Ele E Ela escrita por Maitê


Capítulo 21
Explosão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, ta ai mais um capítulo pra vocês (:



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Ela mau conseguia enxergar a estrada a sua frente, sua vista estava turva por conta das lágrimas que pareciam não ter fim e por conta de outras emoções. Sempre aquelas malditas emoções.
Aquele fora um dia bem agitado, cheio de acontecimentos inesperados e sentimentos descontrolados. Maria não tinha controle sobre suas emoções, assim como não tinha controle sob seu corpo. Cada mínima terminação nervosa implorava por socorro,e como Maria tinha ignorado aquele pedido por tanto tempo, agora tinha se tornado uma espécie de bomba relógio humana prestes a explodir.
No momento sentia raiva, era tanta raiva que podia facilmente ser confundida com ódio. Mas na verdade poderia mesmo ser ódio. Pisava cada vez mais fundo no acelerador, o porshe era um carro veloz e praticamente voava pelas ruas da cidade assustando os moradores que caminhavam pelas calçadas. Era um perigo ter um carro descontrolado pela cidade, mas Maria não se importaria de matar alguém. Não se importaria em morrer, queria alívio. Queria o fim, ansiava por ele.
Avistou sua casa e entrou na vaga para carro em frente ao grande e luxuoso portão da garagem, desligou o carro. Saiu sem olhar para trás, por isso não percebeu que na verdade seu carro estava estacionado em cima do gramado.
Bateu a porta com força ao entrar em casa e foi recebida por Berta que logo percebeu que algo de muito errado tinha acontecido.
– O que houve minha menina?- ela perguntou.
Mas não teve resposta, já que Maria passou por ela em um silêncio furioso e subiu a escada correndo de dois em dois degraus. Berta pode ouvir o baque da porta do quarto de Maria. Queria subir logo e saber o que tinha acontecido, mas sabia que com Maria não era assim tão imediato. Ela precisava de tempo e Berta daria esse tempo, antes de ir embora iria passar no quarto de sua menina e saber o que tinha acontecido. Por enquanto, voltaria para a cozinha e terminaria seus afazeres, grata por Jack não estar ali.
Mas de certa forma estava, quando Maria bateu a porta de seu quarto e desabou de joelhos no chão, a primeira coisa que viu quando ergueu a cabeça novamente foi uma delicada caixinha branca envolta em um laço de fita rosa bebê.
Ela sabia o que era, e por um minuto se sentiu aquecida por dentro. Levantou e pegou a caixinha com cuidado, sentou na cama e afastou o cabelo do rosto. Soltou o delicado laço feito pela fita e abriu a caixinha.
Era uma pulseira. Uma linda pulseira de pérolas brancas, não tinha nenhuma igual ainda. A segurou com cuidado entre os dedos, parecia tão frágil. Assim com ela.Maria sabia que a tinha enviado.
Seu pai.
Jack sempre enviava pulseira para a filha. Essa tradição tinha começado a dois anos atrás. Quando Jack percebeu que sua filha sempre andava cheia de pulseiras nos braços,isso devia querer dizer que ela gostava muito daquele acessório. Então, em cada viagem que fazia Jack entrava em uma joalheria ou feira de jóias da cidade e comprava mais uma para a filha. Ele nunca tinha entregado nenhuma pessoalmente, sempre as enviava pelo correio. Se sentia extremamente feliz quando via Maria usando uma ou mais, das pulseiras que ele lhe dera. Era a forma que ele tinha arranjado de dizer ''eu te amo'' sem precisar dizer uma única palavra.

