Violetta fechou a porta com força, tentando conter as lágrimas. Sentou-se em uma cadeira e ficou olhando a sua volta. Médicos apressados passavam, na maioria das vezes, pisando em seu pé ou então empurrando seu ombro. Não estava com forças para nada. Queria que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, seu pior pesadelo.

Aquela tarde estava gélida, ameaçava a chover. Violetta logo avistou seu pai adentrando a enorme porta do hospital e indo falar alguma coisa com a secretária. Quando German a avistou, sentada ali chorando, interrompeu sua conversa com a mulher e foi em direção a Violetta.

Violetta nem ao menos se moveu ao ver seu pai. Ele não queria ver a filha mal, então resolveu falar.

– Filha? - ela não demonstrou nenhuma reação - Eu soube o que ouve entre você, Leon, Tomás e aquela menina loira que nunca lembro o nome - German prosseguiu enquanto se sentava ao lado de Violetta

Ela novamente não fez nada, somente continuou sentada, com as mãos sobre o rosto.

– Como está o Leon? - German arriscou perguntar

Aquela pequena frase, mesmo que com intenções positivas, destruiu ainda mais Violetta. Ela começou a chorar mais forte, soluçando com frequência. German acariciou seu cabelo, e logo depois levantou seu rosto de suas mãos.

Violetta estava vermelha, seus olhos estavam marejados e lágrimas desciam por seu rosto. German perguntou novamente:

– Filha, como está o Leon?

Violetta teve uma reação completamente inesperada. Pela primeira vez, mostrou alguma reação. Olhou para a sala na qual Leon estava. Logo depois torceu os lábios tentando se comunicar com o pai. De sua boca sairam as palavras "Está morto", em tom severo e com certa frieza. Logo depois, levantou-se da cadeira, voltando a chorar mais forte.

Ela ignorou os comentários que German fazia e entrou na sala, ainda chorando. Olhou em volta e viu um médico que mexia nos aparelhos de Leon. "Droga" ela pensou "Eu dei autorização para eles desligarem".

O médico a olhou confuso, tentando entender o que ela fazia ali.

– Pois não?

– Eu retiro a minha autorização para vocês desligarem os aparelhos. - ela disse entre soluços

– Desculpe, o que? Sinto muito, mas já desliguei um deles.

– Então ligue-o de volta - ela disse torcendo os lábios - Estou te pagando pra você fazer o que eu mandar.

O médico pareceu surpreso com aquela resposta, mas obedeceu. Ligou novamente o tal aparelho e se dirigiu a Violetta.

– Mais alguma...

– Vá para o computador que monitora Leon - Violetta o cortou

– Não entendo porque isso - o médico resmungou - Ele já está morto mesmo!

– Faça o que eu estou dizendo sem pestanejar! - Violetta retrucou em tom ríspido

O médico não disse mais nada, somente fuzilava Violetta com o olhar.

Ela chegou mais perto de Leon e ajoelhou-se ao lado da cama. Apoiou a cabeça sobre seu peito e, obviamente, voltou a chorar. Depois de cerca de cinco minutos ali chorando, levantou-se e dirigiu-se ao médico que ainda a fuzilava com o olhar.

– Nenhuma, nenhuma mesmo, chance de ele ainda sobreviver? - ela perguntou soluçando

O médico negou com a cabeça.

Ela forçou um sorriso e voltou novamente para perto de Leon. Estava quase pedindo para o médico desligar definitivamente todos os aparelhos, quando Angie entrou no quarto.

– Vilu? - ela disse assustando o médico e também Violetta

Violetta deu um pulo, mas ao ver Angie se acalmou. Ela fez um sinal de cabeça para o médico, que logo em seguida saiu da sala.

Angie se aproximou de Violetta e a abraçou por trás.

– Seu pai me contou o que aconteceu e me chamou até aqui - Angie disse cortando o enorme silêncio

Violetta sentiu seus olhos ficarem marejados novamente. "Droga! Quando eu consigo, finalmente, parar de chorar a Angie vem e me lembra de tudo" ela pensou.

– Sabe Angie - Violetta disse tentando conter as lágrimas - Eu queria que a minha vida fosse igual a dos contos de fadas. Não só a minha, mas também a de Leon e de Letícia. Tudo seria perfeito. Leon nunca teria sofrido aquele "acidente" com fogo que ouve na empresa dele, Letícia nunca teria sido roubada após seu nascimento... Leon nunca estaria aqui.

Angie se segurou para não começar a chorar também.

– Você pode fazer um teste - Angie disse trazendo novamente o lindo sorriso que ela sempre carregava - Nos contos de fadas quando a princesa beija o principe ele acorda, não é?

– É ao contrario - Violetta disse encostando a cabeça no ombro de Angie - Esse é o problema. A princesa beijar o principe e ele acordar não seria normal.

– Eu posso te garantir que a sua vida não é normal - Angie disse abrindo um sorriso - Além do mais, tentar não custa nada

Violetta se aproximou de Leon. "E se Angie estiver certa?" ela pensava "Mas o problema é que eu não vivo em um conto de fadas"

Ela se aproximou mais um pouco. Ajoelhou-se e trouxe o rosto de Leon para perto de si. Olhou em seus lábios e beijou-o.

Nada aconteceu. Leon não respondeu a seu beijo. Ela sabia que, enquanto vivo, Leon responderia a todos os beijos que ela lhe desse.

Violetta estava prestes a desistir e afastar seus lábios dos deles quando ela sentiu. Ela sentiu quela sensação maravilhosa, que ela só podia sentir quando estava com Leon. Ele respondera a seu beijo.

Violetta se afastou, feliz e ao mesmo tempo confusa. "Não pode ser, ele respondeu!" ela pensou.

Ficou olhando-o ali por um tempo, mas ele não se mecheu. Olhou para Angie triste, que retribuiu o olhar. Angie segurou em seus ombros e as duas se dirigiram a porta.

Violetta olhou, mais uma vez, esperançosa para Leon. Ele nem ao menos se mecheu. Continuou a caminhar triste em direção a porta quando ouviu algo.

– Vilu? Violetta?

Ela não podia acreditar! Uma enorme felicidade tomou conta dela, não eram possíveis palavras para descreve-la. Soltou-se de Angie e correu em direção a cama.

Deu um salto enorme e pulou em cima de Leon, e os dois, consequentemente, caíram da cama. Eles ficaram sentados ali, olhando um para o outro, Violetta com um sorriso que ia de orelha a orelha.

Ela abraçou-o fortemente e deitou-o no chão, deitando em cima dele.

– Eu estou tão feliz! Aquele estúpido do Tomás e a idiota da Ludmila vão ver! Mas agora o que importa é você estar bem!!!

– Sim eles vão ver - ele disse abrindo aquele sorriso lindo que só ele mesmo tinha - Não vou deixar nem um pouco barato - Leon continuou fazendo os dois rirem

Os dois ficaram ali abraçados por um bom tempo, quando Leon perguntou:

– Por que na nossa vida nós não temos nem mesmo um único dia que seja normal?

– Porque, definitivamente, nós não somos normais - ela disse sorrindo para Angie e logo em seguida beijando-o