Ele E Ela escrita por Maitê


Capítulo 9
Início de mudança


Notas iniciais do capítulo

Gente, sei que vocês vão odiar isso. Mas semana que vem eu viajo e infelizmente não vou poder postar nada por duas semanas ): Peço desculpas desde já ,e estou tentando achar inspiração para escrever mais um antes de segunda que é quando viajo :/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/357627/chapter/9

Dois carros estacionados lado a lado, o sol se pondo anunciava o final de mais um dia.E a conversa entre eles continuava .

— Sua amiga é muito louca! - Miguel disse dando risada com a mão sobre a barriga.

Os dois ainda falavam sobre o ataque de Rachel e de como ela pulou na frente do porshe.

— Não sei o que deu nela hoje. - Maria deu de ombros, tentando acobertar a mentira.

— Acho que ela não gosta de mim ,nenhuma deles aliás.

— Eles ? - o encarou curiosa.

— É ,seus amigos. As pessoas com quem você anda. Mas se bem que eu acho que eles não gostam de ninguém naquela escola. Sempre com cara feia e fazendo piada de todos. - ele encarava o canal, estava nervoso em falar aquilo, não sabia se ela se ofenderia.

Ela ficou em silêncio ,só o encarando e pensando em todas as piadas que ouvira, e todas as vezes que vira pessoas ficarem visivelmente magoadas com elas. Se sentia mal por estar entre eles, mas também se sentia idiota por não sair daquele meio.

— Na verdade ,eu achava que você era como eles. Mas agora sei que não. - ele disse a trazendo de volta para a realidade e a jogando no ar ao mesmo tempo

Doeu ouvir aquilo, mas não de um jeito que fizesse com que sentisse raiva dele. Doeu ,porque se Miguel pensava isso ,muitas outras pessoas pensavam também. Não era como Rachel ,sabia disso muito bem. Não gostava de ser tratada como uma pessoa que a qualquer momento pode fazer uma maldade, não gosta de como as pessoas a paparicam quase como se tivessem medo dela. Não gosta do modo como a copiam ,querendo ser como ela. Nem de como tem que parecer perfeita o tempo todo.

Não gostava da sensação que sentia frequentemente,aquela que fazia parecer que tudo estava sempre por um fio. E estava mesmo ,porque se todos descobrissem a verdade, sua imagem estaria arruinada.

Inconscientemente, envolveu o pulso esquerdo com a mão direita e o apertou de leve. Escondendo as provas ,escondendo a verdade.

— Tudo bem ? - Miguel a olhou ,preocupado com o silêncio.

Ela sorriu de leve e assentiu.

— Tudo ,eu só estava pensando neles. Como você disse ,não sou como eles.

Miguel ficou em silêncio por uns segundos, até achar a coisa perfeita para ser dita naquele momento.

— Anda com os sábios e serás sábio ,mas o companheiro dos tolos será afligido .Provérbios treze ,versículo vinte . - Miguel disse sério com o olhar a frente .

Maria não sabia o que dizer ,sabia que ele tinha recitado um versículo da bíblia e justamente por isso não sabia o que fazer. Ela não estava acostumada com isso .Tinha pouquíssimo contato com Deus ,as vezes até chegava a duvidar de sua existência .

Ele prosseguiu ainda sério.

— Jesus nos disse isso, e ele está certo .Somos afetados pelas pessoas a nossa volta ,nossas atitudes, o que falamos ou até mesmo o que pensamos tem influência das pessoas que te cercam você querendo ou não. Talvez seja por isso que muitas pessoas te imaginam como uma segunda Rachel.

— Segunda Rachel? - balbuciou.

— É ,porque você está sempre grudada nela sabe? Tudo que ela faz ,você também faz. Aonde ela vai, você está lá. - se desesperou ao perceber o rosto dela perdendo cor - Maria? Maria ,não morre. Desculpa se eu tô falando besteira! - agarrou nas mãos dela com força e a trouxe de volta, mesmo sem saber.

— Não ,não. Tá tudo bem . - gaguejou ao apertar as mãos dele. - É só que eu nunca tinha pensando por esse lado.

