Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 17
Foragida


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde para todos os meus leitores!
Bom, esse capítulo é relativamente curto, mas os acontecimentos são reveladores...
Espero que gostem!
Boa leitura!



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Depois de ver todo o vídeo de meu bisavô, naquela noite eu tive um sonho. Ele começava comigo e mais alguns amigos conversando sobre filmes de terror e depois todos nós íamos para casa. Ali, uma tia que eu não me lembrava do nome estava em casa. Ela nos dava algumas barras de chocolate e depois que meus amigos iam embora, falava que minha mãe havia saído. Eu lembro que fiquei preocupado porque de noite as criaturas saíam e devoravam qualquer humano na rua. Mesmo assim, ainda fui escovar os dentes. Quando acabei, ouvi uma conversa lá na rua. Sai correndo para o portão e olhei no olho mágico. Dali, vi algumas pessoas passando para uma casa próxima á minha, e quando pensei que não era minha mãe, repentinamente ela aparece abrindo o portão e entrando.

O sonho acabou aí, mas pensa que parei de ver coisas? Não. Quando acordei, senti uma mão tocando meu braço e quando abri os olhos, vi a imagem dela e num som bem distante, a mesma me dando um bom dia como sempre fazia. Fechei os olhos para admirar aquele sibilar e quando abri novamente tudo havia sumido. Naquele dia, rezei por minha mãe e rezei para que de onde estivesse, cuidasse de mim.

Voltando ao normal, como de rotina, ouvi Alice chorar. Desta vez, no entanto, o ritual foi maior. Tive de dar café da manhã para ela, e quando pensei que havia acabado, senti um odor fumegando de seu corpo. Sim, precisei trocar sua fralda. Não gostava de fazer aquilo, mas era necessário. Tomei café da manhã depois disso e voltei aos meus afazeres.

Gostava de observar a cidade. Não como ela estava, mas era um hobby meu ficar observando pelo telescópio todos os prédios e arranha-céus da mesma. E hoje, ela estava nublada com algumas nuvens de chuva bem ao fundo, longe mesmo, e com um vento que fazia as copas das árvores se mexerem. Subi para meu quarto e, pegando uma cadeira, coloquei-a na frente da mesa que estava montado meu telescópio. Havia 2 ou 3 mordedores nas ruas, que não notaram nada. Não notaram porque a maneira que eu dispus a lente e o diafragma da luneta, ela ficava invisível dentro da casa. Desse modo, minha visão era privilegiada e escondida.

Primeiro, fitei o prédio que alguns dias antes fora palco de uma das cenas mais aterrorizantes que eu já tinha visto. A cena que aquele homem de terno e uma criança de jogam do prédio. Da altura em que estavam, era difícil supor se sobreviveriam. Mesmo que tivessem morrido, seus restos mortais já não mais existiam, provavelmente. Os mordedores teriam tomado conta de roer cada centímetro de tecido vivo que tais pessoas alguma vez já tiveram.

Observando de minha casa, eu tinha visão de apenas 2 ou 3 ruas do centro grande. As ruas estavam infestadas, como previsto. Alguns mordedores estavam caídos, como mortos, outros estavam em cima de qualquer pedaço de carne que havia ali. Mas uma situação me chamou atenção. Dentro de um carro, havia um corpo caído e o vidro estava ou estilhaçado ou coberto de sangue, era difícil identificar. Mantive o foco da lente e comecei a analisar a situação. O que vi foi 2 adultos mortos, um em cima do vidro e um no banco, sendo devorados pelos mordedores. Julgando pela cor e pelo modo que estavam comendo, era recente, quiçá no momento. Eram momentos como esses que faziam eu me “auto-questionar”  se realmente eu queria viver num mundo como aquele.

Comecei a olhar os prédios mais altos. Quando ao fundo de trás de minha casa, ouvi um barulho estranho. Não era um mordedor, mas continuei focado no barulho. Quando dei conta dele, era um helicóptero. O mesmo passou sobrevoando a cidade em baixíssima altitude, com velocidade surpreendente. Foi parar no ar no meio da cidade, e ali ficou rodopiando. Agora de olho no telescópio, foquei a lente no mesmo. Dentro, pude ver o piloto e outro passageiro. Não estavam fazendo nenhum movimento estranho, a princípio. Depois de ficar quase 5 minutos no ar, partiram em linha reta e desapareceram no horizonte.

