Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 8
Terra, Desejos, Salvação


Notas iniciais do capítulo

capitulo meio picante esse aqui, mas sem traços tipo Hentai (coisa que eu odeio, quer porno vai pro redtube ¬¬) e finalmente vai acontecer algo bom com Nikolai!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/355438/chapter/8

Esperei mais alguns instantes, sem nenhuma resposta de pessoas de dentro. Continuei a bater fortemente na porta, que agora ressonava, mas mesmo assim não ouve resposta. O filete de luz, agora já um pincel, vinha se aproximando. Se eu não entrasse logo estaria morto. Retornei a esmurrar a porta e como sempre, sem êxito. Não havia escadas, nem fendas, onde eu pudesse colocar os pés e escalar. Mas, se os terroristas vinham para cá, e porque moravam ali, certo? Pensei que essa poderia ser a melhor hipótese, então sem pensar desisti de batucar a porta e me escondi no matagal ao lado da rodovia. Os carros, agora bem visíveis vinham na minha direção. Pude ver claramente, todos os carros chegando e buzinando para o portão. Dali de dentro, outra buzina soou, e como resposta o líder do grupo buzinou mais 2 vezes, porém curtos. O portão de ferro se abriu e os carros entraram com todos os tripulantes. Um soldado saiu de dentro do complexo e olhou para a rua, depois disso o portão foi fechado. Ainda sibilou no ar, alguns ruídos de motores indicando que eles tinham saído dali. Minha chance de entrar ali tinha se perdido. Mas, como de costume, o soldado que olhou antes de fechar o portão também não tinha farda. Seriam eles um grupo de mercenários? Ou uma elite do exército que se rebelara dentro da cidade. Senti na pele a expressão “tão perto mas tão longe”. Eu estava a metros da minha aparente salvação, mas não tinha acesso.

Fiquei ali pensando no que ia fazer. Será que mata adentro, não haveria algum caminho alternativo? Mas á essa hora da noite, munido apenas de uma lanterna naquela ocasião era suicídio. Voltaria então para a casa destruída? Era uma saída. Quando estava recolhendo minhas coisas para partir e desistir de Seattle, o portão se abriu. Rapidamente deitei-me no mato e espreitei. Um guarda saiu do portão, e empunhando um capacete com lanterna integrada e uma MP5SD2, começou a andar na rua. Ficou parado por um tempo, e me parecia que ele estava reconhecendo o ambiente, quando subitamente ele foi vindo em direção á onde eu estava. Fiquei o mais em silêncio possível, às vezes sem ao menos respirar. Não sabia se ele tinha me notado, mas se tinha, quando ele chegasse perto eu teria de me defender. E pularia da mata para agarrá-lo. Se falhasse, pelo menos a tentativa valeu. Para minha sorte, sua lanterna não me iluminou por causa da relva altíssima, e ele foi à direção contrária, até desaparecer mata adentro, no lado oposto onde eu estava. Era claramente minha chance de ouro. Não hesitei e peguei Alice no colo, e fui ao encontro da minha salvação. Corri o máximo que pude sem ter medo de ser ouvido. Chegando ao portão me abaixei, e tentei olhar por uma fresta. Não havia ninguém na rua, o que era meio estranho, e o capanga ainda estava na floresta. Adentrei Seattle.

Já na rua havia iluminação, porém olhei para a pista que se encontrava em minha frente e não havia vivalma. Fui indo em passos pequenos em direção á uma construção no lado esquerdo, para tentar avistar se havias alguém lá. De novo, não havia ninguém. No momento que ia me dirigindo para o centro da cidade, Alice começou a chorar. Eu ainda estava na primeira rua da fortificação, e ali o eco seria estrondoso. Procurei achar um beco para me esconder, e consegui logo na primeira esquina depois de andar por 2 ruas. Antes de adentrá-lo, pude ouvir o jagunço dizer em uma espécie de rádio, um Walkie-Talkie:

- Está limpo. O que você achava que era algum mordedor, era na verdade uma colônia de capivaras. Matei-as todas. Se quiser pegá-las para o jantar, só me contata que eu volto.