— Desculpa mesmo assim. Eu não devia ter falado essas coisas, afinal ela é sua amiga né ?

Silêncio.

— Na verdade ,eu não sei bem. -falou baixinho, era a primeira vez que falava aquilo abertamente ,e o estranho era que não queria parar. - Somos amigas a muito tempo ,mas não sei, eu sempre tenho a sensação de que ela quer muitas coisas a mais .

— Como assim ?

— Não sei explicar ,sempre me dando ordens. - suspirou - Hoje de manhã ,quando ela saiu me puxando pelo estacionamento era pra me dar uma bronca. Por estar andando com você.

— E o que eu fiz para ela ? - franziu o cenho.

— Ela disse que você não é um de nós. - era vergonhoso falar aquilo em voz alta.

— Um de vocês ? - ele achava que devia se sentir ofendido, mas na verdade gostou daquilo.

Percebendo aquilo ,ela riu.

— O que foi ?

— Nada, é que eu gostei disso. - se permitiu rir abertamente.

— De não ser um de nós ?

— Não ,de não ser um deles. Você não é como eles. É melhor que isso. - falou sério.

Ela ficou olhando em seus olhos de oceano ,e sorriu. Sabia que ele podia enxergar sua alma ,que não iria julgá-la. Então por que continuar resistindo ,se sabia que no final iria derreter diante dele ?

O abraçou ,pela primeira vez, sem lágrimas. E ele retribuiu o abraço muito contente ao perceber este fato.

Quando anoiteceu eles ainda estavam lá, sentados na velha arquibancada. Ela com a cabeça apoiada no ombro dele, sentindo seus braços fortes a envolvendo. A sensação era gostosa ,e ela não queria sair dali .Mas sabia que teria de ir.

— Acho que é melhor irmos para casa. - ele falou baixinho.

— Eu sei ,Berta deve estar preocupada. - suspirou se afastando .

— Quem é Berta ?

— É a governanta da minha casa, é como uma mãe pra mim. - sorriu ao falar dela.

— E sua mãe ? Você não falou dela.

— Outro dia eu falo dela para você. - falou apressada ,tentando mudar de assunto.

— Tá bom ,vou cobrar hein ! - se levantou e estendeu a mão para ela.

Maria sorriu para ele ,como não sorria para mais ninguém.Pegou sua mão e levantou ,foram andando juntos de mãos dadas até o porshe. Miguel queria levá-la em casa ,mas sabia que ela não ia querer ,por isso nem tentou.

— Eu tenho uma ideia. - falou quando pararam ao lado do carro.

— O que é ?

— Quer ir lá em casa um dia desses? Comer alguma coisa, conhecer meu pai. - disse sem jeito.

— Eu ia amar. - Sorriu abertamente o fazendo sorrir também - Mas e sua mãe ?

— É meio complicado ,quando você aparecer lá eu te explico a história toda.

Maria franziu o cenho por um curto momento, o que poderia existir de "complicado" nele? Ele parecia ser tão perfeito.

— Tudo bem ,então amanhã a gente combina isso direito.

Ficaram se encarando ,sem jeito, meio sem saber o que fazer. Sabiam que era hora de se despedir ,Miguel abriu os braços meio hesitante e ela sorriu com o convite silencioso. Abraçou sua cintura e fechou os olhos ,apreciando o aperto dele em volta de seu corpo.

Durou poucos segundos ,mas foi o suficiente para gravarem o cheiro do outro em suas memórias e se sentirem confortáveis.

Maria se afastou e meio ou totalmente sem querer abriu a porta do porshe ,jogou a bolsa no banco traseiro e antes de entrar o ouviu dizer.

— Maria ?

Se virou para ele ,sorrindo para variar.

— Sim.

— Amanhã ,você pode ficar comigo se quiser .. na escola sabe? Eu acho que pode ser meio difícil com a Rachel e tudo mais. - mexeu no cabelo desviando o olhar por breves segundos.

Maria Flor sorriu com seu jeito meigo e depositou um rápido beijo em sua bochecha. Entrou no carro e abriu o vidro.

— Esteja certo de que amanhã vou ficar no seu pé.

