Remember Me escrita por SweetBia, Anaísis


Capítulo 2
O que fazer?


Notas iniciais do capítulo

Helllo
Até que não demoramos nada e tudo graças a vocês e aos vossos comentários, adorei cada um deles.
Boa leitura ♥



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- Jazzy?

- Sim, meu anjo?

- O que é a guerra?

Esta pergunta pegou o jovem rapaz desprevenido e sem resposta. A guerra era o Inferno em plena terra, onde pessoas iam e eram obrigadas a matar os seus semelhantes enquanto observavam os seus amigos morrer. Não, ele não podia dizer isso à sua pequena, iria assusta-la mais do que já estava e ele não queria isso.

- Posso saber de onde surgiu essa pergunta? – perguntou tentando desviar o assunto.

- Eu ouvi a sinhola Watson a fala hoje di manhã, ela tava a chola e quando eu peguntei se ela tinha um dói-dói ela disse que não, então quando eu peguntei puque tava a chola a sinhola disse que tava triste puque o malido tinha ido pá guerra então eu fiquei culiosa, mas quando peguntei ela só disse que ea uma idiotice.

A pequena menina explicou ao irmão o porquê da sua curiosidade. A senhora Watson era a sua vizinha e muitas vezes, quando Jasper não podia, era ela quem ficava a tomar conta de Bella mas de há uns meses para cá que a senhora andava deprimida, desde que o seu marido foi convocado para a guerra civil.

- Tu não me respondetes, o que é a guerra?

A menina insistiu, já impaciente com a demora do irmão mais velho a responder. O jovem suspirou vendo que não havia forma de se escapar à pergunta, ele conhecia muito bem a sua irmã para saber que ela era teimosa ao ponto de continuar a insistir pela noite dentro até ter uma resposta.

- Oh meu anjo, - ele pôs a mão no cabelo dela, fazendo-lhe festas no lugar. – a guerra é quando … hum … quando existem pessoas com opiniões diferentes, essas pessoas não conseguem chegar a um acordo, estando sempre a defender a sua opinião sem querer dar ouvidos ao que a outra pessoa pensa e por isso entram em confrontos.

- Mas se só essas pessoas têm opiniões difelentes, puque é que as outlas pessoas também vão pá guerra?

- Porque o ser humano tem essa mania, de em vez de aprender a resolver os seus problemas sozinho, meter sempre pessoas inocentes ao barulho, fazê-las lutar por um ideal que nem sempre compartilham sem nem sequer se perguntar ou se darem ao trabalho de se interrogar o que aquelas pessoas que obrigaram a lutar do seu lado pensam, o que sentem sobre a situação que lhes foi imposta … - o rapaz falou fintando a paisagem pela janela mas sem nada ver, sé despertando do seu torpor e lembrando-se que era com a sua irmãzinha que estava a falar quando sentiu a sua mão pequenina agarrar a dele, juntando as palmas de ambos como fazia desde que se entendia por gente, mais uma vez notando como a mão do seu irmão parecia enorme quando comparada com a sua.

Ficaram assim durante alguns minutos, apenas a olhar para as suas mãos juntas até que a menina bocejou.

- Parece que está aqui alguém com sono, qual é a historinha que a bebé deseja ouvir hoje? – Jasper perguntou levantando-se da cama e indo até à prateleira onde se encontrava os livros de histórias da irmã. Tinha sido ele a comprar a maioria, juntando todo o dinheiro que conseguia nos seus pequenos trabalhos para poder comprá-los e ter a oportunidade de os ler à irmã na hora da cama.

- Eu não so um bebé, já so crecida. – a menina deitada confortavelmente na sua cama resmungou mas o seu irmão apenas se limitou a sorrir. – Quelo ouvi a Bella e o Monstro.

- Outra vez? Essa foi a que te contei ontem.

- Eu sei, mas é a minha pefelida.

O rapaz pegou no livro já um bocado gasto de tanto ser lido e dirigiu-se até à cama, sentando-se na cabeceira. A menina pegou no seu ursinho e ajeitou-se na cama deitando a cabeça nas pernas do irmão, que puxou os cobertores para a aconchegar melhor e ela não sentir frio.

- Era uma vez … - O jovem rapaz começou a contar a história já tão bem conhecida por si. - … e viveram felizes para sempre. – finalizou a história e reparou que a sua pequena irmã já dormia, com muito cuidado levantou-se, pousando a cabeça da sua irmã sobre a almofada e arrumou o livro na prateleira.