Desse modo, o jagunço concluiu, fechando o portão. Veio se dirigindo pelas ruas sem qualquer cautela. Passou pelo meu beco e continuou seguindo reto, assobiando uma canção desconhecida de minha parte. Tapando a boca de Alice, agora pude retirar minha mão. Ela estava faminta, com certeza, mas não havia leite. No beco não havia portas nem latas de lixo, então eu teria de me virar com o que estivesse. Deixando Alice de lado, procurei pegar algumas das bolachas e amassei-as com a mão, formando um farelo que depois de adicionado com água, passou a ser uma pasta bem cremosa. Era nutritiva, dava forças? Óbvio que não. Era apenas para saciá-la, mas assim que chegasse ao centro, ela teria melhores cuidados.

Devem estar se perguntando por que eu não pedi ajuda para aquele soldado, nem para qualquer outro. Porque era evidente que eles não eram soldados. Deviam ser alguma milícia que depois do apocalipse, se formara com o intuito de exterminar seres vivos e mortos. Quando digo seres vivos, incluo humanos. Se tal centro realmente existisse, existiram soldados fazendo a segurança. Dali, eu podia avisá-los do mal que a organização terrorista estava fazendo. E era certo de que aquela entrada não era a do centro de refugiados, e sim uma entrada clandestina.

Procurei focar-me nos meus afazeres, e Alice não parava de chorar. Procurei outras saídas e amassei uma fatia de queijo, depois o fatiei com a própria mão, mas em pedaços muito pequenos. Comecei a colocar em sua pequena boca, e ela comeu! Comeu tanto, devia estar faminta. Seria difícil conseguir leite naquela ocasião. Depois de alguns pedaços, era parou de chorar. Agora, eu que estava faminto. Devorei uma boa parte da bolacha, deixando apenas umas 7 no final do pacote, e sorvei um pouco da água. Algumas fatias do queijo completaram meu “banquete”. Liguei meu celular e constatei que a bateria estava morta. Decidi não perdê-lo, mesmo sem bateria, pois o mesmo fora um presente de meu eterno e único amor, Natalie. Prometi a mim mesmo que algum dia voltaria a vê-la. Coloquei as ideias no lugar. Decidi que, a partir dali, eu procuraria o real centro de refugiados, em meio aquele silêncio mortal que estava em Seattle.

Meus braços doíam fazia dias, desde que perdi aquele benzido banquinho de carro, que eu poderia transformá-lo num apoio para Alice. E ainda cada vez que eu pegava Alice nos braços, aquela ferida do dia da fúria doía sem sangrar. Mas ardia no coração, como se estivessem com um maçarico ali. Eu não trocava o ferimento fazia dias, então simplesmente decidi tirá-lo. Puxei a manga de minha camisa e comecei a retirar com cuidado o algodão encharcado. No fim, descobri que ele já estava cicatrizado, mas eu teria de tomar cuidado. Um arranhão profundo naquelas circunstâncias era o que eu não queria.

Levantei-me do beco com Alice nos braços e sorrateiramente fui caminhando pelas ruas. Um guarda ali, outro aqui, mas nada de preocupante. Nada como as sombras não pudessem cobrir-me. Alice, sonolenta, dormia em meus braços. Ela não faria barulhos, então tudo dependeria de mim. Em uma das ruas, avistei uma coisa que eu sempre tive vontade de ver: o Obelisco Espacial (Space Needle) de Seattle. Como um apaixonado em astronomia, era um sonho visita-lo. Se eu encontrasse alguém do governo, perguntar-lhe-ei se aquela parte de cidade era acessível. E como sempre, evitei os “guardas”, pois eles não eram guardas. Mesmo aspecto dos outros: sem uniforme, usando roupas casuais.

