Remember Me escrita por SweetBia, Anaísis


Capítulo 3
Não vás...


Notas iniciais do capítulo

Hello :)
Estamos de volta com um capitulo novinho em folha.
Peço imensa desculpa pela demora, mas isto anda corrido ultimamente.
Sem mais demoras.
Boa leitura e encontramo-nos lá em baixo.



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No capítulo anterior …

– Nunca me vais deixar pois não?

– Nunca, estarei sempre contigo desde que me guardes no teu coração.

Mais nada foi dito nessa noite, Jasper abraçou a sua pequena irmã pensando na mentira que pudera ter acabado de lhe dizer, quando fosse para a guerra ele teria que a deixar. Afundou a cara no cabelo do seu pequeno anjo que já dormia a sono solto e adormeceu também.

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– Pai? Eu preciso de falar com o senhor.

Já se passava da hora do almoço, Jasper tava na cozinha a acabar de dar o almoço a Bella quando o homem mais velho entrou no sítio, ainda em pijama. O homem dirigiu-se ao frigorífico tirando de lá uma garrafa de cerveja. Abriu-a e dó depois se virou para o filho.

– Fala.

Jasper olhou para Bella que comia tranquilamente a massa e voltou a olhar para o pai.

– Vamos para a sala. – o rapaz disso num tom que não deixava margem para contestação.

O homem mais velho assentiu com a cabeça e seguiu atrás de o filho. Assim que chegaram à sala Jasper virou-se para o homem mais velho, analisando-o. Desde a morte da sua mãe que ele não reconhecia mais o seu pai, aquele homem que ele tinha conhecido nos seus primeiros anos de vida, carinhoso, brincalhão, um pai excelente, tinha desaparecido dando lugar a um homem bruto, sério e que apenas pensava em bebida e mulheres não ligando para os filhos.

– Vais dizer de uma vez o que queres ou não?

– Eu tomei uma decisão. – o rapaz loiro disse olhando seriamente nos olhos do homem.

– E será que me podes dar a honra de saber que decisão tão importante é essa? – o homem falou sarcasticamente.

– Vou-me alistar no exército. Lá o pagamento não é mau, dá perfeitamente para enviar para cá e impedir que morramos todos de fome.

Por uns momentos o homem nada fez, apenas olhou para o filho vendo a determinação nas suas palavras, a mesma determinação que se encontrava nos seus olhos. Por um segundo lembrou-se de quando Jasper era criança, de quando a sua mulher era viva, os três não eram ricos mas eram uma familia feliz mas depois tudo mudou com a segunda gravidez de sua mulher, ao início ele também estava feliz, mais um membro na sua familia apenas iria trazer mais felicidade, o homem desejava que fosse uma menina, era o que faltava, uma pequena princesinha mas quando o bebé nasceu ele viu todo o seu mundo desmoronar, a sua mulher, a única pessoa que ele amava mais do que a si próprio, morreu, não, fora morta pelo monstro que antes ele considerava que traria felicidade consigo, em ordem de poder nascer o monstro tinha morto a própria mãe e assim deixara de ser a sua princesinha para passar a ser um estorvo na sua vida que ele desejava nunca ter nascido.

– E o que é que tencionas fazer coma pirralha? – o homem perguntou fazendo Jasper tremer de raiva mas conseguiu controlar-se.

– Eu não a posso levar comigo, claro, e mesmo que pudesse nunca na vida a levaria para o meio da guerra, para um sitio onde ela se pode magoar facilmente e a sua vida estaria em risco. – falou calmamente.

– E com isso queres dizer que, ela vai ficar aqui, comigo? – Charles não conseguia acreditar naquilo, a última coisa que queria no mundo era ficar a tomar conta daquele monstro, se fosse por ele, ela já estaria morta há muito.

– Sim, e que tu tomes conta dela, que não lhe deixes nada de mal acontecer e utilizes o dinheiro que vos mandar para a alimentar e para que ela possa ir à escola.

– E porque é que eu haveria de fazer isso? Ela não me é nada, não me serve para nada, é apenas um estorvo na minha vida que, por mim, podia muito bem desaparecer que só me ia fazer muito mais feliz.

