Ainda A Única escrita por woozifer


Capítulo 4
Chuva


Notas iniciais do capítulo

MellyssaPikachu, eu vi se ele tava no Face (leia minha resposta ao seu review para entender isso) e ele não tava, vou ver se falo com ele por SMS e encho o saco dele pra ele escrever kk, se tiver Twitter, eu te passo o TT dele e tu pede u.u

Pra minha nova leitora: Mariana (:

Desculpe se houver erros.



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- Só mais uns minutinhos pessoal, vamos lá – disse o instrutor, seu nome era Samuel – E seu desenho está muito bom Amélia.

- Obrigada- agradeci e ergui os olhos para ele, Samuel agora ajudava outro garoto.

Ficamos mais uns cinco minutos lá, então Samuel disse que podíamos ir embora, lhe agradeci e deixei seu material na mesa, então pendurei minha mochila nas costas e verifiquei meu relógio de pulso, o ponteiro mudou, e então eram quatro em ponto e o sinal soou.

Um vento frio soprou meus cabelos, me encolhi um pouco e então o tempo fechou, as nuvens cinza apareceram e eu apertei o passo sem saber se meu pai iria me buscar, ou se eu teria que ir embora de ônibus, mas eu estava sem um dólar sequer.

Pensei que contornar a escola seria a melhor idéia, eu estava muito enganada, porque o caminho pareceu ser maior depois de um tempo caminhando, voltei pelo caminho que tinha vindo e já estava começando a cair as primeiras gotas grossas de chuva e o tempo só piorava.

- Não Amélia, você não vai precisar do blazer – comecei a resmungar irritada, imitando a voz do meu pai enquanto me abraçava e tentava entrar no colégio, uma das portas duplas estava aberta, mas tudo já estava deserto, tanto é que eu podia ouvir meus próprios passos ecoando no piso. – Califórnia idiota, escola idiota, High School Musical idiota.

Terminei de atravessar a cantina e comecei a andar rapidamente, com certo medo, pelos corredores vazios do colégio.

Trinquei o maxilar e fui andando cada vez mais rápido, até que finalmente saí do colégio pela porta da frente, olhei o estacionamento da escola esperando ver meu pai, nada.

“Legal”.

Já estava chovendo forte, e eu estava ficando com mais frio ainda.

No estacionamento só tinha dois carros, um deles estava na vaga do diretor, e o outro estava do meio do estacionamento fantasma.

Suspirei e me abracei, então continuei a caminhar por onde me lembrava ser o caminho de casa.

Point of view: Chace Burns.

Como todo o time estava querendo tomar banho, e só tinham dez duchas, tive que esperar vinte homens tomarem banho antes de eu poder por fim, entrar debaixo do chuveiro.

- Cara, ainda não acredito que a Ashley terminou comigo – choramingou meu melhor amigo, Logan, na ducha ao lado.

- Quer mesmo resolver isso agora Logan? – resmunguei ensaboando os cabelos.

- Eu estou triste falou? Seja um amigo legal e me leve para festas – disse ele.

- Você está triste Logan, não está necessitado – disse eu deixando a água levar o sabão do meu corpo.

- Estou necessitado de ficar feliz logo, isso não serve?

- Logan, vocês terminaram por que meninas são assim, não dá pra entender, elas fazem coisas que só elas entendem, não tente compreender, se não, ou você vira gay, ou você fica louco, e eu realmente quero um amigo heterossexual e são – murmurei e Logan riu, sorri e peguei minha toalha que estava pendurada ao lado da ducha, me sequei e enrolei a toalha na cintura, Logan fazia a mesma coisa ao mesmo tempo que eu.

- Não vou virar gay, por enquanto – falou ele brincando e eu ri balançando a cabeça.

Vesti a cueca e tirei a toalha, então vesti a calça e comecei a tirar a água dos cabelos com a toalha que tinha me secado.

- Mas então, sabe de alguma festa para hoje a noite? – perguntou Logan.

Pendurei a toalha no pescoço e abri meu armário, então peguei minha blusa e a jaqueta, olhei pela janela, estava chovendo, voltei-me a Logan.

- Hoje? Não sei de nada não – falei e vesti a camisa, peguei meus tênis no armário e me sentei no banco ao lado das duchas.