Quando ia saindo ouviu a voz de Bella.

- Jazzy? Achas que um dia eu também vo encontar um plincipe e vive feliz pa sempe?

Jasper voltou para ao pé da cama da sua irmã e baixou-se até ficar ao nível dos belos olhos achocolatados dela.

- Não tenho dúvidas nenhumas que um dia uma princesa como tu vai encontrar o seu príncipe encantado e viver feliz para sempre, tal como na história bebé.

- Eu não so bebé. – Jasper ouviu-a dizer com a voz arrastada, segundos depois a sua irmã já estava num sono profundo.

O rapaz levantou-se e foi até à porta, apagou a luz do quarto e antes de sair olhou mais uma vez para a sua irmã e sorriu vendo como ela se parecia tanto com um anjo.

- Tu serás sempre o meu bebé. – sussurrou e saiu do quarto fechando a porta.

No caminho para o seu quarto passou pelo do seu pai, a porta estava aberta e o seu interior encontrava-se vazio, o seu pai ainda não tinha chegado a casa, muito provavelmente estava num dos bordéis da cidade a gastar o pouco dinheiro que tinham com uma prostituta qualquer.

O rapaz sentia a falta da sua mãe, ela tinha morrido há três anos atrás, durante o parto da sua irmã, a parteira tinha chegado muito tarde o que acabou por causar complicações durante o parto e a sua pobre mãe, já fragilizada pelas longas de hora de trabalho de parto e pelas dores agoniantes que estava a sentir, não conseguiu sobreviver morrendo alguns minutos depois de segurar pela primeira vez a sua pequena e tão desejada bebé. Quando o seu pai entrou no quarto e viu a sua amada inerte na cama, morta, com a parteira ao seu lado a retirar-lhe a bebé dos braços não resistiu e caiu no chão desabando em lágrimas. Depois desse dia ele mudou, deixou de ser o homem gentil que sempre foi e passou a ser um traste, bebia demais, foi despedido do seu emprego perdendo o único sustento da familia, envolvia-se em lutas tornando-se num homem violento, jogava nas casas de jogo ilegais e com pessoas nada confiáveis e quando não estava a beber estava enfiado num dos bordéis da cidade. Foi Jasper quem educou a sua irmã e lhe deu o nome, desde que a mãe soube que estava grávida sempre disse que se fosse menina o nome da sua irmãzinha seria Isabella, era o seu desejo e Jasper fez questão de honrar esse último desejo da mãe. Jasper nunca achou um fardo tomar conta da irmã, ao contrário do pai que não queria saber da filha para nada e a acusava constante de ter assassina a sua mulher, Jasper amava a sua irmãzinha e tomava conta dela tal como um pai deve tomar conta de um filho, sempre garantindo que nada lhe faltasse e muitas vezes para o conseguir teve de arranjar algum emprego, por muito duro que fosse o trabalho, Jasper fazia-o sempre com um sorriso pensando na felicidade da sua irmã quando ele chegasse a casa com alguma peça de roupa, uma simples boneca de trapos ou um livro para ela. Apesar de ainda não saber ler, livros era o que Bella mais gostava de receber, adorava ouvir o seu irmão a ler as histórias que neles vinham escritas e imaginar-se a protagonista da história vivendo grandes aventuras numa selva, num deserto, no céu a voar em cima de um dragão ou num castelo e ser uma princesa. Era ver a alegria nos olhos da irmã que fazia Jasper trabalhar nos sítios mais duros, fora ele que estivera com ela a sua vida inteira, fora ele que ouvira a sua primeira palavra (que por acaso tinha sido Jazzy), que vira e a ajudara nos seus primeiros passos, era para ele que ela corria quando se magoava ou algum de especial acontecia, Bella era quase como a sua própria filha, era o seu anjo.

Continuou a andar em direção ao seu quarto, tirou a sua roupa e vestiu as calças do pijama e deitou-se na cama a olhar para o teto, a pensar. Já mal havia comida e ao ritmo que o pai andava a gastar o pouco dinheiro que a familia ainda tinha ia acabar antes de o fim do mês e com o estado em que a guerra e a cidade estavam ia ser impossível arranjar um emprego, por mais pequeno que fosse.

