Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 19
Conflitos


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse capítulo não é como o anterior, mas eu achei bom... não tive muita criatividade, mas esse aqui é essencial pro Nikolai, com certeza. E pra quem ta perguntando, eu já sei como vai ser o final da história! Não vai ser agora, nem nos próximos, e eu vou criar mais alguns... Vai ser surpreendente, vocês vão ver!
Acho que depois, preciso de algumas semanas pra criatividade entrar na cabeça e se eu conseguir, eu continuo na segunda temporada!
Por agora, boa leitura!



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O começo do dia já não foi dos melhores. Por volta das 04h30min da manhã, quando a noite ainda era noite, ouvi um barulho que me alertou. Abri os olhos rapidamente, mas sem procurar me mover. Natalie dormia fazendo de meu peitoral seu travesseiro, mas tentei não acordá-la. Tirei suas mãos e repousei sua cabeça de volta ao travesseiro, o de algodão, claro. Apanhei a arma no criado mudo e fui em direção á janela. As cortinas estavam estiradas, mas qualquer movimento poderia denunciar minha posição. Abri apenas uma parte com cuidado para que pudessem caber meus olhos e observei. Havia 2 pessoas, que naquela escuridão não pude discernir se eram homens ou mulheres. Continuei a observar, até que pude vê-los atravessando a rua deserta e indo em direção á minha casa. Gelei, e ainda de sobra meu coração bateu mais forte.

Sorrateiramente, fui descendo as escadas. Quando estava na metade da sala, pude ouvir os indivíduos tentando abrir minha porta. Com certeza eles sabiam que havia alguém morando ali. A cerca denunciava tudo, era muito óbvio. Por sorte eles não viram a Aventador na casa do outro lado da rua. Aproximei-me da barricada que havia desde o dia em que voltara de Seattle e ali me apoiei com a arma apontada para a porta. Não hesitaria em atirar nos invasores.

Embora estivesse com medo, tentei manter a calma na maior parte do tempo. Respirei fundo para voltar aos batimentos normais, e segurei a arma com a maior firmeza que já tive. No entanto, depois de tentar girar a maçaneta mais de 10 vezes. Sem êxito, óbvio. Pude ouvir alguns passos se afastando da casa, assim fui perto da cortina das janelas da frente. Abri a cortina como no quarto e vi-os se afastarem de casa. Aliviado, suspirei e voltei ao quarto, mas com cautela, óbvio.

Deixei a arma no criado mudo mais uma vez e pela janela do quarto, observei-os atravessarem a rua. Sem mais nenhum perigo, deitei-me outra vez. Natalie percebeu e acordou, dizendo:

- Nik? Meu deus, que horas... – tapei sua boca com a mão e fiz um “sssh” com um dedo na boca para ela ficar em silêncio. Pude ver seu olhar de espantada com a minha reação, mas era necessário. Mandei-a ficar em silêncio e no quarto, nem tentar ao menos se levantar. Qualquer barulho poderia nos entregar. Olhei pela cortina e pude ver um deles tirando uma lanterna da mochila. Do tamanho que julguei, me parecia muito mais um refletor de 15 LEDs. Eles apontaram para minha janela e rapidamente eu me joguei no chão, mas sem bater no mesmo. Olhei para a cortina e para o resto do quarto; estavam iluminando o mesmo. Olhei para Natalie e sua expressão não era mais de surpresa, mas sim de espanto. A luz perdurou por alguns segundos, mas não durou muito. Natalie gesticulava para mim, a fim de entender a situação, mas não conseguia responder nada com nexo. Depois que a luz foi embora, olhei pela fresta da janela e pude ouvi-los sussurrar:

- Ouvi a voz de alguém cara! – Era o maior que falou. Percebi que era um grupo de apenas 2 pessoas, e pareciam agora, 2 homens.

- Não tinha ninguém, essa casa tá abandonada. Será que é tão burro assim?

- Eu vi a cortina se mexer também.