E de certa forma funcionava, pois Maria sempre se sentia feliz ao receber aquelas caixinhas. Tinha guardado cada uma delas dentro de seu closet. Cada caixinha com sua respectiva pulseira. Os laços de fita também estavam ali. Maria as guardava da mesma forma que em seu íntimo guardava a esperança de um dia receber o verdadeiro amor de seu pai.
Levantou-se da cama segurando a pulseira em uma das mãos e na outra levava a caixinha juntamente com a fita rosa. Entrou no closet, e foi até a prateleira que tinha sido destinada para as caixinhas. Eram quase trintas caixinhas brancas, quase trinta pulseiras diferentes que representavam um esperança de amor.
E lá estava mais uma, posicionada com cuidado ao lado das outras. Maria estava cansada de chorar, cansada de sentir raiva, cansada de tantos segredos e de guardar esperanças que talvez nunca se materializassem.
Decidiu tomar um banho, o dia tinha sido exaustivo e sua cabeça latejava. Seu estômago doía de fome, mas isso era o de menos.
Foi até o banheiro e se despiu, entrou em baixo do chuveiro e só ficou parada sentindo a água morna contra sua pele. Desejou que a água pudesse levar embora todos aqueles sentimentos ruins, e toda aquela bagunça que ela tinha feito dentro de si mesma.
Mas não levou.
Quando Maria desligou o chuveiro e água deixou de correr por sua pele, tudo ainda estava ali. A dor, a raiva, a tristeza, a angústia e a lembrança de que agora ela não tinha a mais ninguém. Pois Miguel e tinha deixado, e ela tinha certeza de que Brooke também não voltaria.
Graças a essa lembrança a raiva voltou com força total. Como disse meus caros leitores, Maria agora era uma bomba relógio. Mas não era uma bomba comum, era uma bomba humana. Sendo assim, ela iria explodir muitas vezes antes que a última e mais letal das explosões ocorresse. A explosão que a destruiria para sempre.
Mas a primeira explosão estava prestes a acontecer, quando Maria ouviu a porta de seu quarto sendo fechada foi como se uma fagulha de fogo tivesse sido acesa.
E a raiva explodiu.
Maria vestiu um roupão rapidamente e respirou fundo, cerrou os punhos e fechou os olhos.

– Maria?
Ouviu a voz de Berta mas não respondeu.
– Querida você está ai. - agora a voz estava mais alta.
Berta estava dentro do banheiro, tentando achar respostas e uma maneira de ajudar Maria. Mas ela só pensava o quanto Berta era intrometida, que não deveria estar ali se metendo em seus assuntos.
– Eu não quero você aqui. - falou com os olhos ainda fechados.
– Maria o que aconteceu? - Berta perguntou preocupada.
– Sai daqui.- respondeu, agora com o tom de voz mais alto.
– Não até você me contar oque aconteceu. - Berta rebateu firme.
Maria respirava fundo, seu peito subia e descia com força. Não queria gritar... Queria gritar. Queria morrer de uma vez.
– SAI DAQUI!- ela gritou com toda a força.
Berta deu um passo para trás, estava assustada. Nunca tinha visto Maria daquela forma. Ela estava diferente, era quase como se não fosse ela mesma. Como se não fosse sua garotinha. Ma precisava ser firme.
– Já disse que só saio daqui depois de você me contar oque aconteceu Maria!
E então, Maria perdeu qualquer resto de controle que ainda lhe restava. Foi até Berta e a empurrou com força até que saísse dali.
– Maria o que você está fazendo?! - Berta perguntava enquanto se agarrava as paredes ou a qualquer coisa no caminho, para evitar uma queda por conta dos empurrões.
– Eu disse que não quero você aqui! - Maria gritava enquanto empurrava a mulher que tinha sido sua mãe por tanto tempo.
– Maria! - Berta gritava em desespero, como se a verdadeira Maria pudesse ouvi-la e voltar para ela.
O problema é que aquela que a estava empurrando era a verdadeira Maria, ou pelo menos uma parte dela.
Quando conseguiu empurrar Berta para fora do quarto ,bateu a porta com toda a força e pode ouvir a governanta gritando, implorando para que a deixasse entrar.
– SAI DAQUI! VAI EMBORA DAQUI! - gritou com todo o ar dos pulmões depois de trancar a porta do quarto.
Chorava sem controle porque a dor era sem controle, desabou no chão e ficou ali encarando o teto e desejando que a morte chegasse logo. A morte era a resposta, era o fim.


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Notas finais do capítulo

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Beijo beijo, que Deus abençoe!