Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 9
Complexos


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse capítulo ia ser MUUUUUITO mais longo mas ai ia ser +/- 5000 palavras e só ia sair amanhã, então decidi dividir em 2 e postar o outro quinta. Mas a qualidade é sempre a mesma!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/355438/chapter/9

O que eu avistei naquela hora era uma cena de um verdadeiro holocausto. Pessoas inocentes mortas, juntos aos corpos de mordedores e outros corpos carbonizados, que deveriam ser de todos. Porque matar aqueles pobres humanos inocentes? Via-se que pelas feições, eles não representavam quaisquer perigos para aquele grupo de mercenários. Comecei a revirar os corpos, e evidentemente todos estavam mortos. Não achei nada de bom neles, e deixei-os intactos. Voltei ao corredor principal e contei ainda mais 7 salas: 3 na esquerda e 4 na direita. No total, 8 salas. Abriria as outras portas? Ainda havia uma última, em frente. Provavelmente, uma entrada para um complexo principal, quem sabe? Decidi que exploraria o lugar mais a fundo. Primeiramente, deixei a adrenalina parar de fluir sob meu sangue e me concentrei por um tempo. Tentei ouvir qualquer barulho que ressonasse no ambiente, e sim, pude ouvir grunhidos. Com passos lentos e curtos, fui aproximando-me de todas as portas. Com certeza não era em nenhuma delas, e o que me restava era a porta frontal. Aproximei-me da fechadura e encostei o ouvido. Pude claramente ouvir grunhidos dos zumbis. Olhei pela fechadura e não avistei nenhum deles. Precisava verificar aquela ocorrência, então, teria de abrir a porta. Lentamente, coloquei a mão na maçaneta e rodei-a. Ligeiramente, coloquei uma parte de meu rosto para dentro deixando apenas os olhos e uma parte de minha cabeça á mostra. Daí sim, pude contar inúmeros mordedores, vindo de todas as partes da sala em minha direção, alertados pelo girar da maçaneta. Fechei-a rapidamente, mas com certeza aquilo não seguraria suas garras. Coloquei Alice no chão e com alguns impulsos, chutei a maçaneta fazendo-a cair. Agora sim a porta estava totalmente lacrada.

Parti em busca das outras salas, entrando primeiro nas da esquerda. Nada que já não vira; corpos e corpos, alguns carbonizados, outros “normais”. Nas salas da direita, a mesma coisa. Decidi que ali seria um caso perdido, então sairia o mais depressa possível. Uma coisa me fez parar, diante da maçaneta da porta que daria acesso ao parque. Ouvi vozes do lado de fora, irreconhecíveis. Rapidamente entrei em uma das salas e me escondi atrás de alguns dos corpos. Mas eles não entraram ali. Fiquei, mesmo assim, um tempo ali reconhecendo o ambiente mais uma vez. 6 minutos depois de eu ouvi-los, tiros zumbiram na sala da frente. E eram tiros pesados, característicos de metralhadoras leves e escopetas. Até que toda a sala se calou, até os grunhidos. Ai sim, as vozes voltaram:

– Então, parece que tivemos uma rebelião aqui, não? – Falava um

– Nada que uma L85 não resolva meu chapa.

– Tá, mais agora vá verificar aqueles corredores que a gente carboniza esses lixos. Provavelmente a carne foi para lá. Vou ficar aqui checando as coisas enquanto você vai lá.

Corri para a primeira sala da direita para me esconder, e enquanto isso, reconheci um deles mesmo sem vê-lo. A voz não me era estranha, e falar sobre uma L85... Claro! Era o bruto da rodovia. Aquele era casca-grossa, então era melhor evitar um combate em aberto com ele, ou a morte era certa. Aproximou-se da porta e girou a maçaneta, sem êxito. Chamou o parceiro e gritou:

– Ei, venha aqui! Essa maçaneta não quer abrir cara, tem algo errado ali dentro.