- Olha o vento que tá hoje seu burro – e realmente, estava ventando, muito. Mas como o vento vinha do sul, minha cortina não era afetada. Felizmente, tais indivíduos não pensaram na direção do mesmo, e saíram despercebidos – Vamos, temos que encontrar um lugar para passar a noite.

- E 2 cobertores também! Tô congelando.

Continuei observando-os, e mantive o sinal de silêncio para Natalie. Só voltei a andar normalmente quando eles viraram a esquina, bem longe, e partiram para o centro da cidade.

- O que foi Nik? – Ela me olhava assustada, enquanto falava.

- Não sei. Alguns caras apareceram por aí e tentaram abrir nossa casa. – Quando terminei de falar isso, vi suas pupilas ficarem dilatadas e ela soltar uma expressão de medo. Não a culpava. De dia, eu até sairia e tirava satisfação com aqueles andarilhos, mas de noite é tudo diferente. Pude sentir que ela tremia, então a abracei e ela se confortou.

- Tente dormir um pouco... Daqui a pouco, o sol volta e estaremos bem de novo. – Ponderei.

- Vê se você também dorme tá? – Ela respondeu. Seria inútil. Nada mais me faria dormir de novo naquela noite. Uma das mãos cobria o corpo de Natalie, outra cobria o gatilho da M1911 apoiada numa das pernas.

As 06h34min da manhã, o primeiro raio de sol perfurou a cortina, e as 07h17min da manhã, o quarto inteiro estava iluminado. Dei um beijo em Natalie e disse:

- Bom dia meu amor! – Mas ela não fez movimento. Só depois que abri as cortinas, ela acordou.

-Nik, que horas são? – e ligou seu celular – meu deus, 7 horas da manhã! Está louco?! Preciso dormir! Faz dias que não durmo numa cama!

- Tudo bem, estarei lá em baixo se precisar de mim, ok? – e sai do quarto, fechando a porta. Nesse momento, Alice começa a chorar. Repentinamente, Natalie abre a porta do quarto e exclama:

- Não dá para dormir com sua irmã chorando, e a gente sempre acordava até mais cedo para ir para escola. Vamos, te ajudo a alimentá-la – concluiu, ainda com pijama.

Alimentamo-la, e depois tomamos café da manhã. Como sempre, Natalie que fez a comida. Comemos ovos mexidos com suco de laranja, que ela preparou quando achou algumas frutas atrás de algumas panelas no armário de baixo da pia.

- Então Nik, quem era aquelas pessoas que você disse que tentaram entrar aqui ontem á noite?

- Para ser franco, não sei. Esse inferno está mexendo com a minha cabeça, tanto é que estou mais sensível para escutar barulhos. Acordei com um barulho mínimo e fui checar a janela. Vi eles dois vindo em direção a porta, então peguei a arma e desci as escadas. Quando eles se afastaram, eu voltei, ai você acordou e o resto você sabe...

- Sim, mas você conhecia aquelas pessoas?

- Não me aparentava ser conhecidos... Se eram, não reconheci a voz. Provavelmente não.

- Tudo bem, mas não fique espreitando na janela á noite, ok? Não queremos ser descobertos. – Acrescentou, ela. – Ah, será que você pode ir a algum mercado e buscar alguns rolos de papel higiênico, pastas de dentes e sabonetes? Estamos ficando sem.

- Sim, mas e a mercearia? Já acabou os de lá?

- Sim, acho que eu gastei tudo enquanto estava lá. Não sabia que ia te encontrar, Nik, então não fiz nenhum plano de guardar suprimentos.

- Tudo bem, não se preocupe, vou ao mercado aqui no bairro do lado. Deve ter alguns infectados lá, mas eu me viro. – Finalizei, já pegando a arma e colocando no coldre, assim como meu bastão de baseball e peguei a chave da Aventador estava em cima da mesa da sala. Subi aos quartos e peguei um mochilão, daqueles de viajem, e desci. – Vou agora, não quero deixar para muito tarde. Se ficar encurralado, precisarei de tempo para planejar qualquer saída.

