vez em quando, sinto falta dos mimos que tinha quando era criança.

— Sente falta das pessoas te tratando como bebê? — questionou Lucy, descrente.

— Acho que ninguém gosta quando é menor, mas depois sempre bate aquela saudade. Adormecer no colo da vovó, ouvir histórias dos mais velhos, ser abraçado até parar de chorar pelo motivo mais bobo do mundo... Essas coisas raramente acontecem depois que se cresce. Você pode até achar que eu sou louca por dizer isso, porém eu acho que você tem sorte de ainda ser do tamanho que é.

Lucy não estava totalmente convencida, contudo, enxergava algum sentido naquelas palavras. Pegou um biscoito e ficou o observando.

— É verdade que vocês não podem comer doce quando querem — dizia Lucy. — Isso deve ser muito chato. Além disso, nunca vejo os meus pais ou tios ganharem presente legais de natal. Vendo por esse lado, tornar-se adulto parece ser um tédio.

"Só pensa nos doces e nos presentes?" Rose não podia dizer que estava surpresa.

— Mas, esquecendo que você é tão mais velha... Você poderia continuar a falar comigo na escola, Rosie? Sei que é meio vergonhoso ficar andando com alunos do primeiro ano, mas eu só estou pedindo por um "oi" quando tiver tempo sobrando. Ainda não fiz amigos na minha casa, então às vezes me sinto um pouco sozinha...

Aquela expressão de cortar o coração no rosto de Lucy foi demais para Rose. Ela precisou abraçar a menina, ainda que tivesse sido repreendida mais cedo por isso. A prima não pareceu se importar desta vez.

— É claro que sim! E não é vergonha alguma, eu tenho o maior orgulho de ser vista ao seu lado. Só espero que sinta o mesmo... Sabe, tem gente que me chama de "a desastrada da Grifinória".

Lucy a encarou incrédula por um tempo e depois começou a rir.

— Bom, não é por nada, mas eles até têm razão. Falando nisso, tem uma coisa no seu cabelo.

— Hã? O quê...? — Rose levou a mão a suas madeixas, sentindo de fato algo ali. Era um pássaro feito de papel. — Ei! Quem jogou isso aqui?

Lucy apontou para um local ao longe e o olhar de Rose seguiu naquela direção. A vários metros, ainda à beira do Lago Negro, Eric Hewitt e alguns amigos conversavam. Eric, em especial, estava olhando para o lado das duas primas, sustentando um sorriso que deixou o rosto da ruiva fervendo.

Abra... Ela podia ler seus lábios. Abrir? "Ah, a dobradura!"

Rose desdobrou o pássaro de papel e encontrou nele escritas as palavras:

"Você parece mais feliz hoje. Assim é bem melhor."

As orelhas de Rose pegavam fogo. Sua reação imediata foi esconder o rosto atrás do papel.

— Você tem um namorado! — Lucy falou, empolgada.

— N-Não é meu namorado...

— Depois eu que sou a criança aqui... Você está agindo que nem as garotas da minha sala!

"Realmente, esse Eric Hewitt não tem a mínima noção."

x-x-x-x

Quando o relógio bateu sete horas, Rose e Lucy se despediram no Salão Principal, cada uma indo para sua respectiva mesa. Rose estava contente em ver a prima de melhor humor, sentia que após aquele dia estavam mais próximas.

— Onde você estava? — Albus perguntou, quando a prima se sentou ao seu lado.

— Passei o dia com a Lucy. Você devia tentar também, ela é uma menina muito doce...

Mas Albus a fitava com desconfiança.

"Droga, ainda não consegui me livrar daquela expressão boba de antes..." Rose se condenava, evitando o olhar do moreno. "Não pergunte sobre isso, por favor, não pergunte..."

— Estou achando que mais alguma coisa aconteceu — disse ele.

— E eu acho que você está equivocado. Foi um dia tranquilo e normal de Halloween.