Aquilo me intrigou. Haviam sim mais pessoas vivas, mas seriam elas do governo? Não consegui identificar nenhum logotipo do meu governo ou de qualquer outra entidade. Era estranho.

Por fim, fitei a mercearia do meu bairro. Aquela que me proveu a comida que eu precisei por muitos dias. Lembrei-me da aventura que ali vivi. E o que acontecera com aquela garota? Eu estava curioso. Provavelmente ou ela morrera, ou saíra daquele covil. Mas toda aquela história estava me deixando curioso. Agora eu tinha uma arma; a M1911 de honra de meu bisavô. Acho que me sairia bem se fosse naquele lugar. Estava decidido: eu investigaria a mercearia.

Primeiro tinha de me preparar. Desci ao porão e procurei por tal caixa de balas .45 ACP que meu pai tinha guardado. Achei, além da caixa, mais dois carregadores que encaixavam perfeitamente na arma.

Voltei ao quarto e ali comecei a preparar os carregadores. As balas de ouro, conservei na caixa da OSS. Joguei todas as balas na cama e ali comecei a encher os carregadores. Cada um comportava 7 balas mais 1 se estivesse carregada, totalizando 8 balas. Para minha surpresa, a quantidade de balas da caixa estava de acordo com o número que eu precisava para encher cada carregador. Perfeito. Antes de colocá-la no coldre, porém, treinei como carregá-la. Primeiro precisava estar com o tambor vazio. Depois apertava-se o botão em cima do capo de madeira e o carregador caía. Colocava-se o outro no lugar e puxa-se o tambor para trás. Desse modo a arma volta a posição normal. Testei e era isso mesmo.

Ajustei o coldre para minha cintura, e quando ele encaixou bem, coloquei a arma ali. Notei, no entanto, que ficava um grande espaço livre dentro do coldre. Então, percebi que os outros 2 carregadores cabiam perfeitamente ali. Coloquei-os.

Desci para pegar alguns mantimentos se precisasse passar algum tempo ali, e também peguei uma garrafa de água 600 ml, uma lanterna e uma garrafa de álcool, assim como fósforos, se eu precisasse criar uma distração, e por fim, meu querido e velho companheiro de madeira, meu taco de baseball. Abri a porta da casa e, já fora, tranquei a mesma. Ia descobrir o que acontecera com aquela pobre indefesa. Acho que mesmo se não encontrasse ninguém ou encontrasse até mesmo um cadáver aniquilado e mutilado, meu espirito se iria se recompor. Era muita pressão para um garoto ainda menor de idade.

Não planejava pegar a Aventador ou qualquer outro tipo de veículo. Do contrário, eu queria passar despercebido. Era mais sensato e menos arriscado. Olhei para as ruas; não havia errantes, o que me deu certa tranquilidade. Em vez de pular a cerca, como de costume, eu abri a portinhola e transpassei o território delimitado pela mesma. Assim que fechei a portinhola, chequei minha arma e se estava realmente carregada e em bom estado. Sim, estava perfeita. Mas tinha em mente que só dispararia se realmente necessário, no caso de uma grande horda cercar-me e eu não tiver saída. Na verdade, até nesse caso eu provavelmente não dispararia, pois ou eu faria uma tática de defesa para que apenas 1 de cada vez viesse ao meu encontro, ou daria qualquer jeito de escapar. Mas a arma me dava proteção, isso era claro.

O caminho até a mercearia não foi difícil e, para falar verdade, eu estava com preguiça. Acordara não fazia muito tempo e o que me fez ir até lá foi a curiosidade. Observei as casas enquanto fazia meu “passeio”. Algumas estavam em perfeito estado. Outras, no entanto, tinham integridade questionável. Janelas quebradas e portas arrombadas. Todas sujas de barro e pegadas. De pessoas ou mordedores? Fazia diferença? Todos, até eles, tem pés.

