Eternally Forbidden escrita por Ivie Constermani


Capítulo 10
9. Uma pista incoerente


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Leiam as notas finais!



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Evan estava perturbado. Outra ameaça havia chegado. E essa parecia ainda pior.
"CUIDADO COM O QUE VOCÊ FAZ. ESTAMOS TE VENDO".
Já se passava das 4h da madrugada, e ele esteve acordado todo esse tempo, pensando em como os problemas pareciam brotar do chão.
Primeiro: ele não conseguia tirar Enid de sua cabeça. Aquela garota tinha algo que realmente o atraía. Talvez fossem aqueles olhos verdes que pareciam brilhar. Ou o cabelo vermelho-escuro cheio de ondas que a faziam parecer sensual. Ou apenas o modo como os cílios enormes balançavam quando ela piscar.
Segundo: Mac estava aprontando. Quando Evan o interrogara no dia anterior ele apenas disse que quis ser gentil. E exatamente por isso havia algo errado. Mac nunca era gentil.
Terceiro: as ameaças. Ele conversara com Vine, contou que outro recado havia chegado e Vine disse que ia descobrir de qualquer maneira.
Mas palavras não o acalmaria. Nada parecia acalmá-lo. Nada além do sorriso de Enid.
Parecia extraordinariamente estranho mas ele estava com medo. Com medo de que descobrissem o que ele era. Com medo de Enid descobrir o que ele era. Com medo de como ela reagiria.
Na verdade o maior medo dele era de que ela se afastasse.