E com isso ela deu a partida e saiu dali ,torcendo em seu interior para que continuasse corajosa, por ele e por ela mesma.

Ao chegar em casa ,subiu direto para o quarto.Berta não estava mais lá e sabia que no dia seguinte teria de dar boas explicações por não ter aparecido. Depois de um tempo a fome apertou e ela desceu em busca de algo para comer. Acabou com um sanduíche de presunto maior do que o normal e uma culpa enorme na mente. Subiu pro quarto e se jogou na cama ,encarava a porta do banheiro ponderando o que fazer.

Se sentou decidida, mas antes de qualquer movimento seu celular vibrou.

Era ele ,desejando boa noite. Boa noite linda, era isso que dizia.

Foi isso que a fez mudar de ideia, ela deitou novamente e adormeceu com os olhos presos na tela do celular ,pensando em tudo o que poderiam ser juntos.

(...)

O dia seguinte foi muito diferente para todos.

Ao estacionar o porshe ,a primeira pessoa que viu foi Rachel .Que encarava o carro com olhos carregados de fúria, respirou fundo ,decidida a manter sua palavra para o menino dos olhos de oceano.

Continuou a correr o olhar por onde alcançava, até ver Brooke encostada em sua picape vermelha a duas vagas de distância de Rachel.

Encarou as duas por dez minutos. Rachel furiosa, Brooke voando na vida.

Sorriu ao tomar a decisão ,pendurou a bolsa no ombro ,saiu do carro e apenas acenou para Rachel enquanto ia até uma Brooke super empolgada ao vê-la.

Antes de tudo Brooke a abraçou inesperadamente, depois começou a tagarelar sobre como Shakespeare era brilhante ,e isso era algo que Maria concordava plenamente, por isso foi extremamente fácil conversar com ela.

Logo Miguel chegou ,estacionou o carro ao lado da picape e deu risada ao ver a cena inesperada. Aquelas duas garotas tão diferentes uma da outra ,ali ,rindo e conversando animadamente. Era animador e foi uma prova de o que dia seria ótimo.

E foi mesmo, os três se mantiveram inseparáveis durante todo o dia. As vezes Rachel ou Dyllan tentavam levar Maria para longe ,mas eram impedidos por uma inflexível Brooke que tinha decidido proteger Maria dos "urubus" como Miguel a protegia.

Durante as aulas em que Miguel não estava presente ,Maria se mantinha cautelosa, não passava tanto tempo perto deles ,nem conversava muito e logo sumia de seu campo de vista.

Era estranho ,era como estar fugindo. Mas era por uma boa causa.

Rachel estava a ponto de explodir, não sabia o que fazer nem como trazer Maria de volta. Já tinha imaginado milhares de coisas ,mas todas envolviam o assassinato de Brooke Davis ,que por sinal era sua prima. Tinha que arrumar um meio de trazer a amiga de volta, quem sabe fazendo intriga. Para Rachel uma velha e boa intriga é a solução para a maioria de seus problemas.

No final do dia ,Maria ,Miguel e Brooke saíram da escola e foram em direção ao restaurante favorito dos dois amigos. O Taco do Joe.

Rachel já tinha um plano montado em sua mente ,e por isso tudo o que teve de fazer foi convencer todos os amigos a acompanharem ,o que não foi muito difícil.

E assim seguiram todos atrás de um fusca azul ,uma picape vermelha e um porshe amarelo.

Mal sabia Maria o que a aguardava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal eu queria agradecer a cada um de vocês pelo imenso apoio ,compreensão e comentários que me deixam. Você me fazem muito feliz ,pelo simples fato de lerem e expressarem o quanto estão gostando. Mas hoje eu queria agradecer principalmente a Victoria Luiza que me deu um imenso presente. Flor ,você nem imagina como fiquei feliz em ler a recomendação ,a primeira! Por mais que eu fale obrigada ainda não vai ser o bastante, sério mesmo. Muito obrigada! Cada um de vocês tem um pedacinho de meu core e acho que através dessa ficc e lógico de nosso Deus ,estamos todos ligados e conectados.
Bom ,é isso... Beijo gente, e que Deus abençoe a cada um de vocês !



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ele E Ela" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.