Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 1
O fim de uma era


Notas iniciais do capítulo

O título "o fim de uma era" tem a ver com o fim da era humana, na qual ela domina... Agora não vai ter muita ação, mas com o desenrolar vai aparecer mais coisas. Esse primeiro capítulo fala mais da história da personagem principal. Boa leitura!



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Eram 3 horas da manhã, uma noite escura e fria de sábado em minha cidade. Nada de anormal acontecia até então, e eu dormia tranquilamente. Meus pais ainda não voltaram, mas não os esperei para me deitar ás 1 da manhã e checar se minha irmã, de seis meses, estava bem. Sabia que eles estavam comemorando seu aniversário de casamento, e decidi não interrompê-los.

16 anos atrás...

– Querido, querido, vem aqui!

– O que foi Lucy?

– Nosso Nikolai falou! Não acredito! Nikolai, fala para o papai!

Nikolai, sentado em sua cadeirinha, olhava para seus pais sem entender metade do que eles diziam, mesmo assim percebeu que estavam felizes por aquilo que ele tinha aprendido há alguns segundos. Resolveu tentar denovo:

– Ma-ma... Mamaa...

– Espere aí, vou pegar a câmera!

Como um furacão, Lincoln trouxe a câmera e ajustou para seu filho, colocando-o no foco.

– Vamos lá campeão, fala para o papai!

– Mamaaaa... Maa-ma... Mamãe!

– Este é com certeza o dia mais feliz de nossas vidas! – Exclamou Lincoln, abraçando seu filho e sua esposa. Aquele dia ficaria marcado para sempre, com toda certeza.

Noite difícil. Acabei acordando duas e meia da manhã. Olhei-me no espelho e não havia nada de diferente em minha aparência, apenas algumas olheiras dentre meus olhos negros e o cabelo, antes liso e com um topete não muito alto, agora estufado. Algo perturbava meu sono. Algo me dizia que tudo estava prestes á mudar. Só não entendia o porquê disso. Meus pais ainda não voltaram. Por mim, era até melhor assim. Recentemente eles haviam brigado muito e uma noite como aquelas era para não se perturbar, nem em casos extremos. Minha irmã começou a chorar. Ótimo. Agora sim que eu não durmo mais. Mas era meu dever, e então esquentei a mamadeira dela e levei até o quarto.

12 anos atrás...

– Chegamos Nikolai, chegamos. Desça do carro.

– Mamãe, para onde a senhora está me levando?

– É aqui onde sua vida começa meu filho, você precisa disso.

Dona Lucy chamou pela inspetora e conduziu seu filho até a sala de aula, onde estavam várias crianças de sua idade. Nikolai estremeceu e caiu nos pés da mãe, chorando para que ela não o deixasse:

– Mamãeee! Por favor não me deixe aqui!

Dona Lucy apenas sorria, quando deu as costas ao filho e saiu andando. Nikolai não entendeu aquilo. Porque ela o abandonaria? Estaria fazendo alguma coisa de errado? Será que é porque não queria tomar a sopa que sua mãe preparava todo final de noite, antes de dormir?

A professora conduziu Nikolai até uma carteira onde ele se sentou. Um menino branco, assim como ele era, porém mais corado, de olhos castanhos e loiro, perguntou:

– Como é seu nome?

A princípio Nikolai não respondeu, apenas encarou o garoto. Depois tomou jeito e olhou para a classe. Respondeu

– Nikolai, e o seu? – ele precisava mostrar o respeito que sua mãe ensinou.

– John.

Olhei para minha irmã deitada, chorando. Embora esses choros nos acordassem no meio da noite, era bom para eu tomar jeito e acabar não fazendo qualquer coisa sem pensar e acabar numa oficina mecânica depois. Quero terminar a escola e fazer uma faculdade, não ser qualquer vagal por aí. Peguei-a no colo e dei-lhe a mamadeira, e no momento ela parou de chorar. Como era linda minha irmã! Dava prazer de olhar para aquele rosto. Tinha certeza de que quando ela crescesse, vou protegê-la á qualquer custo das garras dos moleques assanhados.

7 anos atrás...

– Vamos Nikolai, vamos! Você consegue garoto, acredito em você!

Nikolai olhou para seu técnico, o Srº Dunn, com uma cara estilo “deixa eu fazer meu trabalho, gorducho! Eu sei o que fazer em campo.”

O jogo estava 3 á 2 pro time de fora. O jogo era em casa, eles não poderiam perder, se empatasse, o troféu era deles. Nikolai, o meia atacante do time, estava com a bola na ponta direita do goleiro, sem ninguém para passar, e um chute dali seria perda de tempo; os 2 maiores zagueiros impediam a bola.