- Muito bem, agora você pode explicar. - Dany exigiu.
Ele e Enid iam para a escola juntos no velho Civic de Enid. A neve caía lá fora. A temperatura caiu bastante da noite anterior para a manhã de sexta-feira, e Enid precisou usar mais um casaco.
Dany a olhava, esperando que ela respondesse. Enid inspirou fundo, organizando os pensamentos, procurando uma maneira coerente para explicar.
- Ai, Dany, não sei por onde começar...
- Que tal você começar me respondendo por quê você foi almoçar com aquele... indivíduo ontem?
Enid hesitou. Gabe ia matá-la se ela contasse a verdade para Dany. E Dany ia obrigá-la a contar a verdade para Evan. E as coisas iam entrar em crise outra vez.
Por hora o plano de Enid era apenas parar com as ameaças. Gabe ainda queria prosseguir, mesmo correndo o risco de Vine descobrir a verdade. E se ele descobrisse, elas iam para a cadeia.
- Dany, eu fui falar com ele porque nós temos uma tarefa a cumprir. Se esqueceu que nós somos casados? É o melhor para mim, e pra ele. - Enid respondeu enfim.
- Não me convenceu. - Dany declarou. - Eu conheço você Enid Cristine Arrow. Sei quando você está mentindo. E você está mentindo agora.
Enid inspirou fundo.
- Não, não estou mentindo.
- Está sim! - O tom de voz de Dany aumentou. - Você... Você está gostando do Evan, não está?
Enid engoliu em seco.
- O quê?! Do quê você está falando?
- Estou falando que eu percebi como você fica quando ele está por perto. Percebi como você olha para ele! - Dany coçou a cabeça. Ele estava ficando furioso. - Mas que droga Enid! Logo aquele cara? Ele não vai te dar o valor que você merece! Droga Enid, droga!
Enid estacionou o carro na vaga de sempre na escola. Dany continuou descontrolado. Enid segurou as mãos dele, e ele a olhou nos olhos. Eles ficaram assim por alguns segundos, até Dany se acalmar.
- Você não pode gostar dele. - Dany voltou a falar, agora mais calma.
- Daniel Fells, por favor, eu não gosto dele!
Ele a encarou.
- Não... Isso... Você está falando a verdade?
Enid riu.
- Você é doido! Eu não estou apaixonada pelo Evan.
Dany se tranquilizou. Enid ainda não sabia o que exatamente sentia por Evan. Mas não era paixão. Pelo menos ela esperava que não fosse.
- Desculpe. - Dany disse.
Os amigos se abraçaram. Enid inspirou o cheiro no casaco de Dany. Cheirava tanto a Dany! O cheiro da mistura de chiclete de canela, perfume e gel de cabelo que para Enid era o melhor cheiro do mundo.
O momento foi interrompido por três batidas na janela do passageiro do carro. Enid abriu os olhos e viu o olhar furioso de Angelin, e não pôde evitar a vontade de brincar com ela. Então, quando soltou Dany beijou os lábios dele levemente, um selinho amigável.
Dany pareceu assustado, mas entendeu quando saiu do carro e viu o olhar de caçador de Angelin. Enid piscou um olho para o amigo e logo depois Angelin puxou Dany pelo braço, rebocando-o para longe de Enid.
- Posso saber o que foi aquilo?
Enid reconheceu a voz e nem se deu o trabalho de cumprimentar Evan. Ele parou ao lado dela, encostando-se no carro.
- Hein? Posso saber por que "minha mulher" está beijando outro? - Evan insistiu.
Enid revirou os olhos, e um floco de neve grudou em seus cílios.
- Nós não estamos casados realmente, Evan - ela disse.
Evan deu de ombros. E depois a fitou por segundos, até ela o olhar também.
- Que foi? - Enid perguntou.
- Só estou te admirando.
O olhar de Evan era tão gentil... Aqueles olhos não eram de um criminoso, pensou Enid, Evan não é um bandido. Mas por que ele se sentiria tão ameaçado com os bilhetes a ponto de contratar um detetive?
- E Vine Cipriano? - Enid perguntou.
- O que tem ele?
- Eu o encontrei ontem. Ele disse que é, hum, detetive.
Por dois segundos Evan perdeu a postura. E logo depois voltou a ser o Evan inabalável.
- Sim, ele é - ele assentiu.
- Uhum. E ele disse que você o contratou porque tem sido ameaçado. - Enid deu de ombros como se não se importasse. - Bom, foi essa a palavra que ele usou.
Evan ficou calado, fitando a neve acumulada no telhado da escola.
- Tudo bem se não quiser falar sobre isso. Eu compreendo que...
- Eu recebi dois bilhetes... não, duas ameaças. - Evan interrompeu Enid. - Não sei quem é. Na verdade, eu já tenho uma ideia, mas... Enfim, Vine vai descobrir quem é.
Enid sentiu as costas eriçarem. Ela precisou mudar de assunto.
- Hum, e esse Vine é muito bonito - ela comentou.
A seriedade de Evan acabou. Ele abriu um sorriso enorme e encarou Enid. Depois não pôde se controlar e riu. Enid deu um meio sorriso.
- Vine é... velho. - Evan disse. - Vamos, Enid, ele tem o dobro da sua idade!
Enid levantou as sobrancelhas.
- Não parece! Ele deve ter, o quê, uns 28 anos? No máximo 30! - Enid chutou.
- Ele tem 32 anos, Enid. Ele é velho demais!
Enid riu e decidiu entrar no joguinho de Evan.
- Tá aí, eu gostei dele - disse ela, simplesmente.
Evan parou de rir imediatamente e o encarou. Enid o encarou de volta, o desafiando.
- Está falando sério? Enid, por favor! - Evan revirou os olhos.
- Ah é? Você não acha que eu posso fazê-lo gostar de mim?
Evan a olhou da cabeça aos pés, fazendo Enid corar. E depois negou com a cabeça, num gesto leve e riu.
- Não. Definitivamente não é difícil fazer alguém gostar de você. - Evan suspirou. - Não é.
Enid ficou surpresa. Ela esperava que Evan continuasse a brincadeira. Mas ele ficou sério de repente, fitando o vazio.
O primeiro sinal tocou e Enid começou a andar para a primeira aula. Evan a alcançou rapidamente. E por um segundo Enid pensou que Evan ia segurar a mão dela. Mas ele se afastou alguns centímetros, se tocando.
Enid não entendeu, preferiu esquecer. Mas no fundo ela queria que ele segurasse sua mão.

Na sexta aula do dia, Enid estava preparada para fazer a educação física. Vestiu-se com o uniforme que a escola os obrigava a usar para fazer exercícios; bermuda até os joelhos preta, blusa de manga verde-limão e um casaco de lycra preto, além do tênis.
Na quadra da escola os times estavam sendo separados. Gabe era a capitã de um time, e Sara Stone - morena, olhos castanhos - era a capitã do outro. Gabe logo escolheu Enid para o seu time na queimada - por caridade porque Enid nunca foi boa nesse jogo.
O apito da treinadora Mirthes tocou, dando início ao jogo. Enid desviou rapidamente enquanto a capitã Sara jogou a bola. Logo depois Gabe jogou a bola, que parou na mão de uma das meninas do time adversário. Ela jogou a bola de volta na direção de Enid, que se abaixou a tempo, e Gabe jogou novamente.
O jogo continuou assim até duas jogadoras do time de Gabe serem queimadas, e três do time de Sara. Enid estava desviando muito bem, e permanecia no jogo.
Um falatório e assovios foram ouvidos pelas meninas, e Enid virou-se para ver quem era. Na janela da quadra estavam dezenas de meninos qual gracejavam com elas. Enid achou aquilo infantil.
O jogo continuou. Outra vez uma menina do time adversário tentou eliminá-la, mas Enid conseguiu desviar a tempo.
- Isso aí Enid! - Gritou uma voz masculina vinda da platéia da janela.
Enid virou-se outra vez para ver quem era. E ali estava ele, no meio dos garotos, destacando-se com sua beleza extrema. Evan acenou para Enid, primeiro amigável e depois desesperadamente. Enid não conseguia entender o que ele dizia.
- Enid, cuidado! - Gabe gritou para ela.
Mas foi tarde demais. Enid apenas sentiu o baque da bola na sua testa, e depois tudo ficou embaçado, até escurecer.