Estremeci. Se ele abrisse e entrasse ali, eu morreria sem um pingo de dúvida. Decidi me camuflar, então. Coloquei Alice atrás de uma pilha de corpos queimados que a cobria perfeitamente. Comigo foi um pouco mais difícil. Tive de desempilhar alguns corpos, e quando achei que foi o necessário, deitei-me sobre eles. Ainda, com muito esforço, coloquei outros em cima de mim, e me manchei de sangue para parecer mais real. Depois de alguns segundos de quando terminei minha tarefa, ouvi-o arrombando a porta e se surpreendendo:

– Alguém esteve aqui, e provavelmente é a carne. Se ele não correu para fora e deu de cara com as hordas, provavelmente esta aqui.

– Como você sabe cara?

– Olha para a maçaneta; está caída e isso os mordedores não iriam fazer, além de que eles não tinham acesso á essa área. Vou procura-lo, ele tem de estar aqui...

Senti um pingo de suor frio escorrendo pela minha testa. O homem abria todas as portas e eu podia ouvir um barulho de corpos se remexendo. Ele estava mexendo nos mortos, para talvez verificar pulsação ou coisas do tipo. Ficou naquele processo por mais de 10 minutos, até que parou diante á minha sala. Apenas fechei meus olhos e parei de respirar por algum momento. Deixei meus músculos se soltarem e fiquei a deriva naquele mar de gente. Pude sentir quando o homem tocou minha costela esquerda e me remexeu com bastante força, mas não me notou. Naquela hora, minha visão dilatou por dentro, mas externamente eu continuava imóvel apesar de meu grande medo. Ele me deixou em uma posição de lado e foi mexer nas outras. Daí em diante, a situação ficou tensa na sala. Alice não estava comigo; estava na pilha ao lado. Se ele a visse, pularia em cima dele mesmo se não obtivesse sucesso. Por sorte, ele apenas mexeu nas pilhas e saiu pela mesma porta. Ainda por abrir a última, mas também não teve grandes revelações. Voltou á sala principal e falou assim:

– Bom, parece que o desgraçado conseguiu escapar. E agora, o que a gente faz?

– Sei lá, que tal pegarmos o carro e fazer um rastreamento? A noite está fria; sem roupas ou comida seria impossível passá-la na rua. Vamos procurá-lo - E então, pude ouvir o barulho de um portão sendo brutalmente batido. Eles se foram

Depois da adrenalina, comecei a retirar os corpos de cima de mim. Peguei Alice no colo e dei-lhe um beijo na testa. Nós tínhamos sobrevivido até então, mas quando acabaríamos mortos? Ou aonde nossa jornada nos levaria? Apenas disse baixinho que a amava e que nada aconteceria a nós, e sai pela porta em busca do que tinha acontecido na outra sala.

Chegando lá, vi todos os mordedores caídos com balas cravadas nas cabeças. Não havia dúvidas que ali acontecera uma verdadeira chacina contra eles. Não havia um sequer respirando. Procurei qualquer indicio do que estivera acontecendo ali. Se ali era mesmo o centro de refugiados ou não. Mas, se na placa estava escrito que era, porque não seria? A sala era bem grande, ocupando mais de 20 m² com certeza. A iluminação era ampla, sendo constituída por longas lâmpadas fluorescentes e o sistema de refrigeração era a base de um ar condicionado muito potente. Havia ainda várias portas divididas por setores, do mesmo jeito da que eu saíra. No chão, incontáveis números de cartuchos 5.56 mm. Mas com aquela arma, disparando projéteis a 910 m/s, não haveria qualquer ser vivo que sobrevivesse. Provavelmente eles voltariam para recolher os corpos ou quem sabe queimar. Fiquei curioso para entrar nas outras salas, e decidi fazer o mesmo. Depois de algum tempo refletindo, fui perceber que ali era o hall e provavelmente aquele corredor onde os corpos estavam eram os dormitórios. No hall ainda havia uma pequena porta ao lado de um buraco que provavelmente seria uma janela, onde avistei panelas; era a cozinha. Havia 8 portas. 1 atrás de mim, uma no canto esquerdo inferior, uma no canto esquerdo superior e uma á frente. A mesma coisa para a direita: 1 sala traseira, 1 1 do canto inferior, 1 do canto superior e 1 central. Em cima delas estava escrito respectivamente: A-1; A-2; A-3; A-4; B-4; B-3; B-2; B-1.