Uma coisa me surpreendeu. Eu já estava bem dentro da cidade, na 22ª avenida, Quando perto de uma casa comum como as outras, saiu um dos militares. Escondi-me atrás de um arbusto de uma casa próxima, do outro lado da rua de onde estava ocorrendo a ação. Primeiro, ele acenou com a mão para alguém, e depois entrou novamente. Segundos depois, uma garota, sim, uma garota, foi jogada para fora da casa puxada pelos cabelos e a coronhadas de uma SIG SG 552. Pouco a pouco, 4 garotas, dentre elas mais 1 loira, 1 negra e 1 branca de cabelos escuros foram tendo o mesmo destino de dentro da casa. No total, haviam 4 garotas: 2 loiras, 1 negra e 1 a branca dos cabelos pretos. Todas elas não aparentavam ter mais de 25 anos. O soldado mandou-as colocar a mão na cabeça e apontou a arma para elas. Com uma corda bem grossa, amarrou as mãos de todas elas e amordaçou-as com uma fita acinzentada. O que elas fizeram para merecer tal castigo? Depois de acabar de amordaçá-las, levantou-se e procurou seu rádio no bolso. Começou a falar:

- Aqui é Delta Bravo 1, as encomendas já foram adquiridas, mande o transporte. – E alguns grunhidos de resposta saíram do rádio. Irreconhecíveis á distância que eu estava. Ele parou por um instante e desligou o rádio. Olhou para as garotas e começou a falar:

- É uma pena que a gente tenha que desperdiçar todas vocês, seriam bons passatempo. Mas ordem do chefe é ordem, não posso descumprir. – E centralizou sua visão para uma das loiras – Porém isso não me impede de me divertir enquanto o encarregado não esta aqui. – E com uma risada maliciosa, sentou na frente dela. A garota começou a chorar instintivamente. O jagunço passava a mão no busto da garota, freneticamente, com uma expressão de psicopatia no rosto. Começou a rasgar a roupa dela pela gola e quando ele achou que estava bom, tirou o sutiã dela. As outras garotas, revoltadas, também choravam mas preferiam não presenciar aquela cena e abaixaram a cabeça, fechando os olhos. Enquanto eu via aquela cena, o ódio tomava conta de minha parte humana. Se eu fosse movido pela parte inumana, provavelmente deixaria Alice ali e tentaria matar aquele cão. Mesmo odiando violência, aquele caso era extremo; impossível de suportar. Mas logo o “encarregado” chegaria e a farra acabaria. Mas jurei para mim que mais cedo ou mais tarde, ele teria um fim bem mais terrível do que o da garota. O homem, com a cabeça enfiada entre a roupa e o corpo seminu da garota, remexendo-se a toda hora, saiu dali e delicadamente colocou o sutiã no lugar. Mandou-a levantar, e mesmo sem querer e com uma expressão de horror na cara, ela teve de fazer, pois a SIG estava apontada para sua face. O assassino guardou a arma e começou a abrir o zíper da calça dela. Não, aquilo eu me recusava a ver. E a deixar. Sequestrar uma garota e amarrá-la, assediá-la e estuprá-la a céu aberto, ainda com presença, e mediante a força letal? Aquilo era contra a minha ideia de civilização. Eu já estava preparando meu melhor soco, quando um ruído na esquina surgiu. Assim como um carro bem forte; uma caminhonete. Uma Ford Ranger 2011 com capota aberta, e como de costume, com uma arma estacionária e um homem manejando-a.

- Que pena! Meu parceiro chegou – disse ele fechando o zíper da calça, mas depois de afagar a roupa íntima da mulher e passar pelo busto pela última vez. – Se não teríamos uma longa noite pela frente...

O próprio motorista saiu do carro, e o soldado falou:

- Comandante. – Acenando com a mão na cabeça em sentido de respeito. O comandante consentiu com um “Soldado” e começou a falar:

- São essas as desaparecidas?

- São sim senhor. Estão todas aí.

- Então não vamos perder tempo. Embarque-as. E tire essas amarr... – O comandante parou por um tempo e começou a gritar:

- Soldado, você tocou numa delas não foi?

- Não senhor!

- Não minta para mim! – Respondeu o comandante, ofegante.

