Ele E Ela escrita por Maitê


Capítulo 4
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Oláa *-*



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 Estava tudo escuro lá fora, o vento frio que passava pela janela entre aberta balançava a cortina rosa e deixava o quarto um pouco mais triste.

Eram 22:47 da noite, Maria estava deitava em sua cama. Já deitara faz tempo,porém o sono não lhe vinha. Encarava o teto e pensava nas respostas ridículas que dera as perguntas dele.

Poucas vezes na vida tinha se sentido tão fútil. Mas era assim que tinha que ser e ela já tinha se conformado com isso.

Suspirou e virou para o lado mais uma vez. Pegou o celular e pensou em ligar para Rachel mais uma vez. Ela tinha aprendido em filmes adolescentes e livros juvenis que melhores amigas tem o dever de se apoiarem. Mas não se lembrava de uma única vez em que Rachel a ajudara de verdade.

Depois de chegar em casa e subir para o quarto sem falar com ninguém ,ligou para a amiga três vezes ,não sabia bem o que iria falar mas de qualquer forma não tinha adiantado nada pois os telefonemas não foram atendidos.

Deixou o celular em cima do criado mudo e encarou o teto mais uma vez. Seu estômago roncou ,era como se implorasse por algum alimento mas Maria ignorou a sensação como sempre fazia.

Berta já devia ter ido para casa a muito tempo, e nem pensar iria "bater um papinho" com Jack. Ninguém para conversar.

Sorriu ao lembrar do irmão ,em como ele não deixava ninguém na casa dormir antes da 00:00. Mike era agitado ao extremo ,era um rapaz maravilhoso, sempre disposto a ouvir e ajudar ,um sorriso nos lábios e um brilho no olhar revelavam sua alma. Era extremamente cuidadoso com a irmã e a via como a sua mais preciosa jóia.

Os olhos de Maria se encheram de lágimas ao se dar conta da palavra "era" ,perceber que todos os verbos dirigidos ao irmão teriam que ser conjugados no passado era massacrante.

Mas devia chorar toda vez que se lembrasse dele?

Ela não sabia responder. Quando lembrava do irmão, se mantinha presa as boas lembranças. Deixando afastada a memória que revelava como ele morreu.

Queria tê-lo perto novamente,poder abraçá-lo e sentir seu cheiro.

Foi com esse pensamento que ela se levantou e a passos lentos e saiu do quarto. Deixou a porta entre aberta. Andou alguns passos para a direita até parar em frente as largas portas brancas ,desde que tudo aconteceu elas permaneciam fechadas. Poucas vezes alguém entrava ali e nunca ninguém tinha se atrevido a mexer em um único objeto sequer.

Talvez por isso tenha sentido o cheiro dele tão presente ao abrir as portas.Fechou os olhos e por um instante foi como se ele ainda estivesse ali ,sentado no chão com um pote de sorvete esperando pela irmã para poderem comer juntos como sempre faziam.

Maria fechou as portas atrás de si e foi até a cama dele, os lençóis estavam desarrumados do jeito que ele deixou, um livro aberto sobre o travesseiro,as lágrimas arderam em seus olhos ao dar uma olhada em tudo. Tênis largados nos cantos, roupas penduradas na cadeira, os livros desorganizados nas prateleiras, folhas em branco sobre a mesa de estudos .

Tudo exatamente como ele tinha deixado.

Maria fungou e se sentou no chão ao lado da cama. Respirou fundo e encarou as fotos que ele tinha deixado sobre o criado mudo.

Uma era a foto de família tirada no natal anterior aos incidentes, a família reunida e sorridente. Jack abraçava a esposa pela cintura enquanto Maria e Mike sorriam a frente deles. A outra era dos dois irmãos. Maria nas costas de Mike sorridente como nunca.

