Stay With Me escrita por soulsbee, Bella Guerriero


Capítulo 29
Sonhos vem, sonhos vão.


Notas iniciais do capítulo

- Notas finais -



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Passei a acreditar na mais humilde das opiniões, que o momento mais marcante das nossas vidas é quando aprendemos a andar.

Muitos me acham doida - principalmente meus antigos amigos do colégio - que achavam que os momentos que mais marcavam suas memórias, quando eu vos perguntava, eram coisas fúteis como o primeiro beijo, o primeiro carro, seu primeiro salário, e até uns que diziam que era a primeira transa.

Não os desmerecendo, numa época bem distante eu também achava aquilo importante, algo que faria a minha vida algo ou nada no futuro. São pensamentos adolescentes é tem um lado importante neles...

Até que acontece algo tão revoltante e triste na nossa vida que nos faz ver que não é mais. Que tudo não passa de um grão de areia no tempo. Que podemos viver sem ou sentir falta. Mas ha coisas realmente importantes.

Depois desse acontecimento comigo, fiquei a pensar o que realmente importava e nada me parecia relevante.

Até que eu vi Flávio dar os primeiros passos.

Aqueles pequenos passos cheios de cautela e medo, mas ao mesmo tempo tão empolgados em poder andar e descobrir o mundo... Aquilo era a razão. A vida. Por mais suja e frívola que ela seja, ela é ainda magnífica. E foi naquele mesmo momento, ensinando meu irmãozinho a andar que eu vi que nada que eu fizesse na vida - nem ganhar o Nobel, o Globo de Ouro ou o certificado de Harvard - seria tão grandioso quanto por uma vida nele.

E foi ai que eu percebi o quanto almejava ser mãe.

É incrível como a vida tente a deixar as coisas cada vez piores.

Senti um formigamento passar por minha coluna enquanto. Dr Riddle retirava um pouco do meu líquido espinhal para uma nova bateria de exames.

– Desculpe Senhorita... Mas já acabou. - Vi uma enfermeira baixinha de cabelos ruivos pegar a seringa da mão do médico e leva-la para o laboratório e eu soltei o ar que havia prendido durante o procedimento. O Doutor ajudou-me a virar novamente e senti meu pulmão sendo prensado.

–Se acalme senhorita... -Disse ele afagando meu braço com um sorriso torto. - Logo tudo acabará bem.

–Foi isso que você disse a eles?-Perguntei um pouco séria o que fez o médico de vinte e tantos anos ficar frio por uns segundos. -Relaxe. - Disse soltando um riso doloroso. - Confio no senhor.

–Pode me chamar de Michael.

–E onde fica o respeito entre paciente e médico? - Michael mais uma vez me encartou com seus olhos verdes e eu me condenei mentalmente. - Desculpe, acho que perdi o jeito de falar com as pessoas nesses...Quanto tempo fiquei em...

–Não muito. - Ele respondeu vendo minha dificuldade de dizer meu antigo estado de inércia. Quando acordei ha quatro horas atrás logo depôs dos médicos me colocarem para descansar para a nova bateria de exames, eu tive um ataque. Não entrava na minha cabeça que eu tinha dormido nas últimas semanas. Parecia segundos.

O Dr.Riddle e dois enfermeiros foram necessários para deter meus movimentos nervosos e aplicar um tranquilizante só para controlar meus nervos.

Ashley foi retirada quase carregada da sala, mas via seu sorriso de orelha a orelha e a esperança em seus olhos me fez ter mais calma. Não vi mais ninguém depois disso.
Eu não me lembrava do acidente ou a causa e depois de Michael me contar a gravidade do acidente e do meu estado ele disse que faríamos uma bateria de exames... E estamos nela até agora

.-Tudo bem, eu estou acostumado. - Ele disse retirando seus cabelos negros dos olhos.

–Mas se vou te chamar de Michael, você deve me chamar de Alice. - Dei um sorriso travesso.

–Para mim, sem problemas. É um insulto ter que chamar pelo sobrenome ou senhorita uma moça com nome e aparência tão lindos.

Senti meu rosto se avermelhar e virei o rosto para as margaridas em minha cabeceira o que me fez lembrar-se de Ashley e Sthefan.

Michael havia me contado que volta e meia uma garota e um garoto iam me visitar, mas quem vivia dia e noite no meu leito eram uma garota estressada e um cara que fora direcionado para a psiquiatria, pois o psicólogo da assistência social que acompanhava tanto meu estado quando de meus acompanhantes havia dito que ele iria se suicidar se eu não acordasse. Eu não me lembrava de nada antes do acidente a não ser poucas coisas como eu ter escolhido Felipe a Sthefan.

Meu coração estava partido por seu olhar, por Felipe ter me abandonado junto de Isabella, pela dor de Ash e tantas outras coisas que eu não sabia, mas via no olhar de Michael que se recusava a dizer todo o caso.

