Ele E Ela escrita por Maitê


Capítulo 31
Volta


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último gente! ):



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Aqueles três meses podiam ser resumidos em apenas uma palavra: longos.
    Todos seguiram suas vidas, sempre esperando. Sempre torcendo pela Flor que agora estava tão longe.
     Berta continuou seu trabalho na casa de Maria e Jack. Os dois tinham uma relação super amigável agora. Ela cuidava de tudo na casa, cuidava para que Jack estivesse o melhor possível e visitou Maria na clínica duas vezes, até que a garota passou a recusar receber visitas. Queria seguir o tratamento e somente. Berta, assim como todos os outros, ficou muito triste com a decisão de Maria e no início não compreendeu. Mas por fim aceitou, e passou a esperar por sua volta.
    Jack ficava melhor a cada dia que passava. Não era um homem perfeito, muito longe disso. Mas agora ele só adotava a posição fria e calculista quando estava fechando negócios na editora. Nos três meses longe de Maria, Jack viajou bastante. Em parte porque não queria olhar ao redor e não ver a filha, pois a falta dela se tornaria maior e queria estar totalmente presente quando ela voltasse. Sem viagens nem negócios atrasados para atrapalhar. Mesmo sem ver Maria, pois não queria ir contra a vontade dela, Jack mantinha contato diário com os médicos que a atendiam. Sabendo assim, de todo o progresso feito pela filha. Se sentia orgulhoso e contente. E esperava a volta de Maria.
   Rachel não estava indo tão bem assim. A culpa que sentia se amenizou no momento em que recebeu o perdão de Maria, mas ainda não sabia lidar com esse sentimento e com o arrependimento que ainda sentia. Sua tão preciosa vida social também nunca foi a mesma, logo o que ela achava mais importante se perdeu. A história de como Rachel tinha influenciado o surto de Maria tinha se espalhado pela escola e afins, sendo assim, ninguém queria Rachel por perto. Não muito tempo depois, ela abandonou o time de torcida. E começou a passar a maior parte do tempo sozinha, pensando nos próprios erros. A não ser pela companhia de Dyllan, que tinha virado seu namorado oficial. Não eram tão populares quanto antes, mas todos falavam sobre o quanto se mereciam. Se sentiam felizes juntos, mas esperavam pela volta de Maria, queriam vê-la bem para poderem alcançar um pouco de paz.
     Brooke Davis ia muito bem, obrigado. Continuava com o mesmo visual de sempre, mas se concentrava em terminar o terceiro ano e entrar em um boa faculdade de psicologia. Queria ajudar garotas como Maria, queria ser a mão salvadora que sua amiga não teve durante tanto tempo. Passava muito do seu tempo livre com Miguel, os dois se divertiam juntos como sempre, mas agora estava faltando uma peça,Maria Flor. Também passava bastante tempo com Heath Andrew Ledger, um estudante do terceiro ano que tinha conhecido em uma de suas tardes pela biblioteca pública da cidade. Ele dirigia um Impalla 67 preto,era viciado em café como ela e tinha um estilo tão único quanto o de Brooke Davis. Miguel e todos os outros diziam que os dois eram namorados. Mas eles negavam, mesmo que aquilo tivesse um pouco de verdade. Brooke tinha o melhor amigo do mundo, tinha encontrado um cara no qual sentia vontade de investir, mas esperava ansiosa a volta de sua melhor amiga.
     Miguel era o que mais esperava por essa volta.
   Os dias para ele passavam de forma diferente, pareciam ser muito mais longos. Estudava, jogava basquete, visitava Berta e Jack com frequência, implicava com Brooke e seu namoradinho. Era divertido. Mas não era o mesmo sem ela. Quando Maria foi, ele achava que poderia visitá-la. Mas quando soube que Maria se recusava a receber visitas, tudo ficou muito pior. Ele não conseguia entender, porque ela queria tanta distância? Nos primeiros dias, ele ficou com raiva e questionou bastante. Mas por fim, aceitou e esperou. Porém era difícil, porque Maria sempre estava em seus pensamentos, tudo em volta fazia com que se lembrasse dela constantemente. E quando olhava ao redor e não a via, era doloroso. Ele passou a viver com a constante sensação de que algo faltava. Orava à Deus todas as noites, pedindo que sua Flor estivesse bem e que voltasse logo. Pedia que Deus confortasse seu coração e aumentasse sua fé, e fizesse com que seu amor por Maria ficasse cada vez mais forte. Demorou bastante, Miguel contou os dias. Mas finalmente chegou, o dia marcado para o reencontro.
  Depois de três meses extremamente longos, aquele dia finalmente chegou.       Naquela manhã, Miguel acordou ansioso e muito nervoso. Não sabia ao certo oque ia acontecer, tinha medo de que Maria Flor não aparecesse. Tudo o que sabia é que ele tinha um encontro marcado hoje, e mesmo com todo o medo que sentia, não faltaria a esse encontro de modo algum.
