Depois da aula, levei Melody até sua casa e quando cheguei em casa meus pais estavam chegando também.

- Olá – falei para eles quando os encontrei chegando em casa ao mesmo tempo que eu.

- Oi filha- disseram em coro.

Me dirigi a porta e então ouvi um:

- Onde você estava? – perguntou meu pai, tenso.

- Fui levar a Melody até a casa dela – respondi dando de ombros, meu pai relaxou visivelmente.

- Ah, bom, sinto muito não tê-la conhecido.

- Ela deve sentir também, eu acho – falei e minha mãe sorriu, me abraçou e então me guiou para dentro da casa.

- E aí, o que você fez hoje?

Pensei em lhe dizer que os meninos haviam ido lá de manhã, mar como meu pai era exagerado, era capaz de até me mudar de colégio para eu nunca mais poder ver Logan e Chace.

- Hm... Ah, você sabe, só a aula de francês com a Melody mesmo.

- Legal, e aí, aprendeu algo?

- Sim, estou mais atualizada agora do que antes, mas ainda não alcancei a minha turma de fancês.

- Ela vai vir aqui outros dias então? – perguntou meu pai quando entramos todos em casa.

- Não... Ela propôs me dar aula lá no colégio mesmo, meia hora após o fim das aulas adicionais, todos os dias, se vocês deixarem, é claro.

- Tudo bem – disse meu pai e minha mãe assentiu em concordância – mas porque no colégio?

- Ela disse que lá tem os livros que ela precisa trabalhar comigo, e essas coisas... Mãe, pai, estou cansada, posso me retirar?

- Não vai jantar? –perguntou minha mãe.

- Não, obrigada, to sem fome, comi algumas besteiras durante a tarde.

- Já te falei que comer besteiras não é bom pra saúde – começou meu pai, suspirei e assenti.

- Foi só hoje, Todd, e sim Amélia, você pode se retirar – falou minha mãe, sorri pra ela e subi as escadas correndo, entrei no meu quarto, peguei meu livro e corri pra varanda.

Eu adorava livros, as vezes preferia a companhia das palavras impressas de um livro do que as palavras ditas e reclamações constantes dos humanos que me cercavam.

“É tão mais fácil conviver com objetos”.

Depois de me jogar na rede e ficar me balançando pro horas enquanto ora lia, ora olhava as estrelas, ora pensava na vida, me levantei e entrei, já era cerca de vinte e duas horas.

Guardei meu livro, peguei um pijama, tomei banho, coloquei o pijama, calcei chinelos e desci, encontrei meus pais na sala, num canto mais afastado tinha o notebook que todos compartilhávamos.

Peguei o notebook e pela primeira vez desde que chegamos nessa casa, fui para o quintal, me sentei sobre a grama e liguei o aparelho.

Esperei pacientemente que tudo carregasse, procurei um sinal de Internet e acabei usando a do vizinho pelo fato de não ter Internet na minha casa, por meus pais terem preguiça de ir pedir para instalarem e tudo o mais.

Entrei em meu Facebook e vi que eu tinha quinze novas solicitações de amizade, aceitei todos, porque já os vira na escola, ou até conversava com eles, e assim que aceitei uma janela do bate-papo piscou no canto da tela, a janelinha de Chace Burns.

“Hey!” Era o que dizia.

“Olá!” Respondi, e então começamos uma conversa.

“Está tudo bem com você?”

“Sim, tudo certo”

“Como foi a aula de Francês?”

“Quase chata”

“Haha, hm, Amélia topa ir à praia comigo amanhã?”

“Praia? Não tem praia em Sacramento, Chace Burns”

“Eu sei, Amélia Crawford, mas um amigo meu tem uma praia artificial nos arredores da cidade”

Mordi a língua, então suspirei e cedi.

“Legal, eu topo, que horas?” Escrevi.

“Passo na sua casa às nove”

“Ok”

“Ok”

“Ok”

“Ok”

“Isso não é ‘A culpa é das estrelas’, Chace”

“Ainda bem, não quero que você morra”

- Amélia? Está frio, entre! – gritou minha mãe da porta que levava ao quintal.

Me levantei segurando o notebook e quanto mais me aproximava de casa mais perdia o sinal.

“Hazel Grace não morre, é o Augustus que morre. E eu preciso ir” Digitei e enviei.

“Eu ia ler o livro, não quero mais também. Ok, te vejo amanhã. Beijos”

“Beijos”.

Apaguei a conversa e saí do Facebook, então desliguei o notebook e entrei em casa.

Somente minha mãe estava na sala agora.

- Mãe, posso ir à praia com um amigo amanhã? – pedi mordendo o lábio, hesitante.

O rosto dela se iluminou num sorriso.

- O tal do Chace?

- O próprio.

- Pode meu bem, é claro.

Sorri, lhe dei um beijo estalado no rosto, deixei o notebook no sofá e subi as escadas saltitando.

Depois de escovar os dentes, conversar com Fred – o Bonsai- por um tempo, cuidar do Fred , fiz minha higiene e me enfiei debaixo das cobertas.

Odeio admitir isso aqui, mas naquela noite eu sonhei com Chace Burns, e no sonho... Não éramos exatamente... Amigos. Sonhei que nossos corpos estavam colados, nossas bocas grudadas, mãos passeando um pelo corpo do outro, cama convidativa nos chamando e então... Então eu acordei ofegante.

Demorei uns cinco minutos inspirando lentamente, então me levantei e caminhei pela casa silenciosa até a cozinha, e enquanto bebia água gelada o sonho me voltou a mente eu voltei a ofegar, meu estômago revirou de um jeito bom e minhas mãos suaram.

“Que merda, porque estou pensando logo em Chace Burns, nesse estado,no meu quarto e... Na minha cama?”

- Cinco dias com Logan e estou virando uma completa pervertida – falei baixo, sozinha.

Subi novamente e me deitei, o sonho continuou em minha mente de onde tinha parado e de novo o fogo voltou, me levantei num pulo e corri pro banheiro, me olhei no espelho por um breve momento, minhas bochechas estavam completamente vermelhas.

Lavei o rosto com a água fria e a sensação foi tão boa que acabei lavando a nuca e as orelhas, então entrei num banho frio e... Comecei a pensar em Chace.

“Banho é lugar para se pensar num menino?”

Depois do banho frio pareceu que meus ânimos esfriaram, depois de me vezstir, liguei a luz do meu quarto e resolvi ler as ultimas páginas do livro – eu ainda estava no meio do livro, mas passei pro fim- para ver se quase me desmanchando em lágrimas eu pensava em outra coisa que não os olhos de Chace, seus cabelos castanhos, seus braços musculosos e... Bom, a leitura não funcionou, minha mente voou para longe, foi buscar Chace Burns e imaginá-lo dormindo, com cara de bebê, biquinho fofo e respirando profundamente.

Sorri com o pensamento, deixei o livro de lado e me enfiei debaixo das coberta novamente, dessa vez adormeci e sonhei com Logan Summer.

Nesse sonho, eu estava chorando e Logan me abraçou, acariciou meus cabelos e começou a cantar baixinho pra mim, e a música que ele cantou para mim ficou na minha mente até a manhã seguinte.