Ele E Ela escrita por Maitê


Capítulo 15
Surpresa




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Era constrangedor para dizer o mínimo. Jack parecia tranquilo, sentado na ponta da mesa. Comia em silência ,de vez em quando olhava Miguel e sorria. Mas não dizia nada, e logo voltava a comer.

  Miguel se sentia esmagado ,não sabia o que falar, nem o que fazer. Era como se qualquer movimento pudesse ser motivo para Jack não gostar dele e isso não seria nada legal. Por isso assumiu a mesma postura daquele homem, se manteve em silêncio, comia e sorria quando era necessário. A única coisa que o acalmava era a presença de Maria ao seu lado, ela era a pior de todas. Não falava ,nem comia. Somente enganava, remexia a comida e deu no máximo três pequenas garfadas. 

 Berta estava a espera de qualquer chamado ou qualquer ordem que lhe fosse dada. Ela também podia sentir o clima tenso que cobria a casa naquele momento, mas sabia que quando Jack se retirasse - e ele iria se retirar - tudo iria se acalmar mais. 

  Quando todos se deram por satisfeitos, Berta entrou em cena ,recolhendo os pratos sujos e deixando em seus lugares ,pratos menores com maravilhosos pedaços de torta de chocolate.

  Apesar de não se sentir nada confortável com uma pessoa o servindo daquela forma, Miguel resolveu aproveitar a sobremesa. Que por sinal ,era sua favorita.

  Depois de mais quinze minutos de silêncio, Jack deixou os talheres de lado e pediu licença. Saindo da sala de jantar sem dizer mais uma única palavra.

  Maria bufou.

  - Engraçado, ele diz que quer te conhecer mas não faz nenhum esforço para isso. - reclamou enquanto partia seu pedaço de bolo em vários pedacinhos.

  - Está tudo bem. - Miguel disse tentando amenizar o desconforto.

  - Ué ,onde está seu pai? - Berta perguntou entrando na sala.

  Maria somente respondeu com um dar de ombros e continou partindo o bolinho com certa crueldade, estava visivelmente aborrecida. Miguel percebendo sua irritação, tirou o garfo assassino de sua mão e sorriu para ela com delicadeza.

  Ela sorriu levemente de volta, e apoiou a cabeça em seu ombro.

  - Ele deve ter ido pro escritório ,não é o lugar favorito dele nessa casa?

 - Não se aborreça com isso querida. - Berta falou antes de dirigir sua atenção a Miguel - E você rapaizinho ,nem tivemos oportunidade de nos falarmos direito. - sorriu.  

  Isso pareceu animar Maria,porque em questão de segundos ela estava de pé arrastando Miguel para frente de Berta.

  - Miguel essa é Berta, é governanta aqui de casa. Mas é como se fosse minha mãe a muito tempo. - dizendo isso se virou para Berta. - Bertinha esse é Miguel Collins, meu namorado.

  Miguel estendeu a mão para um aperto amigavél ,mas Berta foi mais rápida e envolveu o rapaz em um abraço animado. 

  Ela sabia que sua menina estava no escuro ,e desde que começara a se relacionar com esse rapaz as coisas tinham ficado mais claras para ela. Quem sabe Miguel não fosse o salvador de sua menina?

  Miguel sentiu a animação sincera naquele abraço e tentou corresponder com todo carinho. Percebeu o quanto era fácil gostar de Berta,e percebeu o porque daquela mulher ser tão importante na vida de Maria.

  - Eu percebi que você gostou muito do meu bolo, quer mais um pedaço? - Berta perguntou ao se afastarem.

  Miguel corou e relutou um pouco em aceitar, Maria riu e pegou sua mão o cunduzindo até a ampla cozinha.

  Miguel comeu mais dois pedaços de bolo até se dar por satisfeito, depois ficaram conversando na cozinha. Os três ,Berta contava histórias de quando Maria era pequena e algumas delas envolviam Mike ,Miguel achou que ao ouvir o nome do irmão ela se fecharia como de costume. Mas foi ao contrário, quando começaram a falar do irmão ,Maria sorria e contava suas próprias lembranças. 

  Contou sobre como assaltavam a geladeira de madrugada, como exploravam o enorme jardim da casa. Falou sobre os tombos que tomaram ao subir em arvóres e mostrou algumas cicatrizes de infância. Contou sobre como corriam atrás do carro de sorvete e como choravam juntos quando não conseguiam alcançá-lo, mas logo estavam rindo ao lado de Berta. 

  Ao ouvir todas aquelas histórias, Miguel pintou em sua mente um quadro da infância de sua Flor. Ao lado do irmão e dos pais. Tentou imaginar a família unida que ela teve um dia e ao tentar imaginar a falta que aquilo fazia para ela,percebeu que nunca consiguiria.