- Não pense assim Nik! Tudo vai dar certo.

- É o que eu espero... Quando estiver saindo, te aviso. Preciso fazer outra coisa.

- Estarei no quarto ok? Preciso arrumá-lo. – E subiu as escadas. Fui até a imagem de Jesus Cristo junto com a bíblia e rezei um pouco para que me guiasse e cuidasse de mim. Fiquei ali por uns 3 minutos, até que chamei Natalie para abrir a porta.

- Cuide-se, meu amor! – ponderou com um tom de medo.

- Volto em breve, meu amor – e dei-lhe um beijo. Acho que tais palavras, “volto em breve” deu-lhe a certeza que aquele dia não seria meu último. Ela se tranquilizou um pouco, embora ainda tensa.

Rumei em direção á casa em que o carro estava estacionado. Entrei na casa com facilidade, pois tinha deixado a porta semiaberta, e abri a porta da garagem pelo acesso da casa. Abri a porta da garagem do acesso á rua e entrei no carro. Rapidamente tirei-o da garagem e fechei a mesma. Parti em direção ao mercado.

Cheguei em poucos minutos, acho que no máximo 7 ou 8. Era um carro rápido, e nas retas eu acelerava bastante, chegando até mesmo a 130 km/h. O mercado estava realmente mais “infestado” que a mercearia, mas até estacionar não tive problemas. Deixei o carro no ponto de sair e entrei no mercado.

Já na porta, tive que aniquilar dois mordedores. Não queria ficar por muito tempo ali, embora fosse necessário. Natalie disse que precisava de artigos de higiene, mas quem sabe eu não poderia arrumar alguma comida extra? Primeiramente, corri em volta de todo o mercado para contar quantos mordedores havia. Contei no mínimo uns 20. Bom, o mercado era grande, e os zumbis eram poucos. Seria muito mais fácil derrubá-los e assim fazer o trabalho mais rapidamente, não?

Isso que fiz, como na mercearia. Fiquei em um canto, e a cada vez, 2 ou 3 vinham para cima de mim. Fácil de matar, e logo vi uma pilha de corpos se formando no chão. Meus braços doíam de tanto fazer o movimento de rebater uma bola, mas dessa vez na cabeça de uma falecida (ou não?) pessoa que volta á vida. Acabei depois de ¼ de hora, ofegante. Sentei um pouco para descansar, ficar alguns minutos ali e retomar o fôlego. Então, tive uma surpresa. As luzes do mercado se acenderam! De momento, fiquei olhando com uma cara estranha fala a lâmpada sem entender aquilo. Será que a luz me fazia tanta falta assim? Depois de alguns segundos raciocinando... Mas é claro! Os geradores de todo o país tem um sistema de segurança. Se a luz cai por mais de 48 horas, ela liga automaticamente. Óbvio. Aquilo era realmente uma notícia boa. Peguei os suprimentos que precisava, e com as geladeiras de volta, fiz questão de pegar alguns refrigerantes e alguns carnes. Dariam bons sanduíches...

Voltei á Aventador rapidamente para dar a bela notícia para Natalie, embora ela provavelmente já tivesse percebido. Guardei o carro na garagem de costume e rumei em direção á minha casa. Logo enquanto atravessava a rua, percebi algo estranho. 2 zumbis na rua. Eles raramente apareciam por ali. Tratei de derrubá-los antes de entrar em casa. Então percebi que a porta de minha casa, antes branca, agora era manchada de sangue. Apunhalei a arma e fui entrando a casa, lentamente. Então, quando olhei para a sala, era tarde demais. Um tiro ecoa pelo nada da cidade fantasma e explode abaixo de meu ombro.