- Não senhor!

- Você sabe o que acontece com quem mente... – Completou ele.

- Tudo bem, toquei senhor! Mas prometo que não foi nada de mais, é que eu sou homem, apenas isso. Assim como o senhor, cer... – Ele foi interrompido pelo maior tapa que provavelmente já tivesse tomado. O comandante falou:

- Seu filho da puta! O Magnífico falou que não podíamos tocar em ninguém, senão nós seriamos fracos que nem eles. Não sei se te mato ou te deixo aos mordedores! – As garotas nesse instante riram, de forma controlada para eles não perceberem. Até a que foi assediada riu. O comandante falou:

- Vamos logo e pare com essa covardia. Faça o que eu mandei; e talvez você se salve.

- Sim senhor!

O soldado começou a desamarrá-las uma a uma, até que chegou a vez da loira. Quando ele tirou a mordaça de sua boca, a garota cuspiu em seu rosto. O soldado mugiu de raiva e virou um tapa na cara da garota, que caiu. O comandante virou e chamou por seu nome. Quando o tal virou, uma bala explodiu seu crânio e ele caiu duro sem vida no chão. O tiro sibilou pela cidade toda. O comandante falou:

- Fraco. Não consegue ver um rabo-de-saia que já esperneia. Um tipo desses só traria problema. Vamos indo, os mordedores tomarão conta do resto agora. – E indo em direção ao corpo do homem morto, recolheu suas armas. Ele gentilmente abriu a porta da SUV para elas, fechou-a e assumiu a direção. Talvez porque provavelmente seriam os últimos minutos de vida delas. Depois de tais acontecimentos que me deixaram chocados, vi a SUV ir indo em direção contrária a minha. Quando estava fora de vista, fui junto ao corpo do homem e procurei por qualquer coisa. Ele não tinha deixado nada, nem mesmo algum colete ou casaco. Armas? Nada. Segui meu caminho.

Continuei andando com muita cautela pelas ruas. Surpreendentemente, em uma rua qualquer pude encontrar um mordedor sem rumo, caminhando. Pouco tempo depois, ele foi abatido por um tiro vindo de uma rua do lado a que ele estava. Aquilo me alertou: se ali era um centro de refugiados, não poderia haver mordedores certo? E o outro fato é que haviam guardas ali. Voltei e entrei por outra rua. Continuei andando alguns minutos pelas ruas, até que cheguei a um grande parque. Fui indo em seu centro e demorei cerca de 7 minutos até encontrar a praça do parque, até que avistei uma bica de água. Corri até ela e tentei achar água corrente. Por sorte, ainda havia água ali e tomei até sufocar. Depois de hidratado, sai do parque e na mesma rua de acesso á ele vi uma enorme construção. Não sabia o que era aquilo, mas entraria. Parecia-me uma grande fábrica ou coisa parecida. O que mais me chamou a atenção foi um grande letreiro apagado, escrito alguma coisa como Re..g.e C..nt..

Procurei apontar minha lanterna e apontei para lá. Cai de joelhos quando li Reefuge Center. Finalmente eu tinha chegado á minha salvação. Que por sinal estava bem silenciosa, não?

Era um grande complexo pelo visto. Bati 2 vezes na porta de metal. Sem resposta. Bati outras vezes, também não obtive êxito. Por fim, dei um chute na porta para alertar qualquer coisa que estivesse ali, mas nada veio ao meu encontro. Ora bolas, por quê? Percebi que ela parecia estranha, então rodei a maçaneta e pude ver o brilho de uma luz salvadora. Adentrei e fechei a porta rapidamente, mas para minha surpresa vivalma ali não existia. Um enorme corredor fazia o complexo, com diversas salas. Todas estavam com as portas semiabertas. Entrei na primeira porta á esquerda e ali avistei alguns materiais empilhados. O que seria aquilo? Liguei minha lanterna e apontei: 1 pilha de corpos de pessoas, 1 pilha de corpos de mordedores, e 1 pilha de corpos queimados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Los Desperados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.