Capítulo 3

Definitivamente eu não deveria ir para o baile, a questão é, que se eu não fosse os meus amigos me arrastariam de qualquer jeito.

Maravilhosos, não?

Arrumei a gravata do meu terno, e saí de casa, andando sozinho pelas ruas, vez ou outra chutando as pedrinhas que apareciam no meu caminho. As ruas estavam praticamente desertas, excetos pelos carros que horas passavam por mim, e eu tinha certeza que era o pessoal da minha escola.

Você deve estar se perguntando “Mas e seus amigos? Eles não te ofereceram carona?”, claro que sim, mas não ‘tava a fim de ficar segurando vela ao quadrado.

Eu já estava chegando a minha escola, assim que pisei nos primeiros degraus escutei o som da música soando alto. Eu me encaminhei para o ginásio que era o local em que acontecia o baile.

Assim que cheguei à porta a minha primeira vontade foi de deixar aquilo tudo para lá e voltar, eu não ia fazer nada ali, mesmo.

— Vamos lá, James, você pode fazer isso — murmurei comigo mesmo soltando um longo suspiro em seguida para assim entrar no baile.

Pessoas dançando como se aquela fosse a sua última dança, me encaminhei para uma mesa qualquer afastada e me joguei ali, não sei nem ao menos quanto tempo se passou. Talvez apenas uns 10 minutos?

— JAMES! — ergui meus olhos ao reconhecer a voz dela me chamando, assim que estava bem próxima de mim, e no instante seguinte senti minhas pernas bambas. Ela estava vindo na minha direção com um grande sorriso. — Achei que não iria vir — ela falou alto o suficiente para eu que eu pudesse escutá-la quando já estava perto de mim.

— Também achei — falei rindo.

Uma música lenta começou a tocar e vi Lily olhar para mim com um enorme sorriso.

— Não! — falei balançando a cabeça freneticamente.

— Por favor! — Lily juntou as duas mãos em frente ao rosto.

— Não! Eu sou péssimo dançando! — falei.

— Por mim! — sorri de canto suspirando, quando me levantei para segurar a sua mão ela parecia uma criança que havia acabado de ganhar um doce.

Ao chegarmos à pista foi meio (lê-se muito) estranho todo mundo olhando para gente, em especial para mim, sei lá, talvez o corte de cabelo, acho que eu me esqueci de mencionar, certo? Assim que cheguei a minha casa e falei do baile minha mãe me arrastou para a barbearia, e depois fomos comprar um terno, e ela me fez tirar os meus óculos de aro redondo.

— Seus olhos são castanho-esverdeados — Lily falou quando seu corpo estava próximo ao meu durante a dança. — Nunca tinha reparado.

Ri olhando para baixo.

— Você fica fofo com as bochechas vermelhas — ela falou apenas aumento o meu constrangimento. — Er... Foi mal, não deveria ter dito isso, certo?

— Não, não, não faz mal — respondi.

— É sério, James, desculpa — ela falou.

— Tudo bem, Lily — falei sincero.

— Certo, então vamos mudar de assunto — Lily disse. — Promete ser sincero a cada pergunta?

— Por mais que eu esteja com medo, tudo bem.

— Você gosta ou já gostou de alguma menina?

O QUÊ? QUE TIPO DE PERGUNTA É ESSA?

Droga.

— Sim.

— Sim? Quem? Eu conheço?

Droga de novo.

— Ahnn, não posso falar.

— Por favor, James!

— É sério, Lily, se eu pudesse te falava.

— Certo, mas você já falou para ela? — ela perguntou desapontada.

— Não posso.

— Por quê?

— Você pergunta demais, ruiva — falei vendo-a rir. — E eu não conto porque ela é uma garota maravilhosa e eu sou só um adolescente desleixado.

— Qual é James? Todos nós somos! Eu sou igualzinha a você, só mais uma adolescente desleixada.

— Tá brincando, né? — falei. — Você é Lily Evans! Quais as chances da garota mais popular e bonita da escola ser uma adolescente desleixada?

Ela riu.

— James, você já parou para pensar que às vezes a garota mais bonita e popular é aquela que chega em casa e se tranca no quarto, que chora por ser rejeitada pela a irmã, que não se sente boa o suficiente para fazer parte daquela família? — uma lágrima escorreu pelo rosto dela, eu limpei antes que aquela pudesse dá origem a outras.

— Você não precisa falar disso — falei a abraçando forte.

— Obrigada, James!

— Por quê?

— Por conseguir me entender, mesmo em tão pouco tempo, o que é estranho.

— Muito estranho, eu sei — falei.

Ficamos até o final da música em silêncio, apenas dançando.

— Mas e a garota? — Lily me surpreendeu do nada, voltando ao assunto.

— O que tem ela?

— Me fala algo sobre ela — ela pediu.

— Ela acha que não é forte o suficiente, mas mesmo assim aparece todo dia com um enorme sorriso no rosto, mascarando todas as lágrimas que querem cair — falei.

— Gostei dela — Lily falou. — Algum dia irei saber quem é ela?

Fiquei em silêncio por um período, com um sorriso no rosto, até que eu olhei para o palco e vi a banda começando a tocar uma das minhas músicas prediletas.

— Um dia, Lily, um dia — falei.

“’Cause I’m just a teenage dirtbag, baby”