Aquilo foi surreal. Eu ia ao corujal – porque estava seguindo a Lils, é claro – e ia perguntar o que raios ela tinha na cabeça pra gritar pra todo mundo que a Lene tava grávida. Devo dizer que eu já sabia? Pois é. Eu ajudei a McKinnon a burlar o sistema da escola e fomos para Hogsmeade em um dia de aula, logo procurando um lugar mais calmo – e sem o babaca do Pirraça – para ela descobrir se estava ou não grávida.

Mas o fato é que não era pra escola saber. Uma vez que se o Senhor McKinnon soubesse, digamos que o meu amigo Almofadinhas estaria morto ou ainda pior, em um lugar que ele nunca se imaginou: na coleira. Era óbvio e transparente, pelo menos para mim, que o babaca mór – nomeado como Sirius Black – era e é apaixonada pela Lene. Ela caia de quatro por ela. Mais do que eu por Lily Evans. Mas ao contrario de mim, Black não tinha coragem de contar pra todo mundo que a amava. Ele preferiria o seu ódio e ainda pegar todas as meninas.

‘‘é melhor ela me odiar, sabem o que dizem, o ódio anda junto com o amor. Ela me ama, é claro que ama. Quem não amaria? Mas eu não vou cair de quatro por ela, quero dizer, na frente dela. Gosto da Marlene e sempre vou a proteger, mas não vou deixar de viver a minha vida. Por garota nenhuma’’ Eu e Remo deveríamos ouvir essa frase da boca do pulguento, pelo menos uma vez por dia. Sete vezes por semana, que era quando ela estava se pegando com qualquer cara. Assim como ele fazia. Assim como a minha ruivinha, eles tinham medo de retribuir o amor um do outro.

Só que agora, Sirius Black seria pai. Antes de Remo, antes de mim e até antes de Frank. Sirius Black, o maroto mais irresponsável, o mais fuck off, tinha engravidado a minha melhor amiga. E como eu disse para ele antes de eu correr atrás do furacão ruivo:

Não faça outra merda Black, se Lene sofrer mais um pouco por sua causa. Juro que não será o pai dela quem irá te matar. Mas sim eu.

Voltando ao assunto da primeira linha.

Lilian Evans, a ruiva dos olhos verdes. A dona de todos os meus pensamentos. A causa de eu ter mudado tanto em um ano, a causa da minha falta de pensamento nas marotices ou nas aulas. A garota que eu vivia reclamando que nem olhava para a minha cara, a que havia ido para Hogsmeade comigo, que eu havia beijado semana passada (sem receber nenhum xingamento em troca, vale a pena ressaltar), colou a boca dela na minha e me beijou.

Eu devo ter morrido e ido ao paraíso, que mesmo com os comentários ‘Aquela é a Evans com o Potter?’, ela não me largou.  Somente quando faltou ar, e cara, eu quase morri sem o ar.

Eu fiquei olhando pra ela e provavelmente eu tava com uma cara de idiota, ela começou a ficar vermelha. Tão vermelha quanto os seus cabelos.

- Olha o que temos aqui, Lilian Evans e James Potter. Quem diria James, que um dia ela iria te beijar na frente de todo mundo e ainda ia ficar envergonhada? – Posso lançar uma Avada no Malfoy? Ô loira dos infernos. Revirei os olhos e lancei minha mão pela cintura de Lils, apanhando com a minha outra mão a minha varinha.

Vi que Snape estava com ele e revirei os olhos, como alguém podia fazer tão mal para Lily? Ele era o melhor amigo dela, e tudo bem que eu não concordava com isso. Mas de alguma forma, ele e o cabelo sem lavar faziam bem para a ruiva e ele só a fazia chorar de uns tempos pra cá. Todas as formas de torturas trouxas passaram na minha cabeça, mas eu sabia que o maior problema não era ele. Digamos que eu tive uma conversa de homem pra homem com ele e disse que assim que ele decidisse que a Lily era mais importante do que Voldemort, ele seria bem vindo na vida dela de novo, porque era seu melhor amigo – assim como Remo. Mas enquanto isso não acontecesse, se ele a chamasse de sangue ruim de novo, eu ia quebrar a cara dele, até ele aprender.

- Dá um tempo Malfoy, se esqueceu do que aconteceu ontem e já vem querendo brigar de novo? – Eu arqueei uma sobrancelha, enquanto pronunciava as palavras – Convenhamos que, de home pra home, sem os seus amiguinhos tudo o que você vai poder fazer é sair correndo de medo. Como uma bonequinha, então saia de perto de mim agora.

Eu sabia que ele ia revidar e sabia também que ele seria louco o suficiente de atacar Lils, mas Severo Snape tocou seu ombro sussurrando um ‘Não vale a pena agora, tem muita gente’ e Lucius me lançou um olhar furioso, revirei os olhos de novo, trazendo Lily para mais perto de mim.

