Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 11
Merecido Descanso


Notas iniciais do capítulo

Bom, primeiramente quero mandar abraços especiais por recomendar minha fic, para minha mais antiga e melhor leitora de todas: Belle Gray Stone!
e, para avisar, provavelmente semana que vem entrarei em provas. E são duas longas semanas. Não que eu seja mal aluno, mas gosto de estudar. Então provavelmente não terá capítulos nas próximas semanas. Até quinta, eu aviso se vai ter ou não
boa leitura!



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Continuei caminhando pelo túnel. O peso de Alice nos meus braços sempre esteve presente. Agora ausente me parecia estranho andar com tanta leveza. Senti-a me como um perdedor mais do que nunca, agora. Allen havia morrido por causa de mim. Eu tinha uma arma e não percebi nada de estranho fora do complexo. E o pior de tudo, é que a única tarefa que eu havia desde que o inferno começou que era de proteger minha irmã, não fi-la direito.

Eu não tinha nenhuma lanterna, nenhum equipamento, nem comida. E eu já havia caminhado por horas. O túnel do metrô era longo, tanto é que a viagem em si dentro do vagão já era demorada. Os túneis de Seattle eram verdadeiramente grandes. Continuei caminhando até que encontrei uma pequena porta do lado esquerdo de uma curva. Estava entreaberta. Entrei ali e pude ver que era uma pequena sala de operação que fazia o controle dos vagões que iam e vinham. Ainda havia iluminação ativa, talvez proveniente de galões de gás em algum outro lugar. Ali, um computador, um grande quadro negro embutido com vários suportes para chaves, algumas cadeiras, um rádio de operador e um armário. Abri-o e encontrei uma lanterna mas não de dínamo. Poderia me considerar como o maior perdedor do apocalipse zumbi, mas com certeza não o maior azarado. Sempre que eu estava em necessidade, algo aparecia para me ajudar? Só poderia ser deus. Havia outra porta também, em frente a porta que dava acesso a linha férrea. Não liguei a lanterna e fui abrindo a porta devagar. Um quarto como qualquer outro, porém escuro. Liguei a lanterna com as lâmpadas viradas para trás e lentamente comecei a virá-las. Quando a apontei para a sala, havia mais de 7 mordedores e alguns corpos ali dentro, trancados. Eles? Fazendo uma tremenda carnificina na sala, que já estava manchada de sangue. Não reconheci ninguém de nenhum grupo, mas pude ver 3 deles com fardas. Supõe-se que eles sejam do exército e outros civis, quem sabe? Mas eram vítimas daqueles otários mercenários sem dúvida. Tranquei a porta lentamente mas antes disso, ainda apontando a lanterna, pude ver um dos errantes me olhando nos olhos. Aquilo me devastou. Havia ainda algum traço humano naquilo. Tranquei a porta, e depois de trancar pude ouvir baques e mais baques na porta. Eles queriam devorar-me.

Sai daquela sala e voltei ao metrô. Continuei caminhando com a lanterna desligada, naquele corredor escuro sem fim.

Cerca de 43 minutos depois...

Tinha caminhado bastante, e meus pés estavam em brasas. O tênis já estava quase descolado, e eu não o tirava desde o dia em que tomei banho pela última vez. A meia não mais parecia uma meia, e sim um “pano de barro”. Até que, olhando para frente com os olhos já acostumados com a visão negra e turva, vi uma massa corpulenta e grande pairando sobre os trilhos. Liguei a lanterna no modo de milha e lentamente fiz o mesmo processo: Fui levantando-a devagar. Vi um vagão parado sobre os trilhos. Procurei ir para o lado dos trilhos e apontei a lanterna para longe. Não um vagão, não 2. E sim um comboio todo, com o vagão principal tombado a muitos metros de distância. Desliguei a lanterna e fui andando em direção ao vagão. O mesmo estava com as portas abertas. Era um vagão alto então não pude entrar de imediato. Não carregava nada comigo então coloquei a lanterna na porta e botei as duas mãos no piso do vagão. Impulsionei-me e subi no vagão. Peguei a lanterna e fiz o processo para não ser detectado. O que vi foi a maior carnificina que já havia visto, maior até do que a da porta de alguns minutos atrás, e maior que a carnificina dos complexos. O vagão do trem estava repleto de sangue e pessoas estraçalhadas, desmembradas e até decapitadas. Outras estavam com uma expressão de raiva na cara e havia pedaços de carne entre os dentes e as roupas. Eram zumbis. Exclamei baixinho para mim mesmo: “que diabos aconteceu aqui?”. E continuei entrepassando os corpos. Até crianças não escaparam do assassinato brutal. Haviam bolsas e malas nas cadeiras, porém decidi não abri-las e nem pegá-las. Ali, qualquer cautela era pouca. A chance de um deles me agarrar pelo pé e me cortar ou tirar um pedaço de mim eram altíssimas.