– Nikolai, eu, aqui! – Quem falou foi Franklin, o centroavante. Nikolai não pensou duas vezes e cruzou. O goleiro espalmou para o canto deixando a bola nos pés de Franklin. Era o último lance. Tinha de ser agora.

– É tua Frank, o título é nosso!

Isso não serviu muito bem, pois Franklin foi ouvir Matthew, que estava já comemorando alguns metros atrás dele, e um dos zagueiros se adiantou. Franklin chutou de qualquer jeito e a bola bateu no coxa do zagueiro, rodopiou e chegou sem força no gol. O goleiro agarrou e chutou para frente. O juiz apita, fim de jogo.

Estava sonolento, sim. Mal conseguia abrir o olho. Só estava ali, porque afinal era meu dever. De repente, ouço um carro cantando pneu em plena madrugada, na minha rua. O que seria aquilo? Nunca houve um assalto ou qualquer coisa daquelas nas redondezas. Eu estranhei esse fato, sim. Porém deveria ser algum louco na rua, ou alguém disputando um racha. Enfim, saí da janela e voltei aos meus afazeres.

5 anos atrás...

– Cara, essa festa tá espetacular!

– Tá mesmo! Essa foi a melhor ideia que já fizeram até agora. Depois a gente precisa agradecer á Liza, porque isso aqui não acontece todo dia.

– Cara, agora é sério, preciso ir! – concluiu John, olhando para uma das convidadas da festa, a Jane. Era uma menina muito bonita mesmo. John chamou-a e saíram andando. Nikolai ficou ali observando as pessoas na pista de dança, já que ele não sabia dançar muito e tinha vergonha. Nikolai viu John e a menina á distância, saírem do pátio onde estava ocorrendo a festa. Nisso, Natalie apareceu em seu lado. Nikolai era secretamente apaixonado por ela, porém não sabia disfarçar. John já percebera isso há muito tempo, porém não pressionava o amigo, á fim de deixa-lo mais á vontade.

– Nik, será que você pode ir ali na praça comigo? Não é muito longe.

– Por quê? – Nikolai responde, mas com um estremecer nas mãos.

– Queria comprar um sorvete.

– Mas e o sorvete da festa?

– Já acabou... Vamos Nik, por favor!

– Tudo bem.

Nikolai sabia que á essa hora, onze da noite, não haveria nenhuma sorveteria ou carrinho de sorvete aberto. Mesmo assim resolveu segui-la, pois ela era seu amor, sim. Natalie era uma garota de sua mesma idade, alta, branca, seus cabelos eram castanhos escuros e plumosos, seu rosto tinha uma perfeita simetria. Seus olhos eram de um castanho claro, que Nikolai julgava serem de ouro. Natalie repentinamente pegou na mão de Nikolai, e os dois se foram.

Chegando á praça, eles simplesmente viram que não estava nada aberto. Aliás, a praça estava deserta. Nikolai, porém, tinha um sentido de percepção sem igual, e notou seu amigo se esgueirando por trás de uma árvore, em um ponto cego de todos. Nikolai ficou encarando-o, quando ele se aproximou mais e trocou um olhar com ele, dizendo mentalmente “vai fundo garoto, essa é a tua chance”. Após isso ele voltou para o interior da mata. 2 segundos depois, Nikolai ouvira a menina com quem John estava reclamar de sua demora. John, era sim um verdadeiro amigo, que sempre o apoiara. Natalie não notou John. E reinou o silêncio mais profundo na praça. Nikolai, agora sem estar distraído fitou-a nos olhos. Havia algo estranho. As pupilas estavam dilatadas e eles brilhavam. Nikolai sabia que sua hora chegou. Começou a falar:

– Nat, por favor, me ouça bem. – Enquanto falava, ela apenas sorria. – Sei que não há mais sorveterias abertas, então vamos voltar. Tudo bem?

– Tudo... – Falou ela, decepcionada. Antes que ela pudesse reagir de qualquer maneira, Nikolai pegou em suas duas mãos e juntou-as. Começou a falar:

– Nat, já faz algum tempo que eu ando percebendo você, e sinceramente você é diferente de qualquer uma que eu já conheci. Tenho que lhe dizer que... Eu te amo. Te amo como... – Foi interrompido por Natalie, que acabara de colar seus lábios junto aos deles. Nikolai percebeu os lábios dela como nunca, e eles eram macios assim como sua pele. O abraço apertado esquentava-os na noite escura. Nikolai não sentia mais nada, não via nada, não escutava nada. Ele queria viver aquele momento. Ele precisava daquilo. Depois de um longo e caloroso beijo, Natalie encosta seu nariz junto ao dele e conclui, falando e sorrindo:

– Nik, eu também te amo. – E os dois ficaram no meio da praça, abraçados, olhando as estrelas. Para Nikolai, a vida acabara de começar.

