No capítulo anterior …

Então Jasper caiu de joelhos, algumas lágrimas se misturando as gotas de agua. Sua antiga namorada de escola correu de dentro da sua casa e o abraçou.

–Oh Jasper, soube de sua irmã, está tudo bem, vamos acha-la. – Loira disse ajoelhando-se e envolvendo Jasper em seus braços, Jasper se apertou contra a jovem procurando algum conforto e pedindo a mãe onde quer que ela estivesse, para cuidar da menina.

Longe dali.

A pequena Isabella corria em direção a uma caverna, a chuva fria a deixou inteiramente molhada. Ela tremia de frio, colocou a pequena mãozinha em sua testa e viu que ela estava alguns graus mais quentes. Talvez fosse aquilo que Jasper dizia que vinha junto com a chuva e a “glipe”, a febre.

Mas então ela olhou para o céu e podia jurar ter visto o rosto na desconhecida e amada mãe.

–----------------------------- ♥---------♥------------------------------------------------------------

Já era noite cerrada, mas isso não significava que a pequena menina encolhida ao fundo da gruta conseguia dormir, Tinha-se passado um dia inteiro desde que ela estava longe de casa o que, numa mente ainda infantil com apenas os seus três anos, era uma quantia de tempo ainda maior.

A cada segundo que se passava a sua tormenta e o desejo de nunca ter saído de casa completamente sozinha aumentavam, apesar de no início do dia se ter sentido bastante confiante de que iria sobreviver sozinha, agora que a noite voltara a cair essa confiança desvanecia-se cada vez mais, como um monte de areia durante um vendaval.

Todo o seu pequeno corpo doía de ter passado o dia a andar sem destino, à procura de um sítio para ficar e mesmo assim não tinha conseguido encontrar nenhum que lhe parecesse tão acolhedor como a sua casa. Assim que a noite caíra Bella não tivera outra escolha se não a de se abrigar numa pequena gruta que encontrara e ali, toda encolhida, gelada devido ao frio que fazia, com febre e com fome (a meio do dia descobrira que a fatia de pão que trouxera de casa mal serviria para a alimentar durante um dia quanto mais durante mais tempo que isso) e a ouvir da chuva que caia, desejou mais do que nunca estar na sua casa junto do seu irmão, sim fora por causa dele que ela saíra no princípio do dia, a sua mente infantil pensara que, já que o seu irmão só ia para a guerra por sua causa, se ela se fosse embora ele já não teria que ir, mas naquele momento ela não passava de uma criança assustada que não conseguia ter pensamentos nobres e que apenas desejava voltar para casa, para os braços do irmão, mas, embora o desejasse com toda a sua força sabia que isso seria impossível, com tantas voltas que dera durante o dia perdera o caminho de casa e não conhecia aquela zona da floresta onde encontrara a gruta, estava perdida e, a menos que alguém a encontrasse, o que julgara ser improvável, não havia forma de voltar para sua casa sem que se perdesse ainda mais a tenta-lo.

Ouviu o seu estomago a roncar e tirou do bolso do casaco o último pedacinho de pão que guardara para comer mais tarde, mesmo assim sentia o seu estomago longe de estar satisfeito. Tentando ignorar o incomodo na sua barriga aninhou-se o melhor possível no chão duro, não sem antes tirar da mochila que trazia às costas, uma manta que felizmente se lembrara de trazer e se enrolar nela tentando aquecer-se, tirou também, o mais rápido que pode devido ao vento e ao frio, a roupa molhada que se colara a sua pele trocando-a pela única muda de roupa que lhe restara mas que felizmente se encontrava seca. Antes de finalmente conseguir adormecer devido ao cansaço acumulado, chorou todas aquelas lágrimas que durante o dia segurara tentando fazer-se de forte, lágrimas de medo … de fome … de cansaço … de dores … mas as piores eram as lágrimas de saudade.

