Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 6
Onde os fracos não tem vez


Notas iniciais do capítulo

Obrigado de novo á BelleGrayStone pelo incentivo que ela tem me dado para continuar a escrever essa história! E para o Victor Slytherin Potter que favoritou a história, primeiro favorito!
Capítulo mais curto, mas com as mesmas emoções. Boa leitura!



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Fui acordado por um barulho estranho. A distancia pude ouvir um ruído. Meu deus, quantos ruídos diariamente! Não eram ruídos de helicóptero, se pareciam mais com carros. Um comboio deles. A princípio, por preguiça, não me levantei. Fiquei deitado na cama, estirado. Quando o tal ruído vinha se aproximando, abri uma pequena parte da janela, que era de cortina e espiei pela janela da frente do meu quarto, que dava visão a rua. O comboio ainda estava longe. Pude vê-lo à distância, indo sentido a casa que eu estava, como se estivessem rumando para Seattle. Seria um grupo de sobreviventes? Fiquei alegre por um instante, e um sorriso instantaneamente se formou em meu rosto. Ele foi substituído por uma expressão de dúvida quando pude claramente ver carros blindados. Seria um esquadrão do exército ou os assassinos. Meu deus, o que queriam os tais assassinos? Porque matavam pessoas inocentes? A expressão, de dúvida, agora era de pavor. Sim, eram eles. Pude distinguir até o “líder” deles, no banco do carona, á distância. Uma pena que tive de sair às pressas, sem poder pegar meu telescópio! Espero que o bendito ainda esteja na mesa lá de casa. Não sei nem se um dia vou voltar lá. Sim, tinha de esquecer. Esquecer todas as memórias do passado, esquecer que um dia o mundo já foi, ou parecia perfeito. Eles iam rumando e passaram pela casa, despercebidos. Não tirei os olhos dos carros, até que mais ou menos 200 metros o comboio parou. De lá, vi o capitão falar algumas coisas, e depois vi um dos jagunços, que carregava uma FAD, rumar até em casa. Devem estar se perguntando porque eu, que era pacifista, sabia nomes de armas. Eu era pacifista, mas adorava a Segunda Guerra Mundial e sempre fui influenciado pela família. Meu pai já havia me contado que meu tataravô tinha lutado nela, mas nunca se aprofundou. E em meu XBOX, eu apenas jogava jogos de tiros, praticamente.

O subordinado chegou até o meio fio da pista e olhou para a Dakota que eu havia roubado, parada em frente á porta. De lá, fez sinais para o comandante, que acenou um “sim” com a cabeça. Do comboio do comandante, pude ver o tal franco-atirador que havia quase acertado minha orelha. Vi o tal apontando para a janela que eu estava espreitando, e senti medo. Mas não podia sair dali. Ele abaixou o rifle e continuei olhando para o soldado dentro do meu carro.

Ele saiu de lá com, justamente, uma das minhas mochilas de comida reservas. Estranhou e apontou para o comandante. O comandante mandou um carro até lá e ficou esperando. Outro desceu, e pegou a minha bolsa. Deu algumas ordens para o jagunço ali, e pude vê-lo entregando ao outro uma faca de caça, que parecia afiada. Enquanto o carro dava ré, pude vê-lo furando os 4 pneus do meu carro, e abrindo o capô. Lá, ele cortou qualquer mangueira que eu não sabia qual era e guardou a faca no coldre da cintura. Então empunhou a arma e carregou-a. Estremeci. Veio vindo em direção á porta da casa. Nisso, corri para um armário estilo closet que estava em meu quarto. A porta do quarto estava aberta, mas não podia fazer nada. Na verdade, era até melhor. Ouvi a porta sendo chutada: sim, ele estava lá. Agora, pensei em toda a minha vida e no que eu fizera de bom e o que não fizera, e na verdade não me arrependi de nada. Se ele tentasse abrir o armário, chutaria a porta e jogaria Alice na cama. Eu morreria, mas ela continuaria viva, se eles não fossem tão ruins como achava.