Graças a deus, pensei que minha irmã ficaria tomando essa mamadeira para o resto da vida. Vou voltar para a cama, mesmo que amanhã seja sábado. O que é isso, meu deus? Outro racha, mas dessa vez com 8 carros? Não, isso não estava certo. Tentei chamar a polícia, porém a linha estava ocupada. Como a linha da polícia estava ocupada? Cada vez meu coração se apertava mais.

6 meses antes...

– Por favor, Nikolai, queira me acompanhar até a diretoria.

– Cuidado hein, senão teu pai te mata!

– Fica de boa ai Mack. – Nikolai interrompeu seu amigo, e perguntou:

– Posso saber o que houve diretora?

– No caminho te explico.

E eles se foram. A diretora, porém, não cumpriu o que prometeu, ficou calada. Quando chegaram, um telefone esperava Nikolai. Ele estranhou, porém atendeu. Era seu pai:

– Nikolai, pega sua bicicleta e vem aqui no hospital agora!

– Meu deus, o que aconteceu pai?

– Sua mãe deu a luz!

Nikolai não falou com a diretora, apenas mandou abrirem o portão. A diretora assustada perguntou o que havia acontecido se não falasse ele não passaria. Nikolai já montado em sua bicicleta acelerou e respondeu:

– Eu tenho uma irmã!

Nikolai rumou ao hospital, que era 2 quilômetros dali, como se estivesse sendo perseguido numa maratona. Engatou a 3ª coroa com a última catraca e em menos de 15 minutos estava lá. Seu pai, aflito, abraçou o filho. Lá ficaram por mais de duas horas esperando, até que foram chamados á sala de visitas, onde Nikolai pode ver sua irmã. Perguntou:

– Pai, qual vai ser o nome dela?

– Alice. ALICE!

E no frio da noite, comecei a ouvir alguns grunhidos. Sim, grunhidos, mas não de qualquer animal que já pude ouvir. E mais e mais carros passavam. Quando ouvi alguém chutando a porta de minha casa. Não aguentaria mais. Peguei uma faca bem afiada em minha cozinha e abri a porta, disposto á liquidar qualquer garoto espertinho que esteja me pirraçando. Quando abri, tive uma surpresa. Uma figura humana, desfigurada, com dentes podres e com olhos totalmente brancos, recoberta de sangue. Naquele momento, eu renascera.

7 horas atrás...

– E o jornal da noite fica por aqui, você poderá ver todas essas notícias e a cobertura da grande epidemia pelo nosso site. Uma noite á todos e até amanhã.

Nikolai não conseguia acreditar, mas teria. Outra epidemia? Já não bastava a gripe suína de 2011? O melhor a fazer era esquecer e continuar vivendo. E foi o que ele fez. Ele se deitou em sua cama, pensando nas milhares de pessoas que viriam á morrer, como na outra epidemia. E se fosse uma pandemia? Ai sim, ele ficaria preocupado. Afinal, é triste ver essas cenas hoje em dia. Contudo, a medicina se esforçava para contê-la, isso o deixava mais animado.

Larguei a faca, aterrorizado. Nunca tinha visto tal figura, nem sabia se tal existia. A criatura me fitou com olhares que não pude identificar, mas percebi uma aproximação maligna. Foi quando acordei de tudo. A criatura pulara em cima de mim, porém antes dela tentar qualquer coisa, o Sr. Marcus Reed, meu vizinho, apareceu com sua espingarda de caça e liquidou a criatura. Antes de qualquer coisa que eu pude pronunciar, ele disse:

– Nikolai, pegue sua irmã e dê o fora daqui! Isso é uma ordem garoto! Vamos, vamos!

– O que está acontecendo senhor Reed?

– Não me pergunte, você já vai saber, apenas pegue sua irmã e saia daqui, e procure abrigo não perto daqui!

– Mas e meus pais?!

– Esqueça-os, sinto muito mais é muito provável que eles já não estejam entre nós. AGORA VÁ!