–Alice, relaxe. Em breve terminamos aqui e você será liberada para visitas. -Ele me deu o melhor dos sorrisos e continuou a me examinar.

Uma hora após os exames eu convenci o doutor de que não estava cansada e que queria ver meus amigos para eu me sentir mais tranquilos... e para eu saber o que tinha acontecido.

Ele concordou depois de eu prometer que não iria falar demais do meu caso e do acidente em si. E eu não sabia se queria manter outra promessa.

Pensar naquilo me trouxe recordações da época em que eu comecei a cursar Ciências Políticas em Veneza. Eu estava tão feliz na época. Sonhava em ser uma diplomata e em seguida cursar História. A safra de açúcar na época e de trigo estavam excelentes graças ao empréstimo que eu havia pegado no banco para meu pai de presente. Ele pensava que era meu seguro desemprego que eu havia ganho do trabalho de professora mirim da escola do centro que ele pensava que eu havia sido dispensada por causa da faculdade... Mas na verdade eu havia dobrado as horas semanais para pagar a faculdade e o empréstimo já que a safra do ano passado quase nos levou a falência.

Eu tinha feito amizade com uma colega das aulas de Direitos Civis que me ajudava com os trabalhos e éramos uma excelente dupla e tinha conhecido um cara legal... Naquele ano eu quebrei e mantive todas as promessas que podiam ser feitas e quebradas de forma errada, logo o ano que eu achava que ia ser perfeito foi meu inferno pessoal. E aqui estava eu, quase dois anos depois fazendo a mesma coisa.

Eu podia sentir o nojo de mim mesma crescendo novamente e eu queria arrancar minha própria pele, queria mudar de identidade, de corpo e de alma. Ser outra pessoa que não fosse Alice Lorena Fatticelli. Mas minhas escolhas já tinham sido feitas há muito tempo, e agora não tinha como voltar atrás, meu destino já estava traçado e não custaria muito para virem me cobrar. ·.

Eu sentia minhas lagrimas quentes se acumularem ao redor dos meus olhos quando ouvi baterem a porta. Enxuguei às pressas e tentei não pensar mais naquilo, logo a maçaneta se virou e o Dr.Michael a abriu e ficou ali em frente a ela me olhando com carinho nos olhos.

–Está pronta Ally para voltar a seus amigos?- Um nó se formou na minha garganta de emoção.

–Acho que nunca os deixei. -Michael deu um sorriso de lado e saiu da frente mostrando um garoto alto com cabelos desgrenhados e uma jaqueta de couro que eu não esqueceria em mil anos. O medico nos deixou a sós fechando a porta em seguida.

–É impressão minha, ou o médico esta caidinho por você?-Sorri de sua piada indiscreta assim como tantas que eu sentia falta. Escutei o barulho de seu All Star no piso de mármore enquanto ele se aproximava depressa.

Logo seus braços encontraram meu corpo e me apertou tão forte que me fez perceber que nunca tinha sido abraçada de verdade nos meus 19 anos como estava sendo naquele momento. Envolvido seu pescoço com meus braços e senti o puxão do tubo intravenoso me impedindo de abraçá-lo como queria. Escorreguei minha mão por sua jaqueta e senti a umidade nela, mas era incrível como a pele de seu pescoço era quente e acolhedora, assim como o perfume que sempre usava.

Christopher se sentou em meu leito ficando na minha altura e diminuindo a distância e eu pude abraçá-lo de verdade. Ficamos abraçados por muito tempo até que ele me soltou e começou a encarar meu rosto e passar a mão por meus cabelos e meu rosto. Vi seu olhar de tristeza percebendo minha magreza e passou ao dedo por minha bochecha, secando as lagrimas fugitivas.

Penteei seu cabelo com meus dedos trêmulos e guardei na lembrança a textura de seu cabelo grosso. Desenhei com os dedos cada traço de seu rosto tentando guardar na memória como um cego. E o abracei de novo.

Chris não segurou as lagrimas e senti as mesmas caírem em meu couro cabeludo.

–Você está aqui... Finalmente esta aqui...-Ele disse apertando meus braços, garantindo que era real. Em meio a lágrimas abri o meu maior sorriso e o cutuquei na cintura. – Eu estava nos Estados Unidos quando tudo aconteceu...

–Sim, estou de volta. – Sussurrei – Não se preocupe, está tudo bem agora.

– Se eu tivesse sido mais forte, aquela garota não me agarraria, Ashley não teria te deixar... Nada disso teria acontecido – Jogou sem parar um minuto sequer para respirar – O ciclo, fui eu quem come...

– Shiu... – Silenciei-o com meu indicador em seus lábios.

Demorou alguns minutos para nos recuperamos e podermos falar.

–E você está molhado assim por?

