- O que deu nele? – perguntou Logan de testa franzida e me estendeu um dos copo, o peguei e tomei uma golada grande, irritada, a bebida desceu minha garganta queimando.

- Quem sabe? – falei brava e fiz careta – O que é isso?

- Bebida – ele deu de ombros – Você bebe não é?

- Não bebia, até agora – resmunguei e acabei com o que restava do copo, Logan me olhou de sobrancelhas erguidas.

- Você não vai dar uma de revoltada, beber todas porque está com raiva, dormir com metade do colégio, e amanhã não se lembrar de nada, vai? – disse ele, franzi as sobrancelhas meio confusa.

- Não, eu acho – falei.

- Ótimo, porque não quero que você durma com metade do colégio.

Revirei os olhos e fui para a pista de dança.

Eu sabia dançar, só não gostava de fazer isso, mas naquela noite resolvi que todos veriam que eu sabia dançar, que naquela noite eu viraria o que eu não era, naquela noite apenas, eu iria deixar a timidez de lado, virar a provocativa, eu provocaria Chace até ele não se agüentar mais.

Logan dançou comigo algumas músicas, então foi beber e eu continuei dançando, eu olhava fixamente Chace, ele devolvia o olhar, então comecei a dançar de forma sensual, quase parecendo uma vadia, vi ele cerrar os punhos e morder o lábio, sorri com escárnio e me virei para o lado oposto.

Segundos depois senti um aperto em meu braço.

- O que pensa que está fazendo? – ouvi a voz próxima do Burns.

- Estou dançando – falei tentando me soltar, mas ele me segurou mais forte, meu braço estava começando a doer.

- Não, você está me provocando – retrucou ele.

- Eu? – falei fazendo cara de inocente.

- Pare com isso Amélia, não seja o que você não é – disse ele entredentes.

- Desculpe Chace, só quero me divertir – falei erguendo a cabeça para olhá-lo de forma desafiadora, ele me soltou e bufou.

Então ouvi uma voz estridente e chata.

- Chace, o que está fazendo com essa vadia? – perguntou Shirley.

- Não sou vadia – me defendi e olhei para a loira que se aproximava.

- É sim – retrucou ela.

Não sei se o álcool já estava me subindo a cabeça, eu se eu só estava fazendo o que havia decidido fazer naquela noite, eu faria e dizia o que quisesse fazer ou dizer.

- Não sabia que me chamava Shirley Gates, querida – falei num tom doce e falso.

Ela ia pular no meu pescoço, mas Chace a segurou pela cintura e a tirou para o outro canto da quadra.

“O que está me dando? Sério, cadê a Amélia Crawford? A quietinha e timida?”.

- Amélia? – falou Logan a minhas costas, me virei para ele com um sorriso enorme – Está tudo bem? Vi que o Chace teve que tirar a Shirley daqui carregada.

- Está tudo bem, a vadia só quis implicar – falei e puxei Logan de novo para a pista, ele franziu a testa, mas me seguiu mesmo assim e enquanto bebia dançava comigo.

.-.

Todos haviam sumido, desaparecido, não estavam mais lá.

Olhei em volta pela décima vez a procura de rostos familiares, nem sinal dos meus amigos.

Suspirei e saí da quadra, fui até o tapete vermelho e então saí dele e me sentei num dos bancos mais afastados que havia sido porto no gramado.

Alguns minutos depois alguém se sentou ao meu lado, me virei para olhá-lo, Chace me olhou a procura de algo nos meus olhos.

- Me desculpe ter agido como agi antes- disse ele.

- Está falando de quando me puxou pelo braço, ou quando deu ataque por eu ter chegado com Logan? – falei irônica.

- Estou falando de tudo, até de ter te ignorado durante a semana.

- Bateu a culpa agora? – falei sarcástica, mas acabei olhando para o chão.

“Ou tenho dupla personalidade, ou sou bipolar”.

- Não exatamente, acabei percebendo que Shirley é realmente uma vadia – disse ele dando de ombros.

- E descobriu isso quando? Agora?

- Eu já desconfiava antes, mas quando vi ela fazendo amor com um dos jogadores do meu time debaixo da arquibancada tive a confirmação – disse ele dando de ombros.

Ficamos em silêncio por longos minutos.

- Então, me desculpa?

- Por ter me ignorado? Não há o que desculpas Chace, você estava magoado comigo, desculpe, não queria brincar com seu coração ou coisas assim, não fiz de propósito.

- Eu sei que não – disse ele e vi pela visão periférica ele passar a mão nos cabelos, o olhei.

- Eu não queria te magoar, ou me magoar, por isso recusei, não que eu não goste de você Chace, mas namoros são incertos, e eu não gosto da incerteza – falei fazendo careta.

- Mas... Poxa Amélia, estávamos ficando a meses já, pensei que estava na hora de te pedir em namoro, mas pelo visto eu estava errado...

- Ou talvez eu tivesse errada – falei baixo e baixei o olhar para o meu colo.

- O que quer dizer?

- Quero dizer, que talvez seja bom se arriscar as vezes, correr riscos não pode ser tão ruim, as vezes pode trazer coisas boas, talvez eu não deve ser tão insegura, talvez desse certo, eu não devia ser tão medrosa, mas acho que acabei pensando demais em como tudo ficaria se não déssemos certo, se alguém acabasse magoado, e acabei não pensando como poderia ter sido, se poderia ter dado certo, ou ter sido bom, não pensei que eu poderia ficar feliz com isso, e que isso poderia durar muito tempo, não pensei num “nós” pensei num eu magoada, e num você de coração partido.

Ele suspirou e pegou minha mão, então com a outra mão me obrigou a olhá-lo nos olhos.

- Amélia, ninguém tem certeza de nada nessa vida, pode ser sim que não déssemos certo, mas teríamos que tentar para saber o que ai acontecer, pode ser que vivêssemos felizes, sei que relacionamentos não são certos, e eu... Já tive minha cota de decepções com meninas para te dizer que sei que sou um cara que se apega muito fácil e que fica triste mais fácil ainda, sei que eu poderia ter saído quebrado disso tudo se tivéssemos namorado e não déssemos certo, mas acho que o que mais me entristeceu foi ver que você nem quis tentar... Que não achou que eu valia o risco.

Mordi o lábio e desviei o olhar, então corei e comecei a sentir o peso de minhas palavras assim que começaram a sair da minha boca.

- Chace... Você... Não sei fazer isso, mas enfim... Você ainda acha que é tarde demais para tentarmos?

Seus olhos se iluminaram e eu mordi o lábio para segurar um sorriso bobo, estava com medo de sua resposta.

- Nunca é tarde demais para tentar amar Amélia, nunca – disse ele sorrindo de canto para mim, sorri aliviada.

- Então... Entendo se não quiser, mas... Quer ser meu namorado ainda?

- Isso é um pedido? – disse ele e eu senti que minhas bochechas estavam mais vermelhas que meus cabelos.

- Hm... Sim.

Seu sorriso se ampliou e ele me beijou calorosamente, quando nos afastamos ele murmurou:

- Esse pedido não está exatamente certo, e apesar de eu querer te dar o troco, pode ser que você não aceite a brincadeira e desista, então sim, eu aceito ser seu namorado.

Nós gargalhamos e voltamos a nos beijar infinitamente alegres.