Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 3
Condenados


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco para postar, pois ocorreu alguns imprevistos. Bom, eu não tenho nenhum leitor ainda, pelo menos não assinante, mais eu não ligo! Vou postar até acabar.
Boa Leitura!



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Deixei meus ânimos e músculos se acalmarem para pensar no que faria agora. Estava em meio á uma pilha de lixo, que até então não fedia á nada. Então, quando meu coração começou a bater fraco, percebi o horrível cheiro daquilo. Quase cheguei a ponto de vomitar, porém me segurei. Não sabia se estava seguro para ir fora, mesmo que não houvesse mais nenhum grunhido, e como estava com fome, resolvi comer ali mesmo. Seria difícil, sim, mas não impossível. Liguei a lanterna e comecei a abrir a mochila. Foi quando Alice começou a chorar. Peguei a no colo e comecei a cantar a “clássica” música de nanar:

– Nana, neném, que a cuca vai pegar...

Enquanto cantava e a balançava carinhosamente, fui vendo o que havia dentro da sacola. Achei um pacote de bolachas com recheio, e fiquei fitando-o, até Alice para de chorar e dormir. Provavelmente minha princesinha estava com fome, mas não podia fazer-lhe nada ainda; ela não comeria os alimentos que eu dispunha. Abri o pacote de bolachas e comi algumas, apenas para realmente matar a fome, não para ficar cheio. Racionar comida, agora era essencial, para não fazer visitas aos supermercados frequentemente. Tomei um gole d’água de uma garrafa que achei na casa e parei um pouco. Decidi refletir tudo que já havia acontecido. Desde que tudo começou, passaram-se mais ou menos 1 dia e meio se não me engano. E eu estava morto de cansado. Decidi tirar alguns minutos de soneca. Sim... Alguns minutos...

14 horas depois...

Acordei... Finalmente... Meu deus, que horas são? Liguei meu celular para checar, já que era a única forma de saber. 6 e 30 da tarde. Meu deus, não! Como sairia dali agora? E Alice me acordou, chorando. Mesmo sonolento, peguei-a no colo de novo e cantei a música. Depois de alguns minutos (sim, ela estava muito mais aflita), ela parou. Ela estava sim com fome, então peguei um pouco do leite e fui despejando em sua boca, porém em minúsculas quantidades. Quando vi que estava satisfeita, parei. Nisso, abri a porta da lata de lixo, e olhei para o céu. Noite. Ótimo. Teria que passar outra ali mesmo. Peguei meu celular e tentei encontrar alguma rede sem fio. Sem êxito. Liguei-me a rede móvel, e para minha surpresa... Triiiiim! Uma nova mensagem!

Sem hesitar, abri a mensagem. Era de Nat. Meu deus, ela ainda estava viva? A mensagem dizia: “Nik, não sei se você ainda está vivo, se pode ler esta mensagem, se você está aqui na cidade ainda, se foi para o centro de refugiados de Seattle. A única coisa que eu quero que saiba é que eu te amo muito e sempre vou te amar! Qualquer coisa que aconteça comigo, eu ainda te amarei. Cuide-se Nik, e muito bem! Do amor da sua vida.”

Isso reacendeu uma chama em meu coração. Aquela mesma que aparecia nos momentos mais íntimos com ela. E nisso, eu tive uma esperança. Esperança de que, algo ainda daria certo. Foi quando ouvi tiros. Tiros? Sim, tiros! Eu era um pacifista, nunca gostei de armas. Mas tiros naquelas circunstâncias eram ótimos. E meu instinto humano falou mais alto ao do protetor. Peguei a cadeirinha de Alice e a mochila e saí do beco sem saída, voltando ao beco dos mordedores. Agora, sem eles, todos atraídos pelos tiros. Fui me esgueirando até a esquina do beco, onde puder ver 12 homens fortemente armados em cima de jeeps e caminhonetes, de fuzis automáticos e rifles com lunetas, aniquilando alguns dos demônios. E eles não paravam de atirar. Quando se acabou os tiros e eles estavam se recolhendo, me precipitei e quase fui ao encontro deles, só não o fiz, pois vi um casal e duas crianças, uma de meia idade e uma que eu julgava ter 5 anos no máximo, saírem de uma moita e se aproximarem do carro. Gritaram com alegria e perseverança, pedindo por salvação. O maior de todos, que se parecia com aqueles gladiadores romanos falou para ficarem onde estavam e que levantassem as mãos. A família assentiu, e os mesmos fizeram. O brutamontes perguntou se eles tinham armas, e quando disseram que não, ele simplesmente pegou sua M240 e assassinou todos eles, inclusive as crianças. Quando vi a cena, minhas pernas tremeram e eu caí. Notei que um deles percebeu o barulho feito por mim, mas eu já estava nas sombras e por lá ficaria. Da sombra, observei todo o movimento. O brutamontes desceu da caminhonete e foi aos corpos, brutalmente sem vida. Chutou todos eles, para se certificar de que morreram. Quando teve certeza, mandou todos subirem e falou:

– Vamos rodar, antes que mais deles venham. Quero economizar balas.

