Ele E Ela escrita por Maitê


Capítulo 22
Esperando a morte


Notas iniciais do capítulo

Mais um galera, estamos pertinho do fim ):



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Viver é uma tarefa difícil, todo mundo sabe. As vezes é tão difícil que desejamos que acabe, o que nos dá a vontade de viver e sentir são as pessoas ao nosso redor. O amor que ela trazem, se sentir amado e a melhor sensação do mundo, é o combustível de qualquer ser humano. E quando estamos sem combustível o que acontece? Nós paramos, sem energia, sem vontade. Sem nada.
Já era sábado a noite, um dia inteiro tinha se passado e Maria ainda estava deitada no chão. Os olhos encarando o teto, não emitia som algum, somente o som de sua respiração. Sentia como se já não estivesse ali, mas em uma outra dimensão onde ela pudesse ter paz.
Durante o dia, ouviu batidas em sua porta. Batidas fracas e fortes.Ouviu a voz de Berta, era como se ela estivesse gritando – até chorando- mas mesmo assim, parecia tão longe. E em um determinado momento, pensou ter ouvido a voz de Brooke. Nesse momento teve certeza de que estava maluca, tinha certeza de que Brooke nunca voltaria. Miguel tinha a deixado, Brooke faria a mesma coisa. E ainda por cima, Brooke devia estar muito irritada pelo o que tinha acontecido. Por Maria ter desconfiado dela, e depois ter dado um soco no rosto de sua prima.
Como as coisas tinham chegado aquele ponto? Em que ponto ela tinha perdido o controle daquela forma?
Maria não tinha chorado mais, nenhuma única lágrima. E achava que nunca mais iria chorar novamente, as lágrimas tinham se esgotado. Seu estômago ardia de fome, e a boca estava seca. Se perguntava em quanto tempo morreria se continuasse naquele ritmo.
Tinha perdido as esperanças por completo, tudo o que restava era o vazio. A dor e o cansaço.
Quando a manhã de domingo estava chegando, Maria decidiu que não queria morrer no chão frio. Queria que seu momento de paz fosse pleno, queria morrer em um lugar quentinho. Com muito esforço, ignorando as fortes tonturas que a atingiam, ela se levantou do chão e deitou em sua cama. Deitou a cabeça no travesseiro e puxou os cobertores para cima de seu corpo. Fechou os olhos e respirou fundo.
Sentiu o calor dos primeiros raios de sol que atravessam sua janela, mas não se sentiu aquecida. Preferia não sentir nada, preferia estar gelada, morta.
Não lembrava que o grande jogo de Miguel seria hoje, só pensava no rosto do homem que amava. Queria que Miguel, com seu lindo sorriso e olhos de oceano fosse seu último pensamento antes de partir. E pensaria nele, esperaria até que enfim pudesse partir.
Como só pensava no rosto dele, não lembrou do jogo e nem que ele estava arrasado por ela não estar presente naquele dia.

(.....)

