PDV – Christopher

                Acordamos no dia seguinte com feno em nossos cabelos e com as roupas todas sujas, Ashley foi a mais prejudicada com uma roupa preta que pareceu ter pego todos os pedaços de feno soltos daquele lugar.  Entretanto, acordei alguns minutos antes que ela e pude, novamente, vê-la dormindo igual a um anjo. Era tão lindo.

                Cavalgamos de volta para o sitio em um silencio mortal, ela não disse nenhuma palavra, apenas observou o horizonte pensativa. Ao chegar lá, encontramos Lipe e Sthefan surtando, eles disseram que Alice tinha ido embora, algo que nos chocou na hora.

                Ao receber a noticia, Ashley saiu correndo para seu lindo carro, entrou no mesmo e saiu cantando pneus. Provavelmente iria atrás de Ashley enquanto fiquei parado sem reação nenhuma. Isabella desceu as escadas com um olhar vazio e frio. Lancei um olhar repulsivo para ela e ela o ignorou saindo da casa sem falar com nenhum de nós.

                PDV – Sthefan

                Alice foi embora de uma hora para a outra e não explicou nada direito. Bem, ela tentou, mas não entendi nada, ela parecia estar fora de si. Aquilo quebrou meu coração, eu gostava dela, mesmo tendo me separado por culpa da Isa, eu gostava dela... E estava com um sentimento de culpa horrível... Não queria perde-la... “Você está divido?” perguntei a mim mesmo. Afinal, aparentemente, estava amando as duas... Mas não perdoaria Isabella tão cedo pelo o que fizera, pois, até onde eu sei, ela foi a culpada da fuga de Ally... Ela foi lá e falou um monte de merda que a fez ir para longe de mim... Argh, Isabella tem que aprender que não sou dela e que não é desse jeito que se conquista alguém. Sim, eu amo ela, mas também amo Alice e só agora percebi isso.

                Isabella passou por nós tão fria quanto uma pedra de gelo, minha vontade era esmaga-la contra a parede, mas, simplesmente, ignorei-a. Esse era o melhor remédio para ela... percebi que Christopher fizera o mesmo, estranho, afinal, ele parecia ama-la. Parecia. E até chegou a cogitar que um dia, talvez, namorasse serio com ela. Mas, de uns tempos para cá, ele começou a se envolver escondido com uma menina da Universidade e também estava em alguns rolos com uma garota dos EUA.

                Enfim... A vida está a coisa mais estranha que já vi... Nada estava saindo como queríamos... sei lá, talvez, la no fundo, pensei que todos se dariam bem... Que viveríamos grandes aventuras quando, na verdade, estávamos apenas nos desentendendo e perdendo as mais verdadeiras amizades...

                PDV – Ashley

                Apesar de tudo o que aconteceu na noite anterior, adorei ter passado aquele tempo com Christopher, pois fora o suficiente para mudar completamente minha imagem dele... Ele não era aquele garoto mimado e playboy que pensei ser e sim um garoto com um bom coração, mas que havia passado por coisas terríveis...       No dia seguinte ao acontecimento, claro, fiquei maluca com aquele monte de feno espalhado em mim e acho que ele pensou que eu estava de mau humor, afinal, voltamos em silencio, mas não era nada disso, só estava pensativa....

                Quando chegamos no sitio, tivemos a terrível noticia de que Alice havia ido embora, pois necessitava de um tempo. Nunca fui muito amiga dela, eramos chegadas, mas não melhores amigas como era entre ela e Isa, mas dava pro gasto.

                Não pensei duas vezes, vi Lipe e Sthefan sofrendo, meus grandes amigos de longa data, e, momentaneamente, peguei meu carro e dirigi para a casa dela. Não sabia muito bem aonde era, mas não importava, eu tinha o endereço e um gps e uma longa paciência para viajar de carro por  tanto tempo assim.

...           

                Foi uma longa e cansativa viagem, acho que levara mais de três longas e intermináveis horas, mas iria valer a pena e eu iria leva-la de volta para aquela casa junto de todos os outros amigos.

                Ela morava em um lugar tranquilo perto das montanhas, o ar era tão puro e fresco que chegava a ser estranho. Ela tinha uma pequena casa afastada no meio daquele lugar... era feita de madeira e tinha apenas um andar. Entretanto, o terreno era vasto, ao longe, existia uma bela plantação de milho e parecia haver um pequeno estabulo perto daquilo.