O que seria aquilo meu deus? O que ele queria dizer com meus pais estarem mortos? E o que me atacou? Porque ele matou aquele homem indefeso? Ou seria uma criatura demoníaca prestes a me matar? Eu simplesmente não sabia. Minha cabeça se enchia de dúvidas. Apenas o que fiz foi passar em meu quarto para pegar meu celular, peguei minha irmã, peguei seu banquinho de carro e uma roupa de frio para ela e a chave do carro e da garagem. Antes de sair do quarto de meus pais, porém, uma explosão na rua acabara de ocorrer. Vi que o inferno estava instalado em minha rua, literalmente. Aquelas criaturas, atacando senhoras e crianças, pessoas indefesas. Casas pegando fogo, pessoas atirando uma nas outras e carros derrapando e capotando. Senti medo. Do que? Não sabia. Mas sabia que ali não poderia continuar. Rapidamente desci as escadas e fui á garagem, que tinha acesso de dentro de casa. Não sabia dirigir, mas tinha uma noção básica. Liguei o carro e engatei a marcha. Antes que pudesse abrir a garagem, pisei no acelerador sem querer, arrancando o portão. E lá me fui. De cara, atropelei uma daquelas criaturas, não havia outro jeito. Antes de virar a esquina, olhei para o Sr. Reed, que estava ajudando pessoas á fugirem. Foi quando o vi, atirando em alguns daqueles mordedores. Distraí-me e quase bati em um deles. Quando retomei a consciência, olhei de novo e não vi mais o Sr. Reed, apenas vi um amontoado de pessoas em cima dele. Fui andando por cada rua até perceber que o mundo já não era como antes. Tentei ligar para meus pais, pois agora não faria mais sentido me privar disso. E então, um carro desgovernado entrou em minha faixa á 130 mph. Simplesmente tentei desviar, mas não deu certo. Capotei.

3 horas depois...

Onde estou? Pensava. Olhei para o carro e não me lembrava de nada. Foi quando minha irmã chorou e me lembrei de tudo o que havia passado. Graças a deus, minha irmã estava bem. Eu morreria se algo acontecesse á ela. Tentei abrir a porta e sair dali; sem êxito. Minha perna estava emperrada entre os pedais. Foi quando ouvi outro grunhido. Rezei muito, embora eu não seja muito fiel, que ela passasse despercebida. Mas não, eu me cortei com o impacto e havia sangue. Ela rumava em nossa direção. Foi quando não pensei duas vezes. Bati com a cabeça na porta, fazendo-a rolar para trás e puxei minha perna com tudo, fazendo um enorme rasgo que queimava na alma. Gritei sim, mas não por muito tempo. A criatura ficava mais e mais perto. Apenas abri a porta do banco de trás que por sorte não estava emperrada e peguei minha irmã no colo com sua roupinha. Avistei uma casa e corri para dentro dela, sem olhar para trás. A rua estava infestada daquelas criaturas, que quando me avistaram, saíram atrás de mim, porém lentamente. Não bati na porta da casa, entrei sem hesitar. Coloquei minha irmã no sofá e Fechei a porta, reforçando-a com todos os móveis presentes. A casa tinha venezianas, então eles não passariam por lá. Quando acabei, tomei um susto. Havia um deles dentro da casa, que me segurou pelo braço abrindo a boca para morder. Pensei que era meu fim, mas não. Estava de jaqueta de couro, pois vesti uma antes de sair, senão morreria de frio. Os dentes podres da criatura não atravessaram o tecido, porém doeram como um tiro. Peguei uma estaca de madeira que estava á meu alcance, quebrada de um piano que coloquei na porta e bati na face da criatura com ela. Ela cambaleou e caiu, em dando um curto espaço para tentar me esconder. Aquela cena me doeu e eu fiquei paralisado. O que estava acontecendo com o mundo? Precisava descobrir. Mas antes, eu me certificaria da minha irmã. Tranquei-me no porão da casa. Minha irmã, nesse instante, começou a chorar. O porão tinha janelas, pequenas, que davam para a rua, da onde pude ver centenas, senão milhares daquelas coisas. Tinha de fazê-la parar. Mas como? Sem mamadeiras, seria impossível. Achei uma fita, daquelas cinzas, bem fortes. Não tive alternativa. Delicadamente, envolvi sua boca nessa fita, fazendo-a parar de chorar. Por fim, sussurrei:

– Alice, não sei o que está acontecendo, realmente não sei. Não sei se nossos pais ainda vivem, se ainda poderemos viver amanhã. Mas uma coisa eu te garanto. Até o dia de minha morte, eu a protegerei, como nunca fiz em minha vida.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Por favor se gostaram deixem um comment, mesmo que não gostaram, qualquer coisa. Incentiva a agente a escrever mais.



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