    Era sexta-feira, o que era bom, pelo menos teria as aulas durante o dia para se distrair. Mas não foi bem assim, não conseguiu prestar atenção em nenhuma das aulas. Olhava os professores falando e falando, sabia que tinha que prestar atenção pois as provas estavam chegando. Mas ele não conseguia, não hoje. A todo momento olhava para o relógio, mas o tempo parecia não passar. Na hora do almoço foi até o refeitório, sentou-se no mesmo lugar de sempre e esperou o tempo passar. Estava sem fome, e sem vontade de implicar com Brooke e o namorado novo. Eles não entendiam o porque de Miguel estar tão diferente, porque não sabiam sobre o encontro de hoje. Ninguém sabia sobre a promessa que tinha feito a Maria. Brooke nem mesmo sabia que a amiga voltaria hoje, mas Miguel sabia. A garota de cabelo cor de rosa perguntava o que estava errado, mas Miguel somente balançava a cabeça e tentava puxar conversa. Só que não adiantava, seu pensamento estava preso em Maria Flor.
    Durante a tarde as horas pareceram passar mais rápido, a cada minuto que passava Miguel se sentia mais feliz e ansioso. Logo as aulas tinham acabado, e Miguel saiu em disparada pelos corredores da escola. Não olhava para ninguém, era como se não existissem mais. Só queria saber de Maria Flor, vê-la, tocá-la, ouvir sua voz... Só então ele saberia que tudo aquilo que passaram nos últimos meses tinha valido a pena.
   Dirigiu pelo mesmo caminho que fez a três meses atrás, naquele dia ela estava lá esperando por ele. Esperava que hoje isso se repetisse.
    Quando avistou o oceano tomando espaço a sua frente e o som das pessoas entrando e saindo das lojas, sentiu que estava cada vez mais perto. Estacionou o fusca e caminhou até a fonte. Respirava fundo e procurava manter a calma, logo ele estava no mesmo local em que tinham se encontrado a três meses... E ela não estava ali.
   Ele olhou para todos os lados, mas ela não estava lá.
   Olhou para o relógio, 15:50, estava dez minutos adiantado. Tinha que manter a calma, ela ia aparecer.
   Enfiou as mãos nos bolsos da calça, respirou fundo e ficou encarando o oceano que se estendia à sua frente.
   Pensou nos meses sem Maria. Na falta gigantesca que ela fazia. No sofrimento que a ausência dela causou, em como tudo levava seu pensamento a ela. Mesmo quando se esforçava para tentar esquecer um pouco, logo ela estava presente em sua mente novamente. Lembrou de todas as vezes que sonhou com ela e da frustração que sentia ao acordar e saber que não a veria. Se sentia frustrado o tempo inteiro, já que ela nunca estava presente. Se preocupava em como andava o tratamento, se ela estava conseguindo. Ele entendeu que Maria queria passar por isso sozinha, exatamente com o objetivo de se fortalecer. Mas mesmo assim... Como ele queria estar a ajudando ativamente nesse momento. Tudo o que pôde fazer foi orar muito à Deus, pedindo que ele não a desamparasse em momento algum e que ela sempre tivesse a certeza de que Deus a ajudava, e que todas as pessoas que realmente a amavam estariam esperando por ela.
     Amava Maria com todo o coração e esse tempo que passaram longe, todas as coisas pelas quais passaram só serviram para dar a ele a certeza de ela era única e que nunca mais queria estar longe dela.
    Quem ama não vai embora, não abandona. Quem ama, fica e luta. E eles lutaram, juntos e separados. Agora era hora de enfim terem paz, e somente assim serem felizes.
     – Miguel?
     Era a voz dela.
     Os dez minutos tinham se passado. O lugar marcado, na hora marcada.
     Ele virou-se, e sentiu seu coração aliviado por finalmente tê-la ali. Olhou com todo o cuidado, gravando cada detalhe. Ela sorria, com os lábios e com os lindos olhos verdes que brilhavam. Os cabelos estavam mais longos e mais brilhosos. O rosto estava perfeito como sempre, natural, sem maquiagem e livre de qualquer máscara. O corpo estava diferente também, ela não estava mais tão magra. Depois de gravar cada detalhe, Miguel sorriu e constatou que ela estava ainda mais linda.
    Ela estava ali. Sua Maria Flor estava ali. Olhando para ela agora, ele percebeu que ela era seu futuro. Ela era sua salvação e ele seria a dela, todos os dias. Ia amá-la, cuidar dela e ensinar coisas novas a cada novo dia. Deus tinha um propósito em uní-los. Agora ele entendia isso.
      Maria precisava de amor, Miguel precisava amar. Agora eles sabiam o que era o verdadeiro amor, e nunca mais iriam desperdiçá-lo.
      Não disseram uma única palavra, falavam com os olhos. Miguel deu passos largos e rápidos até ela. Envolveu Maria em seus braços com força, sabendo que aquele era o lugar dela.
      Ela pertencia a ele, e ele a ela.
      E pela primeira vez, Miguel teve a certeza de nunca mais iria soltá-la.


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Notas finais do capítulo

É isso ai galera, chegamos ao fim )':
Muito obrigada por tudo!