O bloco A-1 era de onde eu saí. Aquele lugar me parecia com algum tipo de consultório para tratamento médico ou coisas do gênero. Decidi fazer um arco sentido horário para investigar tais salas. Entrei no bloco A-2, perto da janela da cozinha e me surpreendi. Ali contei mais de 200 camas com espaçamento curto entre elas, porém bem organizadas e limpas. Características de hospitais e cobertas com um forro de papel descartável que fazia elas perfeitas para infecções. As camas, porém, estavam vazias. Não havia ninguém dormindo nem se escondendo. Sangue entre elas era ausente. O ambiente era perfeitamente limpo e a refrigeração, quase a mesma do hall sendo apenas notada como um pouco inferior. Ali, caberia praticamente um regimento todo ou até mesmo a população inteira de um bairro.

Sai deste bloco e prossegui para o A-3, o bloco do canto superior esquerdo. Quando abri a porta, deparei-me com várias cabinas e torneiras espalhadas pela construção. Eram os sanitários, coletivos sim, mas muito bem limpos e organizados. Um aroma de alvejante flutuava no ar indicando desinfestação do lugar recentemente. Haviam ainda pequenos recipientes com um líquido viscoso, que pela aparência reconheci por ser álcool em gel. As cabinas estavam com letras estampadas nas portas bem grandes, indicando que ali só poderia entrar alguém que o nome começasse com tal letra. Provavelmente para maior controle e organização.

Parti para o bloco A-4. Ali, haviam vitrines com estoques de armamentos. Sim, armamentos, aliás todos os tipos deles. Estavam divididos em 7 seções. Pistolas, Submetralhadoras, Metralhadoras Leves, Fuzis, Fuzis de Assaltos, Rifles de precisão e Explosivos. Cada vitrine estava cheia de apoios para armas e cada uma estava com sua arma no lugar. Contei mais de 50 armas para cada tipo, o que daria mais ou menos 350 armas ao todo, sem contar a margem de erro. Aquilo ali era armamento de praticamente um exército. Com aquilo, alguém poderia até salvar o mundo.

Sai dali e comecei a jornada no outro bloco. Entrei no B-4. Quando entrei quase tive um ataque do miocárdio pelo susto que levei. Havia muitos corpos de militares caídos no chão, cheios de sangue e evidentemente sem vida. Alguns até decapitados, outros desmembrados. Sem todas as roupas, apenas de cueca. Isso, em uma parte isolada da sala, dentro de uma caixa de vidro. No outro lado da sala, caixas e mais caixas de madeira bruta e pintadas com séries de números. Á minha frente, outras vitrinas. Mas dessa vez com equipamentos de combate: capacetes Kevlar; camisas e calças feitas de um material resistente e todas conferidas em preto e vermelho semelhante á camuflagem de floresta porém com essas cores; coletes á prova de bala com bolsos para cartuchos de todos os tamanhos; lanternas para capacete; coldre para revólver e pistola com clipes para granadas; outros 2 suportes para cartuchos que se apoiavam na coxa; suporte para faca de combate na panturrilha; botas pesadas de um couro legítimo e por fim, acessórios para armas, como silenciadores e miras. E isso, em cada um dos mais de 70 conjuntos que contei na vitrina. “As caixas estavam em medidas perfeitas para encher até a boca, e em cada uma estava escrito coisas como: “.45 ACP”, “5.56x45mm NATO”, “7.62x51mm NATO”, “9mm Parabellum”, “.50 BMG” e por ai em diante. As caixas estavam presas á parafusos de ferro 9/64 bem fortes. Coloquei Alice em uma delas e comecei a chutar a de “5.56x45mm NATO”. Depois de sucessivas tentativas, acabei rompendo o ligamento da madeira e vi milhões e milhões de projéteis desse calibre caírem sobre a sala. Aquilo me espantou, sim. Ali havia munição para mais que um exército... O que eles estavam planejando?