Ao ouvir as palavras do pai, a pouca paciência que Jasper ainda tinha foi para o espaço, e em dois passos rápidos ele atravessou a distância que o separava do pai, segurando-o pelo colarinho da camisa e encostando-o à parede, fazendo um vaso que ali estava numa prateleira, cair, partindo-se em mil pedacinhos.

– Ouve-me bem, tu vais fazer isto, não porque eu estou a pedir mas sim porque estou a mandar, a Bella é tua filha embora não o pareça, porque desde que ela nasceu quem a educou fui eu. Por isso, de uma vez por todas, demonstra que és homem e enfrenta a realidade, a morte da mãe foi uma infelicidade mas ninguém teve culpa, especialmente a Bella, tu devias parar de a culpar e demonstrar-te grato por ela não ter morrido também. Aposto que se a mãe te estiver a ver de algum lugar, por esta hora já deve estar mais do que arrependida de ter casado contigo, deve estar horrorizada por ver o monstro que te tornaste, que ignora a sua própria filha, que a despreza quando ela apenas quer um bocado de carinho do pai. Tu és uma vergonha e eu te garanto que se houvesse outra escolha eu nunca a deixaria contigo, mas infelizmente não há mais ninguém a quem a possa confiar. Mas uma coisa eu te juro, se eu descobrir que tu as estás a tratar mal, volto imediatamente e, se for preciso, caço-te até ao inferno e acabo com a tua raça. – falou com toda a raiva que andava a conter nos últimos anos e, batendo com as costas de Charles contra a parede, largou-o, afastando-se a passos rápidos até à cozinha.

Assim que ouviu os passos rápidos do irmão, Bella correu a sentar-se na cadeira onde estava anteriormente. Quando ouviu o barulho de algo a partir-se tinha-se esgueirado sorrateiramente para a porta da cozinha onde, escondida, ouviu o que o irmão tinha dito ao pai. Tal como aquele vaso, sentiu o seu coração partir-se em mil pedacinhos quando percebeu que o seu irmão se ia embora, deixando-a para trás. Com muito custo conseguiu engolir as lágrimas, não conseguia imaginar a sua vida sem Jazzy, ele não era apenas seu irmão, era como um pai para a pequena menina que nunca na vida tivera outra figura paternal que não fosse o seu irmão. Continuou a comer como se nada tivesse ouvido para que Jazzy não descobrisse que escutara a conversa às escondidas.

– Hum … eu pensava que os garfos serviam para comer, mas como a mocinha insiste em comer com as mãos devo-me ter enganado, se calhar serve mesmo é para pentear o cabelo. – Jasper falou assim que se sentou ao lado da irmã e a viu a comer com as mãos, deixando o garfo de lado.

– Ops. – Bella disse soltando um pequeno riso enquanto pegava no garfo novamente.

Enquanto Bella acabava de comer o seu almoço, Jasper foi até à janela olhando para o exterior. Ele sabia que, eventualmente, teria de contar a Bella que se iria ausentar durantes uns anos mas, por mais que pensasse, não conseguia arranjar maneira de lhe dizer.

– Já acabei. – ouviu a voz infantil que tanto amava dizer atrás de si e olhou para ela.

– Comeste tudo, linda menina. Agora vai lá lavar essas mãozinhas enquanto eu limpo isto aqui.

A menina acenou com a cabeça saindo da cozinha enquanto Jasper pegava no prato e nos talheres e os passava por água, com tudo o que se passava e o pouco dinheiro que tinham, era um milagre ainda terem água.

Assim que acabou foi em direção da sala, encontrando Bella sentada ao piano, sem tocar, apenas a olhar para as suas teclas.

