O despertador tocou, bufei o desligando.

— Mais um dia — falei antes de me levantar para ir ao banheiro, após alguns minutos já estava pronto.

Desci as escadas, meus pais já haviam saído para trabalhar na Potter’s Record, isso aí, meu pai é o dono da gravadora e minha mãe a secretária pessoal e mais um monte de coisa. Você deve estar pensando que isso me faz ser um cara popular, mas é melhor acordar, eu sou o nerd desleixado que ninguém nota.

James Potter, prazer.

Peguei uma maçã da geladeira e então fui para a garagem pegar a minha bicicleta e ir para a escola, e foi quando saí de casa que eu a vi saindo da casa do namorado.

Lily Evans, a garota mais inteligente e maravilhosa que um dia já pisou em toda Hogwarts High School.

Acho que o namorado dela iria meter o pé na minha bunda se soubesse que eu estou pensando nisso, ele leva uma arma para a escola, mas Snape sempre é salvo por um de seus amiguinhos, o Malfoy.

Ambos são idiotas.

Ele sempre tratou a Lily como um lixo e eu apenas ficava assistindo, e desejando ocupar o posto de e tratá-la como deveria ser, mas até hoje isso não aconteceu e a única coisa que me resta é ficar aqui assistindo ela entrando no carro dele com um grande sorriso.

— Ela nem ao menos te conhece, Potter — murmurei comigo mesmo antes de subir em minha bicicleta e continuar o meu percurso à escola.

[...]

Digamos que todo o ser humano tem algum superpoder, certo? Eles só não são como o dos quadrinhos, tipo, quem não desejaria poder ter super força, ser um deus da mitologia nórdica, vir de outro planeta... É melhor eu parar por aqui e falar qual o meu superpoder. Ser invisível para as garotas.

Como eu descobri?

Por que todo momento que eu passava por elas, as mesmas nem ao menos notavam a minha presença (como foi o caso agora a pouco).

Balancei a cabeça e arrumei os óculos na minha cara enquanto ia para o meu armário e abria para pegar o livro de matemática, e foi quando eu a vi novamente. E ela estava vindo à minha direção. Lily acenou para mim (?), olhei para trás e não havia ninguém, é eu estava certo, mas como ela poderia saber quem eu sou? Como é que ela ao menos dar a mínima atenção para mim?

Acenei de volta, com um sorriso que ia de ponta a ponta, como se alguém tivesse colocado um cabide em minha boca, até que ouvi risadas atrás de mim. Sabe aquele momento que você sente vontade de meter a cara em um buraco e nunca mais sair? Eu 'tava em um daqueles.

Era óbvio que ela não iria dar ao menos um “oi” para mim, ela estava acenando para as amigas delas, e o pior era que todas estavam rindo. Dorcas, Marlene e Lily.

— Eu sabia que você estava acenando para elas — falei do nada, e elas continuaram a sorrir, agora, de modo mais acolhedor, eu acho. — Eu... Vou... Indo — falei olhando para os lados e saindo o mais depressa que podia dali.

Droga, James! O que você tem na cabeça? Como ela poderia ao menos saber quem você é?

Ia de cabeça baixa, a fim de evitar os olhares de outros alunos que possivelmente presenciaram aquilo.

Nota mental: andarde cabeça baixa só te traz confusão.

— Olha pra onde anda, nerd — levantei os olhos e me deparei com Snape me encarando. — Potter?

Droga.

Ele começou a rir, não rir como uma pessoa normal, mas sim como um retardado.

— Quem diria que os papéis iriam se inverter logo no colegial? — ele falou.

Saí de lá o mais rápido que podia, mas ainda pude ouvir ele gritando:

— EI, ATÉ A PARTE DA FUGA?

Você deve estar se perguntando a que ele se referiu, basicamente quando nós éramos mais novos, eu e os meus amigos éramos os “mandachuvas”, mas depois de um tempo a gente viu que agia feito idiotas, basicamente nós três (eu, Sirius Black e Remus Lupin) éramos uma versão do Snape, e ele era o nerd, até que o Malfoy chegou e mudou tudo, assim que fomos chamados para Hogwarts, mais precisamente.

Eu já estava chegando ao Salgueiro, que não passava de uma árvore enorme e de aspecto estranho, porém, nos proporcionava uma bela de uma sombra, ou seja, nós gostamos.

 Sirius e Remus estavam lá, discutindo sobre algo, mas quando me viram pararam, provavelmente a minha cara não ‘tava uma das melhores.

— E aí, qual foi o mico da vez? — Sirius perguntou.

— Pela cara dele, acho que foi um King Kong — Remus falou e começou a rir sendo acompanhado por Sirius.

Eu forcei um riso atraindo a atenção deles.

— Se fosse vocês no meu lugar, não iriam falar isso — disse e logo depois expliquei tudo o que tinha acontecido, desde o aceno para a Lily até a parte que o Ranhoso (apelido 'carinhoso' que o Snape recebeu por nós) se lembrou da infância.

Eles ficaram calados.

— Uau! — tinha que ser o Sirius para abrir a boca em um momento como esse.

— Ei, parece que tá acontecendo alguma coisa com o casal — Remus falou olhando para trás de mim.

Assim que me virei, vi Lily discutindo com Severus, não consegui entender direito, o porquê da briga, só sei que ela já estava começando a chorar, e então a única palavra que eu escutei foi "Sangue-Trouxa".

Olhei para os meus amigos tentando identificar se eles também haviam escutado isso, pela cara deles, sim. "Sangue-trouxa" é uma expressão que as pessoas usam geralmente para ofender alguém que entrou em Hogwarts sem ser treinado para ser um de nós, para ser mais especifico, na nossa escola, a gente aprende a se envolver com artes cênicas, música, literatura, computação... Mas antes de entrarmos em Hogwarts, estudamos primeiro em Beauxbottons ou Durmstrang, lá é nosso primeiro treinamento, desde os seis anos, até sermos transferidos para Hogwarts quando completamos 11 anos, a questão é que com o tempo, a nossa escola começou a distribuir bolsas, e Lily recebeu uma dessas, assim como muitos outros alunos.

Lily saiu batendo pé por um lado e o Snape apenas virou e continuou o seu percurso, como se nada tivesse acontecido.