- Que merda hein? – disse ele calçando os sapatos também, seu celular tocou e ele o pegou no armário então atendeu, nem prestei atenção na sua conversa, terminei de calçar meus sapatos e passei a toalha mais uma vez pelos cabelos então a joguei na enorme cesta de roupas sujas do banheiro.

Logan desligou o celular e suspirou.

- Tenho uma reunião de família, agora, - falou Logan e passou a mão pelos cabelos pretos, vestiu a camisa e então jogou sua toalha no cesto também, e fechou seu armário – falou irmão.

- Falou – respondi e Logan saiu apressado do banheiro.

Passei a mão pelos cabelos, vesti a jaqueta e saí do banheiro, quando eu estava quase na porta do colégio já, apalpei o bolso da calça e não senti o celular lá, corri de volta pro banheiro, agora os faxineiros estavam começando a limpar tudo, cumprimentei os que eu conhecia e fui até meu armário, ele ainda estava aberto, como deixei, peguei meu celular lá dentro e o fechei, então fui para o estacionamento.

A chuva estava realmente muito ruim, tapei a cabeça com um braço, inutilmente e corri até meu carro, só estava o meu no estacionamento, até o diretor já tinha ido, destranquei minha Land Rover e entrei no carro, então liguei a chave à ignição e manobrei, então saí do estacionamento da escola deixei o ar frio circular pelo caro, eu adorava o frio, mas também gostava do calor, as meninas estavam quase peladas no calor, se bem que algumas meninas da escola andavam quase peladas mesmo com uma temperatura de vinte graus negativos. Essas eram as meninas fáceis, daquelas que você dorme com elas, e nem elas se apegam a você e você tampouco deve se apegar a elas é sempre coisa de momento.

Comecei a pensar em tudo o que me acontecera durante o dia, as aulas, o treino... A menina de cabelos vermelhos que quase derrubei, e que depois encontrei durante o treino, e que nem me deu bola.

Como por acaso, vi uma cabeleira vermelha escura andando na calçada, comecei a ir mais devagar até notar que era ela! Era a Amélia, a menina que eu quase derrubei, ela estava indo a pé, numa chuva torrencial e já estava completamente ensopada.

Comecei a ir bem devagar e baixei o vidro, ela me olhou de testa franzida, lábios roxos e rachados, ela se encolhia, mas o frio que estava lá fora devia... Meu Deus.

- Amélia, hey entre! – gritei e parei o carro, abri a porta e ela me olhou indecisa, abriu a boca para dizer algo, mas ela tremia demais para dizer algo – Vamos, entre!

Ela negou e continuou a andar.

“Como é que é? Ela prefere morrer com pneumonia a entrar no meu carro?”

Comecei a andar lentamente com o carro, ao seu lado, enquanto gritava:

- Entra Amélia! Você vai acabar morrendo com esse frio!

Um vento cortante lhe soprou os cabelos ruivos encharcados e ela cedeu, entrou no carro se encolhendo de frio.

- Meu Deus do céu, você está encharcada! – falei após ela entrar e fechar a porta fechei os vidros e liguei o ar quente, ainda parado no lugar.

Ela olhava suas mãos roxas pelo frio.

Eu estava começando a ficar desesperado, aquela menina não parava de tremer!

Olhei para o banco traseiro, só minha mochila estava lá, a abri e encontrei uma camisa que eu levava para os dias que tinha educação física, esse dia não teve, portanto estava limpa.

Amélia estava abraçada a si própria, tremendo, e eu lá, sem saber o que fazer para melhorar aquela situação.

Peguei a camisa e comecei a passar em seu rosto a fim de secá-la para que aqueles tremores parassem, senti que ela queria me repelir, porém os tremores não paravam nem para que ela me xingasse, ou seja lá o que ela fosse fazer caso conseguisse falar.

Sequei seu rosto e ela me olhava de testa franzida, então os tremores a faziam fechar os olhos com força e se encolher ainda mais.

Ao poucos ela parou de bater o queixo, e de se encolher tanto, mas ainda tinha tremores e não estava completamente seca, é claro, seus cabelos estavam escorridos e seus olhos azuis pareciam demonstrar confusão, mas ela não dizia nada.

O ar quente estava ligado no máximo, mas ela ainda parecia com frio, tirei minha jaqueta e a estendi para ela, a ruiva balançou a cabeça em negação.