Quando Enid finalmente abriu os olhos viu paredes de azulejo azul. As cores formaram formas, e ela viu o teto, um ventilador e uma lâmpada acesa.
Enid virou-se com dificuldade, ainda zonza, e viu uma porta aberta. Olhou em volta, reconhecendo objetos e móveis. Ela estava na enfermaria do colégio.
Ela fechou os olhos, esperando a dor latejante na lateral da cabeça passar. Um homem ao telefone entrou na enfermaria.
- O que você descobriu? - ele perguntou à pessoa que falava com ele. Um instante de silêncio. - Tem certeza? Eles podem estar disfarçados.
Enid continuou com os olhos fechados, ouvindo. A voz pareceu conhecida em sua mente. Evan, era Evan.
- Eu disse para você que eles têm recursos suficientes para entrarem onde quiserem sem as pessoas... E daí?... Ah, claro.. Não, Vine, escuta, não estou duvidando da sua inteligência. É só que, porra, eles não são "humanos".
Enid tremeu. De que diabos Evan estava falando?
- Vine, vovó te contou o que eles querem fazer. Eu não quero morrer, Vine, não quero morrer. Se eles me matarem... - Evan parou de falar por um instante. - Eu não tenho culpa se meu pai era um... Não, ele não era um "anjo". Ele caiu...
A cabeça de Enid latejou novamente. Anjo? O pai de Evan era um anjo? Enid gemeu baixinho. Evan percebeu e logo terminou a ligação.
Enid manteve os olhos fechados. Ela queria ouvir mais da conversa. Precisava entender o que Evan estava falando.
Ele se aproximou dela, e tocou a testa dolorida de Enid. Ela estremeceu, reagindo ao toque.
- Tudo bem, tudo bem... - Evan sussurrou, tentando acalmá-la. - Está inchada... Dói quando eu toco?
Enid assentiu. Evan meteu-se, pegando alguma coisa e depois pôs na testa de Enid. Ela abriu os olhos ao sentir a bolsa de gelo na testa. Doeu, mas a fez despertar.
Evan manteve-se segurando a mão de Enid, acariciando a palma com o dedão até ela despertar completamente. A testa ainda doía mas Enid tentou levantar. Evan a ajudou a se sentar.
- O que houve? - Enid perguntou. Ela ainda estava confusa.
- Você levou uma bolada na cabeça e desmaiou.
Enid olhou para Evan. Ele se encaixou entre as pernas dela, e ficou segurando a bolsa de gelo na testa dela.
- Que bom... - Enid murmurou, irônica. - Que horas são?
- Acalme-se, só fazem quinze minutos que você está desacordada. A aula de educação física continua lá fora.
- Eu vou voltar pra lá - ela se mexeu rápido demais a vertigem a atingiu. Ela oscilou e quase caiu no chão.
Evan a segurou a tempo, e a colocou de volta na maca. Enid sentiu a dor novamente e gemeu.
- Droga, Enid, fica sentada aí. - Evan protestou.
Enid mal suportava respirar. A cabeça doía demais.
- Ai, minha cabeça vai explodir! - ela reclamou.
Evan pôs a bolsa novamente na cabeça dela.
- Vou chamar a enfermeira.
Ele a deixou sozinha por um instante. E depois trouxe a enfermeira, que lhe medicou e a deixou em observação por uma hora.
A enxaqueca não voltou. Evan esteve ao lado dela por todo esse tempo. Quando a enfermeira a liberou, Evan exigiu levá-la para casa. Enid não protestou, estava cançada.
A viagem foi silenciosa. Enid martelava em sua cabeça a memória da conversa de Evan com Vine. Ela sabia que havia algo errado com o pai de Evan, mas um anjo? Aquilo não fazia e fazia sentido. E ela queria entender. Evan não podia contá-la, e não iria contar. Mas Vine sabia.
E o mais cedo possível ela ia procurá-lo.


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Notas finais do capítulo

Bom, coisas lindas, a fic Eternally Forbidden terá continuação. Já tive idéias para o fim desta, e idéias de uma continuação.
Só isso, e quero meus comentários! Vocês vão ler a continuação? Mil beijos! ;*



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