No entanto, enquanto passava pelas casas, vi uma que realmente fiquei curioso. Era a mais perfeita de todas. Não havia janelas quebradas nem portas arrombadas, sequer pegadas. Fui em direção á mesma e entrei lentamente. Os móveis, a decoração, até uma mesa posta do jantar, estava tudo perfeito. A casa era de dois andares. Subi para os quartos e a mesma coisa. As camas feitas e os armários arrumados. Apenas uma coisa me chamou a atenção. No banheiro do primeiro andar, estava pregado em sua porta um pequeno papel que continha os dizeres:

“Se você é um sobrevivente e precisa dessa casa, faça bom proveito dela. Deixei-a arrumada para qualquer pessoa de boa intenção que precise usá-la. Apenas não abra em nenhuma circunstancia essa porta. Não há mais chave, pois eu me livrei dela. Então não tente entrar.

Grato.

Uma alma que já se foi”

Era um bilhete inusitado e estranho. Realmente não havia chave na porta do banheiro. Ainda assim, colei o ouvido na tranca. Ficando por mais ou menos 5 minutos, não ouvi nada. Nem qualquer ruído de mosca. Dei duas batidas na porta e ainda arrisquei um “olá?”, mas não obtive êxito. Sai dali com outro mistério em mente. O que será aquilo?

Voltando á rua, eu já avistava a mercearia. Passei pela Aventador, mas antes chequei se ninguém havia feito nada contra ela. Estava perfeita. Mais alguns passos e eu já me encontrava na porta do pequeno mercado.

Olhei pelas janelas e não vi nenhum desgraçado que poderia dar cabo de minha vida, nem vivo, nem morto. Acho que o caminho está livre.

Entrei pela porta da direita e a primeira coisa que fiz foi subir para o andar superior, onde não se vendia alimentos, mas artigos para festa, panelas, e outras coisas mais. Cada passo meu na escada era calculado para não fazer qualquer barulho, nem sequer deixar poeira. Para tanto, até tirei meus sapatos e com uma das mãos eu segurava o coldre, pois a outra estava ocupada com o bastão. Depois de alguns minutos subindo, finalmente cheguei.

A princípio não havia nada de errado. Mas não bastou alguns segundos para eu perceber que alguém passou por ali sim. As caixas e as panelas estavam caídas, de forma que parecendo uma barricada improvisada. Havia pacotes de alimentos espalhados pelo chão, e bastou eu andar mais um pouco para encontrar 2 corpos de mordedores caídos. Cada qual, tinha uma faca de cortar carne cravado na testa. Julgando pela posição da faca, não foi realmente “cravada” e sim arremessada com precisão.

Continuando minha busca pelo mercado, tentei encontrar qualquer outra evidência de humanos ali. Encontrei perto da seção de lençóis, outra pequena barricada, mas dessa vez parecia-me mais um covil. Lençóis também estavam esticados dentro da barricada, que formava quase uma cama. Aquilo era um dos principais indícios de que alguém passou por ali. A última coisa que fui encontrar que realmente me tirou tal dúvida, foi fezes e urina humana perto da seção de higiene, junto com alguns papéis higiênicos já usados. Então tive uma surpresa. De um dos corredores surgiu um mordedor. Não, ele não poderia usar aquilo. Mas não vacilei e matei-o assim que vi. Convencido de que realmente não só aquela garota, mas algum outro ser humano passara por ali, mas já deixara o local, eu fazia meu caminho de volta. Nessa volta, no entanto, ouvi qualquer utensílio metálico caindo de uma das prateleiras. Instantaneamente coloquei a mão na arma e já havia tirado o botão que prendia a mesma no coldre. Fiquei observando por algum tempo mas não encontrei nada. Então percebi que de uma janela aberta, o vento transpassava e ia acabar bem onde o item caiu. Ri de minha ingenuidade e continuei meu caminho de volta. Dei dois passos e depois ouvi alguma coisa cortar o ar. Aquilo me alertou novamente, mas não por muito tempo. Era rápido. A coisa acertou minha nuca e me fez cair, quase desmaiado.

Dessa vez, um humano, sim, um humano, se aproximou de mim e ajoelhou perante o meu corpo. Minha visão estava turva e dilatada com o impacto, então não reconheci seu rosto. Mas depois de um tempo, com uma vez feminina, a pessoa sussurrou:

- Nik?

Desmaiei. 


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Notas finais do capítulo

Até segunda!



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