O piano … apesar de o mesmo ainda custar uma boa quantia, ele era a última coisa que algum deles queria vender. O seu valor sentimental era muito superior ao monetário. Pertencera à sua mãe e tinha sido uma prenda de casamento dos avós. A sua mãe sempre adorara tocar e Jasper costumava sentar-se no chão ao seu lado apenas para a ouvir tocar e cantar algumas músicas. Não só a mãe tocava como cantava maravilhosamente, todos os que alguma vez a ouviram cantar referiam sempre que a sua voz era tão melodiosa que até os pássaros paravam de cantar para a ouvir, pelo menos isso não fora perdido com a sua morte, muito pelo contrário, fora transmitido. A única forma de Bella adormecer quando ainda era muito nova, era com Jasper cantando para ela e, assim que aprendeu a falar, Bella começou a reproduzir as músicas que sempre ouvira o irmão cantar para ela, foi nessa época que Jasper percebeu que a voz de Bella era tão melodiosa como a da mãe, se não até mais por ter aquela doçura própria de uma criança.

Quem não gostou muito dessa semelhança fora o pai que tinha batido em Bella, se Jasper não se tivesse metido à sua frente. Nesse dia eles tiveram uma discussão horrível por o pai querer bater na filha e Jasper não o permitir, chegando a afirmar que se ele alguma vez tocasse num fio de cabelo de Bella, o mesmo lhe daria uma grande tareia. Ficaram os dois de tal maneira exaltados que a certo ponto Bella fugiu para o quarto a chorar, tremendo de medo. No final, os dois acalmaram-se, o pai saiu de casa indo para o bar ali perto descarregar a sua frustração na bebida enquanto Jasper foi acalmar a sua pequena irmã. Depois desse dia, o pai proibiu Bella de cantar em casa, claro que Jasper não ligou a mínima para o que ele disse e sempre que o pai não estava em casa, ou seja, quase sempre, eles sentavam-se os dois ao piano e Jasper ensinava a Bella a tocar e cantar algumas músicas que tinha aprendido com a mãe.

Suspirando, foi até à sua irmã sentando-se ao seu lado no banco do piano. Olhou para ela que não lhe retribuiu o olhar, continuando a fixar as teclas do piano. Notava-se claramente que ela estava chateada com algo, não lhe foi difícil entender que ela tinha escutado a conversa que tivera com o pai às escondidas.

Sorriu, a sua pequena não mudaria nunca e sendo a curiosidade uma das suas maiores características já era de esperar que tentasse ouvir a conversa as escondidas. Suspirou, olhando mais uma vez para as teclas do piano e começou a dedilha-las.

A pequena, que agora olhava para os seus pés, levantou de imediato a cabeça ao reconhecer a melodia que o irmão tocava, Jasper costumava tocá-la desde que ela nascera e, quando começou a cantar, ele ensinara-lhe a letra da música.

http://www.youtube.com/watch?v=Nj9pWEOjsrw

(N/B: Oiçam a música enquanto leem, por favor, é crucial para este momento)

Não tardou muito para que Jasper começasse a cantar a sua parte.

Jasper: Hoje um anjinho
Amanhã uma mulher
O teu caminho
Vais ser tu a fazer

Mas quando fores embora
Contigo também vai
O coração de um pai
O coração de um pai

Bella, ao início, hesitou um bocado em cantar ou não com o irmão, mas no final optou por acompanha-lo com a sua voz doce e infantil, fazendo Jasper sorrir.

Bella: Eu sempre vou lembrar tuas palavras
E nunca vou esquecer
O que contigo aprendi
Tu serás sempre o meu anjo da guarda
Que olha por mim
Olha por mim
Mesmo depois de eu partir.

Jasper: Hoje menina
Que amanhã vai crescer
Mas pequenina
Pra mim vais sempre ser

Mas quando fores embora
Contigo também vai
O coração de um pai
O coração de um pai

Bella: Eu sempre vou lembrar tuas palavras
E nunca vou esquecer
O que contigo aprendi
Tu serás sempre o meu anjo da guarda
Que olha por mim
Olha por mim
Mesmo depois de eu partir

Bella e Jasper: Eu sei que vamos estar pra sempre juntos
Em nossa despedida
Não quer dizer adeus
E quando precisares de mim eu juro
Juro por Deus, juro por Deus
Onde estiveres também estou eu

Eu sei que vamos estar pra sempre juntos
Em nossa despedida
Não quer dizer adeus
E quando precisares de mim eu juro
Juro por Deus, juro por Deus

Bella: Onde estiveres também estou eu.