"Meu Deus, Rose, quem quer convencer com uma frase dessas?!", mas a ruiva sabia que nada do que dissesse funcionaria.

— Certo... — Albus ainda tinha suas suspeitas, porém resolveu ignorar. Se Rose quisesse dizer, já teria dito. — Mudando de assunto, você andou falando alguma coisa com o Malfoy?

Rose piscou, confusa.

— "Falando alguma coisa"? O que quer dizer?

Albus riu, dando de ombros.

— Ah, é que hoje ele foi mais legal do que de costume. Até conseguimos falar sobre Quadribol civilizadamente. Então, fiquei imaginando se não havia...

Rose negou de imediato.

— Não, eu não falei nada. Se Malfoy se comportou bem, o mérito é todo dele.

"Eu sabia!" Albus pensava. "Só que isso não é totalmente verdade, prima. Você exerce mais influência do que imagina."

De todo modo, ela sorriu.

— Fico feliz que vocês estejam mais amigos, mesmo que só um pouquinho. Confie em mim, Albus, o Malfoy é muito melhor do que todos dizem. Ele só precisa que lhe deem uma chance.

— Albus!

Rose e o primo se viraram. Tracy Shallow acenava da mesa da Corvinal, sorrindo de uma forma que tornava possível se ver todos os seus dentes. "Isso não dói, não?" pensou Rose. Foi quando sua ficha caiu. "Ciúmes. Ela está com ciúmes de mim com o Albus. Sabia que aquela conversa de antes sobre 'águas passadas' estava muito esquisita..." Decidiu deixar Albus em paz por algum tempo naquele jantar.

Não que Tracy realmente tivesse motivos para se preocupar. Inconscientemente, Rose começou a sorrir, lembrando-se do bilhete guardado em seu bolso. "Afinal, por que não o joguei fora? Sou uma boba mesmo."

O que Rose ignorava era que alguém a observava naquele segundo, alguém entre os sonserinos. E era Scorpius. Tinha somente a intenção de passar os olhos por ela e nada mais. Entretanto, notou em Rose uma expressão totalmente inédita, um sorriso completamente novo. O que significaria aquilo? E por que será que o incomodava tanto? Enquanto olhava para aquela garota, um sentimento diferente também surgiu em Scorpius e se chamava preocupação.


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Notas finais do capítulo

Gosto que as coisas estejam enfim começando a andar na história, isso me deixa mais animada para continuar! Bom, a única coisa que direi sobre o capítulo 15 é que terá Quadribol *-* Yay! Não sei vocês, mas adoro essas cenas — apesar de elas serem meio difíceis de narrar na minha opinião.

Outra coisinha que eu queria comentar aqui, mesmo sendo meio chato, é que... Bem, tenho uma noção bastante precisa de quantas pessoas acompanham a fic e, se fosse possível, gostaria de ver um pouco mais de retorno. Esse pedido de forma alguma é pra ser algum tipo de chantagem do tipo "QuErO 71094 cOmEntÁrIoS nEsSe CaPíTuLo, oU nÃo PoStO!!!", porque, pelamor né, ninguém aqui tem cinco anos de idade (e essa escrita é tão anos 2000, ah, bons tempos...). Além disso, estou muito feliz com toda a resposta que recebi até agora, pois tenho os melhores leitores do mundo ♡ Mas, se eu não estiver pedindo algum absurdo, querido leitor-fantasma, apresente-se e fique à vontade para dizer o que está achando! Já falei antes, mas repito: adoro ouvir as opiniões, sugestões e, inclusive, críticas (quando feitas de maneira civilizada e construtiva, é claro). Beleza, recado dado. Câmbio, desligo.

Ok, foi mal por ser a chatona da vez, porém eu precisava falar (◕︿◕✿) Não se esqueçam, tia Anna ama todos vocês ♡ (Tenho que parar de me chamar assim, é estranho.)

Beijoooos!