Miguel estava sozinho no vestiário, os colegas de time já tinham saído e se aqueciam na quadra.
Estava sentado em um dos largos bancos de madeira escura, tinha o olhar vago. Devia estar pensando no jogo, mas só conseguia pensar em Maria e no quanto queria que ela estivesse ali. Seu coração se apertava a cada vez que se lembrava do término, por que ele terminou com ela? Ela não precisava disso, precisava de apoio e ele foi embora. O que tinha de fazer agora era concertar aquele erro, precisava voltar correndo para sua flor e ajudá-la, mesmo que não soubesse como.
Estava concentrado em seus próprios pensamentos que nem viu quando Brooke entrou no vestiário escondida do treinador.
– Você não devia estar lá fora se aquecendo? - perguntou enquanto sentava-se ao lado do amigo.
– E você não devia estar aqui dentro, é um vestiário masculino. – Miguel respondeu, sorrindo.
– Você sabe muito bem que não obedeço as regras. – deu de ombros – Por que você não tá lá fora como todo mundo?
– Eu não consigo parar de pensar nela Brooke...
– Eu também não, ontem eu fui até a casa dela. Berta disse que ela estava no quarto a muito tempo e não queria abrir a porta.
Miguel franziu o cenho preocupado, sabia muito bem que Maria não ignorava Berta nunca.
– Você falou com ela?
– Ela não abriu a porta Miguel, eu fiquei lá por um bom tempo conversando com a porta do quarto dela. Nem sei se ela me ouviu.
– Eu acho que fui muito duro com ela.
– Você não devia ter terminado. – era a primeira vez que Brooke dava uma opinião sobre o assunto. – Ela não precisava disso, você devia ter ficado com ela.
Já não bastava a culpa que Miguel já sentia, e ouvir aquilo de sua melhor amiga fez com que ele se sentisse muito pior. Levantou-se, suspirando alto.
– Como? Se eu mal sabia o que estava acontecendo?!
– Você não diz que a ama? Será que não poderia ter enfrentado isso com ela?
Brooke tinha razão. Sempre tinha. Miguel sabia disso, mas ainda se surpreendia com a melhor amiga.
– Você tem razão. Eu preciso ir até lá e concertar tudo. – Miguel olhou para a porta ,pronto para sair; mas Brooke logo bloqueou sua passagem .
– Depois você faz isso. Agora você tem um jogo muito importante pela frente, mas quando acabar a primeira coisa que vai fazer é ir até a casa dela e arrombar aquela porta. Combinado?
A vontade de Miguel, era de sair dali agora mesmo. Mas sabia que não podia, tinha uma responsabilidade muito grande nas costas agora.
– Combinado.
– Agora vamos sair daqui. Você tem que se aquecer e eu não posso ser descoberta aqui. – Brooke sorriu e pegou a mão de Miguel. – Vai na frente, não podem me ver aqui.
Miguel sorriu para a amiga e saiu na frente, podia ouvir o barulho de vozes que vinham da quadra. O som dos instrumentos da banda da escola que animava o público. Se sentiu aquecido e até se permitiu sorrir, Maria podia não estar ali agora, mas logo estariam juntos.
Foi quando sentiu alguém esbarrando contra seu corpo. Pegou os braços da pessoa, a impedindo de cair. E só depois viu que era Rachel, segurando seus pulsos e sorrindo para ele por algum motivo desconhecido. Ela estava péssima, ao redor do nariz uma mancha roxa tinha tomado conta da pele fazendo com que ela parecesse um zumbi.
– Desculpa Miguel, eu não te vi aí. – Continuava segurando seus pulsos e sorrindo para ele.
Miguel imediatamente a soltou, mas não percebeu que quatro meninas estavam ao redor. Observando com uma certa distância, estavam vestidas com os uniformes de torcida e com os celulares diante do rosto. Tirando fotos dos dois, aquelas meninas não sabiam o quanto se arrependeriam de terem feito isso.

(......)

Maria ainda estava deitada, com os olhos fechados. Mas teve a atenção roubada pelo barulho de seu celular. O aparelho vibrava sem parar em cima do criado mudo ao lado da cama. Várias mensagens chegando, sem parar. Maria se perguntou o porque daquilo, quem estaria mandando tantas mensagens ao mesmo tempo?
Com muito custo, esticou o braço até sentir o aparelho celular entre os dedos. Não tinha planos de responder ninguém, mas queria ver que mensagens eram aquelas.
Depois de desbloquear a tela do celular, reconheceu o número de quatro garotas do time de torcida que estavam gravados em sua agenda de contatos.
Sentou na cama, levou uma mão ao peito e prendeu a respiração. Estava em pânico com o conteúdo das mensagens.
Como Miguel pôde fazer aquilo com ela?


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Notas finais do capítulo

Gente, queria agradecer a todas as recomendações e comentários. E agradecer também pela paciência que vocês tem, de esperarem os novos capítulos e continuarem lendo e dando suas opiniões. Isso é muito importante pra mim, e mais uma vez obrigada. Espero que vocês gostem desse novo capítulo, e como já estamos perto do fim dessa ficc, já começo a pensar em novas histórias! kkkkkk, espero continuar a tê-los como meus leitores e espero estar a altura de vocês.
Beijo beijo, que Deus abençoe a todos!