- Nik, não! – Era Natalie gritando. Olhei para o lado e vi um daqueles 2 da noite passada, caído, com a cabeça aberta por uma chave de fenda, enquanto o outro segurava Natalie pelo braço com uma arma apontada para mim. Não sabia qual era, aliás, quem quer saber qual é quando se toma um tiro? Eu sentia a vida sair de mim, enquanto aquele cão infernal continuava mirando. Natalie chorava muito e tentava resistir, mas sua força era inútil. Vi uma poça de sangue se formar no chão, e estava certo de que minha hora havia chegado. Fechei os olhos para que isso fosse o mais prazeroso possível. Dizem que a morte, para um soldado, era a saída, pois tudo acabaria para ele ali, naquele momento. Eu não era um soldado. Senti o homem passar por cima de minhas pernas com Natalie ainda dominada entre seus braços. Então, uma luz muito forte se fez, e abri os olhos. Ela vinha da escada, nos primeiros degraus. Senti que era Deus me levando dentre suas asas, mas não era. Era um homem com uma máscara, com aquela voz enérgica e grossa de um mergulhador da marinha. Não pude ver seu rosto novamente, e vi sua mão estendida, com a mesma luva de sempre.

- Este não é o fim.

E desapareceu. A luz foi embora e eu tinha minha M1911 em mãos. Tinha mira na perna daquele cão. Não ponderei. Atirei. Ele caiu, soltando a arma. Natalie caiu junto, mas a arma dele havia escorregado pelo chão e estava do outro lado da sala.

- Hoje não, bastardo. – E atirei em sua cabeça. Não teve nenhuma reação, apenas vi seus músculos ficarem rijos. Soltei a arma porque meu braço doía com o tiro. Mas já conseguia ficar com o tronco ereto. Natalie veio em direção á mim e me abraçou, ainda chorando. Abracei-a de volta, e pense só! Não senti mais dor.

- Eu estava com tanto medo! Meu deus, Nik, o que aconteceu? – acho que “a ficha ainda não tinha caído" para  ela. Ficamos ali abraçados por algum tempo, enquanto ela chorava em meus braços. A dor era extrema, nunca havia tomado um tiro antes, mas aguentei. Ela parecia estar em estado de choque. Parou de se mover e chorar, apenas ficou ali, parada.

- Não foi nada meu amor, eu estou aqui. – eu falava essas palavras, mas no fundo senti que não era mais que minha obrigação. – mas agora, será que pode tirar essa bala de dentro de mim?

- Nik, você está com um buraco onde tomou o tiro!

- Ah, isso é melhor ainda! Vamos, será que me ajuda a fazer uma sutura?

Embora ainda abalada, ela fez a sutura. Tentei mexer o braço e conseguia, mas doía muito, então pedi sua ajuda para levar os cadáveres para fora. Ela fez com alguma dificuldade e jogou na mata perto da rodovia que havia do lado de minha casa.

- Nat, escute bem... Hoje... Será diferente. Os zumbis infestarão essa rua.  Temos de ficar quietos a noite ok? E levaremos Alice para nosso quarto... precisamos mantê-la quieta... e serão 2 dias assim. Será que pode aguentar?

- Acho que sim... Temos que aguentar, não temos escolha.

- Vá se deitar um pouco, você está cansada depois de toda essa emoção. Deixe que eu limpo o chão – Falei. Sabia que depois daquilo ela não faria mais nada, e o braço em que levei o tiro não era o braço que eu escrevia, então estaria bem. Ela foi e eu peguei um rodo, e um pano de chão. Com um pouco de água, limpei meu sangue e o sangue do idiota morto. Aproveitei e fechei toda a casa de cima, que estava com as janelas abertas, e reforcei os cobertores. Quando guardei o rodo, e sentei um pouco no sofá, ela desceu e parou nas escadas. Falou:

- Nunca mais faça isso comigo, Nikolai! – e deu uma risada. Ela veio correndo e me deu um beijo. Ali fiquei abraçado com ela. Sabe, aquele tiro me deu uma coragem maior, que eu não tinha ainda. E reforçou minha relação com ela.

- Ah, sabe que a luz voltou?


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Notas finais do capítulo

até quinta



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