Aquelas fotos a fizeram lembrar de como sua família era unida ,mas essa época passou. Só ela e Jack estavam presentes agora e eles quase nunca se falavam. Nunca teriam uma relação saudável e amorosa novamente.

— Maria ?

Ela conhecia aquela voz e fechou os olhos com força torcendo para que aquilo não fosse verdade.

— O que você está fazendo aqui dentro a essa hora? Vá já para o quarto, anda. Já disse que não quero saber de ninguém aqui dentro.- Jack disse autoritário mantendo os olhos em sua filha sentada no chão.

Ela somente se levantou e passou por ele como se não estivesse ali.

Ouviu quando Jack fechou a porta com violência e se dirigiu ao seu quarto.

Entrou em seu próprio quarto e deixou as lágrimas que reprimiu escaparem. Deitou com o rosto afundado no travesseiro ,dormiu chorando e pensando em como tudo seria diferente se seu irmão ainda estivesse ali.

(...)

— Uma festa?! Quando ? - Maria perguntou animada a Rachel enquanto se aqueciam para o treino com as líderes de torcida.

— Amanhã ,lá em casa. Meus pais estão viajando e isso quer dizer que teremos a casa todinha para nós. - ela disse melodicamente.

— Mas está tão encima ,vamos ter tempo de organizar tudo?

— Não tem muito o que organizar amiga. É só comprar as bebidas e encher a casa de gente,festa de boas vindas para as novas líderes de torcida e pros novos gatos do basquete.

As duas riram olhando para o lado ,o time estava todo ali. Estavam treinando na quadra a algum tempo. As meninas se aqueciam esperando seu horário. Todas estavam muito animadas com a notícia da festa que rapidamente já tinha se espalhado por toda a escola.

As cinco novas líderes de torcida já tinham se enturmado e feito amizades. As cinco eram muito bonitas ,e magras. Já andavam pela escola com seus uniformes e segundo os boatos já quebravam corações pelos corredores do colégio.

— Então todos já estão sabendo?

— Já! E a maioria está mais que confirmada. Música alta ,gente bonita e muita muita bebida. Quer mais ou tá bom?

— Tá ótimo!

Maria não admitia com muita frequência mas amava festas ,ainda mais quando envolviam bebida. Dançar muito e beber eram as coisas que a ajudavam a esquecer dos problemas.

O treinador do time apitou dando o treino por encerrado e nessa hora Rachel pegou a mão de Maria e a arrastou até o meio dos meninos.

Ela se sentiu um pouco nervosa mas a agitação da amiga a fazia se soltar.

— Meninos só queremos lembrar que todos estão convidados para a festa de amanhã na minha casa! Música boa ,bebida de qualidade e outras coisitas mais ... - ela disse animada se insinuando e levando todos a crer que Maria também estava disposta as tais "coisitas" mais.

Os meninos sorriram animados, assoviaram e soltaram elogios para as duas garotas. Logo Maria já se sentia confortável naquele meio, era bom se sentir desejada por tantos caras bonitos.

O treinador gritou mandando todos para o chuveiro e eles foram ,mas antes tinham que se despedir das garotas e dizer que estariam presentes na festa amanhã.

Elas sorriam e respondiam a todos com muita animação ,até que Miguel parou a frente de Maria e sem dizer uma única palavra entregou uma folha de papel dobrada ao meio para ela e foi embora.

Rachel não percebeu nada pois estava muito ocupada conversando com os novatos do time. Um deles mantinha a mão em sua cintura e sorria para ela .

Maria o viu se afastar e depois abriu a folha com receio.

"Miguel Collins, dezessete anos.Moro com meu pai e tenho uma ótima relação com ele.Fico irritado com pessoas mal educadas e fico feliz em saber que tenho um Deus que me ama incondicionalmente. Boa sorte com seu trabalho."

Ela suspirou e estremeceu ao perceber o quanto tinha deixado aquele menino de sorriso tão bonito chateado.


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Notas finais do capítulo

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