“Passeando” pelos vagões vi cenas horrendas, como uma senhora de idade caída no chão, quase irreconhecível do busto para baixo, porém com os olhos arregalados e uma expressão de terror na cara. Mas até me comovi, como um casal abraçado entre seu filho, com o pai dilacerado pelas costas com um buraco na cabeça, a mãe sem um braço também com um furo na cabeça, e a criança no meio, intacta, mas morta. Provavelmente, eles não queriam viver o que eu estava vivendo. Fui andando em direção á cabina do controlador, para quem sabe pelo menos achar alguma comida. Se tivesse sorte, uma arma, quem sabe? Foi quando percebi que estar ali era suicídio. Não havia nenhum som no vagão todo, a não ser o dos meus passos. Quando uma mão me apertou fortemente pelo pé, quase me puxando para cair. Peguei a lanterna e rapidamente apontei para ela. Não havia sangue corrente; era zumbi. Sem hesitar, comecei a pisar em cima da perna, mas o bicho não me soltava, nem vinha ao meu encontro. O que aconteceu, era que ele estava preso entre outros corpos e algumas ferragens, numa parte onde provavelmente o vagão bateu. Fiquei ali pisando até que pisei nos seus dedos, quebrando-os. Vi-me livre da mão da morte e saltei do vagão, indo em direção á qualquer lugar. Andei muito, e muito, para então ver o vagão do controlador. Se ficasse ali dentro por mais algum tempo eu estaria morto com certeza. E dilacerado.

Continuei a caminhar e comecei a pensar na vida. Sabe quando você liga o “piloto automático humano”? Eu estava mais ou menos nesse estado. Fiquei caminhando e pensando por alguns minutos. Alguns não, muitos até. A estrada parecia-me interminável. E apesar de os vagões e as estações estarem repletas deles, misteriosamente nos trilhos eles se ausentavam. Quem sabe ainda raciocinassem e eles vissem que andar pela linha férrea era certeza de queda? Era tudo muito estranho.

Lá pelas tantas horas, eu já estava realmente cansado de tanto andar. Os olhos pesavam sobre mim, os sapatos estavam quase descolados. Suor escorria pelo meu corpo. Até que em uma curva fechada, comecei a observar um filete de luz. Será que havia alguma fresta para o mundo exterior, causado por algo que eu não sabia? Era impossível uma escalada, mas teria de checar o que era. Aproximando-me da curva, pude começar a ver um pincel de luz perfeito. Mais alguns minutos naquela transição e eu me encontrava dentro de uma estação. Não havia placas para me identificar, e felizmente também não havia ser vivo ali. Ou melhor, morto. Eu era um pobre menino rico, preso num subsolo que eu não sabia onde ficava.

Comecei a observar a estação. Não havia vagões de trem em lugar algum. Na estação, muitos papéis e sacos plásticos abandonados pelo chão. Característica típica de que ali não passava ninguém fazia dias. Havia ainda 5 bancos na estação, dos quais cabiam pelo menos 6 pessoas. 3 pilastras grossas de alvenaria sustentavam o peso de cima, e em cada uma delas havia um painel iluminado de propagandas. Variadas, entre lojas de roupa femininas, comida, lojas de artigos esportivos e parques de diversões. Até um cartaz de um show estava presente numa delas. Ainda havia sanitários dos 2 lados inferiores da estação, e no meio uma porta. Em cima, escrito: “sala de controle”. Provavelmente eu entraria ali o mais cedo possível. A porta era dentro de uma cavidade.

Havia ainda 2 portões similares ao da estação em que fui preso, porém na 2 diagonais da estação, trancados evidentemente pelo mesmo cadeado. Por fim, entre os portões e a sala de controle, havia pequenas janelas de aço, daquelas que correm para cima, e uma outra pequena porta, na cavidade da porta da sala de controle, porém desta vez no lado esquerdo. No lado direito, a mesma coisa. Com dificuldade e sem receio de ser ouvido, chutei a porta até arromba-la. Para minha surpresa, era uma pequena lanchonete de uma rede de lanchonetes famosa, estrangeira. Ela estava com as luzes acesas. Se as luzes estavam acesas, então as estufas... também!