Os dois Sonserinos se viraram e começaram a andar, mas Malfoy parou e se virou para nós, olhando nos meus olhos.

- O Lord das Trevas terá o que quer Potter, por bem ou por mal. Ele já te tirou seus pais. Para tirar essa sangue ruim de perto será mais fácil, faça o certo e mais fácil. Se junte a nós. Ou todos os que estão ao seu redor morrerão e você não terá ninguém. Esse é o seu futuro, e você sabe disso.

Apertei meus olhos para ele e o mesmo se virou, andando junto com Severo Snape, suspirei e então escutei Lily fazendo um barulho com a garganta e me virei. Ela estava com os braços cruzados me olhando com ambas as sobrancelhas levantadas, suspirei e a puxei para o Corujal, aquele era um horário que ninguém se atrevia a ir ao Corujal, por medo dos monitores talvez, mas que se foda.

Sentei e logo a ruiva sentou-se do meu lado, eu sabia que de algum jeito ela queria explicações. Mas ela me beijou primeiro e deveria me dar explicações, certo?

- Tudo começou quando os meus pais foram mortos, na verdade, quando nós fomos a Hogsmeade, sabe? – Errado, eu comecei a falar primeiro. Dez pontos a menos para o boca furada aqui, ela deveria se explicar primeiro – Logo depois eu recebi uma carta, da coruja do Malfoy, era com uma letra estranhamente bonita demais pra ser do próprio, então eu li. Era do Voldemort. Ele me convidou para fazer parte dos Comensais, e disse que por mais que eu tenha uma queda pelos nascidos trouxas ou sem si pela cultura trouxa, ele me aceitaria de bom grado. Por eu ser um bruxo de grande poder, ou algo do tipo. Ele disse que caso eu aceitasse, todos os meus amigos permaneceriam vivos. E também você.

‘‘E eu ia aceitar, sabe? Eu perdi meus pais, porque eu não havia aceitado de primeira, porque eu achei que as ameaças eram falsas. Mas agora é real, entende ruiva? Eu não sei o que seria de mim se caso um dos marotos morresse, ou Lene, ou Doe, Frank e Alice e você. O que seria de mim se você fosse morta? Eu... Eu sei que você não acredita, mas você significa muito pra mim. Não poderia aceitar viver num mundo onde você não estivesse, por mais piegas que seja. Tudo o que eu quero é ver você e os meus amigos bem. Nem que pra isso eu tenha que estar longe e assistir essa felicidade de longe. Mesmo que eu não seja o motivo da sua felicidade. ’’

Eu fui calado por um beijo.

Dois beijos de Lilian Evans em um dia, hum? Nada mal.

Ela cessou o beijo e me olhou. Deu um pequeno sorriso e encostou sua testa na minha – virando-se para minha frente.

- Eu não quero que você fique longe Potter, eu quero você aqui perto, será que pode ser? Eu passo por isso junto com você – Ela murmurou – Eu... Hm, sei lá, eu acho que eu possa, remotamente, estar me apaixonando por você.

Sabe as borboletas que as garotas dizem que sentem no estomago, eu estava sentindo. Céus, Lily Evans estava me deixando gay.

- Hm, então, remotamente, você aceitaria ir comigo para Hogsmeade de novo?

- Digamos que eu arriscaria. Poderia ser melhor do que ir com a Lula Gigante. Não é? – Ela deu um sorriso travesso para mim e eu encostei nossos lábios de novo.

Que Voldemort viesse e que junto com ele viessem todos os seus Comensais da Morte. Que visse mais de mil maldições da morte pra mim, que viessem todos os Dementadores. Eu me senti forte o suficiente, com ela ali do meu lado.

- Por que vocês estão no maior amor? – Era a voz de Lupin.

- Ah meu Deus, eu não acredito. Eu falei Lene, pode me dar dez galeões! – Era uma Doe muito animada. Eles tinham apostado?

- Urgh, por que você não agüentou mais Evans? – Provavelmente a McKinnon

- Não acredito no que os meus olhos estão vendo. Aleluia Lily – Alice

-Até que enfim – Almofadinhas e Frank – Não agüentava mais o Pontas reclamando da Evans não olhar para ele – Sirius completou.

E todos se jogaram em cima de nós dois.

E eu pensei, como eu poderia pensar em viver longe dos meus melhores amigos e da garota que eu amava. Eu os protegeria, é claro. Mas eu estaria ali com eles, custasse o que fosse.

Sorri ao encontrar os olhos verdes e consegui transmitir o que eu queria. Eu te amo. E notei, em seu olhar, alguma coisa parecido como eu te amo, também.