–Eu tive que sair correndo pela chuva para levar Ashley para o sítio para ir chamar Sthefan. Por isso ela não está aqui. - Ele me lançou um olhar doce.

–E como está Ashley? Sthefan? Felipe e Isabella?!Meu Deus eu devo ter matado todos de preocupação.

–Ashley chorava todo dia... Ela se escondia para não vermos, mas eu sempre soube. Eu havia viajado para visitar minha amiga você sabe...

– Sim, e como foi lá?

–Bem, matei minhas saudades. - Ele soltou um sorriso bobo. - Recordei várias coisas esquecidas. Dei conselhos e recebi... Dai Ash me ligou falando que eu tinha que voltar e peguei o primeiro avião. Eu não acreditei no que tinha acontecido quando cheguei, parecia surreal. Sthefan estava piorando e.

–Ele parou e encarou a porta, analisando o que dizer.

–Chris, por favor, eu preciso saber o que aconteceu no acidente, antes e depois.

–O médico disse que você não pode sentir fortes emoções. - Ele me olhou suplicante.

–Chris, por favor... Eu preciso me lembrar.

–Acho melhor Sthefan e Ash te contarem o antes... Posso falar o que sei, pode ser?-Mesmo não concordando, balancei a cabeça e abracei os joelhos. Chris cruzou as pernas em cima da maca e me encarou, e então puxou meu corpo para seu lado e me abraçou. - Você saiu da festa passando mal segundo Ash, e. Você foi pro sítio e saiu de lá mais rápido do que chegou. Sthefan saiu de carro atrás de você porque você estava abalada...No cruzamento da Montesquieu um caminhão veio a toda velocidade e não deu tempo de você ou ele pararem...O carro capotou varias vezes antes de cair no fim da ribanceira...Ashley chegou lá poucos segundos depois e te levaram para o hospital onde descobriram que a perda de sangue e uma batida feia na sua cabeça fez você entrar em coma. Quando as semanas esperadas para você voltar passaram...-Chris voltou a encarar a porta. - Eles diziam que era hora de desligar os aparelhos. Felipe logo sofreu um acidente também m...

–Um acidente?!Ele....Ele...

–Ele está bem Ally,mas...

–Mas o que!?

–Eu sinceramente acho melhor o Sthefan te contar o resto. - Chris se remexeu nervoso e eu vi que ele não queria falar daquilo.

–E...Você acha que...O Sthefan...Você, a Ash ,Felipe e Isabella...Podem me perdoar?-Christopher se remexeu escutando os nomes de Felipe e Isabella junto de um olhar de nojo que brotou em seus olhos. Ele não falava deles só de Sthefan e Ashley e eu decidi não perguntar diretamente sobre isso

–Nunca pense o contrário Ally, você cometeu um erro só isso...Só me prometa que não nos deixar de novo. -Uma tristeza transmitia dele para mim e o sofrimento que os fiz passar me fez me odiar ainda mais

–Nunca mais .-O abracei por alguns segundos e ainda o abraçando lhe olhei nos olhos. -Chris...O que você não está me contando? O que aconteceu com todos?...O que aconteceu comigo?

Vi a alma de Christopher se esvair por seus olhos e sua boca ficou escancarada, me encarando.

–Um desastre aconteceu naquela noite, Ally. -Uma voz fria mais cheia de emoção surgiu atrás de mim e Chris me soltou para eu me virar. - Algo que mexeu com todos... E você precisará ser forte como nunca foi.- O olhar de Sthefan me deu um conforto que eu conhecia, como eu sentia falta dele assim como eu via que ele sentia de mim ,mas seu rosto e suas palavras me fizeram tremer e eu pude sentir que meu passado iria se unir com meu futuro pela aquelas palavras.


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Notas finais do capítulo

E ai, tudo bem?
Foi a Isa quem escreveu o cap mas eu aqui ~Pandora~ que está publicando.
Queria pedir desculpas pela demora, o discurso de sempre e enfins, mas a Isa está estudando pra passar na Etec, eu estou em ano de vestibular - Terceirão é outra coisa e ela ainda não sentiu na pele o que é isso u_u criança - sem contar que temos outras histórias que, por sinal, estão demorando a serem atualizadas, e é tenso nos encontrarmos ou sentarmos para discutir o rumo que Stay With Me terá.
O fato é: Nunca iremos abandona-la e temos ideia para muito mais, porém, culpem a falta de tempo e o bloqueio de memoria.
Em breve estaremos finalizando a primeira parte do projeto e iremos tirar as ferias desse fim de ano para começar a reescreve-la, tentar deixar do jeito que deve ser, melhorar escrita, ampliar horizontes... Coisas que só são possíveis depois de praticar muito - no nosso caso, pelo menos, porque foi uma das nossas primeiras histórias publicadas aqui - e também para decidir com exatidão o que vai acontecer.

Agradeço a todos que estão conosco até hoje lendo e em breve traremos mais um capítulo.



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