Coletânea Harry X Draco escrita por Kaline Bogard


Capítulo 24
Ausência


Notas iniciais do capítulo

Título: Ausência
Ship/personagem: HPDM
Capa: link no meu perfil
Gênero: drama
Classificação: livre
Motivo: 7
Item : Torta de caramelo
Observação: bônus se o ciumento tiver que aceitar uma relação aberta para reatar o relacionamento, UA



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Os olhos verdes observaram o parque com desinteresse incomum. Sabia que não encontraria o que procurava, pois desde que haviam rompido Malfoy não dera as caras por ali.

A rotina fora quebrada. Mas não aquela rotina que deixa tudo chato e previsível, mas aquela que dá segurança e conforto, que faz sentir como se tudo estivesse exatamente como deveria estar.

E não estavam.

A rotina se quebrara. A segurança se perdera. O conforto desaparecera.

Harry tinha que admitir que passara de todos os limites. Não devia ter perdido o controle daquela forma. Draco devia estar muito zangado.

– Droga.

Inconformado, Harry sentou-se em um dos bancos de cimento e observou as poucas pessoas que andavam por ali.

Normalmente viria com seu cachorro e esbarraria com Malfoy que costumava caminhar por ali. O encontro, casualmente combinado viria cercado de formalidades e fria educação. O relacionamento que tinham, para os outros, não passava daquela típica de ex-colegas de faculdade que mantém algum mínimo contato.

Longe dos olhos dos outros as coisas eram bem diferentes, bem mais quentes e intimas. Deixavam as máscaras caírem e de conhecidos distantes passavam a amantes ardorosos.

Harry achava uma situação bem confortável. Não pretendia que nada mudasse até aquela fatídica manhã, duas semanas atrás, quando chegara com seu cachorro, um belo exemplar da raça dálmata, e flagrara Draco Malfoy chegando pelo outro lado da pequena praça.

O problema estava no fato de Malfoy vir acompanhado. Havia um rapaz alto e negro, segurando o cotovelo do loiro com uma intimidade que Harry achou um tanto ofensiva. Muito, na verdade.

Como alguém ousava segurar no cotovelo de Draco Malfoy?

No cotovelo do seu Draco Malfoy?

Pensamentos assassinos e pouco agradáveis passaram pela mente de Harry diante daquela visão. E então aconteceu a confusão... do qual ele se lembrava bem dos latidos do dálmata e de sua voz instigando-o contra o pobre desconhecido. Lembrava-se, infelizmente, da expressão surpresa de Draco logo de seguida de uma expressão furiosa, quando ao invés de conter o cachorro, Harry Potter resolveu gastar seu tempo acertando um senhor gancho de direita no queixo do rapaz negro.

"Ele está te incomodando?"

Ao ouvir a pergunta Draco franzira as sobrancelhas, do jeito que Harry sabia ser uma forma de demonstrar irritação. Oh-oh...

"Eu pareço incomodado, Potter?".

Tentando ganhar tempo, Harry começara a acalmar o cachorro, observando de canto de olho o outro rapaz que segurava o queixo dolorido.

"Pensei que..."

"Pensou nada!", Draco explodira. "Você incomodou tanto Pansy que ela nem aparece mais em casa. Assustou Theodore e Milicent..."

Harry ajeitara o par de óculos sobre o nariz antes de resmungar de forma irritada.

"Parkinson comia você com os olhos."

O loiro bufou. Começavam a chamar atenção dos poucos transeuntes, mas isso não foi motivo para que ele parasse.

"Você escolheu isso, Potter. Você preferiu fazer tudo as escondidas e fingir uma vida que não é a sua. Se você pode, eu também posso. Não vou admitir que sua desconfiança infundada afaste todos os meus amigos."

"Não é desconfiança!", Harry tentara se justificar. "É apenas um pouco de ciúmes."