Bella acordou o que lhe pareceu ser minutos depois com um som estranho e alto que a sobressaltou, percebeu que a chuva tinha parado mas não dedicou mais de dois segundos a esse facto porque algo muito mais aterrorizante lhe sobrepunha, o som estranho que ouvira não fora de nenhum trovão como inicialmente pensara, mas sim um rosnar, que infelizmente não provinha de algum lugar fora da gruta mas sim do leão das montanhas que se encontrava a apenas alguns metros de distância dela e que agora a fitava tal como um predador fita a sua presa …

No meio da floresta Jasper e mais alguns homens da cidade continuavam a sua busca pela sua irmã que desaparecera, embora já por muitas vezes lhe tivessem dito para ir para casa descansar já que no dia seguinte partiria e lhe prometessem que continuariam as buscas, nunca conseguiria ir para casa sabendo que o seu pequeno anjo não se encontrava lá e que ele não estava a ajudar a procura-la. Embora a chuva que caíra mais cedo naquela noite os tivesse obrigado a parar as buscas e a refugiarem-se em algum lugar seco, assim que parara ele tinha saído imediatamente da casa da dona Maria dos Anjos onde ele e mais alguns homens se tinham refugiado, agradecendo-lhe a hospitalidade lhe tinham prestado, recomeçando as buscas com a ajuda de alguns homens que também tinham filhos pequenos e mesmo que os seus filhos já fossem crescidos, todos os pais atenciosos e carinhosos sabiam a agonia que gerava perde-los.

Já tendo percorrido todos os lugares possíveis da cidade, a orla da floresta e até mesmo as cidades vizinhas que se encontravam mais próximas sem nenhum sucesso, desta vez embrenharam-se mais fundo na floresta com a esperança de que Bella não tivesse percorrido um caminho longo naquele terreno sinuoso e, principalmente, que não tivesse sido atacada por algum animal selvagem.

Entretanto, Bella continuava na sua gruta, apavorada, com medo até de mexer um único dedo não fosse esse movimento fazer o leão da montanha se sentir ameaçado e a atacasse mais depressa sem nem sequer lhe dar uma oportunidade de, pelo menos, tentar fugir.

Com passos lentos como que para a torturar ainda mais, o leão da montanha foi-se aproximando dela cada vez mais, era agora … ela iria morrer sem nem sequer poder se despedir do irmão nem vê-lo uma última vez para lhe poder pedir desculpa por ter fugido, sentiu uma lágrima solitária descer pela sua bochecha ao pensar no quanto o seu irmão sofreria quando um dia mais tarde encontrassem o seu corpo morto ou até mesmo se nunca fosse encontrado.

Já conseguia sentir o bafo quente do animal na sua cara quando, de repente ouviram o barulho de um ramo a estalar fora da gruta, atraindo a atenção do leão da montanha que olhou para a entrada da gruta a fim de ver o que teria interrompido a sua iminente refeição, Bella quase soltou um suspiro de alivio por ter uns minutos a mais para poder pensar numa forma de conseguir escapar das garras do leão da montanha e assim não se tornar o seu jantar. Quando a causa do barulho surgiu na entrada, por alguns minutos, Bella pensou estar a ver um anjo que tinha descido diretamente dos céus para a ajudar, quem sabe não tivesse sido a sua mãe que lhe pedira para vir, na verdade se não soubesse que a sua mãe era uma estrelinha e tivesse visto um quadro dela que estava pendurado no quarto do pai, pensaria que a linda mulher ali parada era a sua mãe. Os cabelos da mulher eram castanhos escuros com caracóis perfeitamente moldados, o vestido azul claro apenas lhe dava uma aparência mais divina de tão bem que lhe acentuava, Bella não tinha dúvidas que era a mulher mais bela que alguma vez vira, com uma cara doce e traços bem feitos, a mulher tinha uma verdadeira aparência de anjo, isto pensava Bella até lhe ver os olhos, não, não podia ser um anjo, nenhum anjo possuía olhos de um vermelho tão vivo e assustador.