                Ao me aproximar, vi algumas pessoas, jovens adolescentes de no maximo 13 anos, brincando de pega-pega na frente da casa. Eram dois garotos de cabelos lisos, magros e brancos, assim como Alice e uma outra garota que parecia ser ela, porem, muito mais nova.

                Estacionei meu carro perto deles chamando a atenção de todos. As crianças vieram para cima de mim como se eu vendesse sorvete e apreciaram esse belo carro que eu havia comprado.

                - É aqui que mora a Alice? – Perguntei.

                - Sim, minha irmã chegou ontem aqui. Entre! – O garoto maior disse. Ele deveria ter 1,70. Era alto para a sua idade, muito alto. – Ah, sou Rafael. Esses são Flavia e Fabricio. – Apontou para os outros irmãos. – Sou o segundo mais velho e o mais bonito – Disse com um largo sorriso no rosto. Seus olhos azuis água brilharam quando o reflexo do sol bateram no mesmo.

                Desci do carro e fui puxada pela mão para dentro da casa. Eles me escoltaram até la dentro sorrindo de pura alegria e gritaram o nome de Alice até que ela aparecera.

                - O que aconteceu com você?! – Perguntei furiosa. Ela estava com uma péssima feição. Seus olhos estavam inchados e vermelhos – chorou a noite toda – e seu cabelo bagunçado.

                - O que você está fazendo aqui? – Perguntou assustada.

                - Vim te levar de volta! – Disse – Arrume-se! – Ordenei

                - Não! – bateu o pé e deu as costas.

                - Você vai! Todos estão sentindo a sua falta!

                - Não vou! – Ela entrou em seu quarto deixando-me na sala com as crianças.

                Eles saíram de perto ao reparar o clima tenso enquanto caminhei até a porta do quarto de Alice. Tentei entrar, mas estava trancado, ela não queria falar com ninguem. Pedi para ela abrir, mas fui ignorada.

                - Ally... Sei que não sou muito sua amiga.... não tanto quanto Bella... Mas por favor... Volte... todos estão sentindo sua falta... Sthef, Lipe... Até o Christopher... – Disse em frente a porta. – Volte... você também não pode faltar na faculdade... se não irá perder o ano... Vamos Alice... Volte... – Após passar uma meia hora implorando e dizendo as mesmas coisas, ela saiu do quarto e olhou vazio para mim.

                 - Eu posso tentar... – Murmurou. Abri um largo sorriso – mas não agora... – naquele mesmo instante, meu sorriso desapareceu, assim como minha paciência.

                - VOU TER QUE TE ARRASTAR PARA LÁ?! – Gritei tão alto que todos naquela casa deveriam ter ouvido.

                - NÃO VOU VOLTAR AGORA! – Retrucou na mesma altura.

                - Ok, te dou 10 dias, caso o contrario, volto aqui e te arrasto pelos cabelos! – Sai de perto dela e voltei para o meu carro. Seus irmãos me observaram sair de la tão rápido quanto um foguete – pelo menos, era a intenção-.

...

                PDV – Christopher.

                - Isabella! – Gritei seu nome.

                - Que é? – Perguntou rude.

                - O que aconteceu?

                - Nada, não fiz nada. Alice que saiu igual uma louca. – Resmungou.

                - Cara, de um tempo! Porque e pra que? Vocês não são amigas? – Fui tão rude quanto ela.

                - Dane-se! – Ela se levantou e andou até a minha frente. Ela passou os braços atrás do meu pescoço puxando-me para um longo e intenso beijo. Sua língua invadiu minha boca com tanta agressividade que pegou-me desprevenido.  Empurrei-a para longe de mim no mesmo instante. Ela tinha um pouco de raiva e prazer no olhar.

                - O que foi isso? – Perguntou Sthefan da porta da varanda.

                - Não quer? Tem quem quer, a fila anda Sthef – Isabella passou seu dedo sobre meu peito dando uma leve arranhada e foi para dentro da casa lançando um olhar maléfico sobre meu amigo.

                - Sthefan... eu... – Tentei explicar-me, mas fui interrompido por um “cale-se”

                - Não deveria ter trazido todos para cá... – refletiu.