– ABRE LOGO ESSA PORCARIA DE PORTA LARA! AGORA!

Leon berrava com todas suas forças, mas absolutamente nada acontecia, independente de seus berros e socos que dava contra a porta. Violetta fazia o mesmo: gritava feito louca, ao mesmo tempo chutava a porta.

– Meus amores, acho que vocês ainda não conseguiram me entender! – Lara continuava sempre com a mesma história – Enquanto não houver divórcio, a porta não vai ser aberta! Será que fui clara ou vou ter que repetir mais uma vez?

– JÁ FALAMOS QUE NÃO VAMOS NOS DIVORCIAR! – os dois berravam em uníssono – AGORA ABRE LOGO ESSA PORCARIA DE PORTA!

– Acho que seus pais são meio burrinhos, não é fofa? – ela disse em alto em bom som para que os dois ouvissem, e logo em seguida fez Letícia berrar, provavelmente porque estava puxando seus cabelos

– SOLTA DELA AGORA! – Violetta berrou já sentindo suas lágrimas começarem a brotar

– EU VOU CHAMAR A POLÍCIA! – Leon berrou, já bravo por toda aquela história de Lara – SE ESTÁ DUVIDANDO PODE VIR AQUI VER, MEU CELULAR ESTÁ EM MÃOS

Lara se desesperou com aquela frase. Precisava pensar em alguma coisa rápido, muito rápido, antes que ele pudesse começar a discar o primeiro número. E por mais incrível que pareça, ela conseguiu pensar.

– NÃO DISQUE NADA! – ela gritou, fazendo ele parar onde estava – Vamos fazer o seguinte acordo, ok? O celular pela menina, o que acha?

– Está certo, vem logo – Violetta respondeu no lugar de Leon

– Cuidado Vilu, pode parecer que não, mas a Lara é muito esperta – ele cochichou para ela – Assim que ela pegar o celular, você já puxa a Letícia.

Ela assentiu com a cabeça, não foram necessários mais do que segundos para a porta se abrir, mas com uma abertura para que nenhum dos dois pudesse sair correndo dali. Lara, com Letícia no colo, esticou a mão esperando pelo celular.

– Primeiro a Letícia – Leon disse ameaçando voltar a discar

– Então não estamos de acordo – Lara disse forçando um sorriso – Me dá o celular que eu te dou a sua filha

– Rápido Vilu – ele cochichou para ela – Assim que ela pegar o celular, você pega a Letícia.

As mãos dos dois se aproximavam cada vez mais. Faltava alguns poucos segundos para que Lara pegasse o celular e Violetta a menina, até uma jogada completamente inesperada vinda da parte de Lara: ela chutou a mão de Leon, o celular voou e atingiu o chão com o baque surdo, e peças voaram por todo lado. Ele recolheu a mão, gemendo, pois o chute havia acertado-a em cheio.

Só restou Violetta: ela saltou e tentou agarrar Letícia, mas Lara foi mais rápida e mais esperta. Quando faltava alguns centímetros para Violetta pega-la, bateu a porta e voltou para o quarto.

– Droga! – Violetta berrou – ME DÁ ELA LARA! ESSE NÃO FOI NOSSO ACORDO!

– Huuum, me deixe pensar... NÃO! – ela berrou de volta

Violetta conseguiu sentir seus olhos marejados novamente. Ela secou as lágrimas e voltou a berrar e esmurrar a porta.

– Que droga! – Leon dizia tentando juntar os pedaços do celular – NÓS VAMOS CHAMAR A POLÍCIA LARA! ESTOU MONTANDO O CELULAR NOVAMENTE!

– Sinto muito Leonzinho, mas sem a bateria você não vai muito longe – ela retrucou balançando-a nas mãos – Sinto muito

Leon juntou todos os pedaços que havia recolhido e analisou-os com calma: realmente não havia nenhuma bateria. Ele deu um chute na porta e juntou-se a Violetta, berrando e batendo na porta.

– Já que vocês não vão se acertar – Lara disse finalmente quebrando o gelo – Também não vou poder cumprir minha parte do trato. Infelizmente, já que vocês não se divorciaram, vou ter que machucar alguém. Não é menininha?

Os dois se entreolharam com medo, e logo em seguida voltaram a gritar mais forte.

– ABRE AGORA! SERÁ QUE VAMOS PRECISAR SER MAIS CLAROS DO QUE ISSO OU SERÁ QUE RESTA UM POUQUINHO DE COERÊNCIA EM VOCÊ? – os dois berravam juntos

– QUIETOS! – ela retrucava impaciente

Violetta e Leon continuavam a socar a porta, com a esperança de que ela quebrasse ou caísse. Foram necessários apenas alguns minutos para um barulho de tiro ecoar pelo apartamento.

Violetta sentiu sua respiração ficar fraca, suas pernas e seus braços começaram a enfraquecer e ela logo caiu no chão. O mesmo aconteceu com Leon, mas ele logo se recuperou e continuou tentando sair dali.

– Na-na-não pó-po-pode ser – ela gaguejou baixinho para ela mesma – A-a La-lara acabou de a-atirar na Letícia

Ela estava se controlando ao máximo para não ter um ataque cardíaco ali mesmo. Sua filha estava morrendo e ela não podia fazer nada. Estava pronta para deitar no chão e se beliscar para ver se aquilo não era um pesadelo, quando ouviu um choro agudo e muito forte. Logo depois, ouviu a voz de Lara:

– Menina chata! Eu só tenho um tiro e essa menina foge e eu acerto seu pé! Só seu pé!

Aquilo acalmou Violetta em 50%. Um tiro no pé não era grave como um tiro no peito, por exemplo. Estava muito mais calma, mas ainda estava fulminante de raiva e também medo. Tinha muita consciência de que precisava ir socorrer a filha.

Leon estava no mesmo estado que ela: com raiva, medo e com muito ódio. Ela levantou do chão e voltou a socar a porta. Segundos depois, Lara começou a falar:

– Essa ligação dedico a vocês

Os dois se entreolharam confusos, e logo em seguida colaram os ouvidos na porta para escutar o que ela falava.

– Alô?

– Diego? – Lara disse

– Lara? – ele respondeu – Sou eu pode falar

– Os dois pombinhos não conseguiram se resolver, então vamos ter que dar continuidade ao plano

– E o que eu faço?

– Vá no hospital em que o menino está internado e mande desligar todos os aparelhos

– Mas e se eles não deixarem?

– Finja que você é o Leon – ela disse e depois desligou