Sai daquele bloco maravilhado, certo de que arrombaria outras e roubaria alguma arma para minha defesa. Rumei ao bloco B-3

Este bloco era semelhante ao bloco A-3, na verdade era praticamente igual: Os sanitários, porém agora sem letras e manchados de sangue. Provavelmente aquele era os infectados que usavam, até que fossem curados, se é que existia tal cura. O bloco B-2, era a mesma coisa: igual ao bloco A-2 com camas arrumadas e higienizadas e boa refrigeração.

O bloco B-1, porém era diferente. Havia algo de estranho nele que me inquietava. Abri a porta e de cara vi o mesmo corredor do bloco A-1. Porém, do lado das portas agora haviam janelas.

Olhei para a primeira sala á esquerda. Ali, uma cadeira e uma mesa de médico, uma cadeira de dentista com um refletor grande em cima, um armário entreaberto cheio de medicamentos. A mesma coisa na sala da direita. Na segunda sala da esquerda, já era mais preocupante: Havia algumas máquinas e havia camas manchadas de sangue, junto de um equipamento bem moderno que não sabia o que era. Na direita, similar. Na terceira sala, vi o temor espantando em mim. Protegida por isolação acústica. Uma sala de cirurgia para os infectados onde os médicos estudavam e faziam anotações, evidente pelo quadro negro na parede e pelos muitos equipamentos nas bandejas metálicas espalhadas por toda a sala. Similarmente na direita. Por fim, o ultimo conjunto de salas tinha o vidro manchado de sangue. Não precisei nem chegar mais perto para ver o tanto de descerebrados que eram impedidos de sair por grandes trancas e por um isolamento acústico perfeito. A sala da direita, a mesma coisa. Então, ali estava sendo desenvolvida tal cura, não? Mas agora, como não havia ninguém ali? Essa milícia estava por trás daquilo. Foi então que me dei conta que as salas do primeiro corredor onde eu estava, faziam parte deste mesmo complexo, porém foram destruídas. Isso explica o alto número de cadáveres de zumbis e de humanos, que provavelmente eram cientistas ou civis.

Decidi sair dali o mais rápido possível, mas antes uma arma seria essencial. Fui até a “sala dos milagres” e escolhi meu arsenal. Dentre todas, peguei uma arma de defesa pessoal, uma MP7 e 5 cartuchos da mesma. Pequena e de fácil manejo, seria ótima para combates de curta distância além de ser fácil para carregar. Armas longas estavam foram de premeditação, então para completar apenas peguei por último uma M9 com cartuchos estendidos de 12 tiros. Para mim estava bom. Recorri á sala dos equipamentos e ali quebrei uma das vitrinas e peguei um colete, um capacete com a lanterna e um coldre. Arrombei a caixa de “9mm Parabellum” e comecei a carregar as armas. Minha sorte é que as duas usavam esse mesmo calibre. Quando estava Carregando o antepenúltimo cartucho da M9, ouvi um ruído de carro lá fora. Apressei-me para carregar o resto e coloquei a M9 no coldre, enquanto a MP7 ficava ao meu lado junto de uma correia. Sai da sala o mais rápido possível e quando abri a porta do complexo A-1 para escapar dali, ouvi vozes e uma porta rangendo ao meu lado. Fechei a porta lentamente para que não fosse ouvido e corri para a última porta. Abri e dei uma última olhada para trás, quando senti o soco mais forte que eu já levei, deixando Alice cair na calçada, agora chorando, junto com a MP7 e o coldre se soltou. Minha cabeça latejava e não ficaria consciente por muito tempo. Tentei apanhar a MP7, mas quando coloquei a mão no punhal da arma, senti um pé esmagando meus dedos. Rapidamente tirei-o de lá, e pude ver uma pessoa mascarada, então, chutando minha barriga. Desmaiei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Los Desperados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.