E pouco a pouco os carros foram sumindo na nebulosa noite. Meu deus, eu ainda pensava o que estava acontecendo. Não era mais fácil ajudar aquela família pobre e indefesa? Porque ele matara todos eles? Aproximei-me dos corpos e olhei para cada um. Todos eles morreram sorrindo, como se esperassem algo bom. E agora, estavam no paraíso. Um sentimento de raiva tomou conta de mim, assim como de angústia e pena. Mas eu teria de sair dali, os mordedores seriam atraídos. Porém antes disso, voltei ao beco e coloquei Alice do lado da lata de lixo, e voltei á rua. Antes que qualquer mordedor pudesse me achar, arrastei os 4 corpos e coloquei-os na lata de lixo com cuidando, um abraçando o outro., para que nenhuma besta alcançasse-os e devorassem sua carne. Não podia os enterrar, mas sentia que aquilo, que era o máximo que eu poderia fazer era na verdade o certo.

Voltei ao meio da rua que já estava um pouco infestada de zumbis, que por causa da alta neblina não me perceberam. A família deixou cair suas bolsas quando foram atingidas pelos tiros. Recolhi todas elas e levei-as de volta para o beco. Comecei a abri-las e verificar o que havia dentro. Na maior e na média, que deduzi ser do pai e da mãe, havia montes de comida enlatada e não perecíveis, além de uma lanterna, algumas roupas e fotos de família. Para completar toda a carga, produtos de limpeza pessoal e cosméticos, e 2 cobertores médios. Na bolsa das crianças, montes de brinquedos e algumas roupas, além de biscoitos de chocolates recheados. Decidi recolher toda a comida, a lanterna, uma escova de dentes nova, ainda na caixa, e uma pasta de dentes na metade, já que infelizmente eles não usariam mais, e as bolsas que me serviriam bem. Coloquei tudo que recolhi em minha bolsa maior adquirida anteriormente. Deixei 1 dos cobertores para fora, para usá-lo durante a noite. Eu planejara não sair dali, e era o que eu faria. Por fim, coloquei todas as fotos da família na lata do lixo que serviria como cova, e fechei-a com a tranca, para ninguém, mas ninguém mesmo, nunca mais perturbar aquela família. Enquanto fazia tudo isso, me lembrei da cena do fuzilamento. Então, a anarquia agora reina no mundo? Era o que parecia. Nem a doutrina de Marx havia prevalecido; ninguém dividia nada com ninguém, todos queriam para si mesmo.

Antes do meu próximo ato, pensei no que faria. Onde eu estaria? Liguei meu celular de novo e abri o aplicativo de latitude. Estava indicando que eu estava na Rua James Patterson. Coloquei a rua de casa como ponto de chegada, e indicava 1 quilômetro e meio. 1 quilômetro? Meu deus, então eu andei tanto assim a pé? Pois na noite em que tudo começou, eu andara no máximo 500 metros até capotar. Voltaria para casa, essa isso que faria. Para ver se meus pais ainda estão vivos, para ver se a vida recomeçaria e isso tudo seria um pesadelo. Meus pais. Fazia mais de 2 dias que não falava com eles. Teria de voltar para lá. Porém, não de noite. E não poderia dormir naquele beco; rapidamente os mordedores seriam atraídos. Olhei em volta e achei uma porta, daquelas de restaurante. Olhei pela fechadura e não havia mordedores. Entrei sem fazer barulho e tranquei a porta com algumas caixas que encontrei. Olhei em volta, era uma cozinha. Só havia 1 única porta além da qual eu entrei. Olhei pela fechadura novamente; era o salão. Infestado de zumbis. Felizmente estava trancado com todas as fechaduras, mas para reforçar ainda coloquei mais caixas. Coloquei o banquinho de Alice no chão e estirei-me sobre o mesmo, colocando o cobertor em cima de mim e dela. Antes de desligar meu celular, coloquei despertador para as 6 da manhã, porém colei o celular ao meu ouvido e coloquei baixinho, para que Alice não acordasse assustada e atraísse mordedores. Então me ajeitei e dormi sobre meus próprios braços, na minha primeira noite de sono calma.

Aproximadamente 7 horas depois...

Acordei. Acordei revigorado. Agora sim, estava pronto para tudo que viesse. Minhas pernas já não mais doíam e meus olhos não pesavam. Acordei feliz, também. Feliz? Como, em meio á esse condenação de Atlas? Eu sonhara com tudo dando certo. No começo do sonho, eu era pequeno e encontrei meus pais, que me chamavam por Nik. Eles me levaram á um campo florido, onde brincavam de esconde-esconde comigo. No final, eles me levaram á uma cesta de piquenique repleta de guloseimas. Depois, tive um pulo do sonho. O mesmo campo florido, porém eu era adulto. E quem estava ao meu lado era Natalie. Nós éramos os pais da vez. E chamávamos o nosso filho. Aconteceu tudo do jeito que sonhei com meus pais. Porém, quando Natalie foi pronunciar o apelido do nome de nosso filho, o sonho acabou. Pena. Queria saber, pois na certa se algum dia eu tiver um filho, daria o nome do mesmo.