A menina terminou com lágrimas nos olhos, Jasper não era o seu pai como a canção dava a entender mas era como se fosse, fora ele quem tomara conta dela desde que nascera, era ele quem ficava acordado a seu lado quando estava doente, era para os seus braços que ela corria quando tinha um pesadelo ou se magoava, era ele quem a ajudava a levantar sempre que caia, era ele quem lhe ensinava a vida. Não, ela não o podia perder, ele não podia ir para a guerra, ele não a podia deixar sozinha, ela não tinha mais ninguém, ele era todo o seu mundo.

– Nhão vás. – suplicou atirando-se nos braços do irmão enquanto chorava.

O rapaz apanhou-a, abraçando-a e enterrando a cabeça nos seus cabelos, cheirando o cheiro a morango que deles emanava.

– Tem de ser meu anjinho.

– Nhão, nhão tem…

– É a única forma de conseguirmos algum dinheiro nos tempos que correm, dinheiro esse que é necessário para comprarmos comida e para tu teres uma educação decente para poderes ter a oportunidade de ter um bom futuro.

– Mas eu nhão queo que vás. – suplicou.

– Eu lamento imenso meu anjinho, mas quero que saibas que, onde quer que esteja, por muita que seja a distância entre nós, eu estarei sempre contigo, desde que guardes sempre um lugar no teu coração para mim. – falou seriamente, afastando-a um pouco para olhar nos seus olhos castanhos tão profundos.

– Tu também vais guada um luga pa mim? – perguntou Bella com a sua vozinha infantil que sempre fazia o irmão sorrir, ela era o seu maior tesouro e sempre o seria.

– Sempre. – prometeu. – Eu amo-te meu anjinho.

– Eu amo-te Jazzy. – disse voltando a abraça-lo com o máximo de força que o seu pequeno corpo permitia.

Jasper podia não o ter dito, mas Bella havia percebido que ele apenas ia para a guerra por causa dela.

Culpa …

Era um dos sentimentos que mais dominavam a pequena criança, culpa por a mão ter morrido, culpa por o pai ser como era, culpa por o irmão e o pai não se darem bem e agora culpa por o irmão ir para um sítio tão vil como a guerra. Ela julgava-se responsável por tudo isso e de noite, quando o irmão julgava que ela já estava a dormir e fora-se deitar, a menina levantou-se da sua cama vestindo uma roupa quente e pondo mais umas poucas peças de roupa quente numa mochila, passou pela cozinha e meteu, também, na mochila duas fatias de pão, na sua inocência de criança julgava ser o necessário para a manter alimentada durante algum tempo.

Com tudo pronto pôs a mochila às costas, não queria continuar a ser um peso a mais na vida do irmão e do pai, eles seriam muito mais felizes se ela não tivesse nascido mas como isso era algo que ela não podia reverter, achou que a melhor solução era sair de casa e, consequentemente, das suas vidas.

Com esse pensamento em mente, abriu a porta de casa com muito cuidado para não fazer barulho, e saiu de casa, sozinha, rumo ao desconhecido …


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Notas finais do capítulo

N/Amaya: Oi galera linda, gostaram do capitulo? Eu A-M-E-I se bem que eu sou meio suspeita para falar.

Eu recomendo muitoo que vocês leiam a musica a escutando ela e linda (e como uma versão portuguesa da pais e filhos do Legião Urbana) e e realmente linda nossa Bia tem um gosto musical Mara *-*

Recomendem, comentem, publiquem, divulguem.

Beijos
AmayaCullen.
N/Bia: Fofecos e fofecas! Gostaram do capitulo, eu ainda não tenho certeza se está bom :(

Comentem muito, recomendem muito (bem que a fic podia receber uma recomendaçãozinha) e divulguem a fic.

Ah so mais uma pergunta, gostaram da música da Bella e do Jasper? Achei que condizia com eles os dois.

Bjs e até ao proximo capitulo ♥