Pude ouvi-lo lentamente abrir todos os armários e começar a subir a escada. Parou no meio fio, quando viu a porta dos 2 quartos aberta. Acho que isso foi um pretexto para ele pensar que não houvesse ninguém ali. Mas e a comida? Aquilo era uma evidência. Ouvi-o ir até o quarto ao lado, e sair. Então ouvi a porta se abrir lentamente, e alguns passos no quarto. Ficou parado, ali. Depois saiu sem qualquer cautela, e não fechou a porta da frente. Sai do closet e voltei á janela. Pude vê-lo deixando a arma de lado, e pegando alguma coisa no coldre. Uma granada. Meu deus, eu estava literalmente morto agora. Vi-o apertando o gatilho, tirando o pino, e com um sorriso cínico no rosto, soltar o gatilho. Olho para a granada em suas mãos e jogou-a dentro da casa, depois correu sobre a SUV e se abaixou, tapando os ouvidos. Tapei os ouvidos de Alice com os dedos e naquela hora, olhei para a cruz de Cristo, e falei “amém”. Fechei os olhos, e 2 segundos depois a explosão. Ouvi barulho de madeira se esfarelando e vidros quebrando. O barulho foi tanto, e a explosão tão forte, que até a janela de meu quarto quebrou, espalhando pedaços de vidro por todo o lugar, que me cortaram. Pensando que o pior havia passando, 1 segundo depois um eco ensurdecedor, resultado de a casa não estar com ninguém dentro, consumiu meu tímpano. Fiquei desnorteado e tonto por um tempo, e caí ali mesmo. Vi algumas figuras se mexendo no quarto, alguns vultos. Não sabia distinguir se eles eram reais ou não. Os vultos desceram as escadas e desapareceram. Fiquei ali agonizando, até que Alice começou a chorar. Isso me fez “retomar” a consciência e tapar muito depressa a boca dela. Ela continuava chorando, porém agora não poderia fazer nenhum barulho. Olhei pela janela, e o carrasco, antes indo em direção aos carros, agora parou com uma cara de desconfiança. Teria ele ouvido minha irmã chorar? Ele fez um sinal, e á distância vi o franco-atirador mirar na janela de novo. Na hora, me abaixei e fiquei ali parado, detrás da cortina. Fui para o canto do quarto e olhei bem na fresta. O franco-atirador fez um sinal de “ok” com a cabeça e o carrasco voltou ao carro. Pouco depois, nem mesmo o barulho do motor deles podia ser ouvido.

O que tinha acontecido, afinal? Estava me perguntando até agora. Porque eles faziam isso com qualquer pessoa que achavam? Não era mais fácil levá-las para seu grupo de sobreviventes, se é que eles tinham, ou até mesmo fazê-las de escravas? Fui junto à bíblia e à cruz de Cristo, e comecei a rezar um “pai nosso” e uma “ave-maria”, e agradeci ao bom Deus que tivesse me protegido nessa hora aflita. O mundo estava repleto de loucos, percebi. E não só zumbificados, mas humanos também. Coloquei Alice em meu colo, ainda chorando. Não sabia se a explosão havia afetado seus ouvidos. Nanei um pouco com ela, até que dormiu. Decidi descer as escadas e perceber o estrago. Os zumbis tomariam conta daquele lugar, isso era fato. O barulho atrairia hordas e hordas, que agora se intensificavam, nos primeiros dias desse apocalipse.

Quando cheguei à sala, pude ver que os móveis e equipamentos eletrônicos já não mais existiam, assim como minha bolsa de mantimentos, os armários foram destroçados, uma pilastra de madeira da frente da casa que sustentava a pequena varanda tinha cedido, e a escada ficou impossibilitada em alguns degraus. E meu celular? Meu celular! Estava dentro do carro, mas se eu tivesse sorte ele ainda estaria lá. Corri para a SUV, e encontrei o mesmo caído no banco de trás. Por sorte, o assassino não o viu. Se visse, provavelmente estaria mais certo de que havia alguém na casa do que antes. Procurei qualquer outra coisa na SUV que me servisse, como alimentos e roupas. Não achei nada. Ali, sentado no banco do carro, Liguei meu celular para ver se ainda havia sinal da operadora, mas não encontrei. Como encontraria, também? A luz acabara não existiam mais fontes. A bateria do celular estava em 19%. Logo, acabaria e eu perdê-lo-ia para sempre. Entrei na casa devastada de novo e entrei em todos os cômodos que não tinham sido reduzidos á nada. Primeiro fui ao quarto que estava, e em uma das gavetas achei uma lanterna nova, semelhante àquela que eu possuía a base de dínamo. Entrei agora no quarto do casal, e não encontrei nada de útil. Na cozinha, agora esfarelada, um dos armários que não foram totalmente destruídos contavam com 2 pacotes de biscoitos de água e sal, e uma garrafa de água. Previ que agora, aquela seria minha alimentação, e toda aquela comida que roubei na mercearia foi jogada fora. E Alice? Teria de se virar com aquilo também. Na geladeira, que foi levemente danificada na porta, encontrei uma bandeja de salame e um pote de requeijão.