Acordei eletrizado. Preparei o café da manhã de Alice (que era na base do leite, mesmo sem saber se faria mal ou não) esquentando por uma brecha de sol de uma janela, e dessa vez variei no cardápio: comi algumas batatas chips, e tomei um gole de suco que achei na bolsa da família da noite passada.

Depois que Alice terminou, abri um pouco da torneira que havia água corrente; Lavei a garrafinha de Alice, e escovei meus dentes. Também passei de leve nos dentes de Alice, mas sem pasta. Quando acabei, coloquei tudo de volta na mochila. Como não seria viável carregar Alice e o banquinho no colo, improvisei com o zíper, o ferro do banco e muita força no braço, um suporte, de modo que ele não caísse. Abri a porta lentamente. Fui-me de novo, ao encontro do novíssimo mundo. O beco em que eu estava não havia mordedores, porém o beco maior que dava entrada para duas ruas havia um deles caído. Não o alertei, e continuei pela rua onde a família não tinha sido morta; a rua paralela ao massacre. Eu estava mais confiante e decidi achar um carro. Quando fui adentrando a rua, Alice começa a chorar. A rua, que estava infestada de mordedores, logo se alertou ao extremo. Logo vi um carro, um Crown Victoria 2002 meio sujo de barro, com a porta semiaberta. Tratei de correr antes que qualquer um deles me alcançasse. Quando fui entrando, percebi que havia um cadáver, ainda recente no banco. Joguei-o para fora numa rapidez que adquiri nessas últimas horas e me tranquei dentro do carro. O cadáver, com um tiro na cabeça, ainda havia sangue quente. Serviria de atraso para os zumbis, que se lançaram ao vê-lo. Enquanto isso, Alguns deles se posicionaram á frente do carro e nas janelas, porém estavam todas fechadas e as portas trancadas. Tratei de botar Alice no passageiro e procurar a chave. Era costume de moradores da nossa cidade, esconder a chave em alguma parte do carro. Procurei-a por minutos, e quase enlouqueci, pensando que tinha me colocado numa enrascada. Porém, pensei positivo, pensando que meus pais ainda estivessem vivos, assim como Natalie. Acabei encontrando a chave do carro no para-sol do carro, no lado do passageiro. Tratei de ligar o carro apressadamente, que estava com a gasolina na metade e me mandar dali. A partida foi difícil para o carro, com tanto peso de zumbis em cima dele. Mas logo todos penderam para o lado e eu disparei. Tratei de ficar calmo agora, já que não haveria mais carros nas ruas. E a cada rua que passava mais e mais zumbis. Verifiquei se o rádio do carro pegava; não o rádio em si, mas o toca-discos estava perfeito. Enquanto dirigia, procurava algum CD. Encontrei o álbum L.A Woman do The Doors, uma das minhas bandas preferidas. Coloquei a faixa Riders on the Storm e deixei-me levar daquela tempestade que se formava no mundo...

20 minutos depois...

Não estacionaria o carro perto de casa. Felizmente, minha rua continha poucos mordedores. Tratei de colocar o carro á uns 300 metros, e o resto corri, a pé. Chegando em casa, olhei para a garagem; destruída. Entrei em casa e tranquei todas as portas e fechei as janelas com as venezianas, só deixei as do segundo andar abertas. Não havia grunhidos, apenas fora da casa, então minha casa estava intacta. Voltei ao térreo e me deparei com uma cena estranha. 2 bolsas e 1 mala de viagem, em cima do centro perto da TV. Meu coração se apertou. Junto, havia uma nota. Comecei a ler:

“Nik, aqui é a mamãe. Se você estiver lendo isso aqui, não se preocupe comigo e com seu pai! Nós estamos em um lugar melhor agora. O mundo virou um inferno desde que começou, e acho que você sabe o que eles são. Você sempre foi esperto, meu filho. Agora, você fugiu daqui. Se algum dia voltar, por favor, leia isso e leve tudo que deixei nessa mala, e vá embora para o centro de refugiados com sua irmã. O mundo não é mais como agora, Nik. Pegue algum carro, na rua mesmo, e vá. Não se preocupe com nós ou com amigos, o que importa agora é sua própria vida. Não se esqueça que eu e papai te amamos e sempre te amaremos.

Com amor, mamãe.

P.S: Por favor, se alguém encontrar isso antes de meu filho, levem tudo o que estiver na casa, porém deixe essas malas e a nota na mesa! É a palavra de uma mãe aflita, escrita nessa carta.”

Cai no chão e comecei a chorar. Eu estava acabado.


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Notas finais do capítulo

o próximo capítulo vai ser muito melancólico e ele vai começar a ver o mundo com uma cara diferente, então espero que quem leia (se tiver alguém lendo, pq né 0 leitores -.-) esteja empolgado! até



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