Comecei a revirar a lanchonete que não apresentava indícios de nenhum mordedor. Fui direto á cozinha e ali achei diversos hambúrgueres e outros sanduíches, em pequenas caixas de papel dentro das estufas. Refrigerantes em copos de 500ml, 300ml e 750ml completavam o banquete, guardados na geladeira. Haviam 4 fritadeiras, e em cima uma placa com procedimentos para fritar a batata que já estava cortada. Demorei um pouco para achá-los pois estavam escondidos num armário. Fritei quase o saco todo, e quando estava pronto, peguei uma bandeja e enchi com 3 sanduíches sendo 2 hambúrgueres de carne e 1 de filé de frango, 1 copão de 750ml de guaraná e 2 pacotes extra grandes de batatas. Devorei aquilo com os olhos, até o caminho dos bancos do metrô. Quando cheguei ali, apoiei sobre a mesa e comecei a lentamente abrir as caixas. Aquela visão e aquele cheiro de queijo derretido me fez pirar. Não havia comido bem desde o dia inicial do apocalipse. Em poucos minutos, me enfartei de todas as besteiras que pude. Mas minha fome não cessava. Ainda voltei á lanchonete e numa geladeira ao lado da geladeira dos refrigerantes, achei potes de sorvetes com 400g cada um. Peguei um pote de chocolate e outro de baunilha, e ainda fritei mais batatas, completando 3 pacotes grandes desta vez, e para matar a sede um refrigerante á base de limão 300ml. Quando acabei, pensei que minha barriga iria explodir de tanto comer! Deitei-me ali e esperei por um sinal. Até que ele veio: os movimentos peristálticos do esôfago para liberação dos gases do refrigerante, para não falar um coisa feia e ser vulgar. Sentei-me ali por alguns instantes, e depois resolvi jogar todas as caixas e copos no lixo. Joguei eles numa lixeira do metrô mesmo, então avistei a outra porta da outra loja. A curiosidade tomou conta de mim e meu enchimento não me preservou daquilo. Lentamente e sem me cansar, fui indo até a porta. Aqueles instantes até ela me pareciam intermináveis, até que consegui alcançá-la. Posicionei-me sobre a porta. Com toda a força, para não me matar, chutei a porta e quando voei para frente, descobri que ela estava entreaberta. Lasquei-me no chão e bati o cotovelo, deixando um vermelhidão extremo ali. Mas o resultado foi até melhor: Achei uma pequena loja de departamentos. Ali, muitas coisas haviam sido saqueadas. Provavelmente, por pessoas no próprio metrô. Lembrei-me daquele vagão que eu avistei a poucos metros dali, estava repleto de sacolas com o emblema da loja. Não achei muita coisa boa; para falar verdade, achei apenas uma coisa boa: Um par de cobertores escondidos entre os armários. Peguei-os e vasculhei a loja mais um pouco, porém não achei mais nada de bom. Sai e fui para os bancos.

Ajustei um dos cobertores num deles e deitei-me. Coloquei o outro em cima de mim para obter um conforto térmico que não sentia fazia algum tempo. Estava olhando para aquele teto rígido e iluminado por um lâmpada extensa branca, quando comecei a pensar na vida. Na verdade, na vida que eu havia perdido. John, meu companheiro de sempre; dos jogos de futebol aos trabalhos mais difíceis. O time que ganhou vários títulos regionais: Frank, Matt, eu, e outros. Meu amor de todos os dias, que sempre me encontrava com um abraço apertado na frente dos meus colegas que ficavam pasmos com nosso afeto. Nat. Sim, Nat. Lembrei-me de seu sorriso e seu rosto, e aquilo me fez sorrir inconscientemente. Aquilo tudo estava perdido. Meus amigos, minha namorada. A vida humana. Agora se resumia á um grande jogo de terror. Onde o humano é morto e devorado. Mas os mais fortes sobreviveriam. Hei de sobreviver; hei de encontrar Alice; hei de escapar das garras daquele líder fanático por morte.

Livrei-me desses pensamentos, mas alguns deles me corroíam por dentro. Decidi esquecer as coisas más e lembrar-me das boas.

6 anos atrás...

– Então galera, meu pai acabou de me comprar um novo videogame. Aquele novo lá, sabem?

– Não velho, desembucha, qual é? – John falou.

– Um tal de Zéks... Zégzós! – Era Mack o dono do novo console.

– Xbox, seu burro! – Lewis dessa vez.

– É, esse ai mesmo! E ai, vamos marcar de um dia a gente ir lá na minha casa e jogar uma partida de futebol?

– Que tal em vez de jogar futebol virtual, a gente não treina pro futebol real? Você sabe que daqui a 2 semanas a gente vai jogar contra o time daqueles moleques da capital né!? Eles são fortes! – Lewis denovo.

– A partida não dura 10 minutos, depois a gente treina na quadra da minha casa mesmo – Mack concluiu.

– Não sei, e o que você acha Nikolai? – John perguntou á ele. Mas Nikolai não ouvira. Seus olhos estavam voltados com toda atenção para um pessoa do outro lado da sala de aula, numa carteira. Uma garota. Assim como ele, disfarçadamente, trocava olhares e sorrisos. John percebeu, e ele já havia percebido que Nikolai estava gostando dela. Mas ele era boa pessoa, e para não mancar com seu amigo, cortou diretamente:

– Tá certo, mas vamos jogar só uma partida cada, entendeu? – E Nikolai ainda não percebeu o foco daquele assunto. Seu foco eram aqueles olhos, aquele rosto...

Nat. Seus olhos me incandesciam por dentro. Era com certeza minha paixão perpétua. Com o pensamento nela, lentamente fui adormecendo para meu merecido descanso, lembrando-me de suas feições...


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Notas finais do capítulo

Até Quinta!



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