  Da cozinha foram para a sala, sentados no sofá continuaram contando histórias. Mas agora era a vez de Miguel falar sobre sua vida. Berta o enchia de perguntas, mas ele não se sentia pressionado ou coisa do tipo. Sabia que ela só se preocupava com Maria Flor. 

  Durante as conversas ,Miguel percebeu mais uma mania de Maria. Já tinha reparado que ela sempre usava muitas pulseiras, mas agora notara como ela tinha o hábito de segurar o pulso esquerdo firmemente com a mão direita. Era como se quisesse esconder algo... Não devia ser nada demais.

  Quando Maria pediu licença para ir ao banheiro ,Berta falou algo totalmente inesperado.

  - Miguel eu queria te agradecer.. - falou com um olhar carinhoso.

  - Pelo oque Berta? 

  - Por estar ajudando minha menina. - deu de ombros ,parecia carregada de emoção naquele momento.

  - Ajudando? - como poderia estar ajudando-a em tão pouco tempo?

  - Eu acredito que ela já tenha lhe contado a história dessa família.

  Miguel confirmou.

  - Desde que tudo aconteceu ,Maria se perdeu um pouco. Começou a andar com gente não muito legal ,como aquela Rachel. - Berta demonstrou irritação ao falar o nome,depois suspirou. - A verdade é que toda vez que olho para ela, vejo a tristeza em seus olhos. E desde que ela conheceu você percebi que isso diminuiu. Sei que você faz bem a ela ,e queria lhe agradecer.

  - Eu que tenho que agradecer, por vir cuidando tão bem da minha Flor..

  Sorriram um para o outro ,sabendo que se dariam muito bem na missão de ajudar Maria Flor.

  - Voltei! - Maria falou adentrando novamente na sala e se sentando ao lado de Miguel. - Sobre o que conversavam?

  - Eu estava falando pro Miguel como seria ótimo mostrar seus álbuns de criança para ele!

  - Por nada nesse mundo!

(...)

  O dia tinha sido muito quente em Miracles, mas no final de tarde um vento frio corria pela cidade. E combinada com o céu cor de rora de final de tarde, formava um clima perfeito.

 Os dois estavam sentados lado a lado encostados em uma das maiores árvores do jardim dos Santino.

  - Acho que tenho que ir agora.. - Miguel disse relutante, não queria parar de acarinhar sua flor.

  - Mas já?! - Maria se afastou o encarando com os olhos verdes que aceleravam o coração dele.

  - Eu passei o dia aqui Flor ,e amanhã a gente se vê na escola. 

  - Vejo você e de bônus tem Rachel ,Dyllan e tudo mundo..

  Miguel se aproximou e pôs as mãos no rosto dela. 

  - Todo mundo não importa, só você e eu. Tá bom?

  - Promete?

  - Prometo.

  - Então só eu e você. 

  Sorriram um para o outro e selaram aquele momento com muitos beijos, até Miguel se esquecer de que tinha que ir para casa.

Depois de mais uma hora, Maria não conseguiu convence-lo a ficar mais. Berta também tentou persuadi-lo com mais bolo de chocolate, porém Miguel tinha mesmo que ir.

  - Eu te acompanho até a porta. - Maria disse depois de Miguel ter se despedido de Berta com um longo abraço.

  Foram até a porta de mãos dadas e depois de relutarem ao máximo ,trocaram um beijo de boa noite e assim que Maria fechou a porta já se sentia anciosa para encontrá-lo novamente no dia seguinte.

  Enquanto caminhava para o carro Miguel pensava naquele dia, apesar do comportamento estranho de Jack ,o dia tinha sido ótimo. Tinha passado um bom tempo com sua flor e conhecer Berta havia sido maravilhoso.

  Pensava ter tido todas as boas surpresas naquele dia, até ouvir a porta da casa que ficava para trás ser aberta.

 Miguel se virou pensando que fosse encontrar Maria, mas deu de cara com Jack, que se aproximava meio sem jeito. E aquilo era impressionante.

  Miguel ficou estático no lugar, os pés quase que cravados no chão. Jack parou a sua frente e estendeu a mão. Miguel encarou sua mão por alguns segundos até lembrar de que ele também tinha que estender a dele.

  Ao trocarem um aperto de mão firme e envergonhado. Jack olhou bem fundo em seus olhos e falou as palavras que ficariam gravadas em sua mente para sempre.

  - Cuide muito bem de minha filha rapaz, ela é tudo de mais precioso que me resta. 


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Notas finais do capítulo

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Que Deus abençoe a todos!



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