O problema de comida estava levemente sanado, porém e como eu carregaria Alice? Voltei ao quarto do casal e procurei nos armários de novo, mas agora mais profundamente. O que encontrei, foi uma mochila de alça transversal, onde os bolsos ficam atrás. Um deles era bem grande. Ali seria o refúgio de Alice, contra todos esses males. Peguei-a pelo colo e tentei “encaixá-la” naquela mochila. Quando ficou bom, coloquei-a nas costas e pela primeira vez, senti dor nas costas. Sim, pois eu carregava Alice desde o início do apocalipse e nunca descansei apropriadamente. Mas, seriamente, eu não me importava. Ela era minha única família, então perdê-la seria praticamente perder minha humanidade. Peguei a comida que achei e coloquei nos bolsos restantes da mochila, e saí da casa. Fui até a SUV e fiz uma ligação direta. A princípio estava tudo certo, mesmo com o capô aberto. Desci do carro e fui fechar o capô para tentar seguir viagem, mesmo com os pneus furados. Não haveria tráfego, então indo lentamente seria uma boa opção. Quando cheguei perto de lá, pude ver uma fumaça estranha, que parecia vapor de água misturado com qualquer outra coisa que não sabia identificar. Depois de alguns segundos tentando solucionar isso, o carro morreu. Voltei dentro dele e fiz outra ligação direta. Funcionou também, mas morreu no mesmo instante. E a fumaça não parava de sair. Com medo, decidi sair dali correndo. Minha intuição dizia que algo horrível estava prestes á ocorrer. E foi o que aconteceu. Já na pista, depois de mais ou menos 50 metros que corri, o carro explodiu. Sim, explodiu. Foi ai que percebi que provavelmente eles haviam cortado a mangueira do radiador, ou qualquer outro lugar ligado á refrigeração. Aquilo era meu álibi. Saí correndo sem olhar para trás.

Estava ficando de noite. Liguei meu celular para ver a hora exata, e estava em torno do começo das 5 horas. Eu deveria encontrar qualquer outra casa, ou pelo menos um carro que me desse abrigo. Continuei correndo sem olhar para trás, e na mata fechada que rodeava a rodovia, pude ver alguns descerebrados que vinham atrás de mim, por impulso. Foi quando, numa curva meio fechada, pude avistar uma fileira enorme de carros parados. Sem ninguém, óbvio. Praticamente um cemitério de carros á céu aberto, que foram abandonados repentinamente. Seria minha salvação? Corri para o meio deles, e procurei subir em um. Do teto do mesmo, pude ver uma fila interminável de carros, que não pude avistar o fim no horizonte.

Fiquei procurando por um bom tempo, um carro com vidros abertos. Na maioria dos carros que eu passava, havia ocupantes mortos dentro, com tiros em suas cabeças, mas ainda sendo humanos. Em outro, vi um dos monstros morto e caído junto á uma pessoa, também morta. Uma cena que me intrigou foi uma criança que eu julgava ter no máximo 9 anos, mutilada no banco traseiro de uma BMW 325i modelo 95 em perfeito estado. No que vi a cena, virei o rosto e fechei os olhos, desejando nunca ter visto aquilo. Passei reto sem olhar para trás. Fui achar o “meu” carro depois de mais de 20 minutos procurando por ele.

Adentrei o mesmo e tranquei todas as portas, e coloquei Alice no passageiro. Peguei uma das bolachas e comecei a comer. Depois de comer mais ou menos 3 bolachas e 1 fatia do queijo, que seria o meu jantar por hoje, peguei também um pouco da água e despejei um pouco em minha boca. Foi quando, no pôr-do-sol, ouvi alguns grunhidos. Amoleci no banco do carro. Levantei-me um pouco e tentei ver o que estava vindo. Não 1, não 2, não 5, não 10. Nem 100, 200. E sim, a minha morte. A maior horda que eu já tinha visto. Enquanto a água da garrafa, caia, eu me estremecia. 


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Notas finais do capítulo

Só pra avisar, decidi que todo capítulo novo será de segunda e quinta, então fiquem ligados



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