Suspirei com sua teimosia e coloquei a jaqueta em seus ombros, ela não fez nada, só olhava para frente, e a chuva continuava a cair.

- Está melhor? – perguntei depois de um tempo calado.

- Estou – disse ela baixo, com sua voz de sino e tom meigo, e começou a encarar suas próprias mãos.

“Sem contato visual? Ok”

- Vou te levar pra casa – prometi e liguei de novo o carro, como ficamos uns quinze minutos parados, eu tentei ser um pouco mais rápido – onde você mora?

- Não sei o endereço – disse ela fazendo careta, a olhei de sobrancelhas erguidas.

- Como é? – falei confuso, ela deu de ombros.

- Cheguei aqui ontem, não decorei o endereço ainda.

- Você mora com seus pais? – perguntei, ela ergueu uma sobrancelha, mas assentiu, voltei a prestar atenção às ruas – Então liga pra eles e pergunta o endereço ué.

- Não tenho celular – disse ela.

“Espera, como alguém pode não ter celular?”

Então me lembrei que ela veio de outra cidade, e que talvez as coisas de sua cidade fossem diferentes das daqui.

- Então liga do meu – eu disse e peguei meu celular.

- Não adianta, não sei o número deles.

- Droga, então sabe algum ponto de referencia?

- É perto de um ponto de ônibus...

- Ajudou muito – falei sarcástico.

- Desculpe, realmente não sei um ponto de referência.

- Não sabe nem o bairro? – choraminguei.

- Hm... É algo haver com flores – disse ela após pensar um tempo.

- Lírio? Jasmin? Rosa? – comecei a listar os bairros com nome de flores.

- Tulipa! – disse ela de súbito.

Assenti com os olhos ainda fixos nas ruas, vi pelo canto de olhos que agora ela estava me espiando, e tinha vestido meu casaco.

Deixei que ela me observasse por um tempo, até que ela se voltou para frente.

- E então Amélia, por que se mudou para cá? – perguntei tentando puxar assunto.

- Meu pai é médico, ele recebeu o convite para vir trabalhar para cá e aceitou então eu tive que vir – disse ela sem rodeios.

- E você não queria vir?

- Não.

- Por quê? Não queria deixar seus amigos? Seu namorado?

- Não, não tenho isso – disse ela baixo, crispei os lábios e a olhei, ela mordia o lábio que estava mais rosado agora do que antes. Depois de um tempo em silêncio ela retomou a fala – eu estava acostumada a vida de lá sabe? Já tinha uma rotina estabelecida, não gosto disso de coisas novas, prefiro a boa e velha rotina.

- Interessante. Mas relaxa, daqui a pouco você estabelece uma rotina aqui e se acostuma.

- Espero que sim...

Conversamos sobre coisas como quadrinhos, e livros depois disso, e descobri que ela gostava de algumas coisas que eu também gostava, e que ela só respondia se falassem com ela, não era do tipo de garota que puxa assunto com ninguém.

Depois de uns cinco minutos estávamos em seu bairro e ela começou a procurar a própria casa, então por fim a encontrou e sorriu aliviada e soltou um enorme suspiro.

A chuva tinha diminuído bastante, mas ainda restava uma garoa fina e chata.

Estacionei o carro em frente a sua casa e eu me virei para ela.

- Hm, desculpe de novo ter quase te derrubado hoje – eu disse, ela riu baixinho e se voltou a mim com um sorriso nos lábios rosados.

- Tudo bem, obrigada por ter me salvado de uma longa caminhada até aqui, e obrigada por sua jaqueta – ela retirou minha jaqueta de seus ombros e a avaliou fazendo careta – bem, eu a molhei, e encharquei seu carro, desculpa.

- Tudo bem – eu ri e ela sorriu envergonhada – você está bem agora?

- Estou.

- Me promete que não vai morrer de pneumonia? – falei brincalhão e ela riu.

- Vou pensar no seu caso – disse ela brincando e eu ri um pouco, Amélia olhou para sua casa e então abriu a porta e me olhou – obrigada pela carona, e pela jaqueta emprestada.

- As ordens – falei batendo continência, ela riu e desceu do carro e eu a observei ir pelo caminho de concreto que levava da calçada até a porta da casa, e a vi olhar para mim uma ultima vez antes de entrar na casa.


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Notas finais do capítulo

Reviews?