Apaixonado escrita por Juno Wolf


Capítulo 1
Único.




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A neve caía sem indícios de culpa do lado de fora da janela, pedindo insistentemente para entrar. O frio que fazia lá fora, com certeza, não era o que se fazia dentro de casa.

O aquecedor novo viera bem a calhar, porém, de nada adiantava. Não é como se o aquecedor não fosse bom, mas o buraco que residia ali no peito nevara o dia todo nas ultimas três semanas.

E ele sabia, infelizmente, que não importava o calor externo. A única pessoa capaz de aquecê-lo era ela, porém, Hyuuga Hinata não parecia disposta a cumprir tal tarefa.

Os sinos da igreja tintirilavam pelos corredores, como quem diz que o frio interno estaria ali para sempre. Kiba havia vencido, definitivamente. E Naruto sabia que mesmo que indiretamente, fora ele quem entregara o prêmio nas mãos do rapaz.

Uzumaki Naruto era um homem competitivo.

Era finalmente nove de junho, e ele se surpreendera com o quanto chegou rápido.

O loiro não havia nem de longe aceitado aquela data, mas estava conformado. Hinata não mais lhe pertencia, e por decisão dele mesmo.

Mandara a garota embora sem pedido de desculpas, nem o último adeus. Os meses se passaram, e ela finalmente, para a decepção dele, resolveu que não mais choraria.

Naruto era, definitivamente, um homem egoísta.

Olhou pela janela outra vez, e contemplou a imensidão branca do lado de fora. Os sinos da igreja estavam irritando-o. Era como se gritassem em alto e bom som que Kiba havia levado-a.

O casamento fora marcado ás pressas, de acordo com os jornais da cidade. E de um dia para o outro, Naruto soube que havia perdido-a de vez.

Ele ainda ri amargamente se lembrando do quão irônico foi a chuva que despencou naquele fim de tarde, há três semanas atrás.

“Ela vai se casar”. Ele repediu para si mesmo, deitado entre os lençóis brancos da cama larga de seu quarto de solteiro. “Ela vai embora, com aquele cachorro”.

Ele havia perdido a conta do número de copos de vodka que lhe desceram pela garganta, queimando tudo o que restara dentro de si.

“Eu mandei ela me esquecer” ele sussurrou “Incrível como ela fez isso rápido”.

E pela primeira vez em anos, Uzumaki Naruto chorou. As lágrimas quentes escorreram-lhe pela face bronzeada sem pedir licença, embora ele lutasse para mantê-las paradas.

“Pare de chorar” O cérebro martelava naquelas palavras “Pare de chorar”.

Outro sino.

Sete da noite. O casamento se iniciava.

Ele não se moveu.

Ao longe, a capela estava lotada, ele podia ver. A noiva reluzente saiu de dentro do enorme carro negro, em seu longo vestido pérola. As madrinhas ajeitavam-lhe o céu, e ela parecia feliz em portar o enorme buquê de rosas lilases.

Lilás.

Sempre fora a cor favorita dela. Ele sabia.

“Não chore” sussurrou, mantendo o olhar firme para o lado de fora da janela, enquanto aquela capela enorme reluzia as velas avermelhadas. “Não chore”.

E ele se perguntava por que continuava a observar aquela tortura. Do outro da janela, a única garota por quem já sentira alguma coisa, estava se casando.

Naruto era um homem masoquista.

E ali, diante da própria dor, ele observou uma movimentação estranha acontecer.

A noiva, diante da entrada da igreja, parou o passo. E quando Naruto menos imaginara, os olhos claros da amada viraram para o prédio onde ele estava. E ele sentiu, por um tempo, os olhos dela presos em sua janela.

O coração falhou no peito.

E então, ela ficou um tempo olhando para o mesmo ângulo. A única janela aberta em meio de toda aquela neve.

Apertando o buquê entre as mãos, ela nem sequer se moveu.

E ele observou de longe o buquê bem decorado cair no chão, ao mesmo tempo que uma noiva apressada saía da frente da igreja. De lá de cima, ele pode ver Hinata correr pela rua descontroladamente, enquanto os convidados saíam da igreja gritando para que ela voltasse.

Ele acompanhou o trajeto dela por toda a rua, e só então ele saiu correndo de dentro de casa, com a roupa do corpo, sem nem um artifício para se proteger do frio.

E quando chegou ao fim da escada, admirou a noiva ofegante e ligeiramente corada pelo frio, segurando a barra do vestido entre os dedos pequenos.

Ele observou os olhos claros da moça encharcados pela água quente que lhe escorria pela face, e sorriu.

“Achei que você tinha um compromisso neste horário.”

“Eu tinha” Ela respondeu, limpando as lágrimas com as costas das mãos. “Mas, quem sabe, eu possa deixar para outro dia.”

“Acho que o seu convidado não perdoaria a sua falta” Ele disse, com o sorriso largo estampando a face.

“Eu acho que não” Ela o olhou profundamente “Acho que não preciso que ele o faça”

“Um cara que mora no meu apartamento disse que te ama, e que sente muito por ter deixado todos aqueles problemas entre vocês.”

“Diga a ele, por favor, que ele é o idiota mais insensível que existe na face da terra.” Ela sorriu “E que eu o amo.”

E abraçando-a com força, ele sentiu o frio no coração começar a esvair-se, e o calor aconchegante cercá-lo, mesmo no meio de toda aquela neve.

Uzumaki Naruto era, acima de tudo, um homem apaixonado.


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