"Um pouco de ciúmes eu entendo e até aceito. Mas você deixou o ciúmes atingir um nível tal que não confia mais em mim. Esse é Blaise Zabini, meu amigo de infância. Devia ter perguntado antes de deduzir o ridículo nessa sua cabeça oca."

Com essas palavras Malfoy pegara o tal Zabini pelo cotovelo e o puxara para longe dali. Harry não conseguira fazer nada além de assistir, estupefato com as verdades jogadas em sua cara, enquanto sentia o dálmata lamber a palma de sua mão.

E ali estava ele sentado na praça esperando que Draco surgisse de manhã para a caminhada rotineira, fazendo tudo voltar ai normal, ao que deveria ser.

No entanto Malfoy não viera durante aquelas duas semanas. Harry sentia que as coisas não voltariam a ser o que eram, a não ser que ele fizesse algo. E ele queria, precisava fazer algo.

Os dias eram vazios sem o loiro. Mesmo que a relação fosse as escondidas e o resto do mundo não soubesse deles. Aos olhos de Harry uma parte importante em sua vida era Draco Malfoy. A ausência do loiro e seu humor acido, seu jeito peculiar e comportamento mimado.

Aquela ausência fizera Harry perceber uma grande verdade: amava o outro. Não assumir a relação era uma forma de evitar encarar o fato de que sozinho não era mais completo. Talvez nunca tivesse sido, apenas descobrira que precisava do outro no momento em que o perdera.

E se era incompleto sem Malfoy tinha que trazê-lo para junto de si outra vez. Antes que a sensação de solidão o esmagasse. Ou pior, antes que Draco resolvesse desistir daquilo que ambos tinham.

Decidido, Harry Potter levantou-se e puxou o dálmata pela corrente.

oOo

– Eu estava passando por perto e resolvi passar por aqui.

Draco cruzou os braços e recostou-se no batente da porta de sua casa, observando Harry sem convidá-lo a entrar.

Desconcertado diante do silêncio do loiro, Harry ergueu um saco de papel e sorriu.

– Trouxe isso. É torta de caramelo – respirou fundo – A sua preferida.

Malfoy descruzou os braços e moveu uma das mãos em sinal de pouco caso.

– Ah, claro. Você espanta todos os meus amigos, com suas crisezinhas de ciúmes por causa de um relacionamento não assumido, quase quebra o nariz do meu quase ex-melhor amigo de infância e aparece aqui com um pedaço de torta achando que tudo vai ficar bem...? o que você acha que eu sou, Potter? Palhaço?

Harry riu. Como sentira falta daquele humor peculiar.

Antes que Draco se indignasse com a risada, o moreno lançou a queima-roupa.

– Quer namorar comigo?

Aquilo sim teve o poder de desconcertar o outro.

– Sei que não vai ser fácil, vamos assumir uma relação para todos, – Harry continuou – mas talvez nem seja tão surpreendente assim, não é? Pelo menos minhas "crisezinhas" de ciúmes já devem ter dado uma pista por aí...

– Você está falando sério, Harry?

– Claro! – o moreno voltou a rir – Quero poder ter as crises de ciúmes sem pesos na consciência. Afinal você será meu legitimo namorado.

– Potter, se você pensa que vou aceitar ainda mais showzinhos por causa de ciúmes você está muito engana...

Harry não deixou que o outro completasse a frase. O puxou pelo braço e deu-lhe um beijo de fazer inveja a qualquer casal protagonista de Hollywood.

Sempre tivera medo de assumir um compromisso desses com Draco Malfoy. Mas aquelas duas semanas sem ele foram tão longas, frias e solitárias que mudara totalmente de idéia.

Pra ficar com aquele loiro enfrentaria qualquer coisa, quebraria tantos narizes quanto fosse preciso e, evidentemente, teria quantas crises de ciúmes quisesse.

Não podia mais viver sem ele. Tivera que quase perdê-lo para compreender e aceitar isso. A lição fora aprendida e Harry Potter nunca mais abriria mão do amor de sua vida.

Fim


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