Só havia uma solução …

No outro dia tinha visto um cartaz de recrutamento, pelos vistos o exército já não era o suficiente para ganhar a guerra e eles estavam a pedir que mais pessoas se alistassem. O único problema era que no centro de recrutamento só aceitavam pessoas com idades a partir dos 20 e ele apenas tinha 17 se bem que … os intensos trabalhos que teve fizeram com que adquirisse músculos, dando-lhe uma aparência que, quem não lhe conhecesse, julgaria que pertencia a um jovem de 20 ou mais anos e além disso ele era muito mais madura que muitos rapazes da sua idade e até alguns mais velhos, então ele poderia muito bem ir ao centro de recrutamento e dizer que era mais velho do que era verdade, eles deveriam estar tão desesperados por mais pessoas que nem sequer se dariam ao trabalho de investigar se era verdade ou não.

Era a única solução que o rapaz via no momento, mas como todas as soluções, esta não era perfeita. Para poder ir para a guerra ele teria que deixar seu anjo e poderia muito bem ser para sempre, Jasper não sabia quando voltaria a ver Bella se se alistasse na guerra nem se voltaria a vê-la.

O rapaz ouviu a porta de casa bater, o seu pai tinha chegado a casa, segundos depois ouviu outra porta bater e as molas da cama do seu pai ranger, com um suspiro virou-se de lado e fechou os olhos, ele amanhã pensaria melhor no assunto.

Já era de madrugada quando o rapaz sentiu uma mão pequenina no seu braço a abaná-lo e uma voz doce a chamar o seu nome.

Bella tinha acordado com um barulho de algo a rebentar, olhou pela sua janela e percebeu que estava a chover imenso, não só chovia como também fazia trovoada, no momento em que a menina olhava um relâmpago surgiu no céu e o seu estrondo fez a menina encolher-se, tapando a cabeça com as mãos, respirou fundo ganhando coragem e levantou-se, correndo para o quarto do seu irmão.

- Jazzy! Acoda. – Bella suplicou-lhe.

- Bella? Meu anjo, o que é que estás a fazer aqui? A menina não devia estar na cama a dormir?

Como que para responder à pergunta de Jasper, um relâmpago iluminou-lhe o quarto seguindo-se de um estrondo enorme que fez Bella se atirar para os braços do irmão que a abraçou.

- Tenho medo. – a pequena disse tremendo.

- Shhh calma, tá tudo bem, é só uma trovoada, eu estou aqui. – o rapaz tentou acalmá-la enquanto lhe fazia festas no cabelo e a abraçava com força, ele sabia que Bella tinha pavor a trovoadas, era assim desde que ela era bebé. – Queres dormir aqui, com o mano?

- Xhim. – Bella respondeu agarrando-se a ele quando outro relâmpago surgiu.

Jasper voltou-se a deitar aconchegando-a nos seus braços, Bella agarrou-se mais ao irmão e deitou a cabeça no seu ombro escondendo o rosto no seu pescoço enquanto Jasper continuava a acariciar os seus cabelos e a embala-la.

Jasper notou que a respiração do seu anjo já estava mais lenta e que ela estava quase a adormecer quando ela falou.

- Eu nunca queo encuntar o meu plincipe encantado, queo fica cuntigo pa sempe Jazzy.

Jasper sorriu com as palavras da sua irmã e abraçou-a mais forte.

- Eu também quero ficar contigo para sempre meu anjo.

- Então pometes nunca casa cum ninguém e ficar cumigo.

- É claro anjinho.

Ficaram em silêncio durante mais um tempo até que Bella voltou a fazer uma pergunta.

- Nunca me vais deixar pois não?

- Nunca, estarei sempre contigo desde que me guardes no teu coração.

Mais nada foi dito nessa noite, Jasper abraçou a sua pequena irmã pensando na mentira que pudera ter acabado de lhe dizer, quando fosse para a guerra ele teria que a deixar. Afundou a cara no cabelo do seu pequeno anjo que já dormia a sono solto e adormeceu também.


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Notas finais do capítulo

N/Amaya: Hello my babys, gostaram do cap? Ele está super emocionante *enxuga as lagrimas com o lencinho*

Merecemos comentarios e recomendações né?

Nos vemos no proximo.

Beijos

Amaya

N/Bia: E que tal?
Este Jasper é um fofo, também quero um irmão assim para mim (que a minha irmã não leia isto).
Comentem muito, recomendem e façam tudo isso que deixa as vossas escritoras ansiosas por postar o proximo capitulo.
Bjs